domingo, abril 06, 2014

Carta aberta a Letícia Spiller

Para alguns, é mais fácil ser socialista
Prezada Letícia, antes de mais nada, gostaria de dizer que admiro seu talento como atriz e também te considero muito bonita. Infelizmente, você tem endossado certas ideias um tanto estapafúrdias, aplaudido regimes nefastos como o cubano, e alegado que se arrepende de ter usado uma camisa com a bandeira americana no passado, chegando a afirmar que se fosse hoje usaria uma com o Che Guevara. Ontem, sua casa no Itanhangá foi assaltada por bandidos armados, que lhe fizeram de refém enquanto sua filha dormia logo ao lado. Lamento o que você passou, pois deve ser, sem dúvida, uma experiência traumática. Nossa casa é nosso castelo, e se sentir inseguro nela é terrível, especialmente quando temos filhos menores morando com a gente. A sensação de impotência é avassaladora, e muitos chegam a decidir se mudar do país após experiências deste tipo.

O que eu gostaria, entretanto, é que você fosse capaz de fazer uma limonada desse limão, ou seja, que pudesse extrair lições importantes desse trauma que ajudassem a transformá-la em uma pessoa melhor, mais consciente dos reais problemas que nosso país enfrenta. Se isso acontecesse, então aquelas horas de profunda angústia não seriam em vão.

Como você talvez saiba, sou o autor do livro Esquerda Caviar, que fala exatamente de pessoas com seu perfil (aproveito para lhe oferecer um exemplar autografado, se assim desejar). Artistas e “intelectuais” ricos, que vivem no conforto que só o capitalismo pode oferecer, protegidos pela polícia “fascista”, mas que adoram pregar o socialismo, a tirania cubana ou tratar bandidos como vítimas da sociedade: eis o alvo da obra.

Essa campanha ideológica feita por esses artistas famosos acaba tendo influência em nossa cultura, pois, para o bem ou para o mal (quase sempre para o mal), atores e atrizes são formadores de opinião por aqui. Quando um Sean Penn, por exemplo, abraça o tiranete Maduro na Venezuela, ele empresta sua fama a um regime nefasto, ignorando todo o sofrimento do povo venezuelano. Isso é algo abjeto.

No Brasil, vários artistas de esquerda têm elogiado ditaduras socialistas, atacado a polícia, o capitalismo, as empresas que buscam lucrar mais de forma totalmente legítima, etc. Muitos chegaram a enaltecer os vagabundos mascarados dos black blocs, cuja ação já resultou na morte de um cinegrafista.

Pois bem: a impunidade é o maior convite ao crime que existe. Quando vocês tratam bandidos como vítimas da sociedade, como se fossem autômatos incapazes de escolher entre o certo e o errado, como se pobreza por si só levasse alguém a praticar uma invasão dessas que você sofreu, vocês incentivam o crime!

Pense nisso, Letícia. Gostaria de perguntar uma coisa: Quando você se viu ali, impotente, com sua propriedade privada invadida, com armas apontadas para a sua cabeça, você realmente acreditou que estava diante de pobres vítimas da “sociedade”, coitadinhos sem oportunidade diferente na vida? Ou você torceu para que fossem presos e punidos por escolherem agir de forma tão covarde contra uma mãe e uma filha em sua própria casa?

Che Guevara, que você parece idolatrar por falta de conhecimento, achava que era absolutamente justo invadir propriedades como a sua. Afinal, o socialismo é isso: tirar dos que têm mais para dar aos que têm menos, como se riqueza fosse jogo de soma zero e fruto da exploração dos mais pobres. Você se enxerga como uma exploradora? Ou acha que sua bela casa é uma conquista legítima por ter trabalhado em várias novelas e levado diversão voluntária aos consumidores?

Nunca é tarde para aprender, para tomar a decisão correta. Por isso, Letícia, faço votos para que esse desespero que você deve ter sentido ontem se transforme em um chamado para uma mudança. Abandone a esquerda caviar, pois ela não presta, é hipócrita, e chega a ser cúmplice desse tipo de crime de que você foi vítima. Saia das sombras do socialismo e passe a defender a propriedade privada, o império das leis, o fim da impunidade e o combate ao crime, nobre missão da polícia tão demonizada por seus colegas.

Te espero do lado de cá, o lado daqueles que não desejam apenas posar como “altruístas” com base em discurso hipócrita e sensacionalista, daqueles que focam mais nos resultados concretos das ideias do que no regozijo pessoal com as aparências de revolucionário engajado. Será bem-vinda, como tantos outros que já acordaram e tiveram a coragem de reconhecer o enorme equívoco das lutas passadas em prol do socialismo.

Um abraço,

E-mais que nos alegram (44)

Dos dinossauros ao criacionismo
“Olá, tudo bem? Espero que sim. Meu nome é Rômulo Fontineles, gosto muito de seus livros e visito seu blog praticamente todos os dias. Sempre gostei de dinossauros. Jurassic Park, Em Busca do Vale Encantado, Família Dinossauro, entre outros, fizeram parte de minha infância e adolescência. Até que em 2009 aceitei Jesus e fui batizado na Igreja Adventista de Buriti dos Lopes, PI. Era novo na fé e por não ter conhecimento, abandonei minha paixão, os dinos, até que um dia vi na CPB o livro Os Dinossauros: Como surgiram e por que desapareceram, de Elaine Graham-Kennedy. Foi quando descobri que eles também foram criados por Deus e ‘desapareceram’ no dilúvio. Depois conheci mais sobre o criacionismo. Em um fim de ano, o programa Novo Campo, da TV Novo Tempo, fez uma promoção e entre os prêmios estava o livro A Ciência Descobre Deus, de Ariel A. Roth. Fiz de tudo para ganhar, curti a página do Novo Campo, compartilhei para vários amigos, até que fui contemplado e fiquei muito feliz. Mas o livro que eu sonhava ler era o seu A Historia da Vida. Juntei um dinheirinho e fiz o pedido à CPB. Os dias passaram devagar, e ao receber o livro dos Correios, quase não me aguentei de tanta felicidade. A leitura é de fácil compreensão e muito informativa. Atualmente, estou lendo O Resgate da Verdade e aprendendo muito. E almejo um dia ler A Descoberta. Sonho um dia fazer um fórum criacionista aqui no Norte do Piauí. Deus lhe abençoe muito e continue escrevendo para salvar.”

