terça-feira, março 11, 2014

Camille Paglia: “Nós sufocamos os homens”

A felicidade está na família
As mulheres ganharam. Ou, pelo menos, a maneira feminina de encarar o mundo vem levando a melhor – e isso não é necessariamente bom, diz Camille Paglia. Para ela, a valorização das características associadas às mulheres emparedou os homens e fez com que certas virtudes masculinas caíssem perigosamente em desuso. Em entrevista a Veja [5/3/2014], a autora de Personas Sexuais mostra que, aos 66 anos, continua sendo uma fervorosa dissidente do feminismo ortodoxo dos anos 60. Segundo ela, ao priorizarem o sucesso profissional, as mulheres da sua geração deram “de cara com a parede” – e em breve verão que as felizes de verdade não são as ricas e bem-sucedidas, mas as que, em vez de correr atrás do sucesso, se dedicaram a construir grandes famílias.

As mulheres venceram? 

Nosso mundo político e econômico certamente não é regido pelas mulheres. Os homens ainda são maioria, talvez porque seja mais fácil para eles trabalhar harmoniosamente em equipe. As mulheres, porém, reinam nos domínios emocional e psicológico. Valores femininos como cooperação, sensibilidade e compromisso hoje são promovidos em todas as escolas públicas dos Estados Unidos e do Reino Unido. Fico preocupada com isso. Não é responsabilidade escolar moldar ou influenciar o caráter dos alunos. Então, sim, há uma vitória feminina no sistema de educação, e é por isso que tantos meninos se sentem sufocados ou presos nesse ambiente governado por mulheres.

Essa constatação veio da sua experiência de ser mãe de um menino? (Camille adotou Lucien, hoje com 11 anos) 

A maternidade apenas confirmou minhas opiniões. Nos meus trabalhos, sempre parti de uma observação social, e não de teorias criadas a priori. Ser mãe me permitiu outras descobertas, entre elas a existência de uma rede de mulheres com enorme poder de organização e capacidade de administrar o próprio tempo.

Mas os homens estão mais frágeis? 

A masculinidade tradicional está numa encruzilhada. O que os homens podem ser? Como eles podem se diferenciar das mulheres? Alguns não veem problema em receber ordens delas. Mas, para outros, é como se a masculinidade tivesse sido apagada, como se eles tivessem perdido sua posição dentro da família. Sentem-se sufocados e precisam estar com outros homens. Aí entram a pornografia, os clubes de strip-tease, os esportes: é quando os homens escapam para o mundo deles. Chutar uma bola no meio do campo é muito revigorante e bom para escapar das mulheres.

Em outras palavras, elas fazem com que eles se sintam errados o tempo todo? 

Sim! Em uma palavra: sim! Houve um tempo em que homens faziam coisas que as mulheres não podiam fazer. Então, ninguém questionava se eles “eram homens” ou não. Eu lembro que, em casa, depois do jantar, os homens ficavam na sala, falavam de carro, assistiam a algum esporte na TV. Enquanto isso, as mulheres conversavam arrumando a cozinha. Hoje, elas querem que o homem seja igual à mulher. Querem falar com ele do mesmo jeito que conversam com as amigas. Isso é com os gays! Os gays conversam por horas, fofocam, falam sobre a vida pessoal... Os héteros não. Eles não querem aprofundar-se nos sentimentos. Há um grande desentendimento no casamento moderno porque mulheres e homens não têm tanto em comum assim. Quando nasce uma criança, então, o homem é marginalizado. Pode escolher entre escapar de casa e ser apenas mais um dos planetas orbitando ao redor do “Sol”. Famílias de classe média são basicamente ambientes femininos. Tudo é bom e gentil, e os homens têm de mudar seu comportamento para se encaixar nelas. As mulheres pedem a eles que sejam o que não são e, quando eles se tornam o que não são, elas não os querem mais. “Ah, meu marido é meu terceiro filho, é meu bebê.” Ouvimos isso o tempo todo. O problema número 1 é que as mulheres não estão receptivas aos homens. Elas precisam ouvi-los. O feminismo é duro demais com eles.

Ao longo do tempo, as mulheres incorporaram alguns atributos masculinos. Diz-se frequentemente que agora é hora de eles incorporarem atributos femininos. A senhora não concorda? 

Não. No que diz respeito aos governos ocidentais, por exemplo, a tendência é agirem no estilo “estado-babá”, cheios de complacência e cuidados, atributos associados ao universo femininos. Só que isto está incapacitando as nações de ficar seriamente em alerta contra as ameaças de terrorismo, por exemplo. As sociedades ocidentais são ingênuas e complacentes ao imaginar que todo mundo é naturalmente benevolente. Várias grandes civilizações entraram em colapso por se apresentar vulneráveis. A compaixão e a sensibilidade femininas são virtudes positivas, mas as maiores conquistas nas áreas de cultura e tecnologia ainda requerem certos traços masculinos, bem como planejar a defesa de uma sociedade sob ameaça de ataque.

Essa “lacuna” explicaria o fato de existirem poucas mulheres no poder? 

O líder de uma nação tem de ter diferentes atributos. Precisa saber compor, comandar, controlar os nervos – precisa combinar qualidades masculinas e femininas. Falta às mulheres uma educação voltada a desenvolver visões de longo prazo, capacidade de decisão, pensamento militar. Essa história de ser carinhosa e ter compaixão já está resolvida – vamos parar de falar disso. O que não é valorizado como deveria é a capacidade de decisão. E, do jeito que as mulheres são educadas, não vejo como essa mudança pode acontecer. Por exemplo: liderar uma nação significa cuidar também de suas questões militares. Isso requer um tipo de personalidade firme e assertiva. Por isso, em vez de estudarem questões de gênero, as mulheres que querem ascender politicamente deveriam estudar história militar e economia. Não é fixando proporções – “as mulheres têm de representar 50% dos legisladores” – que produziremos lideranças. O Brasil não tem a mesma obsessão pela questão militar que os Estados Unidos, por isso vocês têm uma mulher presidente.

Como a senhora avalia uma eventual candidatura de Hillary Clinton à Presidência em 2016? 

