sexta-feira, maio 02, 2008

Elo perdido imaginário

Observe a figura ao lado. É a nova concepção artística do que seria o "elo perdido" entre humanos e chimpanzés. Sim, alguns cientistas e a boa parte da mídia insistem em dizer que somos parentes desses macacos. Leia parte da matéria publicada pela BBC Brasil:

"A separação evolutiva entre humanos e chimpanzés ocorreu bem mais tarde do que se acreditava, segundo pesquisa publicada pela revista especializada Nature.
Uma análise detalhada do DNA das duas espécies sugere que elas finalmente se separaram há menos de 5,4 milhões de anos, um ou dois milhões de anos mais tarde do que indicavam os fósseis.

"Os cientistas afiliados ao Broad Institute of MIT and Harvard - um instituto de pesquisas médicas das duas universidades americanas - e da Escola de Medicina de Harvard, afirmam que o resultado indica que pode ter havido cruzamento entre as espécies por milhares, ou até milhões de anos.

"A hibridização teria sido importante na troca de genes que permitiram às duas espécies emergentes sobreviver em seus ambientes, explicaram os cientistas.

"Segundo os pesquisadores, os resultados também mostram o quão complexa foi a evolução humana.

"'Esta é uma hipótese, nós não conseguimos prová-la ainda, mas ela explicaria várias características dos dados', disse David Reich, professor assistente de genética na Escola de Medicina de Harvard e um dos autores do artigo publicado pela Nature.

"'A hipótese é que houve uma troca de genes entre os ancestrais dos humanos e dos chimpanzés depois da separação original. Então, pode ter havido uma separação original, e uma separação por tempo suficiente para que as espécies fossem diferenciadas - por exemplo, podemos ter adaptado características como andar de pé - e depois houve uma nova mistura, uma hibridização', disse ele à BBC.

"Humanos e chimpanzés têm seqüências de DNA bastante parecidas; as diferenças se devem a mutações, ou erros, no código genético que ocorreram desde que esses animais se separaram em caminhos evolutivos diferentes." (Grifos adicionados para destacar o caráter hipotético da pesquisa.)

Interessante notar como se insiste na tal semelhança genética entre humanos e chimpanzés. Não faz muito tempo, os meios de comunicação anunciaram essa suposta semelhança genética e afirmaram que ambos - humanos e chimpanzés - partilham 99,4 por cento de seu DNA. Mas o que ocorreu foi que a equipe de pesquisadores, dirigida por Morris Goodman, da Faculdade de Medicina da Wayne State University, comparou 97 genes de seres humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e camundongos. Os pesquisadores concluíram que os genes de chimpanzés e bonobos (gênero Pan) têm mais em comum com os genes humanos do que com os de quaisquer outros primatas.

Dificilmente esses dados seriam suficientes para sustentar uma conclusão tão radical. Os pesquisadores compararam apenas 97 genes, porém o genoma humano (que foi mapeado em sua totalidade de uma maneira muito “geral”) tem pelo menos 30 mil genes – portanto eles compararam apenas 0,03 por cento do total! Além disso, os genomas dos primatas não foram nem sequer mapeados de maneira aproximada. Assim, qualquer tentativa de comparar o DNA total atualmente é apenas uma hipótese.

Como, de fato, os chimpanzés são mais semelhantes aos seres humanos do que outros macacos ou símios, por que isso não se refletiria em alguns de seus genes? Não é surpresa que a anatomia parecida refletisse genes parecidos, porém isso nada tem a ver com a origem das semelhanças, seja no nível anatômico, seja no nível genético. A questão da ancestralidade comum versus projeto comum não se decide pelo grau de semelhança.

O problema é que, embora equivocado, o número de 99,4 por cento chama a atenção. O público em geral é levado a interpretar as reportagens como tendo dito que os chimpanzés são “99,4 por cento humanos”. Mesmo antes que esse percentual de semelhança total tivesse sido rebaixado para 95 por cento, a sociedade criacionista australiana “Answers in Genesis” já havia ressaltado o engano dessa lógica. Isso foi feito citando o professor evolucionista Steven Jones, que afirmara que as bananas compartilham 50 por cento de seus genes com os seres humanos, mas que isso não torna as bananas 50 por cento humanas!

Michelson Borges