Rômulo Fontineles




sexta-feira, abril 04, 2014

Os planos de Deus são surpreendentes!

Michelle e Ricardo
Venho de uma família italiana tradicional católica, com muitos padres e freiras em todas as gerações. Apesar disso, meus pais decidiram matricular a minha irmã e eu no Colégio Adventista de Porto Alegre, o Capa, por ser uma escola considerada de qualidade, além de ser muito próxima de casa. Ali estudamos dos cinco aos 17 anos. Foram muitos anos de convivência com colegas e professores que sempre nos respeitaram e nos trataram com carinho, apesar de terem sofrido um pouco com minha rebeldia de adolescente. Sou cinco anos mais velha que minha irmã, então, enquanto ela ainda estudava no Capa, eu já estava na faculdade, cursando Biologia. Logo nos primeiros semestres, agora aos vinte anos de idade, senti muita dificuldade nas aulas de Evolução. Eu acreditava em Deus e tinha uma relação com Ele, mas não sabia defender minha fé da mesma forma que os professores defendiam e apresentavam a Teoria da Evolução. Senti que precisava de ajuda para entender melhor aquilo que eu acreditava. Apesar de seguir a religião católica, não via o catolicismo como um porto que me oferecesse segurança e informações esclarecedoras.

Deus me fez lembrar com carinho das capelas semanais na escola adventista, das histórias da Bíblia, contadas diariamente nas aulas, e das músicas que cantávamos sempre que tínhamos períodos de palestras na escola. Ele me impressionou a procurar a escola onde passei minha infância e adolescência, em busca de explicações.
                                              
Em 2003, fui ao Capa e procurei a professora de Biologia da minha irmã. Ainda não conhecia a professora Carol Fávaro, mas eu me apresentei e perguntei se poderia acompanhar algumas aulas dela, como observadora, além de perguntar algumas coisas sobre criacionismo e evolucionismo, para tirar algumas dúvidas. Ela foi extremamente gentil comigo e disse que teria o maior prazer em conversar sobre esses temas nos intervalos das aulas que eu assistiria, que seriam exatamente sobre esse assunto.

Já nas primeiras aulas a que assisti, senti um alento ao perceber que era, sim, possível justificar nossa fé em Deus, e o mais importante: senti que havia pessoas que sabiam argumentar com a mesma autoridade com que meus professores faziam na faculdade. Na semana seguinte, comecei oficialmente a fazer estágio no Capa, acompanhando a professora Carol em algumas aulas.

Alguns meses depois, em outubro, ela me convidou para assistir algumas palestras sobre criacionismo e design inteligente que seriam apresentadas no colégio. Na data do evento, eu estava lá, assisti às palestras da professora e do jornalista Michelson Borges, que mencionou no início da sua palestra sua origem evolucionista e como passou a acreditar no criacionismo. Fiquei muito entusiasmada com os argumentos que eles apresentaram! Percebi que Deus tinha me colocado ali naquela escola desde os primeiros anos de vida para aqueles momentos de esclarecimentos. Após as palestras, a professora Carol, Michelson, alguns outros professores e eu ficamos conversando na sala dos professores do colégio, onde mais algumas dúvidas foram sanadas. Voltei para casa com uma sensação de que Deus me amava de uma forma muito especial!

No fim do ano, terminei meu estágio na escola e precisava de mais tempo para finalizar alguns outros projetos, por isso precisei me afastar temporariamente do Capa. Nesse período, comecei a estudar a Bíblia em casa, de forma mais direcionada. No ano seguinte, em maio, voltei ao Capa como estagiária, agora trabalhando com Biologia, Química, Ciências e Física. No meu primeiro dia de retorno, conheci aquele que seria meu companheiro para a vida inteira: o pastor Ricardo Pereira. Ele era professor de Bíblia no Capa.

Algum tempo se passou e continuei trabalhando no colégio até o fim do ano de 2005. No dia 14 de janeiro de 2006, fui batizada pelo meu sogro, o pastor Valdivino Pereira. Terminei a faculdade de Biologia em julho de 2007. No dia 8 de agosto de 2007, casei-me com o Ricardo nos Estados Unidos, onde começamos nossa missão. Deus colocou no meu coração um desejo enorme de servi-Lo, em qualquer lugar do mundo. Foi por esse motivo que Ele nos enviou para o Japão, em 2011, onde trabalhamos por dois anos. E neste ano, o Senhor está nos enviando para a Bélgica, mais uma vez como missionários.

Quando colocamos nossa vida, nossos sonhos e nossos planos nas mãos de Deus, Ele nos mostra o quanto pode fazer por nosso intermédio; somos apenas instrumentos dEle. Somos muito felizes pelo privilégio que temos de servir nosso maravilhoso Deus até nos confins da Terra!