Hillary Clinton é completamente incompetente. Em tudo o que fez, não teve êxito. Seu currículo segue em branco, sem nenhuma grande conquista, exceto ter se casado com Bill Clinton. É incrível como temos poucas candidatas. Sempre achei que a senadora democrata Dianne Feinstein, da Califórnia, deveria ter tentado concorrer à Presidência, e não Hillary Clinton. O que precisamos aprender é como exercer a liderança e nos comunicar com as pessoas sem que nos sintamos diminuídas, da maneira como a Hillary Clinton faz. Ela é estridente, irritante, sempre sorrindo, sorrindo, sorrindo. E é mal-humorada, tola – o oposto do que queremos de um líder. Continuar a impulsioná-la vai atrasar a evolução feminina em décadas.

Quais as perspectivas femininas para as próximas décadas? 

Eu vejo um mundo muito instável à frente, tanto política quanto economicamente. Acho que essa maneira de encarar as coisas baseada em gêneros está errada. É como se as mulheres tivessem respostas para tudo. E, se não estão felizes, a culpa é dos homens. Temos de olhar para a natureza da vida moderna, para o nosso isolamento psicológico, para essa quebra da família tradicional, transformada em pequenos núcleos. Tudo isso resulta em ansiedade. As mulheres sentem que têm de ser essas pessoas bem-sucedidas, tudo na vida delas tem de estar relacionado com o poder feminino, com “encarar obstáculos”. É um modo de vida muito estressante.

E ainda há a questão não resolvida de como conciliar carreira e vida pessoal. Por que isso continua a ser um sofrimento? 

O feminismo cometeu o engano de tentar reduzir a vida feminina às conquistas profissionais. Uma coisa é exigir que se retirem as barreiras para o avanço social das mulheres e que se ofereçam a elas oportunidades, promoções, salários etc. Outra é supor que essas conquistas suprirão as demandas da vida pessoal – não suprirão. Questões pessoais são de uma natureza diferente das profissionais: têm a ver com sexo, procriação e viver a vida. Essas feministas anglo-americanas dos anos 60 têm uma visão mecânica do que é viver. Há ainda um grande problema com o sistema de carreira moderno. O modo de progredir profissionalmente faz com que seja difícil para elas lidar com os homens em pé de igualdade. A mulher precisa ter uma vida dupla: ser ambiciosa e dominadora no escritório, mas adaptar-se em casa para ser sexualmente desejada e emocionalmente carinhosa. Minha prioridade sempre foi esta: temos de parar de culpar os homens e começar a olhar o sistema e as mudanças ocorridas no trabalho e nos lares no último século.

Quais seriam as transformações mais significativas? 

Uma das que mais merecem atenção é o isolamento feminino. As pessoas amam ter privacidade, ter sua própria casa. O resultado disso é uma quantidade tremenda de trabalho doméstico que recai sobre as mulheres e do qual elas têm de dar conta sem a ajuda de outras mulheres. Não muito tempo atrás, as pessoas viviam em uma espécie de tribo, em que umas olhavam pelas outras. Minha mãe se lembra disso em sua infância na Itália. As mulheres reuniam-se, pegavam suas crianças e iam lavar roupa nas pedras. Havia uma comunidade de mulheres, uma vida social construída a partir dessas atividades. Hoje estamos muito felizes com as nossas máquinas de lavar e secar, mas o que isso significa? Isolamento total! A mulher está isolada, desconectada do mundo feminino. Quando você é parte de um grupo, você sabe quem você é, não precisa ir descobrir.

Recentemente, a senhora foi criticada por declarar que as mulheres deveriam pensar melhor no que vestem para não ficar tão vulneráveis. O que quis dizer? 

Eu apoio totalmente as mulheres que se vestem de maneira sexy. Mas quem faz isso tem de compreender que sinais está enviando. Quando disse isso, estava me referindo às garotas americanas brancas de classe alta, que frequentaram as melhores universidades e terão os melhores empregos. Elas usam roupas sexy, mas seu corpo está morto, sua mente está morta. Elas nem entendem o que estão vestindo.

Por que esse diagnóstico se restringe às americanas? 

Mulheres na Itália, França, Espanha, Brasil e outros países da América do Sul comunicam melhor sua sexualidade, estão mais confortáveis com seu corpo. Afro-americanas também sabem fazer isso. Mas as mulheres americanas brancas que estão cursando as melhores universidades... oh! Bom, você deve se lembrar de Sexy and the City. Elas são espertas e ambiciosas, mas vivem uma situação em que fazem sexo com uma incrível quantidade de homens e de repente é o homem quem escolhe com quem vai ficar e quando é a hora de casar. E, quando resolvem casar, querem as de 20 anos. É muito difícil. Antigamente não se fazia sexo antes de casar. Mas hoje... as mulheres são tediosas.

Tediosas? 

Quando eu vou a Nova York vejo essas mulheres nas ruas: bem cuidadas, lindas, bem-sucedidas, graduadas em Harvard, Yale e... tediosas! Te-di-o-sas. Não têm nenhuma mística erótica. Acho que o número de homens gays vem aumentando porque os homens são mais interessantes do que as mulheres.

Onde elas deveriam buscar a felicidade? 

Bem, achar que as mulheres profissionalmente bem-sucedidas são o ponto máximo da raça humana é ridículo. Vejo tantas delas sem filhos porque acreditaram que podiam ter tudo: ser bem-sucedidas e mães aos 40 anos. Minha geração inteira deu de cara com a parede. Quando chegarmos aos 70, 80 anos, acredito que a felicidade não estará com as ricas e poderosas, mas com as mulheres de classe média que conseguiram produzir grandes famílias. 

Como ter a mente pura (ideologias, vestuário, erotismo)

segunda-feira, março 10, 2014

O “milagre” duplo da evolução dos morcegos e das flores

Mecanismos interdependentes
A criatividade da natureza não tem limites [!!!]. Considere, por exemplo, o caso do morcego nectarívoro e a trepadeira de floração noturna cujas vidas se entrelaçam nas planícies de floresta tropical da América Central. O Glossophaga commissarisi, um minúsculo mamífero alado de corpo menor do que um polegar, paira entre as flores da Mucuna holtonii, sugando néctar como fazem beija-flores e abelhas. Em troca, ele poliniza a planta. Durante o dia, flores podem ostentar seus atributos através de cores fortes como escarlate e fúcsia. Porem, à noite, quando mesmo os matizes mais intensos esmaecem e ganham os tons prateados do luar, as flores da Mucuna recorrem ao som para se fazerem ouvidas por morcegos nectarívoros. Na Estação Biológica de La Selva, na Costa Rica, uma antiga e resistente Mucuna teceu um pergolado de folhas sobre uma clareira na mata, do qual surgem dezenas de flores em longos e verdes pedúnculos. As flores balançam a uma altura vertiginosa na abóbada de folhas, como lustres em um salão sombrio. Cada inflorescência de um palmo de comprimento é um verticilo amarelo claro, do qual surgem botões em forma de vagem com hastes arqueadas.

