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quarta-feira, fevereiro 05, 2020

Fundador da Sociedade Criacionista Brasileira foi diretor da Fapesp


Com a indicação do criacionista e defensor da Teoria do Design Inteligente Benedito Guimarães de Aguiar Neto para a direção da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), grande polêmica foi criada nos meios de comunicação brasileiros e até do exterior. Benedito é engenheiro eletricista (1977) e mestre em engenharia (1982) pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Cursou o doutorado (1987) na Technische Universität Berlin, na Alemanha, e o pós-doutorado (2008) na University of Washington, nos Estados Unidos; além disso, foi reitor da prestigiada Universidade Mackenzie, de São Paulo. Mesmo com esse currículo respeitável e com uma carteira de grandes contribuições para o avanço do conhecimento e da cultura, ele está sendo alvo de críticas injustas e precipitadas. Por quê? Porque em lugar de pensar que a vida teria contrariado os fatos e surgido por acaso, Benedito acredita que vida proveio de vida, ou seja, um Criador a trouxe à existência. E isso foi suficiente para a “geração espontânea” de várias notas de repúdio.

Neste momento de ânimos alterados, é bom lembrar que alguns anos atrás outro criacionista dirigiu uma agência de fomento à pesquisa, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Veja o que diz o site da instituição:

“Natural de São Carlos, interior paulista, Ruy Carlos de Camargo Vieira (1930-) é engenheiro mecânico e eletricista formado pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP) em 1953. Trabalhou dois anos no Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA) antes de ingressar como professor da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP. Participou da criação do Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada da EESC. Em 1972, Vieira mudou-se para Brasília para integrar a Comissão de Especialistas em Ensino de Engenharia do Departamento de Assuntos Universitários do Ministério da Educação e Cultura (MEC), que acompanha e avalia as escolas de engenharia. Durante sua gestão como diretor científico na Fapesp, avançaram os projetos especiais como o RADARSP II e a implantação de biotérios nas universidades públicas. Foi também a época da implantação da Emenda Leça [que assegurou a regularidade do repasse dos recursos para a Fapesp e para os pesquisadores e estudantes com projetos ou bolsas aprovados]. Autor de livros e artigos sobre ciência e religiosidade, Vieira foi um dos fundadores da Sociedade Criacionista Brasileira, em 1972.”

Note que o site até menciona o fato de o Dr. Ruy ter sido um dos fundadores da SCB, o que de forma alguma desmerece todas as conquistas dele à frente da instituição.

O Dr. Ruy Vieira também representou o MEC no Conselho da Agência Espacial Brasileira e foi membro do Conselho Federal de Educação, entre outras muitas atribuições. Ou seja, um homem competente, culto, dedicado, humilde (e posso atestar tudo isso, pois tenho o privilégio de conhecê-lo pessoalmente) e que deixou um rastro de boas realizações por onde passou. É o que se espera do Dr. Benedito, independentemente de suas crenças e idiossincrasias.

Num Estado laico, qualquer pessoa, independentemente de sua fé ou da falta dela, tem direito de exercer sua cidadania e servir ao País, desde que tenha competência para ocupar o cargo específico para a qual foi chamada. Que o tempo e as realizações falem por si mesmos.

Michelson Borges




quarta-feira, janeiro 29, 2020

Conteúdos úteis na atual discussão sobre criacionismo acirrada pelo Jornal Nacional

Com a nomeação do Dr. Benedito Guimarães Aguiar Neto para a presidência da Capes, a grande imprensa tem promovido uma verdadeira inquisição sem fogueiras, distorcendo informações e fazendo acusações injustas contra criacionistas e defensores da Teoria do Design Inteligente (exemplo da matéria de ontem no Jornal Nacional). A distorção (ou má intenção) é tanta, que chegam a associar criacionismo com terraplanismo, embora a Sociedade Criacionista Brasileira (que em nenhum momento foi consultada nem citada) tenha emitido meses atrás uma nota repudiando a ideia da Terra plana (confira). Em meu canal, inclusive, mantenho uma playlist com dezenas de vídeos contra essa sandice anticientífica (confira). Faltou apuração. Faltou boa vontade. Faltou jornalismo. E isso que a SCB se trata de uma entidade com CNPJ e atua no Brasil há quase meio século, tendo sido fundada por um grande pesquisador acadêmico e engenheiro brasileiro, o Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira, e atualmente presidida pelo doutor em Geologia Marcos Natal.

