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terça-feira, fevereiro 03, 2015

Escola Dominical ataca o quarto mandamento

Neste trimestre, os irmãos da igreja Assembleia de Deus estão estudando em suas escolas dominicais o tema “Os Dez Mandamentos: Valores divinos para uma sociedade em mudança”. Até agora, tudo vinha muito bem. Estudaram o primeiro mandamento. O segundo e o terceiro. Mas eis que chega o quarto, e o esperado acontece: dizem que esse mandamento não é bem assim; é “controverso”. Temos que amar a Deus sobre todas as coisas? Sim, claro. Não devemos adorar imagens? Sem dúvida. Não tomar o nome de Deus em vão? Jamais. Lembre-se do dia de sábado – o sétimo dia da semana – para santificá-lo? Aí, não. Esse mandamento era apenas para os judeus e foi “cravado na cruz” – as desculpas de sempre. Lamentável! Será que o autor (ou autores) desse guia de estudo tem noção do estrago que está fazendo ao desencaminhar tantas pessoas? Afinal, a Assembleia de Deus é a maior denominação evangélica do Brasil. Se ele (ou eles) estiver errado, estará atacando um dos dez mandamentos da sagrada e imutável (Mt 5:17-19) lei de Deus, escrita com o dedo dEle (Êx 31:18). Imagine se considerássemos o “não matarás” ou o “não adulterarás” também controversos, passíveis de interpretação? Abriríamos mais ainda a porta ao pecado e à transgressão. Então por que apenas um mandamento, o quarto, é considerado “controverso”? Vamos analisar essa questão, em benefício dos irmãos assembleianos e de todos os interessados no assunto. Para isso, é muito importante que você confira os textos bíblicos citados e acesse todos os links abaixo. E que faça isso com oração, pedindo orientação dAquele que inspirou a Palavra de Deus, o Espírito Santo.

A lição nº 6 da Escola Dominical deste trimestre (que pode ser lida aqui) começa afirmando que “o sábado é um presente de Deus para o povo de Israel” e que “a fé cristã é isenta de toda forma de legalismo”, já dando o tom do que vem a seguir. Para começo de conversa, o sábado foi dado “por causa do homem [ser humano]” (Mc 2:27), no Éden, para Adão e Eva, antes de existirem judeus ou quaisquer outros povos sobre a Terra (Gn 2:1-3). Aliás, esse texto menciona que Deus fez três coisas muito especiais e irrevogáveis no sétimo dia da criação: Ele descansou (cessou Sua obra e deu exemplo do que fazer no sábado), santificou (separou para um propósito especial) o sétimo dia e o abençoou (o que Deus abençoa ninguém pode “desabençoar”). Guardar o sábado, portanto, não tem nada a ver com legalismo, muito pelo contrário, tem a ver com celebração e adoração.

O guia prossegue: “Deus celebrou o sétimo dia após a criação e abençoou este dia e o santificou (Gn 2.2,3). Aqui está a base do sábado institucional e do sábado legal. O sábado legal não foi instituído aqui; isso só aconteceu com a promulgação da lei.” Essa separação entre o sábado institucional e o legal é inteiramente artificial. Prova disso é que em Êxodo 16, antes de terem sido dadas as tábuas com os dez mandamentos, o povo hebreu já estava sendo orientado a guardar o sábado. Neste momento, é muito importante que você leia este texto (“O sábado antes do Sinai”) e assista a este vídeo (clique aqui), com o mesmo título. Leia e assista com atenção, porque mais adiante o guia de estudos assembleiano chegará ao ponto de afirmar que os patriarcas não guardaram o sábado!

“O sábado institucional, portanto, não se refere ao sétimo dia da semana; pode ser qualquer dia ou um período de descanso”, afirma o guia. Como assim? De ponta a ponta, no Antigo e no Novo Testamento, a Bíblia é clara em afirmar que o sábado da lei moral (tanto o “institucional” quanto o “legal”, para usar a linguagem artificial do guia) é o sétimo dia da semana. De acordo com Êxodo 20:8-11, o sábado é o memorial da criação e deve ser guardado/celebrado justamente porque Deus criou em seis dias literais de 24 horas. Os adventistas são criacionistas exatamente (e principalmente) por esse motivo, e pregam o que está escrito em Apocalipse 14:6 e 7, ou seja, que devemos adorar “Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar, e as fontes das águas” (numa alusão clara ao texto de Êxodo 20:8-11). Se o sábado pode ser qualquer dia da semana, por que os evangélicos insistem, então, no domingo? Não deveriam guardar nem defender qualquer dia santo, e simplesmente riscar da Bíblia deles o quarto mandamento.

Como eu havia dito há pouco, o guia afirma que “os patriarcas não guardaram o sábado. O livro de Gênesis não menciona os patriarcas Abraão, Isaque e Jacó observando o sábado”. Se isso fosse critério para a nossa vida, poderíamos adotar a poligamia, já que alguns patriarcas tiveram mais de uma esposa, e dispensar de vez o dom de línguas dos pentecostais, já que nenhum patriarca (aliás, nenhum dos servos de Deus na Bíblia) jamais falou as tais “línguas estranhas” (na verdade, Deus concede Seu Espírito àqueles que Lhe obedecem: At 5:32). Apesar de seus deslizes, os patriarcas procuraram ser fieis à lei de Deus (conforme você já deve ter visto nos links acima), e a lei de Deus inclui o sábado. (Sobre o sábado através dos séculos, leia este texto [aliás, leia todo o conteúdo desse site].)

Outra mentira: “Nenhum outro povo na história recebeu a ordem para guardar esse dia [o sábado]; é exclusividade de Israel (Êx 31.13,17 [esse texto menciona os filhos de Israel, e eu me considero um deles]).” Que falta faz ler a Bíblia com atenção. Veja isto: “Bem-aventurado o homem [aqui não diz judeu] que fizer isto, e o filho do homem que lançar mão disto; que se guarda de profanar o sábado, e guarda a sua mão de fazer algum mal. E não fale o filho do estrangeiro, que se houver unido ao Senhor, dizendo: Certamente o Senhor me separará do Seu povo; nem tampouco diga o eunuco: Eis que sou uma árvore seca. Porque assim diz o Senhor a respeito dos eunucos, que guardam os Meus sábados, e escolhem aquilo em que Eu Me agrado, e abraçam a Minha aliança: Também lhes darei na Minha casa e dentro dos Meus muros um lugar e um nome, melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que nunca se apagará. E aos filhos dos estrangeiros, que se unirem ao Senhor, para O servirem, e para amarem o nome do Senhor, e para serem seus servos, todos os que guardarem o sábado, não o profanando, e os que abraçarem a Minha aliança, também os levarei ao Meu santo monte, e os alegrarei na Minha casa de oração; os seus holocaustos e os seus sacrifícios serão aceitos no Meu altar; porque a Minha casa será chamada casa de oração para todos os povos” (56:1-8; os grifos em “estrangeiro” e “todos” são meus, justamente para destacar o fato de que Deus deseja que todas as pessoas guardem Seus mandamentos, inclusive o sábado.)

Outro ponto: “O sábado e a circuncisão são os dois sinais distintivos do povo judeu ao longo dos séculos (Gn 17.11).” Igualar o sábado (estabelecido antes do pecado) com a circuncisão (depois do pecado) é outra leviandade. Como vimos, o sábado foi dado para a humanidade e é eterno, pois será guardado inclusive na nova Terra (Is 66:22, 23). Já a circuncisão, de fato, foi dada aos descendentes de Abraão e foi revogada pelos apóstolos (At 15:1-31). Em Romanos 2:25-29, Paulo chega a dizer que é inútil ser circuncidado e não guardar a lei de Deus.

“A expressão ‘Lembra-te do dia do sábado, para o santificar’ (Êx 20.8) remete a uma reminiscência histórica e, sem dúvida alguma, Israel já conhecia o sábado nessa ocasião. Mas parece [parece?] não ser referência ao sábado da criação.” Simplesmente absurdo! Como não se trata de referência ao sábado da criação, se o próprio texto dá o motivo pelo qual o sábado deve ser lembrado e guardado? “Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o santificou” (v. 11).

O guia passa a usar Jesus com o objetivo de continuar descaracterizando o mandamento que o próprio Mestre guardou (Lc 4:16): “O Senhor Jesus Cristo disse mais de uma vez que a guarda do sábado é um preceito cerimonial. Ele colocou o quarto mandamento na mesma categoria dos pães da proposição (Mt 12.2-4).” Nada a ver! Jesus comparou a atitude dos discípulos de matar a fome no sábado (o que, definitivamente, não é pecado) com a dos homens de Davi, que só tinham os pães da proposição para comer e lhes foi permitido fazer isso. A lição é clara: Deus ama os seres humanos e criou a lei para eles e não eles para a lei. Os fariseus legalistas distorceram muitos mandamentos de Deus, inclusive o sábado, e Jesus veio ensinar a correta observância de Sua lei. Imagine o Cristo do Sinai (o Eu Sou de João 8:58) dizendo algo assim: “No monte Sinai Eu lhes dei Meus mandamentos, agora venho lhes dizer que aboli somente o quarto.” Faz sentido? Mas faz muito sentido o próprio Legislador ter vindo para ensinar como devemos guardar Sua lei. Só Ele tem autoridade para isso.