No início da noite, os botões da trepadeira se preparam para os morcegos. Primeiro, a pétala verde superior que recobre cada botão abre verticalmente, erguendo-se sobre o botão como um farol brilhante. Abaixo dessa pétala, duas pequenas pétalas laterais se abrem, revelando uma abertura no topo da vagem. A fenda exala um odor leve e sedutor de alho, um sinal de longa distância que atrai os servos alados da Mucuna em sua área de alcance.

Morcegos usam altas frequências como uma ferramenta. Com suas cordas vocais, eles emitem ruídos curtos e rápidos por suas narinas ou bocas, modelando as ondas sonoras e interpretando as mudanças de padrão no som que é refletido de volta até seus sensíveis ouvidos. A informação recebida é processada de forma ágil e contínua, permitindo que os morcegos ajustem seu percurso em pleno voo enquanto perseguem um mosquito ou revoam com velocidade entre árvores floridas.

A maioria dos morcegos se alimenta de insetos e utiliza ondas poderosas e de longo alcance, propagadas a cada elevação de suas asas. Morcegos nectarívoros emitem sons suaves, mas sofisticados, aos quais cientistas se referem como frequência modulada. Essas ondas priorizam os detalhes em detrimento da distância. Com maior eficiência em um raio de quatro metros, elas refletem imagens com informações precisas sobre tamanho, formato, posição, textura, ângulo, profundidade e outras características que só o morcego pode interpretar.

No sombreado salão da Mucuna em La Selva, a pétala sinalizadora em formato de cuia funciona como um espelho, recebendo as emissões dos morcegos e respondendo-as com dados claros e precisos. Com visão, audição e olfato treinados para mirar na pétala, o morcego agarra a flor em um abraço veloz.

O encaixe é perfeito. O morcego posiciona sua cabeça na abertura curva, segura a base da pétala com seus polegares, recolhe sua cauda e ergue as patas traseiras rapidamente. Segurando-se na vagem, ele introduz seu focinho na abertura odorífera. A longa língua do morcego desfere um golpe oculto, explodindo a vagem. Enquanto ele se aconchega no néctar da flor, as anteras antes comprimidas emergem de dentro da estrutura, lançando uma camada de pólen dourado sobre a parte posterior do morcego.

Depois de explodir e esvaziar dez botões, os morcegos se vão. Seu metabolismo de alta octanagem e sua parca dieta à base de água adocicada não lhe permitem delongas: cada morcego visita centenas de flores a cada noite.

Com seu mecanismo explosivo e uma generosa oferta de néctar, a Mucuna holtonii está entre as raras flores que permitem o pouso desses animais (morcegos podem esvaziar as flores de espécies menos opulentas pairando sobre elas por dois décimos de segundo).

As cerca de 40 espécies da subfamília Glossophaginae são a esquadrilha de elite dos morcegos nectarívoros. Elas pertencem à família dos morcegos de nariz-de-folha do Novo Mundo, nativos dos trópicos e subtrópicos do hemisfério ocidental. Os ornamentos apresentados na região nasal oferecem um ajuste fino às sofisticadas emissões de ecolocalização dos animais.

Os morcegos nectarívoros desenvolveram uma parceria benéfica com certas famílias de plantas floríferas, definida por biólogos como quiropterofilia – de Chiroptera, a ordem dos mamíferos a que o morcego pertence, e philia, “amor” em grego. Contudo, essa não é uma história romântica. A razão de ser desse relacionamento não está na paixão, mas sim nas questões básicas da vida: sobrevivência e reprodução.

Trocar néctar por polinização é uma transação delicada e que traz um dilema para a planta. Para plantas de floração noturna, é interessante que a oferta de néctar seja econômica, pois morcegos bem alimentados visitam menos flores. Por outro lado, se a planta oferecer muito pouco, o morcego prestará seu serviço em outro local. Ao longo dos milênios, as plantas polinizadas por morcegos desenvolveram uma solução interessante [sic]: elas driblaram o problema da quantidade (e da qualidade) de néctar ao investirem na maximização da eficiência das visitas dos morcegos.

Assim, plantas que florescem à noite expõem suas estruturas em posições de destaque, acessíveis durante o voo – fáceis para os morcegos encontrarem e se alimentarem e longe do alcance de predadores arbóreos como cobras e gambás. Elas incrementam o odor de suas flores com compostos sulfúricos, um estímulo de longa distância irresistível para morcegos nectarívoros (mas não para humanos – o perfume dessas flores já foi descrito como algo pavoroso, lembrando repolho, couve-rábano e alho, ou ainda o cheiro de umidade, folhas caídas, leite azedo, urina podre, gambá, cangambá, carniça e cadáver).

A trepadeira Mucuna e algumas outras plantas vão mais além. Elas modelam suas flores de modo a se fazerem ouvidas pelos morcegos.

Até 1999, ninguém fazia ideia de que plantas utilizam certas formas que refletem o som para facilitar a visita dos morcegos. Naquele ano, os biólogos alemães Dagmar e Otto von Helversen, da Universidade de Erlangen, estudavam acústica nos morcegos de La Selva. Lá, Dagmar percebeu que a pétala sinalizadora da Mucuna era incrivelmente semelhante a um localizador – um claro sinal acústico, o equivalente sonoro da luz de um farol. Testes em campo com pétalas modificadas da Mucuna confirmaram a teoria.

Depois da observação, os von Helversen iniciaram uma investigação mais abrangente sobre os ecos das flores, usando uma colônia de morcegos de cativeiro em seu laboratório em Erlangen. Sob a supervisão do casal, o então assistente de pesquisa Ralph Simon treinou os morcegos para se alimentarem de néctar em bebedouros de diversos formatos, que foram posicionados aleatoriamente. As formas arredondadas e rasas se mostraram mais fáceis de serem localizadas pelos animais.