O biólogo e doutor em genética Wellington Santos expressou bem a indignação dos criacionistas: "Em primeiro lugar, a reportagem menciona a indicação do Dr. Benedito Aguiar para a presidência da Capes, órgão responsável pela pesquisa e a pós-graduação no Brasil. Em seguida, a reportagem mostra uma declaração do Dr. Benedito em um congresso sobre design inteligente na universidade presbiteriana Mackenzie, em 2019. E aí vai o nosso primeiro questionamento: O que tem a ver uma declaração dele colocando-se favorável ao criacionismo com o trabalho que irá desenvolver à frente da Capes? Por acaso ele disse que irá apoiar pesquisa sobre criacionismo usando dinheiro público? Não. Então por que tanta preocupação? Percebe-se que o criacionismo é usado por uma emissora que procura criticar o governo quando toma alguma decisão favorecendo um profissional que defende o criacionismo, mas está muito longe de querer impor isso à sociedade. Em segundo lugar, a reportagem mostra um professor da UFRN associando o criacionismo ao terraplanismo. Quanta distorção! Basta olhar no site da Sociedade Criacionista Brasileira uma declaração oficial da instituição rejeitando o terraplanismo. Por último, vejo uma intenção clara de colocar a controvérsia entre o criacionismo e o evolucionismo na sala de aula como o desdobramento de um longo debate entre ciência e religião. Para aqueles que se entregam a esse debate de maneira exageradamente apaixonada, recomendo um pouco de filosofia da ciência, que faria bem para ambos os lados. Toda teoria científica, seja ela criacionista ou evolucionista, traz ideias metafísicas embutidas em seus postulados. O que precisamos realmente é ensinar de maneira crítica e fazer com que nossos alunos não sejam apenas meros refletores do pensamento de outros, mas que eles tenham condições de avaliar os argumentos apresentados à luz das evidências. Para concluir, existem muitos cientistas na academia com a cosmovisão criacionista e que fazem ciência com excelência." 

Outra manifestação de que gostei foi a da advogada e deputada Janaína Paschoal, que escreveu o seguinte em seu Twitter: "Não sei se o novo presidente da Capes será um bom gestor. Só sei que ele não pode ser discriminado por sua religião! Se, no novo cargo, ele fizer algo incompatível, critiquem! O que estão fazendo com ele (antecipadamente) é inconstitucional e ilegal! Sendo o Estado laico, os cargos não podem ser preenchidos apenas por agnósticos e ateus, como, ao que parece, seria o razoável aos formadores de opinião brasileiros. Estado laico é aquele que dá liberdade a todas as religiões, inclusive ao ateísmo. Falar em Design Inteligente não implica negar a Ciência. Aos menos informados, sugiro a leitura do livro Entre Naturalismo e Religião, de Habermas. E lembro que a Ciência existe, graças a Deus!"

Abaixo segue uma relação de vídeos e um texto que lhe fornecerão subsídios para se posicionar nessa discussão [MB]:













Leia também: "Definições oficiais de conceitos criacionistas"

Manifesto público da Sociedade Brasileira do Design Inteligente (confira)


O “putsch” rasteiro, academicamente desonesto e ideologizado de grupo darwinista xiita da USP contra Benedito Aguiar Neto, novo presidente da Capes (leia)

terça-feira, janeiro 28, 2020

A grande imprensa e a academia detonariam César Lattes


Na revista Brasil – Almanaque de Cultura Popular (edição de novembro de 2006), que encontrei a bordo de um avião da Tam, havia um texto alusivo ao Dia Mundial da Ciência (24/11). A pequena matéria dizia que “se o Brasil tivesse um panteão das ciências, nele estaria o curitibano César Lattes. Nascido em 1924, só é batizado na adolescência. Judeu, o pai teme a perseguição fascista. Aos seis anos, César joga xadrez. Aos 22, pesquisa na Universidade de Bristol, Inglaterra, uma partícula do átomo, prevista mas inédita”. Lattes descobriu o méson pi e chamou atenção para a ciência nacional. Ele recebeu vários prêmios, mas não o Nobel de Física. “Em 1950”, prossegue o texto, “fatores mal explicados dão o prêmio a Cecil Powell, seu colega de equipe inglês. Depois, com Eugene Garner, cria artificialmente o méson. Mas o parceiro morre, e a academia só premia vivos. Lattes morre em 8 de março de 2005, reconhecido como o maior cientista do Brasil. ‘Ele era para as pessoas esclarecidas o que Pelé é para o povão’, diz Iuda Goldman, seu colega de USP.”

Em agosto de 2001, o Jornal da Unicamp publicou uma entrevista com o nosso Pelé da ciência. Leia alguns trechos a seguir e depois minha nota final:

“– No princípio, Deus criou os céus e a terra.
“– Os céus e a terra, está bem? E depois criou as águas. Continue lendo...
“– A terra era informe e vazia. As trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus movia-Se sobre a superfície das águas.
“– Tinha o céu, a terra e as águas. Então, o que Ele disse?
“– Deus disse: ‘Faça-se a luz.’
“– Ele estava no escuro...
“– E a luz foi feita. Deus viu que a luz era boa e separou a luz das trevas. Deus chamou ‘dia’ a luz e às trevas, ‘noite’. Assim surgiu a tarde e em seguida a manhã. Foi o primeiro dia.
“– Está bom? Então você queria saber sobre a origem do Universo? Está aqui a origem do Universo. Você conhece, já ouviu falar desse livro?"

“Foi assim que começou o diálogo entre uma repórter e o físico Cesar Lattes, professor emérito da Unicamp. O peso do livro do Gênesis foi maior que o dos livros todos reunidos na Bíblia pousada sobre o sofá, lida pela jornalista a pedido do cientista. [...]

“Em 1947 Lattes descobriu o méson-pi, depois de expor chapas fotográficas muito sensíveis, conhecidas como emulsões nucleares, à altitude de 5,6 mil metros do Monte Chacaltaya, na Bolívia, onde a detecção dessas partículas seria presumivelmente mais favorável. ‘Mas mais emocionante foi detectar os mésons produzidos artificialmente, com Eugene Gardner, em Berkeley’, relembra o mestre.


