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terça-feira, janeiro 18, 2022

A precisão do Gênesis para o início do dilúvio

Quando lemos Gênesis capítulos 6 a 9, temos o relato de um evento de extinção em massa, em escala planetária, chamado dilúvio. Obviamente para grande número de pessoas esse relato não é histórico; trata-se de um mito, quando muito, e sem nenhuma base científica para apoiar a possível hipótese de sua ocorrência real. Discordo veementemente desse ceticismo sem base, pois escrevi um livro que me demandou quase nove anos de pesquisa e redação, com mais de 800 páginas, mais de 600 ilustrações e mais de duas mil referências: O Dilúvio: Impacto de asteroides, extinções em massa, as glaciações, a formação do Atlântico e a Arca de Noé. Listei dezenas de evidências da ocorrência desse evento planetário. E como eu, muitos outros pesquisadores/autores que escreveram sobre o evento do dilúvio trataram-no como um relato histórico, relatando as centenas de evidências que dão sustentação à afirmação inicial, de um evento de extinção em massa, em escala planetária.

Eis que há poucos dias do fim de 2021 uma notícia veio acrescentar mais uma evidência da ocorrência do dilúvio àquelas já relatadas por mim e outros pesquisadores/autores dessa temática. Um artigo científico foi publicado na prestigiosa revista Nature, em 8/12/2021, no Scientific Reports,[1] “Seasonal calibration of the end-cretaceous Chicxulub impact event” (“Calibração Sazonal do evento de impacto Chicxulub do fim do Cretáceo”, tradução minha) de Robert A. DePalma, et al., em que os autores conseguem precisar em qual estação do ano, no Hemisfério Norte, ocorreu o impacto de Chicxulub que levou ao evento de extinção em massa no fim do período Cretáceo-Paleogeno, e teria exterminado os dinossauros e cerca de 75%[2] da fauna e flora daquela suposta época geológica.

A mídia com interesse em descobertas científicas reproduziu a notícia aqui:[3] “Foi graças a ests recente estudo que foi possível determinar exatamente a estação do ano que transcorria no Hemisfério Norte quando ocorreu o impacto: no fim da primavera e início do verão. [...] Os pesquisadores analisaram a estrutura e o padrão único das linhas de crescimento nas espinhas de peixes fossilizados do sítio e determinaram que todos morreram durante a fase de crescimento primavera-verão” (negrito no original).

O resumo que os autores apresentaram é o seguinte e mostra que o evento ocorreu na primavera/verão do Hemisfério Norte do Planeta:[1]

“O impacto de Chicxulub do fim do Cretáceo desencadeou a última extinção em massa da Terra, extinguindo ~75% da diversidade de espécies e facilitando uma mudança ecológica global para biomas dominados por mamíferos. Detalhes temporais do evento de impacto em uma escala fina (hora a dia), importante para entender a trajetória inicial de extinção em massa, têm escapado em grande parte de estudos anteriores. Esse estudo emprega análises histológicas e histo-isotópicas de peixes fósseis que eram contemporâneos com uma assembleia de morte em massa desencadeada pelo impacto da fronteira Cretáceo-Paleogene (KPg) em Dakota do Norte (EUA). Padrões de histórico de crescimento, incluindo periodicidade de ẟ18O e ẟ13C e morfologia da banda de crescimento, além de corroborar dados da ontogenia dos peixes e comportamento sazonal dos insetos, revelam que o impacto ocorreu durante a primavera/verão boreal, logo após a temporada de desova para peixes e a maioria dos táxons continentais. A gravidade e a simetria taxonômica da resposta aos perigos naturais globais são influenciadas pela estação durante a qual ocorrem, sugerindo que perturbações pós-impacto poderiam ter exercido uma força seletiva que foi exacerbada pelo tempo sazonal. Os dados desse estudo também podem fornecer uma visão retrospectiva vital dos padrões de resposta biótica existente aos perigos em escala global que são relevantes para os biomas atuais e futuros (tradução minha; negrito acrescentado).[1]

A análise detalhada que os autores fizeram você poderá ver no artigo original.

O que quero chamar à sua atenção é que os autores chegaram à estação do impacto de Chicxulub: primavera/verão no hemisfério Norte do planeta. É claro que, pela perspectiva bíblica, as estações do ano naquele tempo antes do dilúvio eram bem menos evidentes do que as atuais, mas, com certeza, a fauna possuía períodos de reprodução razoavelmente compatíveis com os observados atualmente.

Instado por amigo interessado no assunto, fui verificar se a constatação dos autores coincidia, eventualmente, com a data do início do dilúvio, citada no Gênesis. E, para meu espanto, se a conclusão dos cientistas for historicamente correta, pelas informações bíblicas era esperado que coincidissem. E coincidiram!

Vamos aguardar para ver se haverá contestação das conclusões dos cientistas.

Eis a minha análise:

Segundo o Gênesis, o dilúvio começou no ano 600 da vida de Noé, no dia 17 do segundo mês, e terminou no dia 27 do segundo mês do ano 601 de sua vida. Segundo o calendário judeu/israelita, o calendário religioso, o segundo mês é o mês de Lyar (nome do mês de origem babilônica; pronuncia-se Yar) ou Ziv ou Zive (em hebraico), que começa em 26 de maio do nosso calendário gregoriano. Assim, o dilúvio começou em 17 de Lyar ou Ziv ou Zive, que equivale ao dia 11 de junho do nosso calendário gregoriano.

Ora, o calendário judaico/israelita mostra claramente que o dilúvio começou na primavera/verão, já que o calendário religioso começa na primavera, equivalente aos meses de março/abril do nosso calendário gregoriano.

Não vou entrar aqui nos detalhes do calendário judaico/israelita, que possui dois inícios de ano, um religioso e outro civil. O calendário que usei é o religioso, pois era o que Moisés utilizava. O calendário civil começa no mês Tishri, no dia do Rosh Hashaná, que é o dia da celebração da criação do mundo, e marca o início de um novo ano civil.[3]

A precisão histórica da Bíblia no relato do dilúvio, com dia, mês e ano de seu início e fim, tinha um propósito específico, já que foi o Espírito Santo que inspirou Moisés a assim escrever.