Em seguida, Simon descobriu essas formas em flores naturais, incluindo uma espécie com sinalizadores em formato de prato que ele identificou pela primeira vez em uma revista sobre natureza (as estruturas florais rechonchudas, vermelhas e repletas de néctar confundiram os editores, que pensaram se tratar de uma fruta). Intrigado, ele viajou até Cuba, onde a flor havia sido fotografada. Rastejando em uma floresta à noite, sozinho, o entusiasmado cientista viu morcegos bebendo néctar enquanto as flores os recobriam com seu pólen dourando, confirmando suas suposições.

Uma folha em forma de prato realmente ajuda os morcegos a localizarem a flor mais facilmente? De volta ao laboratório, Simon descobriu que posicionar uma réplica da folha em forma de prato sobre o bebedouro reduzia o tempo de busca dos morcegos pela metade. Já a réplica de uma folha plana e inalterada sobre um bebedouro não marcado gerava um aumento relevante no tempo de busca.

“Uma folha plana normal reverbera a onda uma única vez”, explica Simon, “mas a folha em forma de prato retorna ecos mais intensos, múltiplos e em ângulo bastante amplo, enquanto o morcego se aproxima. É como um localizador de verdade, pois seu eco tem um timbre especial, que se destaca tal qual uma flor colorida em meio à vegetação verde”.

Já pós-graduado, Simon foi adiante e construiu uma cabeça de morcego robótica e móvel, instalando um pequeno alto-falante ultrassônico e dois receptores no triângulo formado pelo nariz e orelhas do animal. Ele disparou sons complexos de frequência modulada similares aos do morcego nectarívoro através do nariz robótico, direcionou-os a flores fixadas em um suporte rotatório e gravou seus ecos nas orelhas eletrônicas. Assim, ele colheu as “assinaturas” ecoacústicas das flores de 65 espécies de plantas com flores polinizadas por morcegos. Cada flor testada por Simon possuía uma “impressão digital” única e evidente.

De modo geral, Simon percebeu que as flores visitadas por morcegos compartilham diversas adaptações sonoras [sic]. Todas elas possuem superfícies cerosas altamente capazes de refletir o som e seus tamanhos e formatos são extraordinariamente consistentes de amostra para amostra. Usando as identidades de 36 flores de 12 espécies como base de comparação, Simon (que a essa altura já havia concluído seu doutorado) escreveu um programa que classificou 130 novas flores quanto à sua espécie, baseando-se somente no som. O programa confirmou aquilo que os morcegos já sabiam há muito tempo: algumas flores falam o idioma deles.

Por que as plantas investem tanto na atração e recompensa desses morcegos? De acordo com Simon, “é porque morcegos são os polinizadores mais eficazes”. “Eles valem o esforço”.

Um estudo de 2010 conduzido pelo ecologista evolucionário Nathan Muchhala, na Universidade de Missouri (St. Louis), comparou beija-flores e morcegos e constatou que, em média, a distribuição de pólen realizada pelos mamíferos era dez vezes maior. Além disso, os morcegos carregam o pólen por longas distâncias. Estima-se que beija-flores sejam capazes de distribuir pólen em um raio de cerca de 200 metros. O maior viajante entre os morcegos nectarívoros, o Leptonycteris curasoae busca alimento a até 50 quilômetros de seu abrigo. Para plantas de florestas tropicais, que frequentemente se encontram dispersas, a área de ação do morcego representa uma grande vantagem. Essa polinização de longo alcance vem se tornando cada vez mais importante, à medida que as florestas estão se tornando mais e mais fragmentadas por conta do desmatamento. [Mas como as plantas “souberam” disso? A sobrevivência delas não depende de que seus pólens sejam espalhados longe ou perto...]

Por volta de 1790, o biólogo italiano Lazzaro Spallanzani foi ridicularizado ao sugerir que morcegos usavam sua audição para enxergar no escuro. Um século e meio depois, no final da década de 30, cientistas descobriram como isso acontece. Hoje, passados mais 75 anos, sabemos que, junto à capacidade dos morcegos de “enxergar” através do som, as plantas moldaram suas flores para serem ouvidas [sic], tornando-se tão brilhantes para os morcegos quanto suas coloridas equivalentes diurnas o são para os olhos de seus polinizadores.


Nota: Qualquer um que ler a matéria acima sem a “contaminação” ideológica do naturalismo filosófico darwinista terá que admitir que o processo todo envolve muito planejamento, muito design inteligente. Do contrário, teremos que aceitar o “milagre” do desenvolvimento independente por múltiplas etapas de mecanismos individuais (nos morcegos e nas plantas) perfeitamente compatíveis. [MB]

Camisetas da Adidas queriam explorar “Brasil erótico”

Reforço do estereótipo
A Adidas afirmou, na tarde desta terça-feira, que a linha de camisetas que apresenta frases de conotação sexual sobre as mulheres brasileiras foi retirada das prateleiras e de seu site. Uma delas apresenta a frase “Lookin’ to score”, que pode ser traduzida por algo como “em busca dos gols”, mas também é uma expressão que significa “pegar garotas”. A marca foi criticada pelo presidente da Embratur na segunda-feira. [...] Na segunda-feira, o presidente da Embratur, Flávio Dino, pediu que a Adidas tirasse as camisetas de circulação. “Essa campanha vai no sentido contrário ao que o Brasil defende”, disse Dino em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. “Nosso esforço é voltado para a promoção do Brasil pelos atributos naturais e culturais. Uma iniciativa dessas ignora e desrespeita a linha de comunicação que o governo adota.” A linha de produtos da Adidas fez com que a presidente Dilma Rousseff declarasse, [na] terça-feira, que o Brasil está pronto para combater o turismo sexual durante a Copa do Mundo. “O governo aumentará os esforços na prevenção da exploração sexual de crianças e adolescentes do Brasil”, disse ela, por meio do seu perfil no Twitter. Em nota oficial, a Adidas não se desculpou. Ao anunciar a suspensão dos modelos, informou que a marca comercializaria as camisetas “apenas” nos Estados Unidos – não no Brasil.

