
“Os relógios moleculares não precisam ser calibrados, e isso pode ser feito somente por recurso direto às datas (esperançosamente confiáveis) no registro fóssil. A calibração de relógios indiretamente através do uso de datas inferidas de outros estudos de relógios moleculares (que por sua vez são, em última análise, baseados no registro fóssil) é menos desejável, pois adiciona uma camada extra de incerteza, especialmente se essas inferências moleculares forem altamente controversas” (p. 386).
Analisando diversos estudos de relógios moleculares, Lee está preocupado que somente um único ponto de calibração fóssil é usado, e ainda assim “parece que nenhum desses estudos moleculares tem examinado criticamente a confiabilidade dessa datação fóssil consultando-se a principal literatura paleontológica, o que é surpreendente à vista de suas conclusões de que o registro fóssil tem uma tendência de ser muito enganador” (p. 386). Resumindo, Lee exige grande cuidado em colocar muita importância nos relógios moleculares, considerando-se a confiança deles na calibração paleontológica:
“Mesmo que alguém faça a suposição audaciosa de que os modelos de relógios moleculares têm pouco erro, parece haver pouca razão objetiva em aceitar como sacrossantas algumas datas fósseis usadas na calibração e rejeitar como não confiáveis as datas de fósseis muito mais numerosas que contradizem os cálculos moleculares resultantes. ... Infelizmente, os estudos de relógios moleculares ainda têm que fornecer um quadro de critérios rigorosos para justificar quais datas fósseis devem ser usadas nas calibrações e quais as que devem ser tratadas ceticamente” (p. 389).
(LEE, Michael S. Y., “Molecular Clock Calibrations and Metazoan Divergence Dates”, Journal of Molecular Evolution 49 [1999]: 385-391)