Evidência de ancestralidade comum? |
Humanos
e grandes símios diferem em número de cromossomos – humanos possuem 46 enquanto
símios possuem 48 deles. A diferença é atribuída à “fusão de ponta-em-ponta” de
dois pequenos cromossomos similares aos dos macacos em um ancestral
humano-símio que se juntaram em um passado distante e formaram o cromossomo 2.
Essa ideia foi inicialmente proposta por pesquisadores que perceberam que
humanos e chimpanzés compartilham padrões similares de marcação de cromossomos
quando observados em um microscópio. Todavia, humanos e chimpanzés também têm
regiões dos seus cromossomos que não compartilham padrões de marcação comuns. A
suposta prova para a alegada fusão veio em 1991, quando pesquisadores
descobriram uma sequência de DNA com cerca de 800 bases de comprimento no
cromossomo 2 humano. Mas essa sequência estava inesperadamente pequena em
tamanho e extremamente degenerada. Mais importante, essa nova sequência
semelhante à fusão não era o que os pesquisadores estavam esperando encontrar,
pois continha uma assinatura nunca vista. Todas as fusões conhecidas em animais
vivos estão associadas com uma sequência chamada DNA satélite (satDNA), que
funde em um dos dois seguintes cenários: (1) satDNA-satDNA ou (2) satDNA-telômeroDNA
(telômeros são as regiões no fim dos cromossomos que contêm milhares de
repetições da sequência “TTAGG”). A sequência alegadamente de fusão continha
uma assinatura diferente, uma fusão telômero-telômero e, se real, poderia ser o
primeiro caso já documentado na natureza.
Em
2002, 614 mil bases de DNA cercando o local da fusão foram totalmente
sequenciadas, revelando que a sequência de fusão alegada estava no meio de um
gene originalmente classificado como pseudogene, porque não havia até então
nenhuma função para ele. A pesquisa também mostrou que os genes ao redor do local
da fusão na janela das 614 mil bases não existiam no cromossomo 2A ou 2B do
chimpanzé – a localização suposta para a origem símia. Na terminologia
genética, nós chamamos essa localização discordante do gene de falta de
sintenia.
Eu
publiquei agora uma nova pesquisa sobre o local da fusão alegada, revelando
dados genéticos que desacreditam completamente as alegações evolucionistas.
Minha análise confirma que o local está dentro de um gene chamado DDX11L2 no
cromossomo humano 2. Ainda mais, a sequência de fusão alegada contém uma
característica funcional genética chamada “local de ligação de transcrição de
fator”, que é localizado no primeiro intron (região não codificada)
do gene. Fatores de transcrição são proteínas que ligam locais regulatórios
dentro e ao redor dos genes para controlar suas funções, atuando como
interruptores. O gene DDX11L2 tem três dessas áreas, uma das quais é codificada
no local da fusão alegada.
Os
cromossomos são moléculas de DNA de cadeia dupla e contêm genes nas duas
cadeias que são codificados em direções opostas. Devido ao gene DDX11L2 ser
codificado na cadeia orientada reversamente, ele é lido na direção reversa (ver
a seta “Exon 1”). Então, a sequência de fusão alegada não é lida na
direção avante tipicamente utilizada na literatura como evidência para uma
fusão – ao contrário, ela é lida na direção reversa e codifica um interruptor
regulatório chave.
O
local suposto de fusão é atualmente uma parte-chave do gene DDX11L2. O gene em
si mesmo é parte de um grupo complexo de genes RNA helicase DDX11L
que produzem longos RNAs regulatórios não codificantes. Estes transcritos RNA
DDX11L2 são produzidos em 255 tipos diferentes de células e tecidos humanos,
destacando a função biológica ubíqua do gene.
(ICR, com tradução de Alexsander Silva)
Comentário de Enézio de
Almeida Filho: O
assunto é tecnicamente complexo, mas fácil de se resolver – os evolucionistas
simplesmente “contam”, mas não analisam os cromossomos: os humanos têm 23 pares de cromossomos e os primatas têm 24
pares; portanto, dois cromossomos de primatas foram fundidos em um cromossomo
humano. Mas será isso mesmo? Consideremos – e se o ancestral comum
tivesse 23 cromossomos distintos, e um cromossomo sofreu duplicação na
linhagem que resultou nos primatas superiores? O que isso significaria em termos
de história evolucionária humana? E se o ancestral comum tivesse 20 cromossomos
distintos e ocorreram 4 eventos de duplicações na linhagem dos primatas
superiores, e 3 na linhagem humana? E se o ancestral comum tivesse 30
cromossomos distintos, e ocorreram 6 eventos de fusão na linhagem dos primatas
superiores e 7 eventos de fusão para a linhagem humana, o que tudo isso
representaria?