(Veja)

Nota: É hipocrisia da Adidas dizer que venderia as tais camisetas “apenas” nos Estados Unidos, ajudando, assim, a reforçar o estereótipo da mulher brasileira “fácil” e contribuindo para a exploração do turismo sexual que degrada o ser humano. Por outro lado, infelizmente, essa é a imagem que exportamos daqui, com cenas carnavalescas e “bigbrothescas”. Deveriam pedir desculpas a Adidas e nossa mídia irresponsável. [MB]

sábado, março 08, 2014

Papa e bispo anglicano apelam a pentecostais por união


O pastor adventista Doug Batchelor comenta um vídeo em que o bispo anglicano Tony Palmer se une ao papa Francisco num apelo a pentecostais norte-americanos pela união das igrejas. A proposta foi recebida com entusiasmo pelos líderes protestantes. O apelo do papa já havia sido comentado nesta postagem. Isso mostra como o movimento ecumênico avança a passos largos. 

Isaac & Charles: o verdadeiro cético

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A importância da costela

sexta-feira, março 07, 2014

Deus pode criar uma pedra que Ele não possa carregar?

Deus não trabalha com irracionalidade
Acredito que todas as perguntas levantadas honestamente são dignas de atenção, pois, se forem respondidas corretamente à luz da Verdade, sempre haverão de fortalecer a fé. A dúvida é o melhor combustível para uma fé forte. Entretanto, considerar uma questão como essa é analisar uma conclusão incorreta do uso lícito da imaginação. Pois, neste caso, a conclusão contradiz a razão. Como afirma Francis Schaeffer, por sermos criaturas feitas à imagem de um Deus criador, possuímos em nossa mente a capacidade de imaginar coisas que são criativas, porém, irreais antes de tentar ou efetivamente trazê-las para a realidade. A imaginação nos é um atributo inerente. Entretanto, mesmo ao fazer uso da imaginação há outro atributo de Deus que carregamos e que é ainda mais fundamental, em relação ao qual precisamos submeter todas as nossas conclusões. Trata-se do atributo da razão. Este é um atributo regulador de nossas vidas e de nossas mentes e é ele que verdadeiramente estabelece os limites e julga as propostas de nossa imaginação. Então prossigamos.

1. Desde que Deus é espírito e todo-poderoso, é irracional imaginar Deus sendo incapaz de carregar ou ter Seu poder limitado por algo criado ou material.

2. Desde que Deus é a origem de todas as coisas, é irracional e ilógico imaginar que o originado seja superior ou impositor de limites de qualquer espécie sobre aquele que o origina. Em outras palavras, a ordem criada jamais apresentará um atributo superior ao de sua origem. Assim como uma energia que não pensa não pode produzir seres pensantes, Deus não pode produzir nada superior a Si mesmo.

3. Desde que não há nada superior a Deus, é irracional imaginarmos algo que Lhe imponha limites.

4. Desde que Deus é RACIONAL, é irracional e ilógico imaginarmos Deus planejando ou executando algo irracional.

5. Desde que Deus age sempre de acordo com Sua própria natureza, é irracional imaginarmos Deus agindo de forma contrária a Seu ser, Seus atributos e caráter como revelados por Ele mesmo nas Sagradas Escrituras.

Assim, de forma resumida, todas as obras de Deus possuem um Autor todo-poderoso, infinitamente sábio e racional, que arrazoa e executa com intenções santas, bondosas, perfeitas e imutáveis, e que não pode ter seus desígnios frustrados. Esse fato é absoluto e independe da limitada capacidade humana de interpretar os fatos - que muitas vezes não trazem esses fatores tão evidentes diante de nossos olhos. Quem diria que o Filho de Deus pregado numa cruz poderia ser visto como a atitude mais bela, sábia e perfeita, e que trouxesse os maiores benefícios que a humanidade já conheceu e jamais conhecerá.

(David Romer, Satisfeito Pela Verdade)

Nota: Outra impossibilidade lógica é Deus criar um mundo com entes livres (dotados de livre-arbítrio) sem a possibilidade de eles escolherem o mal, se assim o desejassem. E nisso está a raiz do entendimento do porquê um Deus bom e todo-poderoso teria criado um mundo com bondade e maldade. Na verdade, Ele não criou um mundo mau, mas com a possibilidade de que seus habitantes enveredassem por esse caminho, uma vez que nem o Todo-poderoso pode criar liberdade sem o poder de escolha. Para quem quiser aprofundar essa questão, sugiro a leitura do livro Deus, a Liberdade e o Mal, do filósofo cristão Alvin Plantinga. [MB]

Meu texto no OI: Birra criacionista?

Em uma página (ou, mais precisamente, duas colunas e meia de texto), a revista Veja (edição 2363, de 26/2/2014) expõe tanto preconceito e tanta maçaroca de temas que consegue apenas desinformar e confundir, praticando um jornalismo às avessas. A página seguinte à da matéria “Macacos me mordam” (p. 76, 77) é desperdiçada com fotos enormes e meramente ilustrativas (como a do menino olhando para dois chimpanzés, numa tentativa não tão sutil de sugerir um parentesco), quando o espaço seria mais bem utilizado com esclarecimentos e detalhamentos do assunto. O subtítulo da reportagem torna explícita a intenção do texto: “Congressista americano propõe lei contra o ensino da teoria da evolução no Missouri e reacende a birra dos criacionistas contra as conquistas do darwinismo”. Vamos por partes...

Quando se diz que os Estados Unidos são o país mais avançado em pesquisas científicas e que, no entanto (mas não apesar disso), têm uma das populações mais cristãs do planeta, os ateus e darwinistas resmungam e dizem que uma coisa não tem nada a ver com a outra. Tudo bem. Pode ser. Mas quando um congressista propõe uma lei questionável, aí a culpa é de todos os criacionistas, aquele pessoal birrento que vive criando caso. Aí, sim, uma coisa tem tudo a ver com a outra. Mas não foram os criacionistas que propuseram a tal lei. Foi um político, talvez apoiado por um grupo de religiosos que não têm mais o que fazer. E eles não me representam! [Continue lendo e deixe seu comentário lá.]