“Verbete da Enciclopédia Britânica, Lattes dizia aceitar a Bíblia como a origem da matéria. Curitibano, foi um dos criadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e tornou-se professor da Unicamp em 1967.”

Em resposta à jornalista, Lattes também criticou o conceito popular de Big Bang (segundo o qual o Universo teria começado em uma grande explosão), para então afirmar que Deus criou a matéria. “Se a teoria do Big Bang ainda é aceita, não em sua essência, mas em algumas nuances, podemos questionar de onde veio a matéria antes da grande explosão... Deus criou. E eu não brigo com astrônomos por isso.”

Como se pode ver, o homem que dá nome à maior plataforma de currículos virtuais do Brasil, criada e mantida pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico,
acreditava em Deus e na Bíblia Sagrada, como muitos outros cientistas do passado e do presente; como os próprios pioneiros da ciência – Newton, Galileu, Copérnico, Pascal... No entanto, isso não impediu que Lattes pudesse lecionar na prestigiada Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e se destacar no campo da ciência.

Se fosse hoje, com o crescimento da atuação da militância anticriacionista, além de César Lattes ser impedido de falar no campus, digamos, sobre o design inteligente do Universo, imagine o que aconteceria se ele fosse indicado para presidir, digamos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação... A grande imprensa “cairia de pau” nele e em quem o indicasse. Alguns vociferariam: “Como pode colocarem um fundamentalista religioso desses para dirigir uma instituição ligada à ciência e ao ensino?” “Ele acredita em Deus e na Bíblia! Não deve ser um cientista de verdade.” Onde se viu um físico acreditar na Bíblia!” Criacionistas, que creem que Deus criou o Universo e a vida, e defensores da teoria do design inteligente não sabem fazer boa ciência. E por aí vai.

Ainda bem que isso tudo é só imaginação...

Michelson Borges

terça-feira, agosto 27, 2019

O ensino da teoria do design inteligente nas escolas públicas

Direito Brasileiro, desde as normas internacionais subscritas pelo Brasil, até a Constituição da República e leis infraconstitucionais, é unânime no sentido de viabilizar o ensino irrestrito, sem preconceitos e livre de qualquer imposição. O Direito Educacional Brasileiro determina que todo cidadão tem direito à liberdade de, sem interferência, ter opiniões e procurar, receber e transmitir conhecimento mediante fontes abalizadas e independentemente de fronteiras. Há um aparente mal-entendido quando o assunto é o ensino da Teoria da Evolução das Espécies (TE) e a Teoria do Design Inteligente (TDI), pois cientistas e professores confundem TDI com Criacionismo e afirmam que a teoria não deve ser ensinada nas escolas por não ser ciência e, sim, ensino de cunho religioso. No entanto, o presente trabalho procura demonstrar que a TDI é, sim, um método científico-filosófico tal qual a TE, que utiliza a pesquisa científica para avaliar a complexidade na natureza, detectando empiricamente os resultados/efeitos de uma mente inteligente, de um designer, responsável pela origem de tudo. A pesquisa aponta para uma contradição entre as competências gerais da Base Nacional Comum Curricular com seus conteúdos específicos para as disciplinas de Ciências e Biologia, nas quais se determina apenas o ensino da TE, em flagrante desrespeito à legislação educacional e aos próprios objetivos gerais do documento normativo. Com isso, a proposta de inserção do ensino da TDI, juntamente com as demais teorias que procuram explicar a origem do Universo e da vida, nos currículos escolares das disciplinas de Ciências e Biologia é medida que se impõe para o efetivo cumprimento dos princípios educacionais, a fim de garantir uma educação democrática, que respeite o pluralismo de ideias e o multiculturalismo, incentivando o raciocínio crítico, a formação de cidadãos autônomos, promovendo um ambiente de tolerância às diversas cosmovisões.
 
[Clique aqui para ler o TCC da advogada e historiadora Emanuela Borges]

Emanuela mantém no Facebook a página Papo Legal com Manu.

domingo, janeiro 20, 2019

Unasp cria pós-graduação em Arqueologia Bíblica

Para complementar as áreas de História, Arqueologia e Teologia para ensino e práticas pastorais, o Centro Universitário Adventista, campus Engenheiro Coelho, criou a pós-graduação História e Arqueologia do Antigo Oriente Próximo. O corpo docente do curso é formado por doutores, mestres e especialistas na área, com experiência profissional e acadêmica. O curso se destina a profissionais graduados de diferentes áreas interessados em estudar o passado do Oriente Médio por meio da arqueologia e de outras fontes históricas escritas. As aulas são projetadas para atender àqueles que estão perto e longe, sendo presencias, mas transmitidas online para os alunos que estão mais distantes, com algumas aulas inteiramente EAD.

Inscrições: 25 de outubro de 2018 até 3 de fevereiro de 2019
Início das aulas: 4 de março de 2019
Para mais informações clique aqui.