Veja mais esta: “Se o oitavo dia da circuncisão do menino coincidir com um sábado, ela tem que ser feita no sábado, nem antes e nem depois. Assim, Jesus mais uma vez declara o quarto mandamento como preceito cerimonial e coloca a circuncisão acima do sábado.” Típico argumento non sequitur, ou seja, uma ideia não tem nada a ver com a outra e não se segue a ela. Se preferir, pode chamar também de “balaio de gato”. Sinceramente, quem escreveu essas coisas terá que dar contas a Deus! Circuncisão era uma atividade religiosa, assim como o culto de sábado, a visita aos doentes, etc. Que pecado há em se praticar essas coisas no sábado? Onde está escrito isso? Pelo contrário, a Bíblia diz que “é lícito fazer bem aos sábados” (Mt 12:12). Essas coisas não são atividades seculares nem são remuneradas. Por que Deus “trabalha” no sábado? (Jo 5:17). Porque a atividade dEle consiste unicamente em manter-nos a todos com vida. A atividade de Deus é essencialmente “religiosa” e plenamente de acordo com o espírito do sábado. Francamente, não usemos Deus o Pai nem o Filho para sancionar nossas transgressões! Isso é grave!

Com isto eu tenho que concordar: “Jesus é o Senhor do sábado (Mc 2.28). O sábado veio de Deus e somente Ele tem autoridade sobre essa instituição.” E Ele em momento algum, em versículo nenhum sequer sugeriu que o sábado devesse ser substituído pelo domingo. Na verdade, em Mateus 24:20, Ele antevê Seus seguidores ainda guardando o sábado, quatro décadas no futuro. Se Ele fosse transferir o dia de guarda ou abolir o sábado, certamente teria feito algum comentário a respeito disso.

Outro absurdo: “O primeiro culto cristão aconteceu no domingo e da mesma forma o segundo (Jo 20.19, 26).” O quê? Aqui é melhor citar o texto na íntegra: “Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-Se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco” (v. 19). Eles estavam fazendo culto? Onde é dito isso? Estavam era com medo de ser mortos como o Mestre havia sido. Como podiam estar celebrando a ressurreição, se ainda nem criam nesse evento? E o verso 26 diz que Jesus tornou a aparecer oito dias depois, ou seja, numa segunda-feira.

Mais uma mentira: “O dia do Senhor foi instituído como o dia de culto, sem decreto e norma legal, pelos primeiros cristãos desde os tempos apostólicos (At 20.7; 1Co 16.2; Ap 1.10). É o ‘sábado’ cristão! O sábado legal e todo o sistema mosaico foram encravados na cruz (Cl 2.16,17), foram revogados e anulados (2Co 3.7-11; Hb 8.13). O Senhor Jesus cumpriu a lei (Mt 5.17,18), agora vivemos sob a graça (Jo 1.17; Rm 6.14).” O texto de 1 João 2:4 parece servir como uma luva em quem afirma coisas como essas. Os primeiros cristãos, a começar por Maria, mãe de Jesus (Lc 23:56; texto escrito 30 anos depois), e os apóstolos guardavam o sábado (At 16:13). João, no Apocalipse, lá pelo ano 100 d.C., disse ter sido arrebatado em visão no “dia do Senhor” (Ap 1:10), que, na Bíblia, é o sábado (Lc 6:5; leia também isto). Quem ousou mudar o dia de repouso foi o imperador pseudocristão/pagão Constantino, em 7 de março 323 d.C., tendo depois o aval da Igreja Católica Apostólica Romana. Essa igreja, pelo menos, tem um argumento “lógico” para o que fez: a autoridade do papa, que eles consideram até superior à da Bíblia. Mas como ficam os evangélicos, ao perceber que não existe base bíblica para se guardar o domingo? Têm que admitir que obedecem a um mandamento católico...

Quanto a Colossenses 2:16 e 17, ali lemos o seguinte: “Ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados,
que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” O sábado da lei moral, estabelecido na criação do mundo, não era sombra de coisas futuras, pois, como já vimos, foi dado à humanidade antes do pecado. As cerimônias do santuário (a chamada “lei cerimonial”), essas, sim, foram abolidas na cruz, pois apontavam para Jesus, o “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” (Jo 1:29). Leia novamente Colossenses 2:16 e 17. Algum mandamento do Decálogo menciona comidas, bebidas ou dias de festas? Claro que não. Isso pertence às cerimônias do santuário. As festas judaicas – como Páscoa, Primícias, Dia da Expiação – eram feriados nacionais, dias de descanso, por isso também chamadas de sábados, mas eram distintas do sábado semanal do quarto mandamento.

E a conclusão do guia da Assembleia de Deus é a seguinte: “A palavra profética anunciava o fim do sábado legal (Jr 31.31-33; Os 2.11). Isso se cumpriu com a chegada do novo concerto (Hb 8.8-12). Exigir a guarda do sábado como condição para a salvação não é cristianismo e caracteriza-se como doutrina de uma seita.” Aqui fica claro a quem eles querem atacar. Nenhum adventista do sétimo dia esclarecido crê ou ensina que a salvação se conquista pela guarda do sábado. Isso seria absurdo, e o guia mente uma vez mais. Cremos que a salvação é pela graça (Ef 2:8), inteiramente pelos méritos de Cristo. Obedecemos à lei de Deus porque entendemos que Ele sempre quer o melhor para nós (Sl 119:97); porque ela é como um espelho que mostra o pecado em nós mesmos (Tg 1:23-25) e aponta para Jesus como a solução. A lei diagnostica o pecado; Jesus perdoa. Amamos a Cristo e por isso obedecemos aos Seus mandamentos (Jo 14:15). Se isso é ser “seita”, prefiro pertencer a essa seita. Os primeiros cristãos também enfrentaram esse tipo de acusação (At 24:14).

O guia de estudos da Assembleia de Deus deste trimestre acusa na capa a sociedade de estar em mudança, mas se esquece de que os evangélicos aceitaram uma mudança muito pior que a da sociedade: a mudança na lei de Deus, promovida pelo poder descrito em Daniel 7:25 e Apocalipse 13. Oro para que muitas pessoas sinceras, ao estudar esse guia da Escola Dominical, sejam despertadas pelo Espírito Santo, façam perguntas, questionem a si mesmas e a seus líderes, e tenham a humildade de reconhecer o verdadeiro Deus Criador e Seu memorial eterno da criação.

Michelson Borges

Assista a vídeos sobre o sábado, do programa Na Mira da Verdade (clique aqui). 

Para saber mais: leia os livros Do Sábado Para o Domingo e O Sábado na Bíblia 

domingo, novembro 27, 2011

IASD divulga documento sobre observância do sábado

A Igreja Adventista do Sétimo Dia reconhece o sábado como sinal distintivo de lealdade a Deus (Êx 20:8-11; 31:13-17; Ez 20:12, 20), cuja observância é pertinente a todos os seres humanos em todas as épocas e lugares (Is 56:1-7; Mc 2:27). Quando Deus “descansou” no sétimo dia da semana da criação, Ele também “santificou” e “abençoou” esse dia (Gn 2:2, 3), separando-o para uso sagrado e transformando-o em um canal de bênçãos para a humanidade. Aceitando o convite para deixar de lado seus “próprios interesses” durante o sábado (Is 58:13), os filhos de Deus observam esse dia como uma importante expressão da justificação pela fé em Cristo (Hb 4:4-11).

A observância do sábado é enunciada em Isaías 58:13, 14 nos seguintes termos: “Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no Meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs, então, te deleitarás no Senhor.” Com base nesses princípios, a Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia reafirma neste documento seu compromisso com a fidelidade à observância do sábado.

Vida de santificação. A verdadeira observância do sábado se fundamenta em uma vida santificada pela graça de Cristo (Ez 20:12, 20); pois, “a fim de santificar o sábado, os homens precisam ser santos” (O Desejado de Todas as Nações, p. 283).

Crescimento espiritual. Como “um elo de ouro que nos une a Deus” (Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 352), o sábado provê um contato mais próximo de Deus. Como tal, não devemos permitir que outras atividades, por mais nobres que sejam, enfraqueçam nossa comunhão com Deus nesse dia.

Preparação para o sábado. Antes do pôr do sol da sexta-feira (cf. Lv 23:32; Dt 16:6; Ne 13:19), as atividades seculares devem ser interrompidas (cf. Ne 13:13-22); a casa deve estar limpa e arrumada; as roupas, lavadas e passadas; os alimentos, devidamente providenciados (cf. Êx 16:22-30); e os membros da família, já prontos.

Início e término do sábado. O sábado é um dia de especial comunhão com Deus, e deve ser iniciado e terminado com breves e atrativos cultos de pôr do sol, com a participação dos membros da família. Nessas ocasiões, é oportuno cantar alguns hinos, ler uma passagem bíblica, seguida de comentários pertinentes, e expressar gratidão a Deus em oração. (Ver Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 356-359.)

Pessoas sob nossa influência. O quarto mandamento do Decálogo orienta que, no sábado, todas as pessoas sob nossa influência devem ser dispensadas das atividades seculares (Êx 20:10). Isso implica os demais membros da família, bem como os empregados e hóspedes; que também sejam estimulados a observar o sábado.