(Michelle Stuani Franzosi é bióloga)

Igreja de Kariya, Japão, 23 de junho de 2012

Bangkok, Tailândia, abril de 2012

Okusa, Japão, 2 de dezembro de 2012

Congressistas de Israel chegam a acordo sobre o domingo

Um dia a mais de descanso
Os congressistas de Israel Silvan Shalom (Likud), Naftali Bennett (Jewish Home) e Rabbi Shai Piron (Yesh Atid) chegaram a um acordo sobre a proposta em andamento para introduzir o domingo como um dia livre de trabalho e de aulas. Entendendo: propuseram um domingo de descanso por mês. O compromisso é o resultado de uma série de encontros entre os congressistas e o presidente do Conselho Econômico Nacional, Eugene Kandel. A ideia da mudança gradual é uma solução temporária, a qual equilibra as necessidades das famílias com as necessidades da economia de Israel. Se o acordo for implementado, um fim de semana longo [sábado/domingo] por mês será decretado durante o ano letivo - mas não durante as férias de verão ou o período de Grandes Festas. Em compensação, dias de aula serão implementados em datas atualmente tidas como “dias extras” durante o ano letivo.

O congressista Shalom [Likud] tem liderado a iniciativa por três anos, com algum sucesso, a qual tem sido bem recebida pelos três maiores partidos da coalizão - Likud, Jewish Home e Yesh Atid. O anúncio torna a proposta mais provável de ser implantada na prática.

Já o partido de Naftali Bennett, o Jewish Home, demonstrou apoio para incluir o domingo no fim de semana. Enquanto a sexta-feira é frequentemente usada para a preparação do sábado, os congressistas do Jewish Home acreditam que fazer do domingo um segundo dia de descanso tornaria os israelenses mais aptos a guardar o sábado.

Vários israelenses atualmente usam o sábado para fazer suas compras e outras tarefas que violam a santidade do sábado, argumentou Rabbi Eli Ben-Dahan, congressista do Jewish Home.

Redefinindo o fim de semana ao incluir o domingo em lugar da sexta-feira poderia também causar impacto na população de não judeus em Israel. Opositores da proposta dizem que isso seria ruim para o maior grupo minoritário de Israel - os muçulmanos - que guardam a sexta-feira como dia de descanso.


Nota: Até o Estado de Israel está dobrando os joelhos perante Roma! (O domingo é o sinal da supremacia de Roma.) A crise final está às portas...

quinta-feira, abril 03, 2014

Suassuna detona a evolução com um prendedor de roupas

“Noé” mistura evolucionismo com distorções da Bíblia

Em um dos grandes momentos do novo filme de Darren Aronofsky, Noé (Russell Crowe) conta para seus filhos a mesma história que ouviu de seu pai, que por sua vez ouviu de seu avô, sucessivamente até chegar no primeiro homem, Adão: a história da criação. O que se segue é uma sequência belíssima e assustadora, em que os sete dias da criação do mundo são narrados com a base do texto do Velho Testamento, integrado ao Big Bang que deu origem ao Universo e à Teoria da Evolução de Darwin. Os “dias” divinos podem ser eras, encapsuladas no trabalho do Criador (e nunca Deus) em erguer um novo mundo, em fazer do nada, vida. Noé não é um “filme bíblico” na definição clássica do termo. Mas é um épico de fé e obsessão que coloca o profeta na posição de zelador, carcereiro e ativista, que atende a um chamado, entende sua função na Terra e não vai deixar que nada fique entre ele e a tarefa para a qual foi designado. [...] Religião, embora seja a matéria prima da história, não é a mola que impulsiona o projeto: é o fascínio em materializar um conto presente em escrituras de todas as religiões, uma metáfora para o fim de tudo e seu renascimento. Embora, como acredita o próprio Russell Crowe (em grande atuação), as evidências físicas e geológicas em todo o planeta corroborem que, um dia, fomos cobertos por água. [...]

Fora dos textos bíblicos surge Ila (Emma Watson), adotada pela família ao ser encontrada em um acampamento em ruínas quando bebê, com uma lesão que a deixou estéril. Ila se envolve romanticamente com Sem, deixando em Cam a esperança de que, quando chegar a hora, seu pai também permitirá que ele encontre uma esposa. Mas a obsessão de Noé em interpretar a tarefa apontada pelo Criador (suas visões vem em sonhos, também uma maneira esperta em mostrar essa comunicação divina) o coloca como zelador dos inocentes – ou seja, os animais aglomerados e colocados em hibernação na arca –, que seriam os únicos herdeiros da Terra depois de tomada pelas águas. [...]

Para auxiliar na tarefa de erguer a arca, o profeta tem o auxílio dos Guardiões, gigantes de pedra que, na verdade, são anjos caídos, cuja luz foi aprisionada nas entranhas da Terra – tudo porque ousaram ajudar o homem em sua jornada, desviando-se dos desígnios do Criador quando o fruto proibido pôs fim à harmonia no paraíso.

Darren Aronofsky teve cuidado em seu roteiro (escrito com Ari Handel) para ser respeitoso com qualquer crença. Ainda assim, o texto bíblico, apesar de importante e inspirador e até obsessivo para muitos que o seguem literalmente, é apenas mais um livro. Como tal, é passível de adaptação, de adequação narrativa, de receber o input do diretor – que, afinal, é quem tem a visão criativa para materializar uma história. Seja na personalidade do protagonista, seja nos personagens adicionados à trama, ou nas passagens alteradas para a fluidez narrativa, Noé é um trabalho impecável, ainda que de difícil empatia. [...]