Disciplinas
Créditos
CH
Pesquisa Arqueológica
2
30h
Arqueologia e a Bíblia
2
30h
Teoria e Métodos Arqueológicos
2
30h
História e Historiografia de Israel
2
30h
Patrimônio Arqueológico
2
30h
Arqueologia do Antigo Testamento
2
30h
Arqueologia de Novo Testamento
2
30h
Egito e Mesopotamia
2
30h
Grecia e Roma
2
30h

Disciplinas Optativas
(mínimo 60h para número necessário de créditos)
Créditos
CH
Hebraico
2
30h
Grego
2
30h
Egípcio
2
30h
Epigrafia
2
30h
Numismática
2
30h
Antropologia
2
30h

sexta-feira, janeiro 11, 2019

Damares Alves é criticada por defender ensino do criacionismo

Uma nova polêmica foi criada em torno da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves: sua opinião a respeito da teoria da evolução. Nas imagens de uma entrevista concedida por ela em 2013, Damares responde sobre o papel da igreja evangélica na política e observa que os cristãos perderam influência nas escolas. “A igreja evangélica perdeu espaço na história. Nós perdemos o espaço na ciência quando deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos. Quando nós não fomos ocupar a ciência. A igreja evangélica deixou a ciência para lá e ‘vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha’. E aí cientistas tomaram conta dessa área”, diz a ministra no vídeo. Em nota, o ministério informou que “a declaração ocorreu no contexto de uma exposição teológica que não tem qualquer relação com as políticas públicas que serão fomentadas” pela pasta.

A teoria da evolução, reconhecida por grande parte da comunidade científica, defende que, a partir de ancestrais comuns, os seres humanos e outros tipos de vida sofrem mudanças evolutivas de uma geração para outra. No entanto, ela ainda é questionada por muitos cientistas, como o físico Adauto Lourenço, mestre em Física pela Clemson University (EUA). Ele apresenta evidências científicas que desmentem a tese defendida pelos evolucionistas.

“O problema é que o que sabemos hoje de seleção natural está ligado à quantidade de informação genética que um organismo tem. Para que a seleção natural ocorra, algo deve se transformar em outra coisa. Mas a informação genética disponível não faz com que ‘isso’ se transforme ‘naquilo’”, disse Lourenço em entrevista ao Guiame.

“Vamos pegar um exemplo prático: a boa pata de um réptil. Vamos imaginar que essa boa pata iria evoluir e, lá na frente, esse animal se tornaria uma ave. Para que essa boa pata se transforme em uma boa asa, no meio [do processo] ela não seria nem uma boa pata, nem uma boa asa. A seleção natural faria com que isso deixasse de existir. A seleção natural é um mecanismo que impede o processo evolutivo; exatamente o contrário daquilo que muitos acreditavam”, esclarece.

Lourenço lembra que o naturalista Charles Darwin, quando escreveu seu livro, disse que o maior problema com sua teoria é que não havia evidências de evolução. “A quantidade de evidências mostrando que a evolução nunca aconteceu, no registro fóssil, na genética, na biologia, nos processos naturais, é esmagadora. Continua sendo ensinado aquele mecanismo de forçar a pessoa a aceitar por intimidação. Hoje um aluno não pode mais dizer que não concorda com isso”, observa. [...]


Nota: Minha posição, assim como a da Sociedade Criacionista Brasileira, continua sendo pelo não ensino do criacionismo nas escolas públicas, não porque ele não merecesse ser ensinado ao lado da hipótese da evolução, mas porque o modelo seria distorcido ou mal explicado por professores que só conhecem (quando conhecem) o evolucionismo. Além disso, em um estado laico, não convém levar para as aulas de ciência e biologia uma estrutura conceitual que integra ciência e religião. Mas isso seria um grande problema? E o evolucionismo seria mesmo ciência pura? E se não, seria conveniente apresentá-lo como fato, verdade absoluta? Em outro post voltarei a essas três perguntas. Agora quero ponderar outro aspecto da celeuma.

O vídeo em que a ministra fala sobre o ensino da teoria da evolução é de cinco anos atrás e foi gravado em um contexto totalmente diferente do atual. É verdade que as palavras de Damares não têm aquele rigor científico nem filosófico, mas expressam uma opinião dela que, em partes, tem lá sua razão. Vejamos.

Ela disse: “Nós perdemos o espaço na ciência quando deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos.” Damares tem razão. A ciência foi descoberta por homens de profunda convicção religiosa e fé na Bíblia Sagrada. Cientistas como Newton, Galileu, Pascal e outros nos legaram o pensamento científico e o harmonizavam bem com a religião. Faziam pesquisa científica para descobrir como Deus criou o Universo e a vida. Quando o darwinismo dominou o ambiente acadêmico, acabou impedindo a discussão ampla a respeito das origens. Os evolucionistas mais honestos e bem informados admitem que a teoria da evolução contém graves insuficiências epistêmicas e falha em responder muitas perguntas, mas procuram evitar esses questionamentos justamente para não dar espaço para a “hipótese concorrente”, o criacionismo. E por quê? Porque querem manter sua posição naturalista, dando as costas para tudo o que não pertença aos domínios do mundo dito natural.

Damares também fala em “questionamento”. E que mal há nisso? Não deveria ser justamente na universidade que o pluralismo de ideias teria que ser aceito e promovido? Não é papel da imprensa questionar e apresentar pelo menos duas faces de uma mesma história? Mas não. Ao tornar hegemônica e inquestionável a teoria da evolução, essas mesmas pessoas blindam esse modelo conceitual e o tornam inquestionável.

