Primeiro
Richard Dawkins produziu
sua obra-prima ateísta Deus, um Delírio,
com sua filosofia e teologia profundas como um pires e a contradição revelada
em poucas páginas de leitura. Enquanto na capa chama a crença em Deus de um
delírio, dentro do livro admite que não é possível provar cem por cento que
Deus não exista. Portanto, a propaganda enganosa em forma de literatura deveria
se chamar Deus, Quase um Delírio, ou
algo assim. Certa vez, Dawkins foi entrevistar outro ateu famoso, mas não tão
engajado, o físico Stephen Hawking, e eu me diverti com uma das perguntas que
Hawking fez ao conterrâneo: “Por que você anda tão obcecado com Deus?” E não é que
é verdade? Dawkins afirma que Deus não existe, mas vive incomodado com Deus e
tenta fazer com que todos adotem a descrença dele. É um evangelista do ateísmo.
Um pregador da descrença. Na entrevista, ele diz que é mal-intencionado e cômodo
observar a natureza e dizer que “Deus fez”. Só que Dawkins se esquece – ou faz
de conta – que os primeiros cientistas, os fundadores do método científico
foram motivados justamente pela vontade de descobrir como Deus criou o Universo.
Ignora ou deixa de lado a constatação de que outro inglês, Sir Isaac Newton, um
dos “pais da ciência” e descobridor do cálculo, acreditava em Deus e publicou
tanto sobre física e matemática quanto sobre teologia bíblica. Mas Dawkins não
quer que ninguém saiba disso; não quer que as pessoas saibam que a fé cristã é
bastante racional e que é possível desafiar o ateísmo com bons argumentos
apologéticos. E a melhor forma de fazer isso é focar nas novas gerações,
escrevendo seus delírios para as crianças.
É
exatamente isso o que o biólogo inglês está fazendo agora. Em seu Twitter ele
disse que está empenhado na redação de dois livros ateístas para crianças. Logo
ele, que já condenou a doutrinação religiosa, agora está querendo doutrinar os
pequenos com suas ideias de militante ateu. Na verdade, Dawkins já escreveu um
livro com foco no público mais jovem. Trata-se do A Magia da Realidade, livro ricamente ilustrado em papel cuchê, com
capa dura e cheio de doutrinação ateia e afirmações metafísicas. Além disso,
até um retiro ateu para crianças ele já organizou (confira).
Infelizmente,
com certeza, serão mais dois livros ateus a fazer coro com tantos outros já
publicados por grandes editoras brasileiras. Digo infelizmente porque nos
Estados Unidos a discussão é bem mais aberta e equilibrada, com ótimos livros
publicados por ambos os lados: crentes e descrentes. Algo bem diferente da
nossa realidade aqui nas terras de Vera Cruz.
Esse
anúncio de Dawkins nos faz pensar mais uma vez no grande desafio de produzir
materiais e conteúdos infantis para fazer frente a toda essa doutrinação
anticriacionista. As crianças já estão sendo ensinadas a acreditar que Adão e
Eva fazem parte de um conto da carochinha; que gênero é algo que se escolhe,
não uma criação divina; que casamento é a união entre duas ou mais pessoas
independentemente do sexo. Agora só falta mesmo o último prego no caixão: fazer
com que elas creiam que Deus não existe e que, portanto, tudo realmente é
permitido.
A advertência de Jesus continua ecoando no
século 21: “Qualquer que fizer tropeçar um
destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe fora que se lhe pendurasse ao
pescoço uma pedra de moinho, e se submergisse na profundeza do mar” (Mateus
18:6).
Michelson Borges