A resposta para as questões acima é que a simples contagem de cromossomos ou comparações de números de cromossomos não resulta em ancestralidade comum a ponto de se fazer predições firmes de quantos cromossomos nosso suposto ancestral primata-humano tinha. Além disso, atualmente não existe uma análise cromossômica completa de evidência de fusão em nossos cromossomos, por isso não podemos afirmar que a presença de um cromossomo fundido em humanos seja uma predição de ancestralidade comum. Muito mais pesquisas se fazem necessárias.
A resposta para as questões acima é que a simples contagem de cromossomos ou comparações de números de cromossomos não resulta em ancestralidade comum a ponto de se fazer predições firmes de quantos cromossomos nosso suposto ancestral primata-humano tinha. Além disso, atualmente não existe uma análise cromossômica completa de evidência de fusão em nossos cromossomos, por isso não podemos afirmar que a presença de um cromossomo fundido em humanos seja uma predição de ancestralidade comum. Muito mais pesquisas se fazem necessárias.
O que alguns
evolucionistas não consideram teoricamente é que o ancestral comum
de humanos e primatas supostamente existiu há seis milhões de anos. O que evolucionistas
dizem é que essa fusão cromossômica tenha ocorrido há recentes 50 mil anos. Sob
esse ponto de vista, esse evento de fusão cromossômica não tem nada a ver em
nos fazer tipo humanos em contraste com os primatas superiores. Claramente esse
evento de fusão cromossômica está muitos milhões da anos distante de qualquer
suposta ancestralidade com os primatas superiores.
O que aparentemente é
uma problema para os que não aceitam a ancestralidade comum entre humanos e
primatas superiores é, na verdade, uma grande dificuldade para os
evolucionistas: Como um evento de fusão cromossômica natural, não guiado, pode
se fixar numa população, e como isso poderia resultar em uma descendência
viável? É preciso vencer, pelo menos, dois obstáculos difíceis:
1) Na maioria dos casos, indivíduos com cromossomo fundido
aleatoriamente podem ser normais, mas é muito provável que sua descendência
tenha uma doença genética. Um exemplo clássico disso é a síndrome de Down.
2) Para resolver esse problema em (1) é preciso encontrar uma
parceira que também tenha um evento de fusão cromossômica idêntico. Mas a
pesquisa de Valentine e Erwin implica que tais eventos seriam altamente
improváveis de acontecer: “The chance of two identical rare mutant individuals
arising in sufficient propinquity to produce offsprings seems too smal to
consider as a significant evolutionary event” (Erwin, D. H., e Valentine, J. W.
“Hopeful monsters, transposons, and the Metazoan radiation”, Proc. Natl. Acad,
Sci. USA, 81:5482-5483, Sep. 1984).
Assim, os evolucionistas precisam explicar por que um evento
de fusão cromossômica aleatória que, em nossa experiência, resulta unicamente
em descendência com doenças genéticas, não resultou numa doença genética e se
tornou vantajoso o suficiente para se fixar numa população inteira de nossos
ancestrais. Como não temos evidência empírica de que tais eventos de fusão
cromossômica aleatórios não são sem vantagens, talvez a presença de um evento
de fusão cromossômica não seja uma boa evidência para a história neodarwinista
sobre os humanos.
Além disso, as pesquisas científicas vêm mostrando evidências que
complicam cada vez mais a hipótese da ancestralidade comum:
1. Chimpanzee and human Y chromosomes are remarkably divergent in structure and gene contente.
1. Chimpanzee and human Y chromosomes are remarkably divergent in structure and gene contente.
2. Incomplete lineage sorting patterns among human, chimpanzee and orangutan suggest recent orangutan speciation and widespread selection. Genome
Research, 2011.
(~8% de nosso genoma é mais próximo de orangotangos do que chimpanzés...
Vamos pular de galho em galho agora?)
3. Mapping Human Genetic Ancestry. (23% de diferença? Para onde foi a semelhança de 99%? “For about
23% of our genome, we share no immediate genetic ancestry with our closest
living relative, the chimpanzee. This encompasses genes and exons to the same
extent as intergenic regions. We conclude that about 1/3 of our genes started
to evolve as human-specific lineages before the differentiation of human,
chimps, and gorillas took place” [Ingo Ebersberger, Petra Galgoczy,
Stefan Taudien, Simone Taenzer, Matthias Platzer, and Arndt
von Haeseler, “Mapping Human Genetic Ancestry,” Molecular Biology and Evolution, v. 24(10):2266-2276 (2007)].
Para finalizar, seria muito melhor os evolucionistas dizerem “Eu
não sei” do que afirmar categoricamente que a fusão cromossômica ocorreu há uns
50 mil anos, contrariando a hipótese da ancestralidade comum que sugere um
tempo de [supostos] 6 milhões de anos, pois comparar genomas humanos com
chimpanzés é como procurar agulhas em palheiro: “Comparing the human and chimpanzee genomes: Searching for needles in a haystack.”