A ministra (que na época não era ministra) disse também: “A igreja evangélica deixou a ciência para lá e ‘vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha’. E aí cientistas tomaram conta dessa área.’” Bem, os cientistas têm mesmo que “tomar conta” dessa “área”. Mas que os evangélicos se distanciaram da ciência, isso é verdade. Essa atitude inclusive faz com que muitos cristãos abracem crendices, desprezem o estudo profundo das Escrituras Sagradas (deixando de lado, por exemplo, a arqueologia, a hermenêutica e a exegese, por exemplo) e digam verdadeiras asneiras quando o assunto é ciência (terraplanistas e militantes antivacinação que o digam...).

Só mais um detalhe: quando os presidentes anteriores indicavam algum ministro, quase ninguém se interessava pelo assunto, a não ser quando essa pessoa era citada em alguma investigação por corrupção. É interessante e positivo o recente interesse por política e pela vida das pessoas que estão sendo indicadas para cargos públicos, mas chega a ser hipocrisia ficar vasculhando vídeos e declarações antigos para tentar minar a autoridade e o currículo dessas recém-empossadas autoridades.

Em outro post vou analisar outros aspectos dessa polêmica. [MB]

quinta-feira, outubro 18, 2018

General diz que criacionismo deveria ser ensinado nas escolas


[A matéria a seguir foi escrita pelo jornalista Bruno Boghossian para a Folha de S. Paulo, e publicada no dia 16 de outubro:] “As conspirações sobre a ideologia nas escolas atingiram o insuspeito Charles Darwin [sic]. Um general que elabora propostas na campanha de Jair Bolsonaro diz que a teoria da evolução deve ser ensinada ao lado do criacionismo (a ideia de que Deus criou diretamente o homem). ‘Muito da escola está voltado para orientação ideológica […]. Houve Darwin? Houve, temos de conhecê-lo. Não é para concordar, tem de saber que existiu’, afirmou Aléssio Souto ao jornal O Estado de S. Paulo. As duas visões devem ser mantidas em esferas distintas, mas o militar segue uma linha em que a religião disputa espaço com a ciência. Ele diz que um pai ‘não está errado’ se quiser que o professor ensine teoria da criação no lugar do darwinismo.

“A sugestão causa arrepios em especialistas. ‘Esse debate deve ocorrer no campo da religião, nas aulas de filosofia ou sociologia’, afirma Priscila Cruz, do movimento Todos pela Educação. ‘Na ciência e na biologia, o criacionismo deveria ser banido.’ Ao tratar pontos do ensino científico como desvio ideológico, assessores de Bolsonaro aplicam, eles mesmos, um viés político à educação. ‘Quando você iguala ciência e ideologia, você anda para trás, ignora séculos de aprendizado’, diz Luiz Davidovich, presidente da Academia Brasileira de Ciências. ‘A teoria da evolução não é ideológica. É resultado de percepções científicas e foi testada ao longo do tempo.’”

Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: “Davidovich cometeu dois erros:  
 
“1. A teoria da evolução é sim ideológica - quem disse foi Darwin em uma de suas cartas que pelo menos ele tinha dado um chega pra lá no criacionismo. 

“2. A teoria da evolução foi testada em nível microevolutivo; macroevolutivo, não! A descendência com modificação ao longo do tempo, por exemplo. Nunca explicaram a Explosão Cambriana. Quais são os mecanismos evolucionários? De A a Z? Qual a origem da informação genética? Por que do upgrade para a Síntese Evolutiva Ampliada/Estendida com aspectos neolamarckistas porque a Síntese Evolutiva Moderna já era em 1980 uma teoria científica falida que posava de ortodoxia científica somente nos livros-texto?

“Sim, a teoria da evolução deve continuar sendo ensinada em nossas escolas, mas deve ser ensinada objetiva e honestamente considerando as evidências a favor e contra. Do jeito que a teoria da evolução é ensinada no Brasil, não é educação, mas doutrinação ideológica do materialismo filosófico que posa como se fosse ciência!”

Leia aqui a posição da Sociedade Criacionista Brasileira quanto ao ensino do criacionismo em escolas públicas.

quarta-feira, janeiro 24, 2018

Se quiser rejeitar a teoria da evolução, faça-o pelo motivo correto

“Ninguém nunca viu um macaco virar homem.” Essa foi a lógica apresentada pelo Ministro da Educação da Índia [foto ao lado], em uma tentativa de “desmascarar” a teoria da evolução de Darwin. A declaração gerou piadas e um pedido de retratação feito pela comunidade indiana. “Ninguém, incluindo nossos antepassados, por escrito ou oral, disse que viu um macaco se transformar em um homem”, disse Satyapal Singh enquanto presidia uma conferência em Aurangabad, cidade no estado de Maharashtra, na sexta-feira. Ele defendeu a retirada da teoria evolucionista – aceita por unanimidade [sic] pela comunidade científica – dos livros didáticos do país. O comediante Vir Das foi um dos primeiros a brincar com o assunto.

O diretor Farhan Akhtar respondeu de forma satírica à declaração do ministro. “Macacos protestam contra a Origem das Espécies de Darwin. Eles negam envolvimento com a existência de certo homo sapiens.” No entanto, apesar da reação severa de todos os lugares, o ministro manteve o posicionamento. “Estou absolutamente de acordo com o meu comentário de que a teoria da evolução de Charles Darwin não é científica. Há poucas evidências para fundamentar a teoria. Grandes cientistas do mundo vieram dizer que não há evidências disponíveis no mundo que possam provar que a teoria da evolução está correta”, disse o ministro em outra conferência, segunda-feira, no IIT-Guwahati, uma das principais instituições técnicas da Índia.