Espírito de comunhão. Como dia por excelência de comunhão com Deus (Ez 20:12, 20), o sábado deve se caracterizar por um prazeroso e alegre compromisso com as prioridades espirituais, com momentos especiais de leitura da Bíblia, oração e, se possível, de contato com a natureza (cf. At 16:13). Esse compromisso deverá ser mantido na escolha dos assuntos abordados também em nossos diálogos informais com familiares e amigos.

Reuniões da igreja. Somos admoestados a não deixar “de congregar-nos, como é costume de alguns” (Hb 10:25). Portanto, as programações e atividades regulares da igreja aos sábados devem ter precedência sobre outros compromissos pessoais e sociais, mesmo que estes sejam pertinentes para o sábado.

Casamentos e festas. O convite para deixar de lado nossos “próprios interesses” no sábado (Is 58:13) indica que casamentos e festas, incluindo seus devidos preparativos, devem ser realizados fora desse período sagrado. Casamentos e algumas festas mais suntuosas não devem ser planejados para os sábados à noite, pois seus preparativos envolvem expectativas e atividades não condizentes com o espírito de comunhão com Deus.

Mídia secular. A mídia secular, em todas as suas formas, deve ser deixada de lado durante as horas do sábado, para que este, rompendo com a rotina da vida, possa ser um dia “deleitoso e santo” (Is 58:13).

Esportes e lazer. Muitas atividades esportivas e de lazer, aceitáveis durante a semana, não são condizentes com a observância do sábado, pois desviam a mente das questões espirituais (Is 58:13).

Horas de sono. A Bíblia define o sábado como dia de “repouso solene” (Êx 31:15), e não como dia de recuperar o sono atrasado da semana. Ricas bênçãos advirão de levantar cedo no sábado, dedicando esse dia ao serviço do Senhor. (Ver Conselhos Sobre a Escola Sabatina, p. 170.)

Viagens. A realização de viagens por questões de trabalho ou interesses particulares é imprópria para o sábado. Existem, porém, ocasiões excepcionais em que se torna necessário viajar no sábado para atender a algum compromisso religioso ou situações emergenciais. Sempre que possível, os devidos preparativos, incluindo a compra de passagens e o abastecimento de combustível, devem ser feitos com a devida antecedência. (Ver Testemunhos Para a Igreja, v. 6, p. 359, 360.)

Excursões e acampamentos. A realização de excursões e acampamentos pode promover a socialização cristã (cf. Sl 42:4). Mas seus organizadores e demais participantes devem chegar ao devido local antes do início do sábado e montar sua estrutura, incluindo suas barracas, de modo que o santo dia possa ser observado segundo o mandamento. Além disso, as atividades durante as horas do sábado devem ser condizentes com o espírito sagrado desse dia.

Restaurantes e alimentação. A recomendação de que o alimento deve ser provido com a devida antecedência (Êx 16:4, 5; 22-30) significa que ele deve ser comprado fora das horas do sábado, e que a frequência a restaurantes comerciais nesse dia deve ser evitada.

Medicamentos. A compra de medicamentos durante o sábado é aceitável em situações emergenciais (cf. Lc 14:5), e imprópria quando a pessoa já os necessitava, e acabou postergando sua compra para esse dia.

Estágios e práticas escolares. O quarto mandamento do Decálogo (Êx 20:8-11) desabona a realização de atividades seculares no sábado, que gerem lucro ou benefício material. Envolvidos em tais atividades estão os programas de planejamento e preparo para a vida profissional, incluindo a frequência às aulas e a participação em estágios, simpósios, seminários e palestras de cunho profissional, concursos públicos e exames seletivos. Em caso de confinamento para a prestação de exames após o término do sábado, as horas desse dia devem ser gastas em atividades espirituais.

Escolha e exercício da profissão. A estrutura da sociedade em geral nem sempre favorece a observância do sábado, e acaba disponibilizando profissões e atividades que, embora sejam dignas, dificultam essa prática. Os adventistas do sétimo dia devem escolher e exercer profissões condizentes com a devida observância do sábado. Somos advertidos de que, se alguém, “por amor ao lucro, consente em que o negócio em que tem interesses seja atendido no sábado pelo sócio incrédulo, esse alguém é tão culpado quanto o incrédulo; e tem o dever de dissolver a sociedade, por mais que perca por assim proceder” (Evangelismo, p. 245).

Instituições de serviços básicos. A orientação de não fazer “nenhum trabalho” durante o sábado (Êx 20:10) indica que os observadores do sábado devem se abster de trabalhar nesse dia, mesmo em instituições seculares de serviços básicos. Instituições denominacionais que não podem fechar aos sábados (cf. Jo 5:17), incluindo os internatos adventistas, devem ser operadas nesse dia por um grupo reduzido e em forma de rodízio.

Atividades médicas e de saúde. Existem situações emergenciais que os profissionais da saúde devem atender, com base no princípio de que “é lícito curar no sábado” (Lc 14:3). Os hospitais adventistas necessitam dos préstimos de uma equipe médica, de enfermagem e de outros serviços básicos para o funcionamento nas horas do sábado. Mas os plantões rotineiros, tanto médicos quanto de enfermagem, em hospitais não adventistas, são impróprios para as horas do sábado. (Ver Ellen G. White Estate, “Conselhos de Ellen G. White Sobre o Trabalho aos Sábados em Instituições Médicas Adventistas e Não Adventistas”, em www.centrowhite.org.br.)

Projetos assistenciais. Cristo disse que “é licito, nos sábados, fazer o bem” (Mt 12:12). Isso significa que “toda atividade secular deve ser suspensa, mas as obras de misericórdia e beneficência estão em harmonia com o propósito do Senhor. Elas não devem ser limitadas a tempo ou lugar. Aliviar os aflitos, confortar os tristes, é um trabalho de amor que faz honra ao dia de Deus” (Beneficência Social, p. 77). Portanto, é lícito nas horas sagradas do sábado visitar enfermos, viúvas e órfãos, encarcerados e compartilhar uma refeição. Ações sociais que podem ser realizadas em outro dia não devem tomar as sagradas horas do sábado.

Atividades missionárias. O apóstolo Paulo usava o sábado para persuadir “tanto judeus como gregos” acerca do evangelho (At 18:4, 11; cf. 17:2), demonstrando a importância de se reservar um tempo especial nesse dia para atividades missionárias. Sempre que possível, os membros da família devem participar juntos dessas atividades, para desfrutar a socialização cristã e desenvolver o gosto pelo cumprimento da missão evangelística.

Como adventistas do sétimo dia, somos convidados a seguir o exemplo de Deus ao descansar no sétimo dia da semana da criação (Gn 2:2-3; Êx 20:8-11; 31:13-17; Hb 4:4-11), de modo que o sábado seja, para cada um de nós, um sinal exterior da graça de Deus e um canal de Suas incontáveis bênçãos.

(Portal Adventista)

Leia também: "O verdadeiro dia de guarda"

E assista: "Decreto dominical a caminho"

sexta-feira, setembro 04, 2009

Um dia especial

Carlos não aguentava mais a espera. Mal conseguia se concentrar nos estudos, pois em sua mente só havia uma pessoa: Valéria. Quanto mais se aproximava o dia do encontro, mais as horas demoravam a passar. Durante a semana, os dois só encontravam tempo para conversar por telefone, por isso, o fim-de-semana era tão aguardado.

O dia esperado, enfim, chega. Ambos deixam tudo de lado – estudos, trabalho, televisão – e dedicam todo o tempo para andar de mãos dadas, num diálogo animado e romântico.

Era mais ou menos isso o que Deus tinha em mente ao criar o dia mais especial da semana: o sábado. É verdade que cada dia devemos separar tempo para passar com Ele, mas existe um dia especial reservado desde a Criação para o companheirismo com Jesus. É um dia diferente, porque Jesus faz a diferença. Nossa comunhão com Ele é tão bonita, tão cheia de significado, que as demais atividades ficam para outros dias.

O dia realmente importa?

Mas será que realmente importa o dia que eu reservo para Deus? Bem, quanto a isso o Senhor foi o primeiro a dar-nos o exemplo: “No sétimo dia Deus acabou de fazer todas as coisas e descansou de todo o trabalho que havia feito. Então abençoou o sétimo dia e o separou como um dia sagrado, pois nesse dia Ele acabou de fazer todas as coisas e descansou” (Gênesis 2:2 e 3 BLH). Aqui encontramos pelo menos três razões para guardar o sábado: Deus abençoou, santificou e “descansou” no sétimo dia.

Em Êxodo 20:8-11, o sábado aparece como o quarto mandamento da lei de Deus: “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho...” O simples fato de ser um mandamento divino já devia fazer-nos considerá-lo de forma mais séria. Ainda assim, Deus nos diz que devemos santificar o sétimo dia para que sirva de “sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus que vos santifica” (Ezequiel 20:20).

Só para os judeus?

Talvez alguns digam, numa tentativa de silenciar a consciência: “O sábado foi criado só para o povo judeu. E Cristo, no Novo Testamento, o aboliu.” O que será que a Bíblia diz sobre isso? Vejamos:

“Teme a Deus e guarda os Seus mandamentos, porque este é dever de todo homem” (Eclesiastes 12:13). Lembre-se que quando Deus criou o sábado não havia nenhum povo sobre a Terra, somente Adão e Eva.