Será que era para este momento da história? Estou seriamente inclinado a acreditar que sim.

Agradeço ao Pastor Eleazar Domini, do canal do YouTube “Fala Sério, pastor”,[4] os esclarecimentos sobre os nomes dos meses em hebraico.

(Celio João Pires é pesquisador e autor de livros criacionistas)

Referências:

1. DePalma, R.A., Oleinik, A.A., Gurche, L.P. et al. Seasonal calibration of the end-cretaceous Chicxulub impact event. Sci Rep 11, 23704 (2021). <https://doi.org/10.1038/s41598-021-03232-9>. Disponível em: <www.nature.com/articles/s41598-021-03232-9>. Acesso em: 18/12/2021.

2. Determinado momento exato do impacto do asteroide que causou extinção dos dinossauros na Terra. Sputnik Brasil. 13/12/2021. Disponível em: <https://br.sputniknews.com/20211213/determinado-momento-exato-do-impacto-do-asteroide-que-causou-extincao-dos-dinossauros-na-terra-20662241.html>. Acesso em 18/12/2021.

3. O Calendário Judaico. Portal São Francisco. Disponível em: <www.portalsaofrancisco.com.br/historia-geral/calendario-judaico>. Acesso em 18/12/2021.

4. “Fala sério, pastor.” Domini, Eleazar. Disponível em: <www.youtube.com/c/Falasériopastor>. Acesso em: 21/12/2021.

sábado, agosto 07, 2021

Pesquisadores encontram estromatólitos em cavernas de MG

No mês de julho deste ano, os portais de notícias da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)[1] e da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)[2] publicaram matéria intrigante sobre uma recente descoberta que reforça a tese de que o mar já esteve presente na região de Minas Gerais. A pesquisa foi realizada por pesquisadores da UFU e Unifesp, que fazem parte do Grupo Alto Paranaíba de Espeleologia (Gape). O projeto é coordenado por Marco Delinardo Silva, especialista em Geologia Estrutural e professor da UFU,[1] e vice-coordenado por Fernanda Quaglio, especialista em Paleontologia e professora do Departamento de Ecologia e Biologia Evolutiva (Debe) do Instituto de Ciências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas (ICAQF/Unifesp), Campus Diadema.[2]

Essa equipe de pesquisadores, que que se dedica a estudar, preservar, conservar e promover o patrimônio espeleológico brasileiro, com ênfase na região do Alto Paranaíba, descobriu, no interior das cavernas de Coromandel, icnofósseis (vestígios que ficaram preservados) da era Neoproterozóica [sic]. Segundo o professor coordenador, os icnofósseis identificados são chamados de estromatólitos, que representam estruturas bio-induzidas (cuja deposição é determinada pela ação de organismos) edificadas em carbonato de cálcio (CaCO3).[1]

Estromatólitos são fósseis vivos e supostamente as formas de vida mais antigas em nosso planeta. O nome deriva do grego, stroma, que significa “colchão”, e lithos, que quer dizer “pedra”. Estromatólito significa literalmente “rocha em camadas”.

Como o desenvolvimento de estromatólitos ocorre em ambiente marinho raso, a presença deles em Coromandel reforça a tese de que o mar já esteve presente na região, afirma o geocientista Silva. “Os estromatólitos representam uma das principais evidências que sustentam essa hipótese, pois esses icnofósseis são vestígios de organismos que vivem em ambiente marinho, especialmente na região costeira. Nós reconhecemos o ambiente onde esses organismos vivos ocorreram no passado por meio de análogos modernos, como os estromatólitos que ocorrem nas praias de Shark Bay, no extremo oeste da Austrália”, ressalta.[1]

Fernanda Quaglio, vice-coordenadora do projeto, traz alguns questionamentos que acompanham a descoberta: “Sabemos de ocorrências dessas rochas mais para o norte. Mas, nessa região, esses fósseis podem acrescentar informações sobre o mar que existia ali. Os estromatólitos indicam água rasa, porque o tapete microbiano precisa ter proximidade com a luz para poder fazer fotossíntese. Mas como era essa água? Havia ondas? Ocorreram ciclos climáticos importantes, por exemplo, com uma queda brusca ou subida do nível do mar?”[3]

Mardem Melo Silva, um dos membros fundadores do Gape, cedeu entrevista ao portal da UFU: “Acredito que a descoberta mais significativa que o Gape realizou foi a identificação dos fósseis de estromatólitos no interior de algumas cavidades de Coromandel, MG, especialmente na Gruta do Ronan I. Estromatólitos são vestígios de organismos que constroem estruturas biossedimentares, resultantes da interação de comunidades microbianas bentônicas (cianobactérias e bactérias) com o meio em que vivem. Estromatólitos são considerados importantes registros para a compreensão da origem e diversificação da vida na Terra, sendo merecedores de proteção e conservação.”[1]

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É vice-presidente do Núcleo Cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Nota: De tempos em tempos, temos nos deparado com descobertas de fósseis marinhos em localidades muito distantes da costa, como no caso dos estromatólitos das cavernas de Coromandel, MG. Na verdade, fósseis marinhos em áreas continentais e montanhosas não deveriam causar estranheza, considerando que são encontrados em diversos locais ao redor do mundo. Grande parte dos sedimentos continentais são de origem marinha, conforme referências presentes no livro A História da Vida. Descobertas como essa vêm reforçar os relatos bíblicos de Gênesis, os quais indicam a existência de um período em que toda a Terra foi coberta pelas águas.

Ademais, a existência da grande variedade de espécies fossilizadas em diversas localidades pelo mundo fornece forte evidência de que houve uma catástrofe hídrica global, responsável pelo sepultamento repentino de tantos seres vivos. Muitos desses fósseis foram preservados em estado de agonia e sufocamento; alguns foram pegos de surpresa, abocanhando sua presa; outros animais foram fossilizados em pleno ato de dar à luz. Na sequência, seguem dois artigos que relatam a descoberta de sítios encontrados com manadas inteiras: confira aquiaqui e aqui.