Esta foto já mostra um "furo": a chuva cai sete dias depois de a arca ser fechada


(Roberto Sadovski, UOL)

Nota: Como não assisti (e agora nem sei se vou) ao filme “Noé”, tomo como base os comentários do Roberto Sadovski para tecer minhas opiniões. Mais uma vez Hollywood perdeu a chance de produzir um filme fidedigno ao relato que lhe serve de inspiração. É interessante notar como pessoas (e mesmo críticos de cinema) que leram livros depois adaptados para filmes quase sempre reclamam da falta de fidelidade à história original. Mas, quando se trata da Bíblia, parece ser virtude se afastar o máximo possível do texto. Parece até haver uma “agenda oculta”, nesse caso. Para que retratar as histórias bíblicas com precisão, se é possível misturá-las com conceitos antibíblicos, como o evolucionismo? Para que defender a ideia de que o dilúvio (e outros relatos bíblicos) são eventos históricos, se se pode compará-los a mitos (embora a existência de mais de 200 relatos do dilúvio em diversas culturas seja, na verdade, uma boa evidência a favor da historicidade do evento)? Outro “detalhe” curiosamente perturbador (para mim): Deus é apresentado como simplesmente o Criador. Será que a ideia é mostrar um Ser distante, não o Pai apresentado nas Escrituras? E se é assim, por que os anjos caídos são tão “simpáticos”, a ponto de ter ajudado o ser humano e até dado uma mãozinha na construção a arca? Que história é essa?! A única coisa boa que li na resenha acima foi a opinião de Crowe, para quem as evidências físicas e geológicas em todo o planeta corroboram que, um dia, fomos cobertos por água. [MB]

Forte terremoto atinge novamente o norte do Chile

Embarcações de Porto Riquelme
Um dia depois de ser atingido por um terremoto de 8,2 graus de magnitude [o mais forte deste ano], seguido por várias réplicas e que gerou alerta de tsunami [até no Japão] e deixou ao menos seis mortos, o norte do Chile voltou a sentir um forte tremor nesta quarta-feira, desta vez de 7,6 graus. O Serviço Hidrográfico e Oceanográfico da Marinha (SHOA) decretou inicialmente um alerta de tsunami para toda a extensa costa chilena, o que provocou o início do processo de evacuação - nessa área, a população é orientada a deixar suas casas para se dirigir a zonas mais altas. Às 2h, o ministro do Interior, Rodrigo Peñailillo, indicou que o órgão retirou o alerta de tsunami no país. “As pessoas podem retornar tranquilamente para suas casas”, disse o ministro. A presidente Michelle Bachelet foi imediatamente evacuada. Ela estava hospedada em um local a apenas 40 metros da praia na cidade de Arica, e por isso foi rapidamente deslocada para um lugar seguro, de acordo com informações da rádio Bio Bío.

Pouco depois, Bachelet se dirigiu até a sede do Escritório Nacional de Emergência do Chile (Onemi) em Arica para monitorar a situação. A mandatária viajou para a região nessa quarta para conferir os danos causados pelo forte tremor de terça-feira.

Segundo o SHOA, há um Estado de preocupação por um tsunami menor, e são esperadas variações no nível do mar inferiores a um metro de altura. Ricardo Toro, diretor do Onemi, pediu para que a população se dirija a zonas de segurança a pé.

A Marinha do vizinho Peru também chegou a lançar um alerta de tsunami para o sul do país, decretando a evacuação imediata da região. O alarme foi cancelado nas primeiras horas da madrugada.

quarta-feira, abril 02, 2014

Obama quer o apoio do papa Francisco

Convergência profetizada
O presidente norte-americano, Barack Obama, não obteve [na semana passada] um endosso mais firme de suas políticas em seu primeiro encontro com o papa Francisco, que é uma das personalidades mais populares nos EUA atualmente. A Casa Branca e o Vaticano deram versões diferentes sobre a conversa reservada de 50 minutos entre os dois, na biblioteca privada do papa, no Vaticano. Em entrevista em Roma, Obama disse que boa parte do encontro tratou de desigualdade de renda e da paz mundial. “Não falamos muito de assuntos sociais controversos”, afirmou. Mas nota emitida pelo Vaticano afirma que o papa e o presidente americano discutiram “o exercício da liberdade religiosa, o direito à vida e a objeção de consciência”. [...] Desde outubro, Obama tem citado o papa, mostrando a convergência entre ambos na “desigualdade de oportunidades”. Não se sabe se o papa aproveitou para criticar as posições favoráveis de Obama ao aborto e ao casamento gay.

“Sua Santidade é provavelmente a única pessoa do mundo que precisa aguentar mais protocolo do que eu”, brincou Obama. [...]

Analistas políticos acreditam que Obama buscava apoio de Francisco, hoje uma figura mais popular nos EUA que o próprio presidente. [...]


Nota: Quando um presidente norte-americano precisa do apoio de um papa porque este é mais popular do que aquele em seu próprio país, isso realmente chama a atenção de quem conhece um pouco das profecias apocalípticas. Evidentemente que Obama tem interesses mais pragmáticos, mas a seu tempo essa convergência resvalará cada vez mais para temas religiosos. Quem viver verá. [MB]

Todos os cisnes são brancos?