“E aos filhos dos estrangeiros que se chegarem ao Senhor, para O servirem, e para amarem o nome do Senhor, sendo deste modo servos Seus, todos os que guardarem o sábado, não o profanando...” (Isaías 56:6).

“Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas” – disse Jesus. – “Não vim abrogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei...” (Mateus 5:17 e 18).

Cristo não poderia ter abolido a lei e o sábado, pois Ele mesmo guardava o sétimo dia (ver Lucas 4:16 e João 15:10). O livro de Malaquias (3:6) diz que Deus não muda. Por que Ele teria instituído um mandamento para depois aboli-lo? Note ainda que a Maria, a mãe de Jesus, e os apóstolos também guardavam o sábado (ver Lucas 23:55 e 56; Atos 13:14, 42 e 44; 16:13; 17:2 e 18:4).

Ao profetizar a destruição de Jerusalém, Cristo disse: “Orem a Deus para que essa fuga não aconteça no inverno ou no sábado” (Mateus 24:20 BLH). No inverno é compreensível, mas por que seria difícil fugir no sábado? Porque nesse dia o povo de Deus estaria adorando ao Criador e não estaria preparado para a fuga. Agora note: Jerusalém foi destruída pelos romanos no ano 70 d.C., quase 40 anos após a ressurreição e ascensão de Cristo. Se Ele fosse efetuar uma mudança no dia de guarda com Sua ressurreição – como justificam alguns –, teria dito: “Orem a Deus para que a fuga de vocês não seja no inverno ou no domingo.” No entanto, décadas no futuro, Jesus viu Seus seguidores ainda honrando o sétimo dia “conforme o mandamento” (Lucas 23:56). E não é só isso. A Bíblia diz que na Nova Terra, no Paraíso restaurado, continuaremos a guardar o sábado! (Ver Isaías 66:22 e 23.)

Assim, por mais que alguns desejem encontrar ao menos um versículo bíblico que ordene a guarda do domingo, isso não existe, pois é um dogma criado por homens e faz parte da tradição, não da Bíblia. A Palavra de Deus diz que em vão adoram a Deus aqueles que ensinam doutrinas que são “preceitos de homens” (Mateus 15:9 e Atos 5:29).

Como guardar o sábado?

A Bíblia uma vez mais responde: “Se te abstiveres de violar o sábado, de cuidar dos teus negócios, chamando ao sábado ‘deleitoso’ e ‘venerável’ ao dia santo de Iahweh, se o honrares, abstendo-te de viagens, de correres atrás dos teus negócios, de fazeres planos, então de deleitarás em Iahweh...” (Isaías 58:13 e 14 BJ). “É, por conseguinte, lícito fazer bem aos sábados” (Mateus 12:12). É isso mesmo. Devemos nos abster de qualquer atividade secular (trabalho, estudos, leitura, TV) e nos dedicar ao serviço do Mestre, ajudando as pessoas, indo à Igreja... enfim, tomando tempo para “namorar” Jesus.

O sábado é um dia para comunhão especial com Deus. Dia em que lembramos que Ele criou “os céus e a Terra, o mar e tudo o que neles há”. Por isso mesmo o sábado (e não outro dia qualquer) se constitui no memorial comemorativo da Criação. O dia especial do criacionismo.

Outro detalhe importante: a observância do sétimo dia deve ser feita do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. Como assim? Essa é a contagem bíblica da passagem dos dias. No livro de Neemias (13:19 BLH), lemos: “Portanto, ordenei que os portões da cidade fossem fechados antes que começasse cada sábado, logo que fosse ficando escuro, e que não fossem abertos de novo até que o sábado terminasse... para que nenhuma carga fosse levada para dentro da cidade no sábado.” Logo que for ficando escuro, na sexta-feira, já estará iniciando um novo sábado. Em Levítico 23:32 lemos: “Sábado de descanso vos será... duma tarde a outra tarde celebrareis o vosso sábado.”

Mas, lembre-se: a obediência aos mandamentos de Deus deve ser baseada num relacionamento de amor. Cristo disse: “Se vocês Me amam, obedeçam aos Meus mandamentos” (João 14:15 BLH). E João nos diz que “amar a Deus é obedecer aos Seus mandamentos. E os Seus mandamentos não são difíceis de obedecer” (1 João 4:3). Quem tenta guardar os mandamentos sem o amor a Deus, cedo ou tarde deixará de fazê-lo. Mas, para quem ama a Deus de verdade, será impossível não obedecer-Lhe.

Michelson Borges

terça-feira, maio 27, 2008

Pastor adventista em Israel fala sobre lei do sábado

O Dr. Jacques Doukhan, diretor do Instituto de Estudos Judaico-Cristãos do Seminário Teológico Adventista da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, perguntou ao presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Israel, pastor Richard Elofer (foto), sobre o assunto da suposta mudança do sábado para o domingo. Eis aqui a resposta:

Queridos amigos, tenho recebido e-mails de alguns de vocês sobre uma suposta mudança na legislação em Israel a respeito do sábado. A última foi de Jacques Doukhan me perguntando se essas notícias são verdadeiras.

É importante difundir esse e-mail entre nosso povo para substituir sua fantasia por uma realidade e pensar que o povo judeu seguirá o papado para mudar o sábado pelo domingo. Os judeus fiéis remanescentes, como os ortodoxos e os do movimento conservador, nunca desistirão do sábado em favor do domingo. Temos que dizer e pregar isso. Se há uma igreja remanescente, há um Israel remanescente que se manterá fiel à lei de Deus, mesmo embora de tempos em tempos pensemos que eles estão mantendo isso demais.

Aqui está minha resposta sobre essa legislação:

Prezado Dr. Doukhan,

Obrigado por me enviar seu e-mail e por sua pergunta sobre esse assunto de “Israel mudando sua legislação do sábado para domingo”. Estou vivendo em Israel e fico feliz por você ter vindo a mim a fim de saber se essa proposta de “Leis Dominicais” é verdadeira ou não.

Primeiro de tudo, de acordo com suas notícias, essa iniciativa viria do PNR, que significa Partido Nacional Religioso em Israel. As pessoas que pensam que essas notícias são verdadeiras realmente não conhecem os judeus religiosos de Israel, do Brooklin e de outras partes do mundo. Eles estão prontos para ser mártires antes de permitir uma mudança na lei do sábado. Há uma máxima em Israel que diz que “não foi Israel que guardou o sábado, mas o sábado guardou Israel”. Os religiosos judeus sabem muito bem que se eles subsistiram até hoje é porque têm sido fiéis a Deus e à Sua Lei, e não é hoje que eles desistirão de sua fidelidade ao sábado.

Algumas pessoas, especialmente adventistas que estão com muita pressa de ver a perseguição chegar, estão prontos mesmo para distorcer quaisquer notícias sobre o sábado e o domingo, para levar o nosso povo a pensar que está cada vez mais perto do fim. Eles estão prontos para tornar suas fantasias em realidade, acreditando que mesmo os judeus passarão as “Leis Dominicais.” Isso não acontecerá.

Eis o assunto exatamente:

Israel é um país que quis, desde a sua criação, seguir a lei de Deus e essa lei especifica que temos que trabalhar seis dias e então descansar um dia, no sábado. É por isso que a semana de cinco dias de trabalho e dois dias de folga não existe em Israel. Mas algumas pessoas religiosas reclamam que não têm tempo para visitar suas famílias, nem de aproveitar alguns entretenimentos saudáveis, nem ir a algum lugar com seus carros durante o dia de folga, porque o dia de folga em Israel é somente o sábado e é proibido para os judeus quebrarem a lei do sábado com todas essas atividades. Em adição a isso, eles argumentam que se tivessem um segundo dia de folga, como os países ocidentais, talvez mais judeus retornassem à observância do sábado e teriam outro dia para ir à praia, e se tornariam mais religiosos.

Mas o governo não está pronto para ir nessa direção de dar um segundo dia de folga oficialmente. Eles calcularam que custaria bilhões de dólares por ano para a economia israelense, caso decidissem dar um segundo dia de folga. E mesmo se o Knesset decidisse tal coisa, não seria obrigatório, porque de acordo com a Bíblia temos que trabalhar seis dias e descansar no sábado; somente o sábado seria obrigatório para companhias que empregam pessoas. Se você tem sua própria companhia e não tem nenhum empregado, então você é livre para fazer o que quiser quando quiser, mesmo abrir no sábado. De fato, muito poucos cafés e armazéns estão abertos no sábado e a maior parte do tempo os empregados são palestinos, assim como a maioria dos empregados de hotéis no sábado.

A discussão é também para decidir se esse segundo dia de folga seria sexta-feira ou domingo. Aqueles que defendem sexta-feira, dizem que sexta-feira já é um “meio dia” de folga. Para algumas administrações e companhias, já é um dia de folga; e os Ministérios já estão fechados na sexta-feira. A consultoria jurídica de nossa organização é fechada na sexta-feira e no sábado. Outros locais de trabalho, como bancos, fecham na sexta-feira ao meio-dia para dar tempo a seus empregados de se prepararem para o sábado. E todas as outras companhias como supermercados, construtoras, etc., fecham por volta das 3h da tarde. Então, eles dizem que uma vez que muitas companhias e escritórios têm meio dia de folga, custaria menos decidir que sexta-feira seja o segundo dia de folga.