É valido lembrar que existem pesquisas não criacionistas que já admitem inundações catastróficas (confira aquiaqui e aqui).

Referências:

[1] PORTAL DE NOTÍCIAS DA UBU:

http://www.comunica.ufu.br/noticia/2021/07/pesquisadores-da-ufu-identificam-cavernas-em-coromandel

[2] PORTAL DE NOTÍCIAS DA UNIFESP:

https://www.unifesp.br/reitoria/dci/noticias-anteriores-dci/item/5279-projeto-de-pesquisa-realiza-expedicoes-em-cavernas-de-minas-gerais

[3] SUPERINTERRESANTE:

https://super.abril.com.br/ciencia/fosseis-de-bacteria-em-cavernas-de-minas-mostram-que-o-estado-ja-teve-mar/

LEIA MAIS SOBRE O ASSUNTO

http://www.criacionismo.com.br/2008/05/dilvio-lenda-ou-fato.html

http://www.criacionismo.com.br/2013/01/pesquisador-diz-que-encontrou-novas.html

http://www.criacionismo.com.br/2014/06/retracao-de-geleira-expoe-grandes.html

http://www.criacionismo.com.br/2011/01/diluvio-universal-e-suas-implicacoes.html

http://www.criacionismo.com.br/2019/02/gordura-fossilizada-e-encontrada-pela.html

terça-feira, maio 04, 2021

“Múmia” de dinossauro tão bem preservada que tem pele e barriga intactas

Os cientistas o aclamam como o espécime de dinossauro mais bem preservado já descoberto. É por isso que não se podem ver seus ossos – eles permanecem cobertos por pele e armadura intactas. Encontrado acidentalmente por mineradores no Canadá, este nodossauro fossilizado tem mais de 110 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista], mas ainda são visíveis na pele. De acordo com o Museu de Paleontologia Real Tyrrell, em Alberta, Canadá, que recentemente revelou a descoberta, o dinossauro está tão bem preservado que, em vez de um “fóssil”, poderíamos chamá-lo com segurança de “múmia de dinossauro”. Os pesquisadores que examinaram a descoberta ficaram impressionados com seu nível de preservação quase sem precedentes. A pele, a armadura e até algumas das entranhas da criatura estavam intactas – algo que nunca tinham visto antes.

Esse dinossauro foi construído como um tanque. Membro de uma espécie recém-descoberta chamada nodossauro, era um enorme herbívoro de quatro patas protegido por uma armadura pontiaguda e revestida. Pesava aproximadamente 1.300 quilos. Para se ter uma ideia de quão intacto o nodossauro mumificado está: ele ainda pesa uma tonelada!

Embora a forma como a múmia dos dinossauros possa permanecer tão intacta por tanto tempo permaneça um mistério, os pesquisadores sugerem que o nodossauro possa ter sido varrido por um rio inundado e levado ao mar, onde acabou afundando no fundo do oceano. Com o passar dos milhões de anos, os minerais poderiam ter se estabelecido na armadura e na pele do dinossauro. Isso pode ajudar a explicar por que a criatura foi preservada de uma forma tão realista. [Sempre mais ou menos a mesma história.] 

Os pesquisadores nomearam o nodossauro Borealopelta markmitchelli de 5,5 metros (18 pés de comprimento) em homenagem ao técnico do Royal Tyrrell Museum, Mark Mitchell, que passou mais de sete mil horas desenterrando com cuidado o fóssil de seu túmulo rochoso. Mas quão "realista" é realmente o espécime? Bem, aparentemente a preservação foi tão boa que os pesquisadores foram capazes de dizer a cor da pele do dinossauro usando técnicas de espectrometria de massa para detectar os pigmentos reais. Dessa maneira, eles descobriram que a coloração do nodossauro era de um marrom avermelhado escuro na parte superior do corpo – e mais claro na parte inferior. Como esse dinossauro era um herbívoro, sua cor de pele deve ter desempenhado um papel importante na proteção dos enormes carnívoros presentes na época. [...]

Como se a preservação da pele, armadura e tripas não fosse impressionante o suficiente, a múmia de dinossauro também é única, pois foi preservada em três dimensões, com a forma original do animal mantida. Segundo um pesquisador, “ele entrará na história da ciência como um dos espécimes de dinossauros mais bonitos e mais bem preservados – a Mona Lisa dos dinossauros”.

(Earthly MissionATICNNScience Alert, via Revista Saber é Saúde)







quarta-feira, outubro 09, 2019

Terra foi "martelada" por impacto duplo de asteroides

Todos nós já vimos filmes nos quais um asteroide vem até o nosso planeta, ameaçando a civilização. O que é menos conhecido é que, às vezes, esses pedregulhos espaciais vêm em pares. Pesquisadores encontraram algumas das melhores evidências disponíveis para um impacto espacial duplo, quando um asteroide e sua lua aparentemente atingiram a Terra um após o outro. Usando fósseis minúsculos semelhantes aos dos plânctons, eles concluíram que crateras vizinhas na Suécia têm a mesma idade: 458 milhões de anos (segundo a cronologia evolucionista). Detalhes desse trabalho foram apresentados no 45º Congresso de Ciências Planetárias e Lunares em The Woodlands, Texas (EUA), e os achados devem ser publicados no periódico científico Meteorics and Planetary Science Journal.

Porém, os cientistas chamaram a atenção para o fato de que crateras aparentemente contemporâneas podem ter sido criadas com semanas, meses ou mesmo anos de diferença entre umas e outras. Um punhado de possíveis impactos duplos ("doublets") são já conhecidos na Terra, mas o Dr. Jens Ormo diz que não existe consenso sobre a precisão das datas atribuídas a essas crateras. "Crateras de impactos duplos precisam ser da mesma idade, do contrário, elas podem ser apenas duas crateras próximas uma da outra", disse o pesquisador do Centro de Astrobiologia em Madrid (Espanha) à BBC News.