The “Wow! signal” of the terrestrial genetic code

Inteligência pura no DNA
It has been repeatedly proposed to expand the scope for SETI, and one of the suggested alternatives to radio is the biological media. Genomic DNA is already used on Earth to store non-biological information. Though smaller in capacity, but stronger in noise immunity is the genetic code. The code is a flexible mapping between codons and amino acids, and this flexibility allows modifying the code artificially. But once fixed, the code might stay unchanged over cosmological timescales; in fact, it is the most durable construct known. Therefore it represents an exceptionally reliable storage for an intelligent signature, if that conforms to biological and thermodynamic requirements. As the actual scenario for the origin of terrestrial life is far from being settled, the proposal that it might have been seeded intentionally cannot be ruled out. A statistically strong intelligent-like “signal” in the genetic code is then a testable consequence of such scenario. Here we show that the terrestrial code displays a thorough precision-type orderliness matching the criteria to be considered an informational signal. Simple arrangements of the code reveal an ensemble of arithmetical and ideographical patterns of the same symbolic language. Accurate and systematic, these underlying patterns appear as a product of precision logic and nontrivial computing rather than of stochastic processes (the null hypothesis that they are due to chance coupled with presumable evolutionary pathways is rejected with P-value < 10–13). The patterns are profound to the extent that the code mapping itself is uniquely deduced from their algebraic representation. The signal displays readily recognizable hallmarks of artificiality, among which are the symbol of zero, the privileged decimal syntax and semantical symmetries. Besides, extraction of the signal involves logically straightforward but abstract operations, making the patterns essentially irreducible to any natural origin. Plausible ways of embedding the signal into the code and possible interpretation of its content are discussed. Overall, while the code is nearly optimized biologically, its limited capacity is used extremely efficiently to pass non-biological information.


Nota: Como estou sem tempo para traduzir, resolvi postar o texto acima em inglês mesmo, dada sua relevância. Aliás, se alguém se dispuser a voluntariamente traduzir eventuais textos para este blog, essa ajuda será muito bem-vinda. [MB]

quarta-feira, março 05, 2014

Escola de samba de São Paulo vence com blasfêmia

Fé na passarela?
Foi muito bom ficar isolado do mundo num retiro espiritual promovido pela igreja, enquanto muitas pessoas caíam na folia do carnaval. Estava totalmente alheio às notícias que, no Brasil, nessa época, praticamente giram em torno da festa que toma conta das telas, como um espetáculo inebriante de cores, luzes e corpos desnudos. Isso até que resolvi dar uma olhada nos noticiários da internet para me atualizar um pouco e, logo de cara, me deparei com a informação de que a escola de samba vencedora do desfile em São Paulo tem como tema de seu samba enredo a fé. Veja só a notícia publicada no Portal UOL“Com o enredo ‘Andar com fé eu vou... que a fé não costuma falhar!’, a Mocidade Alegre foi eleita tricampeã do Grupo Especial de São Paulo no Carnaval 2014. Entre os pontos altos do desfile da agremiação do bairro do Limão estiveram a comissão de frente de olhos vendados - em referência à fé cega -, e uma ‘paradona’ da bateria, com coreografia em que os ritmistas ficavam de joelhos. A presidente da escola, Solange Bichara, que chegou a passar mal durante o desfile e foi atendida com arritmia cardíaca, também teve um mal-estar depois do fim da apuração, quando a escola foi anunciada campeã. Cercada de repórteres e chorando, Solange agradeceu. ‘Meu Deus do céu eu não acredito. Obrigada barracão, obrigada comunidade. Vocês são demais’, disse. ‘Não acredito. Preciso de uma água’, exclamava ela, visivelmente emocionada. ‘A fé, o respeito e educação do sambista vencem sempre. Não gosto de cantar vitória antes’, completou.”

Em primeiro lugar, a verdadeira fé não é cega. É amparada em evidências bastante razoáveis e até racionais, e num relacionamento de amizade com um Deus que Se revela principalmente por meio de um Livro que tem se demonstrado confiável. Fé cega é aquela que mistura folia com religião; santidade com irreverência; o santo com o profano. Isso, sim, é cegueira espiritual. Fé cega é achar que Deus torce para algum time de futebol ou que resolveu dar uma mãozinha para uma escola de samba somente porque seus bateristas se ajoelhavam como parte de uma coreografia. Fé cega é achar que Deus Se agrada de que símbolos religiosos (ainda que inócuos) sejam misturados com nudez e erotismo barato, como no caso da atriz (ou modelo, não sei) que colocou crucifixos como parte de sua fantasia ou do homem que se vestiu de padre e fez o sinal da cruz para uma sambista nua. Tremendo desrespeito.

Teriam coragem de debochar de um gay ou um islâmico?
A fé não costuma falhar quando é resultado de um relacionamento de amor, intimidade e respeito com Deus, o que gera confiança nEle. Quando se torna apenas parte de uma letra de escola de samba, aí é tudo, menos fé.

Crucifixos como parte da fantasia
É uma pena que o Brasil seja conhecido principalmente como o país do carnaval e do futebol. Quem dera fosse conhecido pela educação de seu povo; por seus prêmios Nobel; pelos investimentos em saúde e infraestruturas realmente relevantes e não em estádios de futebol que, passada a Copa, serão apenas monumentos nababescos a compor o cenário de algumas cidades. Quem dera nosso país fosse verdadeiramente cristão e não uma nação de pagãos travestidos de seguidores de Jesus, que “se acabam” na festa da carne nos três ou quatro (ou seis, ou dez) dias de carnaval e, depois, fazem suas penitências (quando fazem) achando que, com isso, conseguem que Deus lhes passe a mão na cabeça, deixando pra lá seus pecados e sua devassidão. Já que conseguem "dar um jeitinho" para tudo, por que não com o Criador?

Enquanto multidões rebolavam nas avenidas, nas ruas e nos sambódromos, os disparates e desmandos do nosso governo esquerdista levaram outras multidões a se mobilizarem nas redes sociais num estranho apoio saudosista do regime militar e num flerte perigoso com as ditaduras do outro lado do espectro político, querendo nos colocar entre a foice e as espada, entre uma ditadura e outra. A que ponto chegamos! Por causa de uma democracia mal e porcamente administrada vamos desejar a repressão?

Por um lado, fico feliz em ter me unido à maioria dos brasileiros que não curte carnaval (de acordo com pesquisa realizada pelo Ibope neste ano, a maioria dos brasileiros, 57%, não gosta/detesta/gosta pouco do carnaval. E somente 43% adoram ou gostam muito. Enquanto que 30% dos brasileiros caem na folia, 65% aproveitam esse período para descansar). Por outro, fico triste em ver tanta alienação, confusão e irreverência.