Aqueles que defendem o domingo são os banqueiros e pessoas que têm negócios fora do país. Porque na maioria dos países o domingo é um dia de folga, Wall Street e outros mercados de ações estão fechados e os bancos são limitados em suas transações. Toda vez que tenho que fazer câmbio no domingo, meu banco poderia não fazer, porque eles dizem que o mercado de ações está fechado na Europa e eles não sabem quanto será a cotação na segunda-feira de manhã, na abertura do mercado. Finalmente, teve um ano em que nossa agência bancária decidiu fechar no domingo e abrir mais tarde da noite durante a semana, para resolver esse problema (mas muitas outras agências e bancos ainda abrem aos domingos).

Mas tudo isso não tem nada a ver com substituir o sábado pelo domingo.

Acredito que as pessoas que estão por trás desses rumores poderiam ser anti-semitas ou mesmo partidárias da “Teologia da Substituição”, e estão felizes em dizer: “Veja, Israel realmente tem sido rejeitado por Deus; eles têm até rejeitado a lei de Deus e o sábado.” Deixe-me dizer a essas pessoas que isso jamais acontecerá. Talvez judeus reformados que não acreditam na inspiração da Bíblia possam ir por esse caminho de dizer que não importa se é sábado ou domingo, mas os judeus conservadores e ortodoxos, jamais. Eles darão a vida, se necessário (como têm feito durante os últimos 4 mil anos), mas não desistirão da lei de Deus e do sábado.

Como pastores e ministros adventistas do sétimo dia, temos que ter cuidado com o que pregamos. Lembro-me que estava em uma convenção da ASI, em agosto, e alguém veio até mim dizer que G. Edward Reid, diretor de Mordomia da NAD, fez uma pregação e falou sobre essa nova legislação. Ele me perguntou se era verdadeiro ou não. Eu disse a ele que não é verdadeiro. E mais tarde, em setembro, eu estava em um conselho pastoral na Holanda, onde conheci o irmão Reid, e lhe disse que temos que ter cuidado com o que pregamos ou dizemos, porque com nossa autoridade, enquanto pastores e líderes, temos grande influência sobre nosso povo e não podemos espalhar notícias falsas.

No entanto, de fato, a lei em Israel não mudou e duvido que mudará algum dia (enquanto Israel for um país judeu). Mas, mesmo que uma nova legislação venha a dar um segundo dia de folga, nunca será no lugar do sábado que Deus santificou no sétimo dia da semana da Criação.

Espero que minha resposta seja útil para elucidar a situação atual em Israel nas mentes de muitos membros e amigos.

Richard Elofer, presidente da IASD em Israel

sexta-feira, maio 02, 2008

Brabourne e o sábado

Um destacado dissidente que também foi convencido da verdade do sábado foi Teófilo Brabourne. Em 1650, ele pastoreou uma igreja que guardava o sábado. Para quem dizia que essa prática significava voltar ao judaísmo, Brabourne perguntava: “Você vai rejeitar o evangelho porque ele foi dado primeiramente aos judeus? Por que, então, rejeita o sábado por ele ter sido dado aos judeus?” Dessa forma, ele vinculava, habilidosamente, o evangelho ao sábado.

Aos que argumentavam que o sábado fora substituído pelo primeiro dia, em honra à ressurreição de Cristo, Brabourne mostrava algo que Jesus dissera pouco antes de ascender ao Céu, referindo-Se a um tempo de perseguição que sobreviria aos discípulos: “Orai para que a vossa fuga não se dê no inverno, nem no sábado.” Mat. 24:20. Brabourne concluiu que Cristo acreditava que Seus seguidores observariam o mesmo sábado que Ele observou. E escreveu: “Cristo permitiu que o sábado antigo se tornasse uma ordenança cristã na igreja durante todo o período dos evangelhos, depois da Sua morte.”

Muitos guardadores do sábado foram acusados de legalismo, de voltarem à lei cerimonial. Mas Brabourne demonstrou que essa prática não era mais legalista do que guardar o primeiro dia da semana. Era possível observar o sábado ou o domingo pelas razões erradas.

O sábado não é um símbolo de justificação pelas obras, mas de justificação pela fé. Descansamos no sábado, simbolizando que não podemos salvar-nos a nós mesmos. Descansamos no amor de Jesus, em Seu cuidado, em Sua salvação, “porque aquele que entrou no descanso de Deus, também ele mesmo descansou de suas obras, como Deus das Suas” (Heb. 4:10).

Quando, por iniciativa humana, o sábado divino é substituído por outro dia, esse dia é símbolo de justificação pelas obras. A salvação pelas obras substitui as obras de Deus pelas humanas. A justificação pela fé exalta a obra salvífica de Deus. [No próximo sábado], descanse no amor de Deus, em Sua salvação. O sábado proclama que existe graça suficiente para todos nós.

(Mark Finley, Meditações Diárias 2006, 1º de abril [Casa])

sábado, maio 02, 2009

Criacionista é destaque em olimpíada de química

Olimpíadas fazem parte do cotidiano de muitos jovens do ensino médio. Química, física, matemática e biologia são as que mais se destacam. Porém, a maior parte dessas olimpíadas ocorre aos sábados. Como um adventista poderia participar de uma olimpíada dessas? Existe a possibilidade, porém, é complicado o aluno fazer a prova após o sábado. A mudança do dia da prova é algo que praticamente não pode ser feito. O PortalJA entrevistou Walter Collyer Braga, adventista, que terminou o ensino médio no ano passado. Walter desde sua sexta série (atual sétimo ano) teve contato com olimpíadas de química. O garoto muito inteligente, esforçado, nunca abandonou seus princípios religiosos, sobretudo a guarda do sábado.

Walter participou de várias olimpíadas estaduais, brasileiras, ibero-americana e em 2008 foi um dos quatro brasileiros selecionados a ir para a International Chemistry Olympiad (IchO) (Olimpíada Internacional de Química), na Hungria. Para garantir uma vaga na equipe, os quatro estudantes percorreram longo caminho na Olimpíada Brasileira de Química: participaram de seletivas realizadas em seis fases, as três primeiras iniciadas em 2007 e as fases finais no primeiro semestre de 2008; uma delas avaliou conhecimentos de técnicas de laboratório. Os 15 estudantes mais bem colocados nessa série de avaliações se deslocaram para Teresina e, durante 15 dias, participaram de cursos e discussão com professores do Curso de Mestrado em Química da UFPI. Após essa etapa, foram escolhidos os quatro representantes brasileiros na 40º IchO na Hungria. Hoje Walter, calouro do curso de Medicina na Universidade Federal do Ceará, sente-se com a consciência tranquila por nunca ter transgredido o quarto mandamento. Como Walter conseguiu tudo isso?

Você é adventista há quanto tempo?

Desde criança.

Como foi seu contato com as olímpiadas? Sempre gostou de química?

Foi na minha sexta série, por um clubinho de ciências. Nesse clube passavam aulas de química, eu não tinha nem sido chamado para fazer, falei com o coordenador e ele deixou eu fazer. No ano seguinte é que começaram realmente as olimpíadas. Sempre gostei de química.

Como você conseguiu participar da olimpíada pela primeira vez sem ser no sábado?

Foi a OCQ, ela seria num sábado e eu não tinha muitas esperanças para fazer, pois era no sábado e as organizadoras era muito rígidas. Eu falei com o coordenador e ele me perguntou como eu tinha ido na outra olimpíada. Eu disse que não tinha passado, e o coordenador fez cara de desânimo. Mas, mesmo assim, ele falou que ia me inscrever na cearense e, caso eu quisesse fazer no sábado, eu ia. Eu deixei em aberto e perguntei se haveria como mudar o dia da prova ou outro jeito de eu ir. E o coordenador disse que iria perguntar à coordenadora. A partir desse dia, todos os dias eu ia perguntar ao coordenador se ele tinha conseguido falar com a coordenadora. Até que numa quarta-feira antes da prova do sábado, ele falou comigo e disse que eu e mais três adventistas iriam realizar a prova, só que depois do pôr-do-sol.

Teve até uma coordenadora que ficou com muita raiva, mas como a coordenadora chefe disse que poderíamos fazer, então, nós fizemos a prova. Porém, ela tinha dito que no outro ano nós não poderíamos fazer. Nessa prova, fiquei em primeiro lugar, graças a Deus.

Ao seus colegas observarem que você não fazia a prova com eles, o que eles disseram?

Eles brincavam muito com a minha cara. Porém, entendiam. Alguns até falavam que iam virar adventista também, brincando.

Em algum desses momentos você pensou em desistir de guardar o sábado?

Não. Eu pensava numa olimpíada futura (internacional ou ibero), o que os outros pensariam de mim se eu não fizesse a prova no sábado. Eu vi que não valeria a pena deixar de guardar o sábado por causa de uma prova, mesmo ela sendo bem importante e bem significativa

Teve algum professor seu que o desestimulou ao saber que você era um guardador do sábado?