O Dr. Ormo e seus colegas estudaram duas crateras chamadas Lockne e Malingen, que repousam a cerca de 16 km de distância uma da outra no norte da Suécia. Medindo cerca de 7,5 km de diâmetro, Lockne é a maior das duas estruturas; Malingen, que está à sudoeste, é cerca de 10 vezes menor.

Considera-se que asteroides binários são formados quando um tipo de asteroide chamado "pilha de detritos" começa a girar tão rápido sob a influência da luz do Sol que alguma rocha solta é atirada do equador do objeto para formar uma lua pequena. Observações de telescópio sugerem que 15% dos asteroides próximos à Terra são binários, mas a porcentagem [desse tipo] de crateras de impacto na Terra provavelmente seja menor.

Apenas uma fração dos [asteroides] binários que atingem a Terra vão ter a separação necessária entre o objeto e sua lua para produzir crateras separadas (aqueles que estão muito próximos uns aos outros vão produzir estruturas [de impacto no solo] superpostas).

Cálculos sugerem que em torno de 3% das crateras de impacto na Terra devem ser "doublets" - um número que condiz com a quantidade de [asteroides] candidatos já encontrados pelos cientistas.

As características geológicas não usuais, tanto das crateras Lockne quanto Malingen, têm sido reconhecidas desde a primeira metade do século 20. Mas levou até meados dos anos 1990 para que Lockne fosse reconhecida como uma cratera de impacto terrestre.

Em anos recentes, o Dr. Ormo perfurou cerca de 145 m na estrutura da cratera Malingen, através dos sedimentos que a preenchem, até as rochas esmagadas conhecidas como breccias, e ainda mais fundo, alcançando a rocha intacta que está abaixo. Análises de laboratório das rochas breccias revelaram a presença de quartzo de impacto, uma forma do mineral quartzo criada sob a pressão associada com impactos de asteroides.

Essa área era coberta por um mar raso à época do impacto relativo à cratera Lockne, então sedimentos marinhos devem ter começado a preencher quaisquer crateras de impacto imediatamente após elas terem sido criadas. [N.T.: interessantemente... os impactos ocorreram em uma área que hoje é terra, mas que à época era mar. Não é difícil imaginar esse cenário ocorrendo em um contexto de dilúvio global, como descrito na Bíblia.]

A equipe do Dr. Ormo definiu a data para a estrutura Malingen usando fósseis de criaturas marinhas minúsculas chamadas quitinozoários, encontrados em rochas sedimentares naquele local. O método da equipe, conhecido como bioestratigrafia, permite aos geólogos associar datas relativas às rochas associadas ao tipo de criaturas encontradas no meio delas. [N.T.: um método subjetivo e totalmente exposto ao viés evolucionista de interpretação da paleontologia e da geologia.]

Os resultados revelaram que a estrutura da cratera Malingen era da mesma idade que a de Lockne - cerca de 458 milhões de anos (segundo a cronologia evolucionista). Isso parece confirmar que a área foi atingida por um impacto duplo de asteroides durante o Período Ordoviciano (de acordo com a coluna geológica evolucionista).

O Dr. Gareth Collins, que estuda impactos de crateras no Colégio Imperial de Londres, e que não estava envolvido na pesquisa, disse à BBC News: "Como nos faltam testemunhas dos impactos, é impossível provar que duas crateras próximas foram formadas simultaneamente. Mas a evidência, nesse caso, é muito convincente. A proximidade e a consistência nas estimativas de idade fazem com que um impacto duplo seja a causa provável."

Simulações sugerem que o asteroide que criou a cratera Locke tinha cerca de 600 metros de diâmetro, enquanto o que produziu a cratera Malingen tinha cerca de 250 metros. Essas medidas são um pouco maiores do que o que poderia ser sugerido pelas suas crateras devido às mecânicas de impactos em ambientes marinhos.

O Dr. Ormo adicionou que as crateras Malingen e Lockne estavam na distância correta para terem sido criadas por um asteroide binário. Como mencionado, se duas rochas espaciais estão muito próximas, as crateras irão se sobrepor. Mas para serem classificadas como um "doublet", as crateras não devem estar muito longe uma da outra, porque elas excederiam a distância máxima a que um asteroide e sua lua podem estar presos por forças gravitacionais.

"O asteroide que causou o impacto Lockne era grande o suficiente para gerar o que é conhecido como uma explosão atmosférica, em que a atmosfera acima do ponto de impacto é expelida", disse o Dr. Ormo. Isso pode fazer com que o material do impacto do asteroide seja espalhado ao redor do globo, como aconteceu durante o impacto Chicxulub, considerado o que matou os dinossauros há 66 milhões de anos (sic).

O evento do Ordoviciano não foi poderoso o suficiente para que aquele material pudesse ser rastreado, pois possivelmente estava muito diluído na atmosfera. Mas o impacto teria produzido efeitos regionais; por exemplo, todas as criaturas marinhas suficientemente sem sorte para estarem nadando por ali naquele momento devem ter sido vaporizadas instantaneamente.

Outras crateras candidatas a impactos duplos incluem Clearwater Leste e Oeste, em Quebec, Canadá; Kamensk e Gusev, no sul da Rússia; e Ries e Stenheim, no sul da Alemanha.

Nota: Impressiona o fato de que a Terra foi acossada por numerosos impactos de asteroides que causaram profundas transformações no clima e na geologia do planeta, com consequências drásticas à vida em todos os lugares. O modelo criacionista do dilúvio bíblico prevê que uma das principais causas ou "ferramentas" da grande inundação tenha sido o choque de objetos espaciais com o nosso planeta. 

Impactos duplos de asteroides são evidências que fortalecem essa ideia, embora os métodos de datação evolucionistas dificultem ver como essa sequência de eventos pode ter sido produzida em um curto espaço de tempo. 


No entanto, como comentei em meio ao texto da reportagem traduzida, em todos os casos os métodos de datação evolucionista são subjetivos ou inferenciados sobre premissas naturalistas. 


De qualquer forma, o registro geológico da Terra permite concluir que esses impactos celestes foram em número e magnitude suficientes para terem produzido reações geológicas em cadeia, com potencial mais do que suficiente de eliminar a vida em escala global. 