Falsificacionismo é critério seguro?
Como vimos nos dois textos anteriores da série (aqui e aqui), a observação é fortemente orientada pela teoria. Sem uma teoria que lhe dê aporte, o observador teria que fazer uma lista interminável de observações vazias ou coletar uma série de dados sem sentido. Além disso, o processo indutivo, ainda que possuidor de premissas verdadeiras, pode levar um observador atento a conclusões falsas. Essas constatações podem parecer estranhas num primeiro momento, mas foram levantadas por vários filósofos e cientistas preocupados em entender como a ciência funciona. Um deles foi um filósofo austríaco chamado Karl Popper (1902-1994). Popper deu origem ao que se conhece como falsificacionismo. Para ele, nem todas as observações e experimentos do mundo podem provar que uma teoria está certa, mas uma única observação contrária pode provar que uma teoria está errada. Em outras palavras, por mais que eu tenha observado o maior número possível de cisnes, não é possível dizer que todos os cisnes são brancos (afinal, nem todos os cisnes do mundo foram observados). No entanto, basta um único cisne preto para se concluir com certo grau de segurança: “Nem todos os cisnes são brancos.”

Para um falsificacionista, o critério de demarcação para apontar o que é ou não é ciência é sua falseabilidade, ou seja, uma vez que não é possível determinar através de observação e testes uma verdade de forma definitiva, é possível determinar a falsidade de algo de forma conclusiva. Teorias devem ser mantidas em stand by. Um cientista pode ter certeza de que uma teoria foi falseada, mas ele não pode ter a mesma certeza de que uma teoria é verdadeira. As duas únicas respostas que a natureza pode conceder a um cientista são: não e talvez. Na ciência, nunca se deve confiar dogmaticamente quando a natureza responder sim, ou melhor, quando disser sim, ela está, na verdade, querendo dizer pode ser. A ciência busca a todo tempo experimentos ou observações que possam falsear uma teoria de forma decisiva.

A forma como Popper chegou a essa constatação pode nos ajudar a visualizar melhor os princípios envolvidos para um falsificacionista. Popper queria separar nitidamente o que é ciência do que seria pseudociência. Para ele, uma das armadilhas do indutivismo é que ele pode ser empregado para validar qualquer teoria, ou melhor, as afirmações de determinadas correntes de pensamento poderiam ser verificadas em qualquer parte. Popper se incomodava particularmente com o marxismo e com a psicanálise. Toda vez que um marxista abre um jornal, ele encontra evidências de que existe uma luta de classes. Toda vez que um freudiano recebe um paciente em sua clínica, ele encontra evidências que corroboram sua teoria. Em suma, parecia que tudo poderia ser enquadrado em suas respectivas teorias.

Diante disso, Popper notou um paradoxo: essa aparente segurança apontada por essas duas correntes, essa tendência de sempre encontrar evidencias que as corroborassem, acabava se tornando uma fraqueza. A fim de servir como comparação, o filosofo austríaco relembrou uma apresentação em Viena da teoria da relatividade feita pelo próprio Albert Einstein. Uma das coisas que impressionou Popper é que Einstein descrevia com precisão o que poderia mostrar que sua teoria da relatividade estava errada: “Se o desvio das linhas espectrais para o vermelho devido ao potencial gravitacional não ocorrer, a teoria geral da relatividade será insustentável.”

Eureka! Aí estava uma atitude completamente diferente das atitudes dogmáticas dos marxistas e psicanalistas: Einstein buscava apontar evidências que não apenas corroborassem sua teoria, mas que também fossem capazes de responder à pergunta crucial: “O que demonstraria que estou errado?”

No entanto, por mais que a atitude de Popper seja importante e interessante para um cientista, ela também não é um critério seguro para demarcar o que é e o que não é ciência. Um dos motivos por que a falseabilidade de uma teoria não demonstra que a teoria está errada é que observações e testes são falíveis. Na ciência, não existe um experimento determinante, capaz de demonstrar que todo um arcabouço teórico está equivocado. Na realidade, pode até ser que a observação feita é que esteja errada e não a teoria em si. Na prática, pode ser que todos os cisnes sejam brancos e aquele único cisne preto encontrado não seja um cisne: ele pode ser um pato!

Um exemplo na história da ciência pode ilustrar por que o falsificacionismo não é um critério demarcador seguro: na época de Nicolau Copérnico (1473-1573) os astrônomos viviam medindo o tamanho de Vênus a olho nu. A conclusão a que chegaram: “Vênus, conforme visto da Terra, não muda de tamanho durante o passar do ano.” Ela se encaixava bem na teoria de Ptolomeu de que a Terra está imóvel no centro do cosmo, tendo Vênus como um dos corpos celestes que giraria em torno da terra. O curioso é que essa observação era tão segura que foi aceita por praticamente todos os astrônomos, adeptos de Ptolomeu (geocentrismo) ou de Copérnico (heliocentrismo). Afinal, os fatos levavam a ela.

Todavia, ela trazia problemas graves para o modelo heliocêntrico. Afinal, se Vênus e a Terra giram ao redor do Sol, haverá momentos do ano em que o primeiro estará mais distante e outros em que ele estará mais próximo da Terra, correto? É a inferência lógica. Sendo assim, por que o tamanho de Vênus, visto aqui da Terra, não oscila ao longo dos anos? O heliocentrismo previa que Vênus deveria mudar de tamanho ao longo do ano. Mas ele não o fazia. O teólogo protestante Andreas Osiander escreveu a seguinte observação no prefácio do primeiro livro de Copérnico De Revolutionibus Orbium Coelestium: “Estas hipóteses chegam mesmo a ser contrárias às observações sobre a órbita de Vênus.” Ou seja, ele afirmava que o fato de a Terra girar ao redor do Sol era apenas uma hipótese, já que contradizia dados observacionais como esse.

