
Nas citações abaixo, Popper opina sobre o Darwinismo:
“Desejo agora dar algumas razões porque considero o Darwinismo como metafísico e como um programa de pesquisa. É metafísico porque não se pode testar. Alguém poderá pensar que isso seja possível. Ele parece afirmar que, se em algum planeta algum dia for encontrada vida que satisfaça as condições (a) e (b), então (c) entrará em ação e em tempo produzirá uma rica variedade de formas distintas. O Darwinismo, no entanto, não afirma nem isso. Suponhamos que seja encontrada vida em Marte consistindo exatamente de três espécies de bactéria com uma formação genética semelhante à de três espécies terrestres. O Darwinismo é refutado? De maneira nenhuma. Diremos que estas três espécies foram as únicas formas entre as muitas mutantes que estavam suficientemente bem ajustadas para sobreviver. E diremos a mesma coisa se houvesse apenas uma espécie (ou nenhuma). Portanto, o Darwinismo na realidade não prediz a evolução da variedade. E por isso não pode realmente explicá-la. O melhor que pode fazer é predizer a evolução da variedade sob ‘condições favoráveis’. Mas é praticamente impossível descrever em termos gerais que são condições favoráveis, exceto pelo fato de que em sua presença uma variedade de formas surgirá.”
(Popper, Karl R., [Professor Emérito de Filosofia na Universidade de Londres], “Unended Quest: Intellectual Autobriography”, Open Court: La Salle, Ill., edição revisada, 1982, pág. 171.)
“Entretanto, a própria contribuição mais importante de Darwin para a teoria da evolução, sua teoria da seleção natural, é difícil de testar. Há alguns testes, até mesmo alguns testes experimentais; e em alguns casos, como o do famoso fenômeno conhecido como ‘melanismo industrial’, podemos observar a seleção natural acontecendo diante dos nossos próprios olhos, como aconteceu. Contudo, testes realmente rigorosos da teoria da seleção natural dificilmente ocorrerão, pior ainda do que testes de teorias de outro modo comparáveis na física ou química. “
(Popper, Karl R., “Natural Selection and the Emergence of Mind”, Dialectica, vol. 32, nº 3 e 4, 1978, págs. 339-355, pág. 344.)