Examinar essas evidências à luz da Bíblia não apenas satisfaz uma curiosidade do estudante das Escrituras sobre a história não contada do nosso lar terrestre, mas, também, e principalmente, fortalece a fé no relato sagrado. Relato esse que pode ser confirmado por elementos reais e que são amplamente estudados pela ciência secular. 


Link para a matéria original: https://www.bbc.com/news/science-environment-26172181

sexta-feira, setembro 20, 2019

A Pré-História em filmes: "O Bom Dinossauro"

Em diversas áreas do conhecimento existe uma espécie de círculo viciante que nos empurra a pré-definir algumas coisas. Quando eu falo de dinossauros, a agressividade e a violência desses animais já me vêm a mente. E, assim, o cinema deu aquele "empurrãozinho" para nos viciar em certas ideias que muitas vezes são visões opostas do que de fato ocorreu. No exemplo dos dinossauros, os animais selvagens atualmente não se comportam da forma que vemos nos filmes. Grande parte deles nem carnívora era. Desconstruir a ideia de "dinossauros são do mal" dá muito trabalho. Existem vários conceitos pré-formados que insistem em estampar a capa dos livros. A "evolução do homem" é um dos grandes exemplos. A tentativa constante de "macaquizar" o homem e humanizar os macacos está sempre na mídia.

Decidimos comentar alguns filmes que retratam a Pré-História e falar sobre alguns pontos desses círculos viciantes. Segundo Kindersley:[1]

"A Pré-História corresponde ao período da História que antecede a invenção da escrita, desde o começo dos tempos históricos registrados até aproximadamente 3500 a.C. É estudada pela antropologia, arqueologia e paleontologia."

Assim, podemos entender que a Pré-História se deu em momentos diferentes nos continentes. Quando os portugueses chegaram a nossas praias, encontraram o continente vivendo uma pré-história. Porém, na Europa e Ásia a pré-história já tinha ficado para trás dezenas de séculos antes.

Nas palestras do Onze de Gênesis, fizemos uma sequência de seis semanas, comentando filmes da Pré-História sob a ótica criacionista. Os detalhes que separei flertam com a cosmovisão criacionista e por isso achei interessante colocar essas cartas sobre a mesa para debate. Separei os seguintes filmes:

A Era do Gelo (2002) 
Apocalypto (2006) 
10.000 a.C. (2008) 
Os Croods (2013) 
O Bom Dinossauro (2015) 
Alfa (2018)

Claro que existem muitos outros bons, como o "Ao: The Last Hunter", ou a série "Elo Perdido", mas focamos em filmes mais populares. O primeiro dessa série é o filme "O Bom Dinossauro".

Numa linha do tempo alternativa, os dinossauros escaparam da extinção quando o asteroide passou diretamente pela Terra, sem atingi-la. Milhões de anos mais tarde, numa fazenda, um casal de Apatossauros agricultores, Henry e Ida, tem três filhos de 11 anos: Buck, Libby, e o último a chocar, Arlo. As crianças têm que deixar sua marca no silo da fazenda por algo grande que fizeram.

1. Extinção dos dinossauros

Cena do filme que mostra o meteoro que extinguiu os dinossauros errando a rota de colisão com a Terra

Na narrativa do filme, a extinção dos dinossauros dada por um impacto de asteroide não acontece. O comentário que quero destacar aqui neste trecho é o fato de a maioria dos paleontólogos concordar que houve uma extinção em massa no fim do período Cretáceo.  A teoria que é mais aceita pela comunidade científica é a de que um asteroide com aproximadamente 10 km de diâmetro tenha atingido a superfície da Terra, gerando uma explosão semelhante a 100 trilhões de toneladas de TNT.[2] Outra teoria é a de que certos movimentos sofridos pelos continentes provocaram mudanças nas correntes marítimas e também no clima do planeta. Isso fez a temperatura baixar, o que causou invernos mais rigorosos, consequentemente levando ao desaparecimento dos seres vivos que habitavam a Terra.[3]

Sob o ponto de vista criacionista, dinossauros existiram, foram criados por Deus e desapareceram da face da Terra. Um dos motivos do desaparecimento dos dinossauros pode ter sido o dilúvio bíblico, como é defendido por alguns criacionistas. O dilúvio bíblico e o grande asteroide que atingiu a Terra no fim do Cretáceo parecem ser eventos diferentes, mas podemos traçar uma convergência de dados. O evento pode ter sido o mesmo, narrado sob óticas diferentes.

Sobre o modelo da extinção dos dinossauros, Everton Alves escreveu:[4]
O modelo criacionista prevê que apenas um meteorito provavelmente não seria capaz disso nem responderia pela existência de tantos fósseis no mundo inteiro. Mas pense numa enxurrada de meteoritos caindo em terra e mar há bem menos tempo do que supõe a esticada cronologia evolutiva. Os que caíram na terra acabaram rachando a crosta, dando origem aos deslocamentos de placas tectônicas, aos terremotos e aos derrames de lavas. Os que caíram em mar poderiam gerar tsunamis de centenas de metros de altura, varrendo os continentes e destruindo tudo pela frente, sepultando quantidades incríveis de rochas, plantas e animais.
Então, tanto criacionistas quanto evolucionistas podem estar narrando o mesmo evento no caso da extinção dos dinossauros.

2. Montanhas e gelo

Cena do filme que mostra altas montanhas com gelo

O filme retrata a Terra antes do dilúvio, e no modelo criacionista a geologia do planeta é bem diferente dessa cena. Não há altas montanhas e existe um clima ameno. A Terra era uma grande estufa, havia um só continente com pequenas elevações. As grandes montanhas e formações com gelo são previstas apenas após o dilúvio.

