
Se você estivesse caminhando pela praia e encontrasse uma frase escrita na areia, e alguém lhe dissesse que a frase, por mais simples que seja, tinha sido produzida pelo incessante bater das ondas ou pelo vento, você não aceitaria isso.
Ironicamente, o autor do livro que inspirou o filme era apaixonado pelo evolucionismo e acreditava na geração espontânea. Para Sagan, a simples seqüência de números primos provaria a existência de vida inteligente fora da Terra, mas o equivalente a mil enciclopédias na suposta primeira vida unicelular não provaria isso.
Além disso, foi o próprio Sagan quem escreveu que a informação contida no cérebro humano expressa em bits é provavelmente comparável ao número total de conexões entre os neurônios – cerca de 100 trilhões de bits. Se fosse escrita, essa informação encheria 20 milhões de volumes, o equivalente em volumes ao acervo das maiores bibliotecas do mundo. Isso tudo dentro da cabeça de cada um de nós! Sagan diz que “o cérebro é um lugar muito grande num espaço muito pequeno”; é “uma máquina mais maravilhosa do que qualquer uma que o ser humano já tenha visto” (Cosmos, pág. 278).
Winston Churchil disse certa vez que ”de tempos em tempos, os homens tropeçam na verdade, mas a maioria deles se levanta e segue adiante como se nada tivesse acontecido”. Sagan, como muitos hoje, tropeçou na verdade, mas se levantou, sacodiu a poeira e fez que nada era nada.
Michelson Borges