Contudo, hoje sabemos que essa observação era falsa. Ela se baseava num tipo de experimento falível, a saber, que o olho humano calcula de forma acurada fontes de luz distantes. Instrumentos ópticos posteriores revelaram que o tamanho de Vênus realmente oscila ao longo dos anos, quando observado aqui da Terra (veja aqui). Mas, no tempo de Copérnico, eles não tinham essa informação (nem esses aparelhos). Esse poderia ser um experimento determinante, mostrando que é falsa a teoria de Copérnico de que a Terra gira em torno do Sol. Mas não foi o que aconteceu. E, se tivesse acontecido, ou seja, se a teoria de Copérnico tivesse sido falseada por causa de um fato como esse, certamente seria um passo atrás.

Além disso, não é razoável interpretar alguns sins da ciência como talvez. Os astrônomos falsearam de forma conclusiva o geocentrismo. No entanto, eles afirmam com o mesmo grau de certeza que a Terra é esférica e que ela gira em torno do Sol. Manter teorias em stand by e fazer a pergunta “O que demonstraria que minha teoria está errada?” é um valioso princípio a fim de evitar o dogmatismo, mas não é um critério definitivo de demarcação para dizer que algo é cientifico ou não; ou que uma teoria foi ou não definitivamente falseada.

(Bruno é é formando em Comunicação Social [Rádio e TV] pela Universidade Federal da Paraíba e mestrando pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação na mesma instituição)

Referências:
BASTOS FILHO, Jenner. O que é uma teoria cientifica. Maceió: EDUFAL, 1998.
KOESTLER, Arthur. O homem e o universo: como a concepção do universo se modificou, através dos tempos. São Paulo: Ibrasa, 1989.
POPPER, Karl. Autobiografia intelectual. Brasília: UnB, 1977.
POLKINGHORNE, John. Além da ciência. Bauru: EDUSC, 2001.

Aluno sofre bullying por participar de evento criacionista

É proibido pensar diferente?
Após solicitar a participação em um evento criacionista, na cidade de Greenville (EUA), um grupo de estudantes universitários obteve a recusa de seus professores, que, supostamente, ridicularizaram a ideia através de bullying em uma rede social. Enquanto o professor Roger Sneed usou palavrões para dizer que o criacionismo pode conduzir a uma “carga completa de loucura”, a professora Margaret Oakes ressaltou que não gostaria de “dignificar a estupidez de reconhecer isso”, declarações que geraram uma reação negativa dos alunos. Assessora dos alunos, a conselheira Lauren Cooley apontou a atitude como inapropriada e nada profissional, sendo que pode ser considerada definitivamente como bullying, ao “expor o fato de que estão sendo ridicularizados”, determina. Mesmo com o veto e a crítica dos professores, a equipe do Answers in Genesis (AIG), responsável pelo evento, convidou e garantiu a presença dos alunos, independentemente da universidade, com a participação de muitos espectadores da instituição educacional envolvida na polêmica.

Durante a palestra do professor Terry Mortenson, do AIG, sobre o perfil do Criacionismo da Terra Jovem, também houve a presença de ateus, que segundo Cooley estiveram no local para perturbar o evento e ridicularizar suas crenças. Porém, Cooley apontou que muitos ateus também se puseram a escutar. “Há a expectativa de que eles venham manter suas mentes abertas. Eles ficam dando risadas, mas também ouvem opiniões diferentes”, resume.

A principal queixa dos alunos é que a participação na palestra criacionista não pôde oferecer os créditos de eventos acadêmicos, já que a universidade negou as credenciais de Mortenson, mesmo tendo PhD em História da Geologia.

Vale recordar que o criacionismo firma a tese de que o Universo e a Terra foram concebidos por Deus.

terça-feira, abril 01, 2014

Cuidado com os “programas” que querem nos impor

Deus propõe um padrão para os sexos
“É para a liberdade que Cristo nos libertou.”
Gálatas 5:1

Outro dia, estive pensando sobre o enunciado de Simone de Beauvoir: “Não se nasce mulher, torna-se.” Estendendo-o, pode-se dizer: “Não se nasce homem, torna-se.” Estendendo-o um pouco mais: “Não se nasce homossexual, torna-se”, e assim vai. A teórica propõe que a identidade do ser humano é resultado de construções , penso, psico, sociais, ambientais, familiares, religiosas e outras diversas. Para mim, a teoria de Beauvoir [sem levá-la a extremos] tem tudo a ver com a época em que vivemos, a época da famosa palavrinha “escolha”, diz um amigo meu, “escolha” alienada ou não. Confesso que, para mim, se é alienada não é escolha, é imposição, mas “deixa quieto”, aí eu concordo com ele, que, alienada ou não, é sempre a gente que paga um alto preço por ela. Para mim, a teoria de Beauvoir não desconstrói o entendimento bíblico que tenho de Deus e da criação. Para mim, o grande construtor é Deus. Ele construiu o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança; essa é a base biológica com que todos nascemos (feminino/masculino).

Mas e quanto à identidade? Se nascemos do sexo feminino seremos mulher? Se nascemos masculinos seremos homem? Penso que não. Vou me valer de uma metáfora da atualidade – o computador – para me explicar melhor.

Pensemos num computador de última geração. Sua base técnica se compõe de recursos mais sofisticados, inimagináveis pela mente do senso comum, moderníssimo, porém, para funcionar, ele precisa de programas. Quais os programas que iremos inserir nele? Essa máquina potente será usada tendo qual horizonte em vista? Alguém poderá fazer sabotagem nessa máquina; poderá inserir vírus e outros recursos escusos. Como disse, é uma metáfora, mas ajuda a pensar o ser humano. A identidade dele será fruto de “programas” que a ele forem propostos ou, em muitos casos, impostos. Como se infere de Beauvoir, nada é inato; em relação à identidade, tudo é construído, tudo, exatamente tudo...