Cena do filme que mostra altas montanhas com gelo

O dilúvio realizou um grande trabalho geológico. Corroer sedimentos aqui, reposicioná-los ali, elevar continentes, elevar planaltos, desnudar terrenos, etc., para que a Terra hoje fosse bem diferente de antes. Hoje, mesmo as cadeias de montanhas se elevam acima do mar.[5] A Bíblia relata que todas as montanhas foram cobertas; montanhas que existiam no momento do dilúvio, pois as montanhas atuais não existiam. Na geologia atual, algumas montanhas perderam altitude nos últimos anos e outras ganham a cada ano. Então, comparando a cena do filme com o cenário criacionista, vale a pena entender que de fato isso não ocorreu nesse período.

3. Dieta vegetariana

Cena do filme que mostra o humano caçando insetos para alimentar o dinossauro.


Cena do filme que mostra o humano caçando animais para alimentar o dinossauro

Cena do filme que mostra o dinossauro aceitando a dieta vegetariana

No filme, o personagem principal é um apatossauro. O apatossauro (do grego "lagarto enganoso") viveu na América do Norte durante o período Jurássico, e esse dinossauro saurópode chegava, em média, a mais de 23 metros de comprimento e 30 toneladas. O apatossauro se alimentava de plantas como samambaias, cavalinhas e gimnospermas, e devia comer em torno de 400 kg de vegetação por dia, engolindo junto pequenas pedras para ajudar a moer o alimento (gastrólitos).

Logicamente que o personagem do filme não comeria nada diferente da sua dieta. Mas o curioso é que, quando vemos os filmes de dinossauros, os ditos carnívoros é que chamam mais atenção. Eles são indômitos e saem devorando tudo o que está na frente deles. Será mesmo que os animais na natureza expressam esse comportamento?

Grande parte dos dinossauros era herbívora. Até alguns terópodes (família dos tiranossauros) eram herbívoros. Um estudo de paleontólogos americanos do Museu Field, em Chicago, indica que a maior parte dos dinossauros terópodes, exceto pelo Tiranossauro Rex e pelo Velociraptor, era herbívora e não carnívora, como se acreditava.[6]

Lindsay Zanno e Peter Makovicky concluíram com base em análises estatísticas que o regime alimentar de 90 espécies de dinossauros terópodes era constituído por plantas. Esses resultados contradizem a visão comum entre os paleontólogos de que quase todos os dinossauros terópodes caçavam para se alimentar, especialmente os antepassados mais próximos das aves.

"Grande parte dos terópodes estava claramente adaptada a uma vida de predador mas, em certo momento da evolução até as aves, esses dinossauros se tornaram herbívoros", explicou Lindsay Zanno. Os dois pesquisadores encontraram cerca de meia-dúzia de traços anatômicos que, estatisticamente, ligam a maior parte dos terópodes ao comportamento herbívoro, incluindo um bico desprovido de dentes.

Aplicando essa análise, os pesquisadores determinaram que 44% dos terópodes, distribuídos em seis grandes linhagens, eram herbívoros. Já que o número de terópodes herbívoros era tão importante, super-carnívoros como o Tiranossauro rex e o Velociraptor deveriam ser vistos "mais como uma exceção do que como uma regra", concluem os pesquisadores.

4. Serpente com patas

Cena do filme que mostra a serpente com patas



Logo nos vem a mente a narrativa bíblica, onde a punição da serpente foi de rastejar sobre o próprio ventre. Em Gênesis 3:14, 15 lemos:
“Porque fizeste isso, serás maldita entre todos os animais e feras dos campos; andarás de rastos sobre o teu ventre e comerás o pó todos os dias de tua vida. Porei ódio entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a dela. Esta te ferirá a cabeça, e tu ferirás o calcanhar.”
A maioria dos cristãos tenta imaginar o que era esse animal chamado de serpente. Alguns tentam especular o fato de as serpentes terem pernas e as perdido após a punição de Deus.

O fato é que temos evidências de serpentes com patas no registro fóssil. O fóssil, encontrado na Formação Crato, na Bacia do Araripe, interior do Ceará, está circundado por fezes de peixes igualmente fossilizadas, o que sugere que o animal morreu soterrado por água e lama. Segundo os pesquisadores, essa cobra de quatro patas vivia no supercontinente Gondwana, integrante da parte sul da Pangea. Leia mais sobre isso aqui.

No entanto, algo mais real pode estar por trás disso. A serpente do Éden poderia ter patas ou poderia ter asas. Praticamente todas as culturas do mundo referenciaram monstros sobrenaturais em seus contos folclóricos - e alguns desses monstros assumem a forma de répteis escamosos, alados e que cospem fogo. "Dragões", como são conhecidos no oeste, geralmente são retratados como enormes, perigosos e ferozmente antissociais, e quase sempre acabam sendo mortos pelo proverbial "cavaleiro de armadura brilhante" ao fim de um ataque violento. 

Antes de explorarmos o vínculo entre dragões e dinossauros, é importante estabelecer exatamente o que é um dragão. A palavra "dragão" vem do grego dracon, que significa "serpente" ou "cobra d'água" - e, de fato, os primeiros dragões mitológicos se parecem mais com cobras do que com dinossauros ou pterossauros (répteis voadores). Também é importante reconhecer que os dragões não são exclusivos da tradição ocidental; esses monstros aparecem fortemente na mitologia asiática, onde recebem o nome chinês de "longo".

A serpente do Éden era um dragão? Um dinossauro? Ou uma espécie de serpente extinta? Leia mais sobre isso em nosso texto sobre o dragão de Da Vinci.

5. Pterossauros

Cena do filme que mostra os pterossauros caçadores

Nessa parte do bate-papo abordamos a grande verdade que a maioria dos espectadores não sabe: pterossauros não eram dinossauros. Eram répteis voadores. E sempre trago algumas curiosidades sobre esses animais lindos. Uma delas é que a região onde eu moro (Sul do Brasil) é rica em fósseis de pterossauros.

O pterossauro Keresdrakon vilsoni, o mais recente deles, foi apresentado em um artigo publicado em agosto de 2019 na revista da Academia Brasileira de Ciências. Segundo os paleontólogos, o pterossauro viveu "em um ambiente desértico periférico, onde existiam oásis com água e certa vegetação".