Ele mesmo pediu uma conferência internacional para verificar a veracidade da teoria de Darwin. “Proponho, se o Ministério do Desenvolvimento e Recursos Humanos estiver pronto, patrocinar uma conferência internacional de nível mundial para decidir o que é verdadeiro e factual e que deve ser ensinado em escolas e faculdades”, disse Satyapal Singh.

Enquanto isso, cientistas de toda a Índia começaram a coletar assinaturas contra o ministro Singh e suas observações, vistas como um insulto ao verdadeiro trabalho de pesquisa. A comunidade científica pretende entregar a petição assinada ao Governo para pedir ao ministro que se retrate de sua declaração. Já são mais de 4.000 assinaturas e o texto continua recebendo apoio de cientistas e acadêmicos de mais de 25 das principais instituições educacionais do país.

A teoria evolucionista darwiniana consiste em três suposições: (1) todos os seres vivos descendem de um antepassado comum; (2) os principais mecanismos para as mudanças que dão origem a novas espécies resultam de mutação e seleção natural ou “sobrevivência do mais apto”; (3) estes são processos naturais não orientados.

Embora a pesquisa genética moderna fundamente em grande parte as ideias de Darwin, elas continuam sendo uma fonte de controvérsia, especialmente entre os devotos religiosos. A Turquia removeu todas as menções ao naturalista inglês de seus currículos didáticos em 2017, em grande parte devido à alegada incompatibilidade da teoria com a educação islâmica “baseada em valores” do país.

(Sputnik)

Nota: O Ministro da Educação da Índia falou bobagem e a mídia e os evolucionistas não perderam tempo: detonaram o homem. Evolucionistas não creem que o ser humano “veio do macaco”, e criacionistas nunca deveriam dizer que eles creem nisso. Eles pensam que humanos e macacos tiveram um ancestral comum (mas que animal seria esse, um sapo? Bem, deixemos isso pra lá...). Para ser mais preciso, o ministro poderia ter dito que não aceita a macroevolução porque informação genética não pode surgir do nada. Porque elementos inorgânicos não poderiam se agrupar em moléculas, aminoácidos, proteínas, DNA, células... tudo na ordem certa, unido à informação complexa, para então dar origem à vida – nem um cem bilhões de anos! Poderia também ter dito que não aceita a teoria da evolução porque a vida revela muitos mecanismos de complexidade irredutível sem os quais ela nem sequer teria começado a existir. Enfim, poderia dizer que a macroevolução está mais nos domínios da fé que nos da ciência empírica, e que vida só provém de vida, como Pasteur provou há muito tempo. A matéria acima tentou resumir os postulados básicos da teoria da evolução, como o de que todos os seres vivos descendem de um antepassado comum (macroevolução). Isso não está provado. É mera especulação baseada em evidências que apontam meramente para adaptações e diversificação de baixo nível (“microevolução”). O registro fóssil está aí para provar isso, com seres distintos (peixes, anfíbios, répteis, mamíferos, aves) e sem evidência de intermediários entre eles. Quando o assunto são fatos, os evolucionistas apelam para as mutações e a seleção natural, mecanismos aceitos pelos criacionistas, evidentemente. Mas o que esses mecanismos promovem? No caso das mutações, via de regra, perda de informação genética ou modificações limitadas (duvida? Pesquise aqui no blog sobre as drosophilas). No caso da seleção natural, adaptabilidade a determinadas circunstâncias ambientais, permitindo a sobrevivência do mais bem adaptado a essas circunstâncias. Mas tanto as mutações quanto a seleção natural agem sobre organismos já existentes. A seleção pode explicar como o mais “apto” sobrevive, mas nem um nem outro mecanismo é capaz de explicar como esses indivíduos mais “aptos” vieram à existência. Assim, o livro A Origem das Espécies promete, mas não entrega, pois tem a palavra “origem” no título, mas somente explica por que há diversidade na natureza. Pena que o Ministro da Educação da Índia não mencionou fatos como esses, expondo-se ao ridículo com aquele “argumento batido”. Que os criacionistas não sigam seu exemplo. Se for para rejeitar a teoria da evolução, que seja pelos motivos corretos. [MB]

terça-feira, julho 25, 2017

Academia se abre aos “saberes tradicionais”. Mas nada de criacionismo

Trinta e seis mestres e mestras de saberes tradicionais, entre parteiras indígenas, mestres do Reinado do Rosário, pais e mães de santo do candomblé, ceramistas xacriabás e xamãs xavantes, passaram a frequentar a academia graças ao Programa de Formação Transversal em Saberes Tradicionais, iniciado há cinco anos na UFMG, durante uma edição do Festival de Inverno. Um balanço da iniciativa foi apresentado pelo professor César Geraldo Guimarães, do Departamento de Comunicação Social da UFMG, na mesa-redonda Democratização da produção do conhecimento: sábios, intelectuais e militantes, na tarde desta terça-feira, dia 18, no âmbito da SBPC Afro e Indígena. Os integrantes da mesa discutiram alternativas à segregação e ao sufocamento dos saberes populares e tradicionais no meio acadêmico.