Não. Todos eles ficavam surpresos e apreensivos por cada olimpíada que aconteceria em um sábado, porém, graças a Deus, eu me dava bem.

Você se sentiu desestimulado?

Não. Sempre tive esperanças de que sempre iria conseguir fazer todas as olimpíadas e que iria dar certo. Era aí que eu estudava mais para provar para os outros que eu era capaz.

A prova ibero-americana foi marcada para o sábado. Como você contornou essa situação?

Nós estávamos na UFC assistindo aula e eu não sabia quando iria acontecer a prova. Comecei a procurar o site da olimpíada na internet, e a primeira coisa que eu ia ver foi a data. Essas olimpíadas internacionais sempre têm uma prova prática e outra teórica, em dias alternados. E eu mandei logo um e-mail para o coordenador dizendo que se a prova fosse no sábado eu não iria. Ele me respondeu e disse que seria quase impossível eu fazer, pois os horários eram muito rígidos, mas ele iria fazer o possível. Segundo o coordenador, nunca tinha acontecido esse fato com ele. Passou um tempo e ele pediu para que eu fizesse uma carta explicando os meus princípios e enviar para a coordenadora geral da olimpíada. Essa carta iria para todos os coordenadores dos países. E cada coordenador desses iria dar sua opinião. No fim a coordenadora geral aceitou que eu fizesse a prova.

Porém, nessa olimpíada uma prova prática iria cair na sexta e a outra no sábado. Houve até um fato interessante que nesse dia na Costa Rica houve uns furacões que destruíram as estradas e eu e os outros estudantes ficamos presos no hotel. Nós começamos a fazer a prova às 14h e terminaria às 18h. Eu corri e terminei a prova antes do pôr-do-sol.

Em algum desses momentos você pôde falar do amor de Deus pra eles?

Às vezes, algum professor achava besteira em relação ao sábado, mas que respeitava. Mas eu sempre achei que era importante e que era princípio, e fazendo isso eu estaria provando que tenho respeito e amor a Deus.

Ao ir para o Mundial de Química, em algum momento você teve que não guardar o sábado?

Não. A olimpíada durou 11 dias, mas as provas foram realizadas numa terça e numa quinta, pela manhã.

Após ter tido todos esses resultados, como se sente? Missão cumprida?

Sim, sim... Pra quem começou "brigando" por fazer uma olimpíada e chegar a uma internacional, para mim foi muito bom. Eu cheguei até a fazer provas e terminar meia-noite e meia... E chegar a uma mundial e ganhar uma medalha, para mim foi trabalho cumprido.

E o que voce acha do futuro das olimpíadas e provas que ocorrem aos sábados?

Este ano já houve a reunião da cearense e já foi barrado; nenhum adventista pode fazer, a menos que faça no sábado. Mas em relação à brasileira, ainda está sendo respeitado. E na ibero houve uma reunião para nunca mais ter provas aos sábados.

Que mensagem você deixa para os que estão lendo esta entrevista?

Que guardem o sábado. O sábado não causa empecilho a ninguém. Há como você conciliar, e mesmo que tenha aulas aos sábados, não vá, pois dá para ter seu estudo íntegro sem falhas e alcançar seu objetivo de uma universidade ou de uma olimpíada, ou algo do tipo.

(Portal JA)

quarta-feira, setembro 30, 2015

O ciclo semanal se perdeu ao longo da História?

É possível guardar o sábado hoje
A Bíblia é, por excelência, o livro mais influente do Ocidente. Por mais secularizada que seja uma pessoa, ela sempre se depara com elementos extraídos das páginas do livro sagrado de cristãos e judeus. Uma de suas influências mais marcantes diz respeito à contagem do tempo. A divisão do dia em doze horas, da semana em sete dias, e do ano em doze meses são medidas de tempo que estão registradas nas páginas da Bíblia. São praticamente universais, pois apenas poucas culturas sem muita expressão adotam medidas de tempo diferentes (e, entre os que adotaram contagens de tempo alternativas, como os revolucionários franceses do século 18 e os soviéticos no século 20, há os que fizeram isso para demonstrar claro inconformismo com a notória influência judaico-cristã da semana de sete dias nos calendários tradicionais).

No caso da semana, a duração de sete dias é atribuída na Bíblia ao período que Deus empregou para criar tudo o que há no mundo. Nos seis primeiros dias, o Criador executou Sua obra de criação. No sétimo dia, o sábado (do hebraico shabbath, “descanso”, “pausa”, “cessação”), Deus encerrou a semana da criação com uma ocasião de descanso e culto. Em geral, os seguidores da Bíblia observaram o sábado como dia de especial para descanso religioso durante o período de sua composição (que se encerrou no fim do primeiro século d.C.). Após isso, os judeus piedosos, que rejeitaram a segunda parte da Bíblia, o Novo Testamento, continuaram a ter o sábado como dia de descanso, enquanto boa parte dos cristãos foi gradualmente adotando o dia seguinte ao sábado, que passou a ser chamado de domingo (do latim Dominus die, “dia do Senhor”), como o novo “sábado” cristão.[1] Ao longo da história cristã, apenas grupos periféricos continuaram observando o dia correspondente ao shabbath judaico. Para os cristãos sabatistas, o sábado corresponde ao dia definido por Deus ao final da semana da criação, e seu preceito transcende as disposições da lei mosaica referentes ao templo e às cerimônias da economia hebraica. Para os cristãos que observam o domingo, a justificativa para a mudança de dia de culto pela maior parte da cristandade varia, mas em geral está associada à ressurreição de Cristo ou à tradição da igreja cristã.

Alguns cristãos observadores do domingo, no entanto, apresentam outro motivo para não cumprirem o descanso semanal aos sábados, conforme a Bíblia indica. Segundo eles, durante os milênios desde a semana da criação e a proclamação dos Dez Mandamentos no Monte Sinai, a contagem dos dias da semana muito provavelmente teria se perdido. Portanto, a conclusão a que chegaram é que o dia por nós conhecido como sábado pode não ser o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação. Sendo assim, a celebração cristã no domingo se justificaria pela tradição, já que seria impossível recuperar o verdadeiro sétimo dia do ciclo original. Mas será que o argumento procede? Há evidências para uma interrupção história da contagem da semana? É possível garantir que o ciclo semanal foi registrado ininterruptamente desde a criação do mundo?

 Para entender esse argumento, primeiro é preciso saber como o ciclo semanal poderia ter-se perdido, se é que isso aconteceu. Eventualmente, uma pessoa isolada pode, distraída, não saber qual é o dia da semana. Porém, se forçar um pouco a memória, poderá recuperar um evento que definitivamente ocorreu em um dia específico da semana e contar os dias seguintes até chegar ao dia presente. E isso com certeza será mais fácil se determinados eventos ocorrerem em dias específicos do ciclo semanal. Apesar de ser ficção, a história de Robinson Crusoé ilustra a improbabilidade dessa suposição. Após 25 anos perdido numa ilha deserta, o marinheiro do romance sabia exatamente o dia da semana em que resgatou um selvagem da gula dos canibais, a ponto de nomeá-lo “Sexta-feira”. Seria possível para uma pessoa em isolamento social completo manter a perfeita contagem do ciclo semanal ao longo de décadas? Não é irrazoável supor que sim, desde que a pessoa se proponha a não perder a contagem do tempo e não seja tão inculta a ponto de não ter noções básicas de calendário. No romance, o herói Crusoé conseguiu. Mas não estamos tratando de um único sujeito perder a contagem de tempo, o que já é difícil, mas de uma cultura completa perder a referência de semana.

Consideremos que é bastante improvável para um povo alfabetizado perder a contagem do ciclo semanal. E, se pelo menos um dia específico da semana possui um significado cultural e impõe quebra da rotina, pode-se arriscar dizer que é impossível uma nação inteira perder a contagem dos dias da semana.

Para afirmar que a semana original se perdeu em algum momento da história, é preciso comprovar que o povo hebreu, de quem herdamos a semana, durante algum tempo deixou, coletivamente, de registrar as datas em um calendário. Para que isso tenha acontecido, é preciso concluir que a história israelita combinou, durante algum tempo considerável, retrocesso cultural, em que a esmagadora maioria da população era analfabeta, com apostasia religiosa generalizada, a ponto de a guarda do sábado ser completamente abandonada. Essa apostasia teria que ter, inclusive, interrompido durante algum tempo o funcionamento do santuário israelita. Afinal, havia rituais específicos para sábados, luas novas e outras datas comemorativas. Portanto, somente se houvesse uma interrupção completa das atividades do santuário, pode-se considerar verossímil a perda da contagem do ciclo semanal por parte do povo hebreu (isso, considerando que nenhuma outra civilização da época utilizasse a semana de sete dias, o que é bastante difícil de comprovar, já que vários povos não relacionados aos hebreus utilizaram uma semana de sete dias e seu sétimo dia era o sábado).[2]

Não há registros suficientes na Bíblia nem na História para verificar uma perfeita continuidade da contagem semanal desde a criação do mundo até a proclamação do Decálogo. Mas, se não podemos saber quanto a semana, sabemos pela Bíblia que, nas eras mais antigas da humanidade, a contagem do tempo era bastante importante. O Gênesis traz minuciosos relatos do tempo de vida de todos os seus personagens principais. As cronologias bíblicas desse período somam as idades de cada geração e tentam harmonizá-las com eventos contemporâneos marcados pela história secular. Se anos eram contados e registrados com tanto cuidado, a ponto de Moisés, o autor do Gênesis, ter conhecido as idades precisas de cada um de seus antepassados, não há por que imaginar que houvesse uma perda da referência de períodos de tempo menores, como a semana, antes de Moisés.