Michelson Borges

A carne é o novo cigarro

Como tem sido divulgado recentemente em vários veículos de imprensa, uma dieta centrada em carne é basicamente tão ruim para você como o tabagismo. O Comitê Médico para uma Medicina Responsável (PCRM) está fazendo uma reivindicação direta, ainda mais ousada em seu novo infográfico: “A carne é o novo cigarro.” Em uma comparação lado a lado entre as doenças causadas pela carne e pelo tabaco, podem-se ver as semelhanças entre o uso de um ou outro produto. À luz da recente passagem do Dia Mundial do Câncer, o PCRM está incentivando as pessoas a pensar que “a prevenção do câncer pode começar na fila do caixa do supermercado” - o que significa que todos nós devemos provavelmente ficar longe desses dois itens que têm sido associados a 22 tipos de câncer e outras terríveis doenças crônicas .

Em seu artigo, o PCRM proclama que a maioria de nós já sabe que fumar é terrível para a saúde: “Quase todo mundo sabe que fumar causa câncer, evidenciado pelo fato de que você não pode acender um cigarro em escolas, bares, aeroportos, escritório edifícios, ou hospitais.”

Com essa comparação entre o tabaco e a carne, o PCRM espera mostrar que “a fim de reverter crescentes taxas de câncer, é preciso concentrar nossa atenção sobre outro produto causador de câncer em nossa geração: a carne processada.”

Confira o infográfico por si mesmo e você poderá encontrar muitas razões para também se afastar das embalagens de carne.

120 artigos científicos eram fraude e ninguém percebeu

Confusa? A culpa não é sua
Esta semana, Nature revelou que as editoras de revistas científicas Springer e IEEE removeram mais de 120 artigos publicados entre 2008 e 2013. Elas descobriram que cada um deles era jargão sem sentido, todos gerados automaticamente por computador. O enorme descuido foi descoberto pelo cientista da computação Cyril Labbé, que passou os últimos dois anos reunindo esses artigos. Os textos foram elaborados com um programa do MIT chamado SCIgen; qualquer pessoa pode baixá-lo e usá-lo. Ele foi criado em 2005 para provar que conferências acadêmicas constantemente aceitam estudos sem qualquer sentido. Labbé criou um site onde usuários podem testar se artigos foram criados usando o SCIgen; ele diz à Nature que eles “são bastante fáceis de se detectar”. Labbé diz não saber por que os trabalhos foram enviados, nem mesmo se os autores sabiam deles. Mas como algo assim pode ser publicado em veículos sérios? Parte da genialidade do esquema é que, pelo menos para um olhar destreinado, os artigos parecem plausíveis.

Por exemplo, um dos trabalhos publicados, vindo de uma conferência de engenharia na China, é intitulado “TIC: Uma metodologia para a construção do e-commerce”. Vago, mas parece plausível. Só que o resumo já causa estranheza: “Nos últimos anos, muitos estudos vêm se dedicando à criação de chaves públicas e privadas de criptografia; por outro lado, poucos sintetizaram a visualização do problema do produtor-consumidor. Dado o estado atual de arquétipos eficientes, importantes analistas notoriamente desejam uma emulação do controle de congestionamento de rede, que incorpora os princípios fundamentais de hardware e arquitetura. Em nossa pesquisa, nós concentramos nossos esforços em refutar que planilhas podem ser compactas ou feitas com base em conhecimento e empatia.”

Basicamente, algo saído de um gerador de lero-lero. Segundo a Nature, a maioria dos trabalhos veio de conferências que aconteceram na China, e a maior parte tem autores com filiações chinesas. No entanto, ninguém sabe ao certo quem está por trás desse escândalo.

Dezesseis dos trabalhos foram publicados pela Springer, enquanto mais de 100 vieram da IEEE. O problema é que os estudos, supostamente, são revisados por pares: eles passam pelo escrutínio de um ou mais estudiosos com mesmo escalão que o autor, em geral de forma anônima. Por isso, as editoras estão tendo dificuldade em explicar exatamente como isso aconteceu. Ou seja, se você já teve que ler um artigo científico e ficou meio (muito) confuso, não se sinta tão mal: talvez o texto fosse algo sem sentido gerado automaticamente por computador.


terça-feira, março 04, 2014

Cientistas russos teriam descoberto monstro no Ártico

À espera de mais evidências
Há bem pouco tempo, a mídia russa divulgou uma notícia sensacionalista [sic]: cientistas da Academia de Ciências do Extremo Oriente descobriram, nas águas árticas, um organismo desconhecido de enorme tamanho. A sonda submersível Klavesin-1P, efetuando pesquisas no fundo do oceano a uma profundidade de 1,5 km, detectou estranhos sinais de movimento à sua volta. O aparelho podia ter descoberto um cardume de peixes, mas tal hipótese foi logo afastada. Dizem que o objeto não identificado era um organismo de dimensões impressionantes que, passados instantes, se lançou em ofensiva contra a sonda e começou a sacudi-la. Após a emersão, no corpo da sonda foram visíveis algumas marcas resultantes dessa “batalha”. Que organismo podia ser esse e por que decidiu agredir a sonda? Para mais informações, a Voz da Rússia contatou o zoólogo Dmitri Isonkin: “Costumo encarar com calma tais notícias. Na ausência de provas que possam ser avançadas após o incidente, podemos entrar em falatórios vazios sem sentido.”

Ora bem, onde estão as fotos do corpo danificado e as imagens de vídeo desse organismo marítimo não identificado? Os estragos podiam ter sido causados na sequência de uma colisão com objetos submarinos que se encontram nas profundezas. O cientista prossegue: “Depois de divulgada a notícia sensacionalista sobre um monstro marítimo, muitas edições periódicas começaram a explorar essa temática. Mas, no momento, não está claro se o principal ‘culpado da festa’, ou seja, se o diretor do Instituto de Tecnologias Marítimas, Leonid Naumov, fez algumas declarações oficiais necessárias nesse caso.”

É uma pergunta ainda em aberto devido a certos detalhes. O primeiro a veicular a notícia foi a rede de noticias digital EVROSMI. Segundo a sua resolução, foi Leonid Naumov que informou sobre um incidente ocorrido à sonda Klavesin-1P. Depois, essa informação sensacionalista passou de boca em boca a várias agências de notícias. Todavia, ninguém sabe dizer se essa história aconteceu na realidade ou o incidente citado com tanta frequência não passa de um simples boato?

Curioso que múltiplas citações e alegações tornadas públicas têm provocado muita confusão e conclusões diametralmente opostas. Conforme algumas fontes, Naumov assumiu a responsabilidade por tais declarações, mas, segundo outras, desmentiu a notícia da sua própria autoria. Resta saber o que é que aconteceu na realidade?