Keresdrakon é a junção de "keres", que, segundo a mitologia Grega, são espíritos que personificaram a morte violenta e estão associados à fatalidade; e "drakon", palavra para dragão no grego antigo. Já vilsoni foi uma homenagem a Vilson Greinert, um voluntário que dedicou centenas de horas preparando a maioria dos espécimes do "cemitério dos pterossauros" que fazem parte do acervo do Cenpaleo.

6. Tiranossauros bonzinhos

Cena do filme que mostra os tiranossauros bonzinhos

Nesta parte do filme vemos a interação do personagem principal com os tiranossauros. E para minha surpresa, não contribuíram com a má fama dos tiranossauros. No filme, eles são bonzinhos e ajudam o apatossauro a voltar para casa. Claro que eles cuidam da "comida", que é o "gado". São carnívoros, mas não demonstram aquele comportamento voraz, destruidor a que estamos acostumados.

Temos que desconstruir a imagem da agressividade extrema desses animais. Deus criou tudo bom e perfeito, e após o pecado muitas deformidades vieram a acontecer na criação. Não conseguimos ainda determinar direito como isso ocorreu, mas, comparando com os animais selvagens atuais, é fato que o cinema ás vezes exagera.

Cena do filme que mostra o "gado" cuidado pelos tiranossauros

8. Raptores emplumados

Raptores emplumados

Nessa cena representaram os raptores com algumas plumas saindo da cauda. E, de fato,  encontramos isso no registro fóssil. Existiram dinossauros com penas.

Para a cosmovisão criacionista, existe um fator que é discutido com polêmica. O fato de se admitir que dinossauros tinham penas pode corroborar com a evolução de dinossauros para aves. No entanto, isso é uma falsa premissa. Existiam répteis emplumados, e as aves fazem parte de outra categoria. É comum os seres vivos compartilharem características. E isso não comprova a macroevolução, mas comprova o design comum.

Cena do filme que mostra aves vivendo com dinossauros

Encontramos no registro fóssil aves vivendo com os dinossauros, e até antes de alguns deles.[7] Não encontramos de forma contundente no registro fóssil essa transição de dinossauros para aves. Não temos muitos fósseis dessa época na América do Norte, e menos ainda apresentam características que nos dão uma boa ideia de como eram na vida, mas sabemos que eles definitivamente existiam de alguma forma. O oxpickers, nativos da África, são especializados em comer parasitas sugadores de sangue de animais grandes, é um exemplo de ave que se acredita habitou com os dinossauros.

Na cosmovisão criacionista, cremos que Deus criou todos os seres vivos com aporte necessário para sofrer mutações. No entanto, dentro da mesma família. Sem saltos evolutivos que mudariam a espécie/família. Então, as aves variam e continuam aves. Dinossauros variam e continuam dinossauros. Algumas estruturas (como escamas, garras e penas) são compartilhadas.

Alex Kretzschmar

Referência:

[1] Série de autores e consultores, Dorling Kindersley, History (título original), 2007, ISBN 978-989-550-607-1, pág 15 

[2] Hildebrand AR, Pilkington M, Connors M, Ortiz-Aleman C, Chavez RE. Size and structure of the Chicxulub crater revealed by horizontal gravity gradients and cenotes. Nature. 2002; 376:415-417. 

[3] Price GD, Nunn EV. Valanginianisotopevariation in glendonitesandbelemnitesfromArctic Svalbard: Transient glacial temperaturesduringtheCretaceousgreenhouse. Geology. 2010;38(3):251-254. 

[4] ALVES, Everton Fernando; BORGES, Michelson. A extinção dos dinossauros: semelhanças entre as propostas evolucionista e criacionista. In:________. Revisitando as Origens. Maringá: Editorial NumarSCB, 2018, p.79-87. 

[5] Batten, D. (Ed.), Catchpoole, D. , Sarfati, J. e Wieland, C., Capítulo 11, E a deriva continental? O Livro de Respostas da Criação , Publicadores de Livros da Criação, 2006. 

[6] Lindsay E. Zanno e Peter J. Makovicky. Ecomorfologia herbívora e padrões de especialização na evolução de dinossauros terópodes . Anais da Academia Nacional de Ciências , 2010; DOI: 10.1073 / pnas.1011924108 

[7] Xing, Lida, et al. “Reanálise de Wupus Agilis (início do Cretáceo) de Chongqing, China, como um grande traço aviário: diferenciando entre grandes faixas de aves e pequenas faixas de terópodes não aviárias.” Plos One, vol. 10, n. 5, 2015, doi: 10.1371 / journal.pone.0124039.

quinta-feira, maio 30, 2019

Criacionismo é ciência?


Podem os cientistas ser imparciais e objetivos em suas pesquisas em busca da verdade? Francis Bacon acreditava que sim. Na concepção dele, os cientistas deveriam esvaziar a mente de quaisquer ideias preconcebidas e simplesmente se deixar guiar pelos dados rumo à verdade. Mais tarde, Karl Popper referiu-se a essa ideia como “o dogma ingênuo de Bacon”. Para Popper, o método mais adequado a ser adotado na pesquisa científica era exatamente o oposto: ao deparar-se com algum problema, o cientista não deveria esvaziar a mente, mas buscar nela alguma teoria que pudesse explicar sua observação.[1]

Popper afirmou ainda que a crença de que a ciência avança da observação para a teoria (como as pessoas costumam pensar que acontece) é absurda. Ele argumentou que a observação nunca é neutra, sendo sempre influenciada pelos interesses teóricos, as conjecturas e antecipações, e as teorias aceitas como pano de fundo pelo cientista.[2] Ou seja, a ideia de Popper é que o cientista, assim como qualquer outra pessoa, não é imparcial e que sua imparcialidade afeta suas pesquisas, já que seu ponto de vista acaba direcionando em algum grau suas observações, tornando-as, portanto, seletivas. Como forma de corrigir esse viés inevitável na ciência, Popper propôs o princípio da falseabilidade (adotado até os dias atuais), que consiste na tentativa, por parte da comunidade científica, de refutar, através de experimentos, hipóteses defendidas em pesquisas acadêmicas.[3] Caso essa tentativa seja bem-sucedida, diz-se que tais hipóteses foram falseadas (rejeitadas). Caso contrário, elas ganham o status de corroboradas. É dessa forma que a ciência progride, apesar do viés inerente a cada cientista.