Ao se empenhar na libertação dos hebreus da escravidão, Moisés desperta o respeito pelo sábado entre o povo (Êxodo 5:4). Após o êxodo do Egito, a data do sábado é confirmada de modo sobrenatural pela dupla porção de maná no dia de preparação para o sábado e na ausência do milagre aos sábados (Êxodo 16). O fenômeno se repetiu durante quarenta anos, confirmando a vontade de Deus com respeito ao sétimo dia.

O texto dos Dez Mandamentos relaciona o sábado ao sétimo dia da semana da criação (Êxodo 20:8-11). Deus restabelece a observância do sábado indicando o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação. Portanto, durante a magistratura mosaica, o dia correspondente ao sétimo dia da semana da criação foi honrado de forma especial.

Mas o período entre a conquista de Canaã e o advento da monarquia unida é o menos definido da cronologia bíblica. A era semianárquica dos juízes é uma pedra no sapato de quem quer datar os eventos bíblicos pré-davídicos. Foram anos em que o ciclo de apostasia nacional, opressão e restauração se repetiu. Como o calendário hebreu era regulado por festivais religiosos, entre eles o sábado, é de se imaginar que, durante os tempos de apostasia, as datas, talvez, não fossem marcadas com tanta precisão. Aparentemente, na ausência de um governo central e de um templo fixo, as celebrações religiosas talvez não tivessem muita adesão nos períodos de apostasia generalizada e, assim, a contagem do tempo se perdeu. Fato?

É bastante difícil que a contagem do tempo tenha se perdido durante os eventos relatados em Juízes. Primeiro porque os israelitas eram, em geral, alfabetizados. Uma evidência bíblica disso está em Juízes 8:14. Na passagem, um rapaz (ou escravo) escreve vários nomes para o juiz Gideão. Ou seja, se mesmo um inculto serviçal era capaz de escrever, muito provavelmente boa parte do restante do povo e principalmente as classes sacerdotais responsáveis pela transmissão da Torá fossem letradas. Achados arqueológicos indicam que a alfabetização não era incomum no levante ao final da Idade de Bronze. O melhor exemplo é o Calendário de Gézer, que, ao que tudo indica, foi escrito por uma criança como exercício escolar no século 10 a.C. As evidências de alfabetização difundida durante o período dos juízes diminuem as possibilidades de a contagem do tempo ter-se perdido.

Deve-se entender também que, mesmo não havendo templo, o tabernáculo armado em Siló permaneceu ativo durante todo o período dos juízes. Em Juízes 21:19, lemos que a peregrinação anual ao santuário acontecia mesmo durante um período turbulento de guerra civil. A menção faz parte do relato de uma ocasião em que o povo praticava idolatria. Aliás, o livro de Juízes registra que o culto aos deuses pagãos coexistiu com a adoração a Yahweh (ver Juízes 6, 18:14-31, e.g.). Portanto, fica difícil afirmar que, mesmo com a apostasia, a guarda do sábado possa ter permanecido completamente suspensa a ponto de o ciclo semanal se perder.

O problema que persiste é a afirmação de que, durante os períodos de dominação estrangeira na terra de Canaã, o ritual do santuário teria sido desativado. Para provar que isso tenha acontecido, seria preciso encontrar, nas cronologias dos juízes registradas na Bíblia, lacunas de tempo. No entanto, não é isso o que acontece. A dificuldade de calcular o período dos juízes existe principalmente por causa de superposição de datas entre os diferentes juízes, afinal, alguns agiram como juízes locais simultaneamente com outros juízes. Por exemplo, é bem possível que os anos iniciais dos quarenta anos do sacerdócio de Eli tenham sido simultâneos aos vinte anos do juizado de Sansão.[3]

Mesmo que a contagem do tempo houvesse se perdido na era dos juízes, o próprio fato de profetas, inspirados por Deus, apelarem posteriormente para uma reforma do dia especial de culto a Deus levaria a crer que o dia perdido estaria recuperado por intervenção divina. Porém, mesmo fatores humanos podem perfeitamente ter mantido inalterado o ciclo semanal entre a milagrosa queda de maná no deserto e as manifestações proféticas posteriores.

Qualquer leitor da Bíblia percebe que a cronologia dos eventos bíblicos é bastante complexa. Os antigos hebreus eram aficionados por genealogias e registravam os anos de cada geração. Os anos eram contados pelos reinados dos reis ou pela data do Êxodo. Em 1943, o teólogo Edwin Thiele defendeu uma tese doutoral em Arqueologia pela Universidade de Chicago. Ele elaborou a melhor solução existente para as cronologias dos reis de Israel e Judá. O estudo encontra-se no livro The Mysterious Numbers of Hebrew Kings, publicado pela Zondervan. A partir desse estudo, os intérpretes da Bíblia têm como datar com bastante precisão os eventos registrados a partir do reinado de Davi.

Dificilmente essa possível perda coletiva da contagem semanal teria ocorrido durante ou após o reinado de Davi. A organização minuciosa do serviço sacerdotal estabelecida por Davi e registrada nos últimos capítulos de 1 Crônicas e o funcionamento contínuo do templo construído por Salomão são fatos que diminuem as possibilidades de uma falta de registro de tempo. Tampouco se pode afirmar que houve períodos sem registro de tempo até o exílio. Mesmo durante o reinado da ímpia Atalia, o sábado era conhecido e marcado como dia de encerramento do ciclo semanal (2 Reis 11:5-9). Houve uma tentativa de desprestigiar as celebrações sabáticas durante o reinado do apóstata Acaz (2 Reis 16:18). Mas devemos lembrar que o profeta Isaías foi atuante durante todo o reinado desse rei (Isaías 1:1; 7:1, 2; 14:28); e Isaías foi um ardente defensor da guarda correta do sábado (Isaías 1:13; 56:2, 4, 6; 58:13; 66:23). Afinal, uma observância hipócrita do sábado foi considerada uma das causas da ruína espiritual de Judá (Isaías 1:13, 2 Crônicas 36:21). E, para profetas como Jeremias reconhecerem o desrespeito popular ao sábado (Jeremias 17), é necessário que o sábado fosse conhecido

Durante o exílio, o profeta e sacerdote Ezequiel se destacou como um reformador do sábado, tendo registrado quinze menções ao sábado em seu livro (Ezequiel 20:12, 13, 16, 20, 21, 24; 22:8, 26; 23:38; 44:24; 45:17; 46:1, 3, 4, 12). É atribuída a Ezequiel a criação das sinagogas, instituições que promovem a guarda do sábado entre o povo judeu até hoje. A prática do descanso sabático é levada muito mais a sério após o exílio (ver Neemias 9, 10 e 13; 1 Macabeus 2:32-41; 2 Macabeus 5:25; 6:11, etc.). Nos dias de Cristo, os evangelhos e o livro de Atos registram que o sábado era bem definido entre os judeus e cristãos primitivos.

Portanto, não se pode admitir que o povo judeu tenha perdido a referência ao sábado durante os mil anos entre o reinado de Davi e a composição do Novo Testamento. Após a destruição do segundo templo, a prática e o uso de calendários diferentes entre os judeus dispersos por vários países do mundo indicaria facilmente se um grupo entre eles houvesse, de alguma forma, perdido a contagem da semana. Portanto, pode-se ter bastante certeza de que o sábado definido no calendário gregoriano em 2015 corresponde ao mesmo sétimo dia de um ciclo semanal ininterrupto desde os tempos bíblicos; o mesmo dia que os profetas Neemias, Jeremias, Ezequiel e Isaías apelaram, por inspiração divina, para que o povo santificasse e que interrompessem o trabalho; o mesmo dia no ciclo semanal que regulava os turnos sacerdotais nos dias de Davi; e por sua vez o mesmo dia que os hebreus guardavam no deserto abstendo-se da colheita do maná; e inegavelmente o mesmo dia da semana que o Deus criador separou para descanso após os seis dias em que esteve ocupado com a criação do mundo.

(Fernando Dias é teólogo e editor associado na Casa Publicadora Brasileira)

1. Para mais detalhes a respeito dessa mudança de dia de culto, ver: Bacchiocchi, S., From Sabbath to Sunday – A historical investigation of the rise of Sunday observance in Early Christianity, Roma: The Pontifical Gregorian University Press, 1977; Carson, D. A. Do Shabbath para o Dia do Senhor, São Paulo: Cultura Cristã, 2006; Dourado, A. R. Pausa Semanal, Domingo? ou Sábado? – Na Bíblia e na História, Niterói: Ados, 2010. Andrews, J. N.; Conradi, L. History of the Sabbath and First Day of the Week, Washington, DC. Review and Herald, 1912.
2. Uma boa documentação sobre o sábado como o sétimo dia da semana em diferentes povos encontra-se em: Stein Júnior, Guilherme, Sábado ou o Repouso do Sétimo Dia, Brasília: Sociedade Criacionista Brasileira, 1995.
3. Exemplos de datas historicamente definidas na cronologia bíblica. Note que, na era dos juízes, ocorre uma sobreposição de datas, tornando-se difícil definir as datas precisas, muito provavelmente porque a magistratura de alguns juízes foi simultânea (fontes: Nichol, Francis, Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, Tatuí: Casa Publicadora Brasileira, 2011-2014, v. 1-7; Thiele, Edwin, The Mysterious Numbers of the Hebrew Kings, Grand Rapids: Zondervan, 1983.