Mas e o Deus bíblico? Bem, Este não Se impõe, Ele se propõe. Ele não chega e Se instala, sem pedir permissão, como o sabotador o faz. Ele e Seu porta-voz, Jesus Cristo, são gentleman. Jesus aparece com Seu “programinha”, original, com autoria assinada e rubricada, humilde, olhando nos olhos e mostrando exemplos de diálogo, paz e vida, e aí você escolhe experimentá-lo. E o “programinha” dEle promove uma verdadeira varredura, ou seja, libertação; uma varredura nos programas alienados ou impostos, nos programas frutos de sabotagem à sua máquina. As opções “excluir” e “salvar” começam a fazer sentido nos seus programas de vida e você os aciona. De repente, você, de máquina, torna-se humano, torna-se filho(a) de Deus.

O Deus bíblico, o nosso Grande Construtor, propõe um padrão de homem e mulher, e se não houver sabotagem, se cuidarmos e nos alertarmos sobre os programas que nos impõem ou escolhemos, seremos perfeitos e realizados dentro desse altíssimo padrão de qualidade de vida.

(Leila Lourenço é professora em Criciúma, SC)

Estudo liga perda da virgindade a divórcio

Momento, contexto e pessoa certos
Uma pesquisa realizada pela Universidade de Iowa, nos Estados Unidos, afirma que iniciar a vida sexual muito cedo e ter muitos parceiros pode aumentar as chances de divórcio. Para chegar a essa conclusão, entrevistaram 3.793 mulheres casadas e divorciadas e fizeram perguntas sobre a idade em que tiveram a primeira relação sexual, quantidade de parceiros e se tiveram ou não filhos antes de se casarem. Com esses dados, perceberam que entre as mulheres que perderam a virgindade antes dos 16 anos, 31% se divorciaram com cinco anos de casamento e 47% com dez anos de relacionamento. Das mulheres que perderam a virgindade na adolescência, 31% tiveram vários parceiros e das que tiveram relações sexuais após os 18 anos apenas 24% tiveram relacionamentos com outros homens. A pesquisa também notou que uma a cada quatro mulheres que tiveram relações sexuais na adolescência teve filhos antes de se casar, esse número é de uma a cada dez entre aquelas que permaneceram virgens até a idade adulta.

O resultado do estudo liga a probabilidade de divórcio com a quantidade de parceiros sexuais e gravidez fora do casamento. Outra ligação que os pesquisadores da Universidade de Iowa fizeram foi das relações sexuais traumáticas. De acordo com a pesquisa, 42% das mulheres não haviam desejado perder a virgindade antes dos 18 anos; das que perderam após essa idade 22% disseram que o ato sexual foi indesejado.

“Se o sexo não foi completamente desejado ou ocorreu em um contexto traumático, é fácil imaginar como isso poderia ter um impacto negativo na forma como as mulheres podem se sentir em relacionamentos”, disse Anthony Paik, autor da pesquisa em entrevista ao jornal Daily Mail.


segunda-feira, março 31, 2014

Podemos continuar comendo tanta carne?

Passa da hora de repensar isso
A carne se tornou indispensável na nossa comida. Parece que não podemos viver sem ela. Se até há poucos anos o seu consumo era um privilégio, uma comida de dias de festa, hoje se tornou um ato cotidiano. Quiçá, inclusive, demasiado cotidiano. Precisamos comer tanta carne? Que impacto tem isso no meio ambiente? Que consequências para o bem-estar animal? Para os direitos dos trabalhadores? E para a nossa saúde? O consumo de carne está associado ao progresso e à modernidade. De fato, no Estado espanhol entre 1965 e 1991, sua ingestão foi multiplicada por quatro, especialmente a de carne de porco, segundo dados do Ministério da Agricultura. Nos últimos anos, no entanto, o consumo nos países industrializados estagnou ou até diminuiu, devido, entre outras questões, aos escândalos alimentares (vacas loucas, gripe das aves, frangos com dioxinas, carne de cavalo em vez de carne de vaca, etc.) e a uma maior preocupação com o que comemos. De qualquer modo, há que recordar que também aqui, e ainda mais num contexto de crise, muitos setores não podem optar por alimentos frescos nem de qualidade ou escolher entre dietas com ou sem carne.

A tendência nos países emergentes, como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, os chamados BRICS, pelo contrário, é para aumento. Eles concentram 40% da população mundial e entre 2003 e 2012 seu consumo de carne aumentou 6,3%, e espera-se que entre 2013 e 2022 cresça 2,5%. O caso mais espetacular é o da China, que passou em poucos anos, de 1963 a 2009, de consumir 90 quilocalorias de carne por pessoa por dia para 694, como indica o Atlas da Carne. Os motivos? O aumento da população nesses países, a sua urbanização e a imitação de um estilo de vida ocidental por parte de uma ampla classe média. De fato, definir-se como “não vegetariano” na Índia, um país vegetariano por antonomásia, converteu-se, em alguns setores, num status social.

Mas o incremento da ingestão de carne no mundo não é gratuito e, pelo contrário, sai muito caro, tanto em termos do meio ambiente como sociais. Para produzir um quilo de carne de vitela, por exemplo, são necessários 15.500 litros de água, enquanto que para produzir um quilo de trigo são necessários 1.300 litros, e para um quilo de cenouras 131 litros, segundo o Atlas da Carne. Então, se para satisfazer a atual procura de carne, ovos e derivados lácteos em todo mundo são necessários por ano mais de 60 bilhões de animais de criação, engordá-los sai caríssimo. De fato, a criação industrial de animais gera fome, já que 1/3 das terras de cultivo e 40% da produção de cereais no mundo são destinados a alimentá-los, em vez de dar de comer diretamente às pessoas. E nem todos podem pagar por um pedaço de carne da agroindústria. Segundo dados do Grupo ETC, 3,5 bilhões de pessoas, metade dos habitantes do planeta, poderiam se nutrir com o que esses animais consomem.

