Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico a tripulação de um submarino encontra problemas, fica presa, não podendo emergir após ser atacada por uma criatura "pré-histórica" que achavam estar extinta: um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o megalodonte. Uma camada térmica (sulfeto de hidrogênio) isolava esse animal "pré-histórico" do restante do oceano. Quando perfuram a camada de gás, descobrem um novo mundo submarino com criaturas de "milhões de anos".
O filme não chega a ser um clássico trash como o "Sharknado", ou os demais filmes clichês de animais aquáticos que devoram tudo o que veem pela frente. É bem produzido, com alguns efeitos especiais bem encaixados. Têm duas cenas bem icônicas que merecem ser destacadas. Numa das primeiras cenas, a filha da cientista Suyin fica cara a cara com o Megalodonte, um sorriso através do vidro que mostra o tamanho da mordida do megatubarão. Outra é o peixe "pré-histórico" passando por baixo dos banhistas que curtiam um dia de sol.
Mas vamos deixar a ficção de lado. O Calycolpus megalodon ou megalodonte (dente enorme) representa o maior peixe carnívoro que já viveu, segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, nos EUA. Podia pesar quatro toneladas e medir de 20 a 30 metros. As informações sobre seu tamanho são extraídas de comparações com tubarões vivos e a relação entre o tamanho do dente e o comprimento total do corpo. Vértebras fósseis indicam o crescimento. Um tubarão branco tem entre cinco e seis metros de comprimento, por exemplo.[1]
O filme retrata esses animais como abissais, que habitam regiões profundas do oceano. O ponto mais fundo do oceano de que se tem conhecimento fica a 11.034 metros abaixo da superfície. Nessa profundeza seria impossível para os tubarões se alimentarem, já que animais grandes, como focas e leões marinhos, habitam regiões mais superiores. Comparando com os tubarões atuais, conhecemos cerca de 375 espécies que raramente ultrapassam dois mil metros de profundidade. O tubarão-duende, que até vive em uma região mais profunda, tem um metabolismo bem mais lento que o dos tubarões predadores. Um tubarão de 20 metros não poderia conseguir alimento suficiente em grandes profundidades como retrata o filme. Os tubarões comem cerca de 2% do peso corporal todos os dias; o megaladonte precisaria de 80 kg de alimento diariamente para sobreviver, sendo que uma foca comum pesa cerca de 60 kg.
Uma pergunta comum que os leitores fazem é se o megalodonte foi extinto ou se ainda vive ocultamente nos oceanos. Pelo fato de grande parte dos oceanos ser inexplorada, algumas pessoas acreditam que muitas criaturas ainda não foram descobertas; alguns mantêm a teoria de que elas foram extintas somente dez mil anos atrás.
Particularmente, gostaria muito que pudéssemos encontrar esses tubarões gigantes vivos, mas vejo que essas “espécies novas” se resumem a animais menores, ou espécies microscópicas. Levo em consideração o registro fóssil que nos mostra o desaparecimento dessa espécie e outros fatores comuns como condições de habitat (cadeia alimentar), avistamentos, e outras pistas credíveis para essa indagação.
Segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, a redução das temperaturas oceânicas no Plioceno pode ser uma razão para a extinção do megalodonte; outra possibilidade para a extinção dele é que suas espécies favoritas de presas, como as baleias, começaram a migrar para águas mais frias, onde os gigantescos tubarões não poderiam viver. Sabemos que esses tubarões comiam baleias porque temos fósseis de vértebras de baleias com dentes do megalodonte cravados.
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Vértebra de baleia com dente de megalodonte |
Mas existem muitas especulações sobre o quanto conhecemos dos oceanos. Pela primeira vez na história foi feito um censo da vida marinha, resultado de dez anos de pesquisa e mais de 540 expedições realizadas por 2.700 pesquisadores. Nesse censo, 120 mil espécies de animais foram documentadas, sendo que cerca de seis mil são novas descobertas.
O projeto calculou que o número total de criaturas marinhas descobertas até agora é de cerca de 250 mil. Esse número é considerado baixo, pois muitos biólogos marinhos estimam que o número de criaturas não microbianas seja de mais de um milhão. Cerca de 1.650 espécies novas são descobertas a cada ano, principalmente invertebrados e crustáceos, mas também muitos peixes.
O caranguejo “Yeti” também foi uma das descobertas: um crustáceo encontrado no Oceano Pacífico, ao sul da Ilha de Páscoa. Outras espécies como Bathykorus bouilloni (Água Viva Darth Vader) foram catalogadas na pesquisa.
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Caranguejo Yeti |
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Água viva Darth Vader |
No criacionismo, defendemos que Deus criou as espécies originais (baramins) e após isso elas se diversificaram. Dois eventos teriam colaborado de forma especial para essa mudança. O primeiro foi o evento da queda do ser humano, em que o pecado entrou no mundo, fazendo com que muitas coisas perfeitas passassem a ter outra natureza. E o segundo evento foi o dilúvio bíblico, que alterou as configurações de nosso planeta impulsionando uma série de fatores e mudanças.
O megalodonte realmente existiu; estão gravadas no registro fóssil as impressões dele. Um animal que dominava os oceanos e que era um gigante colossal.
Alex Kretzschmar
Referências:
[1] Klimley, A. Peter e David G. Ainley 1996. Grandes Tubarões Brancos: A Biologia do Carcharodon carcharias. San Diego: Academic Press.
http://www.coml.org/ – Senso da pesquisa marinha
http://www.iobis.org/ – Banco de dados de animais marinhos