Cronologia dos principais eventos do Antigo Testamento:

Chamado de Abraão (1875 a.C.); nascimento de Ismael (1864 a.C.); circuncisão de Abraão (1851 a.C.); nascimento de Isaque (1850 a.C.); perseguição dos descendentes de Abraão (1845 a.C.); nascimento de Jacó (1790 a.C.); entrada no Egito (1660 a.C.); Êxodo (1445 a.C.); viagem para espiar Canaã (1444 a.C.); travessia do rio Jordão (1405 a.C.); conquista de Canaã (Josué 14:10) (1400 a.C.); morte de Josué (1375 a.C.); servidão sob Cusã-Risataim (8 anos); magistratura de Otoniel (40 anos); opressão sob Eglom (18 anos); magistratura de Eúde e período de paz (80 anos); opressão dos filisteus e juizado de Angar (?); opressão por Jabim (20 anos); magistratura de Débora e Baraque (40 anos); opressão sob os midianitas (7 anos); magistratura de Gideão (40 anos); reinado de Abimeleque (3 anos); magistratura de Tola (23 anos); magistratura de Jair (22 anos); opressão sob os filisteus e amonitas (18 anos); magistratura de Jefté (1107-1101 a.C.); magistratura de Ibsã (7 anos); magistratura de Elom (10 anos); magistratura de Abdom (8 anos); opressão sob os filisteus (40 anos); magistratura de Sansão (20 anos); magistratura de Eli (40 anos); magistratura de Samuel (?); reinado de Saul (1050 a.C.); reinado de Davi (1010 a.C.); conquista de Jerusalém (1003 a.C.); coroação de Salomão (971 a.C.); morte de Davi (970 a.C.); construção do templo (965 a.C.); morte de Salomão (931 a.C.); cisma entre os reinos de Israel e Judá (931 a.C.); reinado de Roboão em Judá (931-913 a.C.); reinado de Asa em Judá (911[910]-870[869] a.C.); reinado de Josafá em Judá (972-848 a.C.); reinado de Acabe em Israel (874-853 a.C.); reinado de Joás em Judá (835-796 a.C.); reinado de Uzias em Judá (792-740[739] a.C.); queda de Samaria e deportação para a Assíria (722 a.C.); reinado de Ezequias em Judá (716[715]-687[686] a.C.); reinado de Manassés (687[686]-643[642] a.C.); reinado de Josias (641[640]-609 a.C.); primeira de deportação para Babilônia (605 a.C.); segunda deportação para Babilônia (597 a.C.); terceira deportação para Babilônia e destruição de Jerusalém (586 a.C.); queda de Babilônia (539 a.C.); decreto de Ciro (537 a.C.); inauguração do segundo templo (515 a.C.); decreto de Artarxerxes (457 a.C.).

sexta-feira, setembro 12, 2014

Participe do tuitaço com a hashtag #sabado

Memorial da criação
Nesta semana, os adventistas do sétimo dia em todo o mundo estudaram, por meio da Lição da Escola Sabatina, o importante tema do sábado bíblico, o quarto mandamento da lei de Deus (Êx 20:8-11). Para marcar esse estudo, sugiro que promovamos no Twitter um tuitaço (publicação de conteúdos em massa) com a hashtag #sabado, bastando para isso tuitar e retuitar frases, textos bíblicos, fotos e links relacionados com o sábado, esse dia especial da semana que serve de memorial da criação de Deus realizada neste planeta em seis dias literais de 24 horas (Gn 2:1-3), e que foi guardado por Jesus, o Criador, quando Ele esteve aqui na Terra (Lc 4:16). Ajude a divulgar esse evento. E, a partir das 18h, participe e convide outros a participar conosco! Seguem abaixo algumas sugestões de tuites, com links encurtados e com a hashtag. Basta copiá-los e colá-los e em seu Twitter, hoje, a partir das 18h (pra não esquecer!).

O verdadeiro dia de descanso http://goo.gl/Iw9IP9 #sabado

Sábado: feito para o ser humano http://goo.gl/2EA66E #sabado

Entrevista com o Dr. Alberto Timm sobre o sábado http://goo.gl/QmYzwk #sabado

A verdade sobre o sábado (em dois minutos) http://goo.gl/AohVl9 #sabado

Testemunho de um jogador adventista http://goo.gl/3nUEh2 #sabado

Donald Trump respeita quem guarda o sábado http://goo.gl/TS4o0Y #sabado

O sábado e o criacionismo http://goo.gl/MYjoDY #sabado

Cineasta adventista fala sobre o sábado em entrevista http://goo.gl/AnIO6l #sabado

O padre que guardou o sábado http://goo.gl/2Zex03 #sabado

Documento da IASD sobre a observância do sábado http://goo.gl/5M9QuT #sabado

Jornalista adventista dá testemunho em programa de TV http://goo.gl/zcRskW #sabado

Domingo sempre foi dia de descanso. FALSO. http://goo.gl/ZNBIyQ #sabado

O sábado está sendo guardado no dia certo? http://goo.gl/HypnZU #sabado

O direito dos guardadores do sábado http://goo.gl/1XPeUK #sabado

Desclassificado por guardar o sábado http://goo.gl/LSSwpM #sabado

O sobremesa da semana http://goo.gl/MPYG0H #sabado

Férias para a família http://goo.gl/Zgiu4a #sabado

Clima sabático http://goo.gl/Ln1utn #sabado

Um dia especial http://goo.gl/FbYTSA #sabado

O sábado e a “doença do tempo” http://goo.gl/myXAop #sabado

Um dia de deleite http://goo.gl/GA68qy #sabado

O biorritimo e o sétimo dia http://goo.gl/CWC2Gx #sabado

Sábado x domingo: a polarização profética http://goo.gl/7QxJ83 #sabado

domingo, março 10, 2013

Sábado: feito para o homem (comentário)

Ideia central 1: O fato de o sábado (assim como o casamento) ter sido instituído na criação (Gn 2:1-3), antes do pecado, revela que (1) ele foi dado à humanidade, pois, naquele momento, havia apenas Adão e Eva sobre a Terra, e (2) ele celebra a criação, sendo, portanto, um “patrimônio” da humanidade e não de algum povo específico. Êxodo 20:8-11, o mandamento do sábado, reafirma a literalidade da semana da criação e confirma que o sábado é o sétimo dia e não outro. Hebreus 4:3 e 4 também se refere ao descanso do sétimo dia, numa clara afirmação de que os autores do Novo Testamento consideravam literal a semana da criação.

Ideia central 2: O sábado representa também a libertação do pecado, conforme Moisés enfatiza em Deuteronômio 5:12-15. Assim, o sétimo dia afirma que pertencemos duplamente a Deus: pela criação e pela redenção. Além de criados e redimidos por Deus, somos também por Ele santificados, e o sábado é igualmente um sinal dessa santificação (Ez 20:12, 20; Êx 31:13). Se a semana da criação não fosse literal, com seis dias de 24 horas seguidos do sétimo, todo esse significado do sábado seria perdido. Para deixar claro esse aspecto libertador do sábado, Jesus Se disse Senhor dele (Mc 2:27, 28) e realizou curas nesse dia (Mt 12:9-13; Lc 13:10-17; Jo 5:1-17). Como Criador do céu e da Terra, Jesus obviamente é Senhor do sábado e, com Sua conduta, nos ajudou a entender no que consiste a verdadeira observância do sétimo dia, um dia de libertação e graça.

Ideia central 3: Um dos sinais que apontam para a proximidade da volta de Jesus é a ousadia dos escarnecedores. Segundo o apóstolo Pedro (2Pe 3:3-7), esses incrédulos e zombadores afirmam que o mundo está do mesmo jeito há milhões de anos e que o dilúvio bíblico é um mito antigo, não um fato histórico – Pedro liga, assim, a descrença no dilúvio com a descrença na volta de Jesus. Assim como um evento ocorreu, o outro também ocorrerá. Presentemente, há um povo sobre a Terra proclamando exatamente a mensagem de que existe um Deus Criador cujo Filho em breve voltará (Ap 14:6, 7). O “efeito dominó” é claro: se a crença na semana da criação é abalada, a crença no sábado como memorial da criação e da redenção também é enfraquecida. Nesse terreno pantanoso, fica mais fácil negar o Deus Criador apresentado na Bíblia.  

Para refletir

1. Como a instituição do sábado refuta a ideia de que ele teria sido criado para um povo apenas?
2. Como Êxodo 20:8-11 e Hebreus 4:3, 4 confirmam a literalidade da semana da criação?
3. O que o fato de Jesus ter realizado curas no sábado revela sobre um dos significados desse dia?
4. Como o mandamento do sábado está relacionado com as controvérsias que precedem a volta de Jesus?


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