Além disso, vacas, porcos e galinhas, no atual modelo de produção industrial e intensivo, são alguns dos principais geradores de mudança climática. Quem diria! Calcula-se que a pecuária e seus subprodutos gerem 51% das emissões globais de gases de efeito de estufa. De fato, uma vaca e seu bezerro, num estabelecimento de criação pecuária, emitem mais que um carro com treze mil quilômetros, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO). Ao comer carne, somos corresponsáveis.



O mau trato é o lado mais cruel da pecuária industrial, onde os animais deixam de ser seres vivos para se tornar coisas e mercadorias. O documentário Samsara, sem cenas de violência explícita, mostra a brutalidade oculta, extrema, dos estabelecimentos de produção de carne e leite, onde os animais mal vivem e os trabalhadores os esquartejam, golpeiam, estripam como se fossem objetos. Um modelo produtivo que tem sua origem nos matadouros de Chicago, no início do século 20, onde a produção em linha permitia, em apenas 15 minutos, matar e cortar uma vaca. Um método tão “eficiente” que Henry Ford o adotaria para a produção de automóveis. Para o capital, não há diferença entre um carro e um ser com vida. E para nós? A distância entre o campo e o prato se tornou tão grande nos últimos anos que, como consumidores, muitas vezes já não estamos conscientes de que por trás de uma salsicha, de uma lasanha ou de um esparguete à carbonara havia vida.

As condições laborais de quem trabalha nesses estabelecimentos deixa muito a desejar. De fato, entre os animais que são sacrificados e os empregados que lá trabalham há mais pontos em comum do que estes últimos possam imaginar. Upton Sinclair, em sua brilhante obra A Selva, na qual retrata a precária vida dos trabalhadores dos matadouros de Chicago nos primeiros anos do século passado, deixa claro: “Ali sacrificavam-se homens tal como se sacrificava gado: cortavam seus corpos e suas almas em pedaços e convertiam-nos em dólares e cêntimos.” Hoje, muitos matadouros contratam imigrantes em condições precárias, mexicanas nos Estados Unidos, como retrata o excelente filme de Richard Linklater “Fast Food Nation”, ou do Leste Europeu, nos países do centro da União Europeia. Cem anos depois, a obra de Sinclair continua a ter plena atualidade.

A indústria pecuária tem, além do mais, um efeito nefasto sobre a nossa saúde. O fornecimento sistemático de remédios aos animais, de maneira preventiva para que possam sobreviver em péssimas condições nos estábulos até ao matadouro, e para obter uma engorda mais rápida, e com menos custo para a empresa, leva a que se desenvolvam bactérias resistentes a esses fármacos. Algumas bactérias que facilmente podem passar às pessoas através da cadeia alimentar, entre outras formas.

Na atualidade, segundo a Organização Mundial da Saúde, são dados mais antibióticos a animais sãos que a pessoas doentes. Na China, por exemplo, calcula-se que são dados aos animais mais de 100 mil toneladas de antibióticos por ano, a maioria sem qualquer tipo de controle, e nos Estados Unidos, 80% dos antibióticos vão para o gado, como indica o Atlas da Carne. E isso não é tudo. A própria FAO reconhece que nos últimos 15 anos, 75 % das doenças humanas epidérmicas têm sua origem nos animais, como a gripe das aves ou a gripe porcina, consequência de um modelo insalubre de produção pecuária.

Quem ganha com esse modelo? Obviamente que nós não, ainda que nos queiram fazer crer o contrário. Algumas multinacionais controlam o mercado: Smithfield Foods, JBS, Cargill, Tyson Foods, BRF, Vion. E obtêm importantes lucros com um sistema que contamina o meio ambiente, provoca mudanças climáticas, explora os trabalhadores, maltrata os animais e nos faz adoecer.

Uma pergunta se impõe: Podemos continuar comendo tanta carne?

(Artigo publicado inicialmente em catalão em Etselquemenges.cat, em 18 de fevereiro de 2014.Tradução do espanhol para português de Carlos Santos para Esquerda.net)

Nota: O livro Atlas da Carne pode ser baixado aqui.





Gravidade: um manifesto contra a poluição do espaço

Vazio por fora e por dentro
Você consegue imaginar sua vida sem GPS? Talvez você até consiga, mas os pilotos de avião e comandantes de navio não mais. Consegue imaginar um mundo sem telecomunicações, sem telefonia para outros países ou mesmo transmissão de TV via satélite? Essas facilidades do mundo moderno podem ter fim a qualquer momento, e tudo por culpa do lixo produzido pelos seres humanos. Para chamar atenção para essa realidade (não tão exagerada quanto no filme, mas real), o diretor mexicano Alfonso Cuarón levou às telas o filme “Gravidade”, estrelado por Sandra Bullock e George Clooney. Para quem gosta de filmes espaço-siderais, um prato cheio. Para quem gosta de precisão científica, valeu o esforço dos produtores (o filme chega bem perto de retratar com precisão a realidade das viagens orbitais e os perigos envolvidos nessas empreitadas, mas não sem erros praticamente inevitáveis). Indicado a dez Oscar, “Gravidade” também traz à tona discussões filosóficas e até teológicas. [Continue lendo]