Dmitri Isonkin afirma que o incidente devia deixar marcas do tecido do atacante ou de uma matéria rochosa que tivesse afetado a sonda, isto é, as marcas de origem não orgânica: “Não se excluí a hipótese de termos descoberto uma nova espécie de organismos que habitam nas profundezas do Ártico. Isso é bem possível. Mas para tal precisamos de provas convincentes. Por isso, deve ser formado um grupo de peritos que possa estudar o fenômeno enigmático. Seria, pois, prematuro adiantar quaisquer declarações oficiais.”

Estamos, pois, perante uma incógnita por desvendar, razão pela qual continuamos a seguir com muita atenção o desenrolar dos acontecimentos.


Nota: Na ausência de mais evidências, toda cautela é realmente recomendável. Mas afirmar logo de cara que se trata de “sensacionalismo” parece uma tentativa de induzir os leitores a descrer de que possa haver monstros marinhos nas profundezas (quem sabe dinossauros marinhos remanescentes?). Aguardemos novas informações (ou a ocultação delas). [MB] 

Em tempo: O amigo jornalista Ruben Dargã Holdorf, pra não perder a piada, me escreveu: "Resgatado do fundo do mar, o verdadeiro nome desse monstro eslavo é Tiranossaurus comunistus putinus."

A Descoberta: impressões dos leitores (3)

“Gostei muito da junção do seu estilo narrativo [Denis] com o estilo científico do Michelson. Acho que até conseguiria dizer onde cada um de vocês escreveu mais ativamente. É uma narrativa diferente das expectativas que eu tinha. Pelo título e o subtítulo, pensei que seria algo do tipo ‘mais laboratório’ e menos ‘cotidiano’, mas, pensando na história em si, esse foi o ‘tcham’ da coisa – levar as discussões científicas para o dia a dia e não usar a linguagem científica somente, o que, no fim, seria de pouco proveito. Mesmo assim, os comentários são tão fascinantes do ponto de vista argumentativo que, em algumas partes, tive de voltar na leitura para compreender o que a personagem queria dizer de verdade. Como no caso da ‘Esperança’, um ótimo capítulo. Uma pena que nós cristãos não temos esse conhecimento para usar em nosso favor, como ela teve (bem, agora temos). Achei muito importantes os flashes do passado, para esclarecer a história. Considero um recurso fabuloso. Outra questão interessante é que, enquanto Carlos faz a jornada dele, nós também podemos fazer a nossa, de igual maneira, ou semelhantemente, seguindo as leituras dos livros e dos filmes indicados na narrativa. A Descoberta nos torna mais do que leitores, nos faz participantes e também, ao mesmo tempo, possibilita que possamos, por nós mesmos, buscar essas informações.

“Como disse, senti falta de um pouco do ‘laboratório’, mas, quando percebi que o intuito era exatamente esse, fiquei feliz em perceber que a discussão foi trazida para os fatos corriqueiros. A ideia de ‘viagem’ é muito boa, pois dentro da literatura ela sempre é utilizada para fazer o paralelo com o amadurecimento da personagem. A personagem se desenvolve é no percurso da viagem. Essa é uma tática que desde Homero tem dado muito certo.

“O capítulo do ciúme é magnifico. Eu ri a cada pensamento expresso. Consigo perceber também as cenas que todos nós já vivemos e que estão retratadas no livro como: ‘Segura com as duas mãos’ (todos nós já passamos por isso), ou a cena de um flash de Carlos, quando pequeno, voltando para casa e passando por um portão com uma tramela de madeira (essa cena me trouxe à memória os portões desse tipo que conheci). A questão da superação dos traumas de infância é um recurso muito legal, pois, para superá-los, exige-se da personagem um crescimento dentro da narrativa.

“A quebra dos capítulos dentro das mesmas cenas é um recurso interessante; creio que é uma marca sua, Denis. Quando mudamos o capítulo, automaticamente somos levados a pensar em outro cenário, mas vocês conseguiram várias vezes utilizar as quebras dando sequências às mesmas cenas.

“A mistura de romance, comédia e ficção dentro da narrativa dos contextos espirituais é uma coisa nova e creio que devemos explorar bastante. A narrativa em si foi muito bem elaborada com base no propósito de passar uma mensagem espiritual e não somente pensando na literatura em si. E a junção deu certo. Parabéns e que Deus continue iluminando a criatividade de vocês!” Joel Muniz é regional de desbravadores e professor de Língua Portuguesa em Cascavel, PR

“‘O que acontece quando um brilhante cientista ateu descobre que a ciência não tem todas as respostas para os dilemas da vida?’ Essas foram as primeiras palavras que li na contracapa do livro A Descoberta e que despertaram minha curiosidade para conhecer essa história fictícia (qualquer semelhança será mera coincidência! Ou não...), só não imaginava que seria tão interessante a ponto de quase me fazer esquecer de que precisava realizar outras atividades durante meu curto período de férias. Tive vontade de ler tudo ‘numa sentada só’. Nessa obra, conhecemos a história de Carlos Biagioni e sua família. Cada capítulo, cada detalhe, prende a atenção do leitor. Enquanto a história e os conflitos do personagem se desenvolvem, somos levados a refletir sobre vários motivos para crer no criacionismo e, principalmente, no Deus que cria, cura, revigora, restaura e transforma. Vale a pena se deliciar, se divertir e se emocionar com a leitura de A Descoberta e, também, permitir que o Criador atue em nossa vida. Eu recomendo!
Parabéns aos autores pelo belíssimo trabalho! A história está ótima e as verdades criacionistas foram apresentadas em ‘doses homeopáticas’. Excelente!” Luciana Gruber e revisora na Casa Publicadora Brasileira

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domingo, março 02, 2014

Isaac & Charles: verdade absoluta

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sexta-feira, fevereiro 28, 2014

Famoso dublador brasileiro narra os dez mandamentos



Márcio Seixas é um ícone da dublagem brasileira. Ele interpretou personagens marcantes como o Batman dos novos desenhos animados, o computador HAL 9000, de “2001: Uma Odisseia no Espaço”, e o Dr. Spock, da série “Jornada nas Estrelas”, só para citar alguns exemplos. O texto do vídeo acima foi adaptado por Marcelo Rezende e Rodrigo Silva, e a edição é de Daniel Gonçalves.