[Leia com atenção as partes grifadas
e tire suas conclusões.] Cientistas criaram um supercomputador com um milhão de
núcleos de processamento e 1.200 placas de circuito interconectadas que operam
juntas como um cérebro humano. Apelidado de “Spiking Network Architecture”, ou
SpiNNaker, o computador está localizado na Universidade de Manchester, no Reino
Unido, e levou dez anos para ser
desenvolvido. Atualmente, é o maior computador neuromórfico do mundo – um
tipo de máquina que imita o disparo de neurônios. Isso significa que o
Spinnaker não apenas “pensa” como um cérebro, mas cria modelos de neurônios em
cérebros humanos e simula mais neurônios em tempo real do que qualquer outro
computador na Terra. Desde abril de 2016, o SpiNNaker vinha simulando a
atividade dos neurônios usando 500.000 processadores. A máquina atualizada tem
o dobro dessa capacidade. Com o apoio do Projeto Cérebro Humano da União
Europeia, um esforço para construir um cérebro humano virtual, o SpiNNaker deve
permitir que os cientistas criem modelos detalhados desse complexo órgão.
No momento, a máquina tem capacidade
para realizar 200 quatrilhões de ações simultaneamente. Enquanto alguns outros
computadores podem rivalizar com o SpiNNaker no número de processadores que
contêm, o que diferencia essa plataforma é a infraestrutura que conecta esses
processadores. No cérebro humano, 100
bilhões de neurônios disparam e transmitem sinais simultaneamente para milhares
de destinos. A arquitetura do SpiNNaker suporta um nível excepcional de
comunicação entre seus processadores, comportando-se muito como uma rede
neural.
“Os supercomputadores convencionais
têm mecanismos de conectividade muito menos adaptados à modelagem cerebral em
tempo real”, explicou Steve Furber, professor de engenharia da computação da
Universidade de Manchester, ao portal Live Science. “O SpiNNaker é, acredito,
capaz de modelar redes neurais de maior alcance em tempo real biológico do que
qualquer outra máquina.”
Mesmo
com todo esse poder de computação e capacidade neural, o SpiNNaker está longe
de se comportar como um cérebro humano real. “Sua principal
tarefa é apoiar modelos cerebrais parciais: por exemplo, modelos de córtex, de
gânglios da base ou múltiplas regiões expressas tipicamente como redes de
ativação ou disparo de neurônios”, disse Furber.
Anteriormente, quando o SpiNNaker
operava com apenas 500.000 processadores, modelou 80.000 neurônios no córtex, a
região do cérebro que gerencia as informações dos nossos sentidos, como visão e
audição. Outra simulação do SpiNNaker foi de uma área do cérebro afetada pela
doença de Parkinson, o que sugere seu potencial como uma ferramenta para
estudar distúrbios neurológicos. Por fim, o SpiNNaker também pode controlar um
robô móvel chamado SpOmnibot, que usa o computador para interpretar dados dos
sensores de visão do robô e fazer escolhas de navegação em tempo real.
Por
enquanto, simular exatamente um cérebro humano simplesmente não é possível. Uma
máquina avançada como o SpiNNaker pode gerenciar apenas uma fração da
comunicação realizada por um cérebro humano, e os supercomputadores têm um
longo caminho a percorrer antes de poderem pensar por si mesmos. “Mesmo com um milhão de processadores,
podemos nos aproximar apenas de 1% da escala do cérebro humano, e isso é com
muitas suposições simplificadoras”, afirma Furber.
No entanto, Spinnaker poderia
teoricamente imitar a função do cérebro de um rato, que é mil vezes menor do
que um cérebro humano. “Se tudo o que for necessário são neurônios suficientes
ligados na estrutura certa (o que é em si um ponto discutível), então talvez
possamos agora atingir esse nível de pensamento num modelo em execução no
SpiNNaker”, acrescentou o pesquisador.
(LiveScience, via Hypescience)
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