“Percebemos essa situação problemática e resolvemos convidar os mestres tradicionais para serem protagonistas. Parece algo mínimo em relação ao tamanho das engrenagens das universidades, mas, acompanhando o convívio entre os discentes e os mestres, percebemos que algo se transforma em quem os escuta, e isso é essencial para a continuidade dos esforços”, analisou o professor. [...]

(UFMG)

Nota: Não é interessante ver que estão concedendo espaço em campi seculares para crenças como candomblé, xamanismo e outras, ao mesmo tempo em que consideram o design inteligente e o criacionismo “religiões” que não podem ter espaço na academia? Isso muito embora esses dois modelos conceituais disponham de muito mais argumentos científicos que os tais “saberes tradicionais”. Isso me faz lembrar do tempo em que cursei Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina. Houve ocasiões em que sofri preconceito pelo simples fato de ser adventista e defender o criacionismo. No entanto, pude ver em carros de professores adesivos que diziam “Eu creio em duendes” e cartazes espalhados pelo campus, divulgando eventos relacionados com a nova era e até palestras de gurus orientais. Em mais de duas décadas, nada mudou nesse aspecto. Pelo visto, os verdadeiros alvos de segregação e sufocamento são outros... [MB]

domingo, julho 02, 2017

Dawkins reconhece que ensino religioso é fundamental para as crianças

[Meus comentários seguem entre colchetes. – MB] Quando se fala em ateísmo militante, talvez o primeiro nome que venha à mente seja o de Richard Dawkins, cientista e autor de vários livros sobre a teoria da evolução, como O Gene Egoísta. Dawkins costuma ser odiado pela comunidade cristã pelos ataques proferidos contra as religiões. Mas eis que o próprio cientista reconhece que o ensino da religião é crucial para que as crianças entendam a história e a cultura. O biólogo evolucionista e ateu assumido advertiu que era praticamente impossível estudar literatura inglesa sem conhecer os antecedentes do cristianismo. Falando no Festival de Ciências de Cheltenham, perguntaram-lhe se os estudos religiosos deveriam ser abolidos nas escolas, com receios de que as crianças estivessem sofrendo lavagem cerebral [como se o ensino acrítico da teoria da evolução não fosse lavagem cerebral]. “Eu não penso que a educação religiosa devesse ser abolida”, respondeu. E acrescentou: “Eu acho que é uma parte importante da nossa cultura saber sobre a Bíblia, afinal, muita literatura inglesa tem alusões à Bíblia, se você procurar no Oxford English Dictionary, você encontrará algo como o mesmo número de citações da Bíblia e de Shakespeare. É uma parte importante da nossa história. Tanto da história europeia é dominada por disputas entre religiões rivais e você não consegue entender a história, a menos que você conheça a história da religião cristã e as Cruzadas e assim por diante.”

“Eu não aboliria a educação religiosa, acho que eu a substituiria pela religião comparada e a história bíblica e história religiosa. A religião comparada é muito valiosa, em parte porque a criança descobre que há muitas religiões diferentes, não apenas a que elas foram criadas. Eles aprendem que são todas diferentes e que não podem estar todas certas, então talvez nenhuma delas esteja certa [ou alguma esteja...]. O pensamento crítico é o que precisamos.” [Sim, pensamento crítico e comparações. O mesmo deveria ser feito com o evolucionismo, ensinando-se suas insuficiências e contradições. As crianças deveriam saber, também, que, enquanto a terrível Inquisição católica torturou e levou à morte milhares de pessoas, regimes comunistas ateus assassinaram milhões, e muitos ditadores comunistas se valeram das ideias de Darwin para justificar suas atrocidades, mais ou menos como fez Hitler.]

Dawkins, que estava promovendo seu novo livro Science in the Soul, também advertiu que o islamismo é a religião “mais malvada” do mundo e disse que os muçulmanos moderados eram as maiores vítimas da ideologia fanática. “É tentador dizer que todas as religiões são ruins, e eu digo que todas as religiões são ruins [dizer o contrário seria não ser Dawkins], mas é uma tentação pior dizer que todas as religiões são igualmente ruins porque elas não são”, acrescentou. “Se você olhar para o impacto real que as diferentes religiões têm no mundo, é bastante evidente que, atualmente, a religião mais má do mundo tem que ser o Islã. É terrivelmente importante modificar isso, porque claro que isso não significa que todos os muçulmanos são maus, muito longe disso. Os muçulmanos individuais sofrem mais do Islã do que qualquer outra pessoa. Eles sofrem com a homofobia, a misoginia, a falta de alegria que é pregada pelo islamismo extremo, Isis e o regime iraniano”, disse. “Então esse é um grande mal do mundo, temos que combatê-lo, mas não fazermos o que o Trump fez quando disse que todos os muçulmanos devem ser excluídos do país. Isso é draconiano, isso é iliberal, desumano e perverso. Eu sou contra o Islã, não menos por causa dos efeitos desagradáveis ​​que tem sobre a vida dos muçulmanos.” [Dawkins já disse em outra ocasião que o cristianismo seria a solução para a islamização da Europa, que ele certamente teme muito mais do que a religião da Bíblia.]

Numa época em que estado laico passou a ser confundindo com estado antirreligioso, que o multiculturalismo passou a significar que nenhuma cultura é melhor do que a outra, que poucos ocidentais demonstram coragem para defender o legado da civilização mais avançada que temos, é digno de nota e dá alguma esperança ver que um ateu militante como Dawkins saiu em defesa não só do ensino do cristianismo para preservar a cultura ocidental, como admitiu a inferioridade do Islã, que tem feito muito mal a milhões de fiéis mundo afora.