O princípio da falseabilidade foi definido por Popper como o “critério de demarcação” da ciência – o delimitador do que é ou não ciência.[3] Logo, o que define o caráter científico de uma teoria não é sua origem, mas, sim, sua capacidade de fazer previsões (hipóteses) testáveis.[1] Sendo assim, podemos concluir que é cientificamente válido para um cientista adotar a cosmovisão criacionista ou evolucionista em suas pesquisas. A questão que surge aqui, portanto, é: O criacionismo pode fornecer hipóteses que possam ser submetidas à prova por meio de experimentação?

O projeto de pesquisa que vem sendo desenvolvido há cerca de 20 anos em uma região desértica, próxima à cidade de Ocucaje, no sul do Peru, por um grupo de cientistas criacionistas, que tem resultado na publicação de artigos em renomadas revistas científicas,[4, 5, 6] pode nos ajudar a responder essa pergunta. Leonard Brand, Raúl Esperante, Arthur Chadwick e outros analisaram minuciosamente centenas de fósseis de cetáceos (principalmente baleias) e outros animais marinhos dessa região, os quais são encontrados em várias camadas de rochas sedimentares da Formação Pisco (das épocas geológicas Mioceno e Plioceno). A pesquisa lhes permitiu constatar que tais espécimes fósseis apresentam, em geral, ótimo estado de preservação, o que os levou a concluir que essas baleias foram soterradas rapidamente, em um período de semanas a meses. Os dados que lhes permitiram formular essa hipótese são apresentados, de forma resumida, a seguir:

- Os sedimentos em que as baleias foram soterradas contêm inúmeras frústulas (carapaças de silício) de diatomáceas (algas marinhas) que não apresentam evidência de dissolução.

- Várias baleias fossilizadas caracterizam-se pela excepcional ocorrência de barbatanas fósseis (como as barbatanas não são tão resistentes quanto os ossos, elas rapidamente são deterioradas, sendo raras no registro fóssil) e ainda na posição de vida (observações em oceanos modernos demonstram que após a morte da baleia as barbatanas se destacam da gengiva da mandíbula superior em um intervalo de horas a semanas).

- Os ossos das baleias em geral estão bem articulados (em sua posição original), e não apresentam sinais de corrosão ou perfuração por vertebrados ou invertebrados, ou qualquer outro dano pós-morte.

- A maioria das baleias fósseis apresentam esqueleto completo e estão com o ventre virado para baixo (observações de carcaças de baleias à deriva no oceano demonstram que durante o processo de putrefação gases são produzidos em seu interior, fazendo-as inchar e rotacionar, chegando ao leito oceânico com o ventre virado para cima; o fato de as baleias da Formação Pisco não estarem nessa posição sugere que não houve muito tempo entre sua morte e soterramento).

- Não há evidência de bioturbação por invertebrados marinhos nos sedimentos que circundam os fósseis de baleias (nos dias de hoje, carcaças de baleias situadas no fundo oceânico são rapidamente colonizadas por invertebrados marinhos que, além de remover a carne e degradar os ossos, também perturbam os sedimentos adjacentes em busca de compostos orgânicos lixiviados das baleias).

Apesar de a geologia convencional (evolucionista) já admitir também a possibilidade de catástrofes ao longo da história geológica do planeta (atualismo), ainda é evidente a preferência de geólogos que trabalham dentro dessa cosmovisão por explicações que demandam muito tempo (milhões de anos), o que muito provavelmente se deve à grande confiança que depositam na datação radiométrica. No caso dos fósseis da Formação Pisco, por exemplo, inúmeros pesquisadores já os haviam estudado, no decorrer de décadas, mas nenhum deles havia notado (ou aceitado) as várias evidências que apontam fortemente para um rápido soterramento. As evidências sempre estiveram diante dos olhos deles, mas suas pressuposições os guiaram para longe da verdade. Por outro lado, em função da hipótese criacionista de altas taxas de sedimentação e rápida fossilização (derivada da crença no dilúvio e na vida recente na Terra, e da suspeita de um erro sistemático na datação radiométrica), os pesquisadores criacionistas puderam realizar descobertas significativas.

Este exemplo (que é apenas um de vários) demonstra que, além de fornecer hipóteses testáveis, o criacionismo tem ainda sido corroborado quando submetido à prova por meio de experimentos, podendo ser classificado, portanto, como ciência.

(David Ramos Pereira é geólogo e mestre em Geologia e Geoquímica pela UFPA)

Referências:
1. Brand, L. (2009). Faith, reason, and earth history: a paradigm of earth and biological origins by intelligent design. Andrews University Press.
2. Popper, K. R. (1982). Conjecturas e Refutações: o progresso do conhecimento científico; trad. Sérgio Bath. Brasília: Editora Universidade de Brasília.
3. Popper, K. (2005). The logic of scientific discovery. Routledge.
4. Brand, L.R., Esperante, R., Chadwick, A.V., Poma, O., Alomía, M., 2004. Fossil whale preservation implies high diatom accumulation rate in the Miocene–Pliocene Pisco Formation of Peru. Geology 32, 165–168.
5. Esperante, R., Brand, L.R., Nick, K.E., Poma, O., Urbina, M., 2008. Exceptional occurrence of fossil baleen in shallow marine sediments of the Neogene Pisco Formation, Southern Peru. Palaeogeogr. Palaeoclimatol. Palaeoecol. 257, 344–360.
6. Esperante, R., Brand, L. R., Chadwick, A. V., & Poma, O. (2015). Taphonomy and paleoenvironmental conditions of deposition of fossil whales in the diatomaceous sediments of the Miocene/Pliocene Pisco Formation, southern Peru–A new fossil-lagerstätte. Palaeogeography, Palaeoclimatology, Palaeoecology417, 337-370.