A Europa não será salva enquanto os próprios europeus cuspirem em suas raízes cristãs e abraçarem covardemente a islamização do continente. Até um ateu militante sabe disso!

(Rodrigo Constantino, Gazeta do Povo)

segunda-feira, junho 26, 2017

Teoria da Evolução vai deixar de ser ensinada na Turquia

A teoria da evolução vai deixar de ser lecionada na Turquia porque é um assunto controverso, passível de debate e demasiado complicado para os estudantes. A ideia foi defendida por Alpaslan Durmus, responsável pelo Conselho de Educação turco, num vídeo publicado no site do Ministério da Educação. “Acreditamos que o tema está além da compreensão deles [dos estudantes]”, afirmou.O responsável acrescentou que um capítulo sobre a evolução ia ser removido dos livros de Biologia do nono ano. Adicionalmente, outra mudança no currículo poderá envolver uma redução do tempo que os estudantes passam estudando o secularismo e aumentar o tempo de estudo da religião. A proposta foi apresentada em janeiro e levou Cagatay Tavsanoglu, presidente da Sociedade Turca de Ecologia e Biologia Evolucionária, a escrever um artigo na Nature, pedindo apoio à comunidade científica internacional para o tema voltar ao currículo nas escolas turcas.

“A estratégia proclamada pela Turquia de alcançar excelência nas ciências biológicas e médicas deve ser apoiada por um forte programa educacional em biologia evolucionária. O entendimento da teoria da evolução é crucial para resolver desafios contemporâneos, como a perda da biodiversidade. Os princípios evolucionários têm proporcionado avanços em muitos campos, como a agricultura, medicina, farmácia e nanotecnologia”, escreveu Tavsanoglu.

Muitos são os críticos dessa mudança, de acordo com o jorna britânico Guardian, que acusam o presidente da Turquia, Recep Erdogan [foto acima], de querer tornar a sociedade turca cada vez mais religiosa e islâmica. Essa agenda é contrária, defendem muitos, aos ideais do fundador da Turquia moderna, Mustafa Atatürk. Assim, o país afasta-se também de uma abordagem e de ideais mais ligados ao Ocidente e à Europa, para dar lugar ao estudo do que foi feito por cientistas turcos e muçulmanos, defendeu também o líder do Conselho de Educação.


Nota: Talvez os evolucionistas possam pensar que os criacionistas de todo o mundo vão comemorar uma notícia como essa, só que não. A Turquia tem orientação religiosa muçulmana, e nos países islâmicos teocráticos as coisas acontecem meio que “no cabresto”. Criacionistas cristãos, de modo geral, não assumem nem defendem esse tipo de postura. Na verdade, também de modo geral (pelo menos os adventistas pensam assim), defendem a total separação entre o Estado e a religião/igreja, um dos motivos pelos quais não concordam com o ensino do criacionismo em escolas públicas (o outro motivo é o despreparo da maioria dos professores, que mais fariam é “detonar” o criacionismo em lugar de ensinar adequadamente suas bases conceituais). O ideal seria um ensino crítico da teoria da evolução, destacando seus elementos científicos e filosóficos, deixando claro que muito do que é apresentado como científico não passa pelo crivo do método científico nem se encaixa no conceito correto de ciência, que se vale de métodos matemáticos para compreender a realidade (acompanhe esta série e clique aqui e aqui). 

Tavsanoglu, que defende a teoria da evolução, comete vários erros em sua fala. Primeiro, ele associa a busca da excelência em ciências biológicas e médicas ao ensino do evolucionismo. Nada mais falso. Basta ver quantas dissertações e quantas teses foram publicadas sobre os mecanismos da macroevolução biológica, por exemplo. O avanço da biologia não depende necessariamente da teoria da evolução, embora aspectos dela (que são científicos), como a seleção natural, sejam válidos e úteis. Pior é dizer que o desenvolvimento da medicina tenha relação com a teoria darwiniana. Por favor, leia o artigo “Por que a medicina ignora a teoria da evolução” e compreenderá o que quero dizer. 

Tavsanoglu diz ainda que “os princípios evolucionários têm proporcionado avanços em muitos campos, como a agricultura, medicina, farmácia e nanotecnologia”. No imaginário popular, o que fica é o seguinte: a vida surgiu naturalmente em um mar primitivo há bilhões de anos e foi se tornando mais e mais complexa, por si só, e, de alguma forma, isso é tão importante que levou até mesmo ao desenvolvimento de tecnologias avançadas e medicamentos úteis. Só que uma coisa não tem nada a ver com a outra, e essa ideia faz com que se tenha a impressão de que os criacionistas seriam contra a medicina, o desenvolvimento de remédios e a nanotecnologia. Isso é uma tremenda confusão, para não dizer injustiça! De fato, o computador foi inventado por um religioso, a genética, por um padre, e o método científico (além do cálculo) por homens profundamente devotos e crentes na Bíblia como a revelação de Deus.

A Turquia está errada em sua decisão arbitrária, mas também estão errados os argumentos dos que não querem que o evolucionismo seja eliminado das salas de aula. [MB]