A
revista Veja desta semana (20/6/2012)
traz uma entrevista interessante com o jornalista inglês James Delingpole, um
dos maiores divulgadores do ceticismo científico em relação ao aquecimento
global provocado pelo homem (tese defendida por este blog há tempos). Delingpole diz que a tese dos ambientalistas se tornou
uma enorme indústria e que sob ela se oculta um programa político global
contrário à democracia [o Vaticano também se
aproveitou da “onda”]. “Em 2009, quando vazaram e-mails nos quais pesquisadores
do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) combinavam
manipulações de dados, Delingpole popularizou, em seu blog no jornal The Telegraph, a expressão ‘climagate’,
referência a Watergate, como é conhecido o escândalo que derrubou o presidente
americano Richard Nixon”, diz Veja,
no texto de abertura da entrevista. E mais: “Delingpole é um provocador, mas
mesmo suas provocações mais extremas são embasadas em fatos. Em Os Melancias, ele faz questão de citar
estatísticas segundo as quais a população de ursos-polares – que se tornaram um
ícone intocável do alarmismo contra o aquecimento global – permanece estável”. Delingpole,
como outros pensadores, mostra que certa dose de ceticismo sempre é bem-vinda e
que nem sempre a maioria tem razão em certos assuntos.
Da sua perspectiva de
cético, a conferência Rio+20 faz algum sentido?
Não.
É uma irrelevância, uma distração dos problemas reais, como a atual crise
econômica, que pode ser a maior que o mundo já enfrentou [e que também pode ser
usada para levar a cabo medidas antidemocráticas, como o decreto dominical]. E o que é nojento nessa baboseira
do Rio é que o ambientalismo, de certo modo, é uma das causas da crise. A maior
parte das pessoas, de todos os quadrantes do espectro político, deseja um mundo
limpo, gosta de biodiversidade e não quer ver mais espécies extintas. Mas o
ambientalismo tem sido usado para propósitos muito diferentes. Tornou-se um
ataque ao sistema capitalista e à liberdade de mercado. Isso ajudou a
incrementar taxações e regulamentações que se revelaram um suicídio, e que
estão aprofundando a crise.
De que modo o
ambientalismo exerce impacto econômico?
A
pior coisa que o ambientalismo fez ao mundo foi lançá-lo na busca das chamadas
“energias alternativas”. Temos a grande mentira do aquecimento global
antropogênico, essa ideia de que o CO2 está aumentando a temperatura global de
forma catastrófica. É ciência fajuta, um artigo de fé religiosa que não resiste
a um escrutínio científico cuidadoso. Isso levou a ideia de que os combustíveis
fósseis são ruins. Essa noção, por sua vez, pressionou governos de todo o mundo
a substituir suas fontes tradicionais de energia – petróleo, gás, carvão – por
fontes caras e pouco confiáveis, como energia solar e eólica. A energia, por
consequência, se tornou mais cara para o consumidor individual e para a
indústria. Faltam estudos para quantificar isso, mas diria, tirando um número
da cartola, que a energia hoje está 20% ou 25% mais cara do que deveria custar.
E isso exerce um impacto negativo sobre o PIB dos países tolos o bastante para
adotar novas políticas de energia. É claro que a China ou a Índia não estão
fazendo de tudo para se adequar ao Protocolo de Kyoto. São os países da União
Europeia e os Estados Unidos de Obama que caíram nesse surto de histeria
coletiva.
Passados já três anos
do escândalo do climagate, qual a extensão do dano para os que defendem a tese
do aquecimento global produzido pelo homem?
Se
você acredita nos cientistas pegos na mentira, o climagate foi só um bando de
cientistas batendo um bom papo. Mas qualquer um com um grama de integridade que
examine os e-mails vazados só pode concluir que está diante de um golpe, de uma
fraude lamentável. Os cientistas envolvidos não eram pesquisadores de segunda
categoria, mas figuras de enorme relevância no Painel Intergovernamental sobre
Mudanças Climáticas (IPCC). O presidente Obama descreveu o IPCC como o
“padrão-ouro” da ciência climática. Portanto, esses cientistas têm uma
responsabilidade enorme. Se eles erram, o mundo sofre, pois políticas globais
são feitas a partir das predições deles. E o que vemos nas mensagens
eletrônicas é que, em privado, esses cientistas estão muito menos seguros da
ameaça do aquecimento global do que eles professam em seus relatórios públicos.
Exageram a ameaça por razões políticas. Comportam-se, assim, mais como
ativistas do que como cientistas. Houve vários inquéritos sobre o climagate – e
adivinhe só: todos isentaram os culpados. Foi assim porque há muito dinheiro na
indústria da mudança climática. Homens públicos como Al Gore construíram a
carreira em torno dessa fraude, e instituições financeiras como a Goldman Sachs
já lucraram com compensações de carbono. Ninguém quer ver a fraude exposta.
O ambientalista James Lovelock recentemente admitiu que as previsões
mais catastróficas sobre aquecimento global estavam erradas. Isso representa um
golpe para o movimento ambientalista?
Sim.
Para os verdes, Lovelock é um guru, um profeta do Antigo Testamento. Ele,
afinal, inventou a Hipótese Gaia, que James Cameron usou em Avatar: tudo se
conecta, o planeta todo é um organismo vivo em que tudo se inter-relaciona. É
uma ideia persuasiva. O problema é que muitos ambientalistas acreditam que o
homem não tem lugar algum nessa biosfera, e que Gaia estaria muito melhor sem
ele. Há um componente misantrópico forte no movimento verde. O Clube de Roma (think tank dedicado a temas ambientais
fundado em 1968), nos anos 70, já dizia: “A Terra tem um câncer, e o câncer é o
homem.”
Nos
próximos anos, cientistas de caráter vão admitir que os dados não sustentam
suas conclusões. Mas duvido que pessoas como Al Gore revisem suas posições.
Elas estão muito comprometidas com a causa, e não são cientistas. O debate
sobre aquecimento global, aliás, nunca foi científico, mas político. O debate
científico está encerrado. A temperatura da Terra segue seus ciclos. As
emissões de carbono aumentaram dramaticamente desde os anos 90, mas a
temperatura não subiu no mesmo ritmo. Não há correlação óbvia entre as duas
coisas, e os que propõem causas humanas para o aquecimento não conseguem
explicar essa disparidade de forma satisfatória.
E qual seria a agenda
política do movimento verde?
É
a exploração da histeria pública para contornar o processo democrático [como a imposição de um dia para “salvar a Terra”, por
exemplo]. No lugar de representantes eleitos, eles querem que burocratas e
tecnocratas sem rosto de órgãos como as Nações Unidas determinem que caminhos o
mundo deve seguir [governo totalitário global]. A ideia é que a salvação do
planeta é tão importante que não pode ser confiada a indivíduos, nem sequer ao
governo de cada país. Seria preciso uma elite iluminada, do alto de uma espécie
de governo global. para fazer o que é certo. Seria, claro, um fascismo global.
Não acredito em teorias da conspiração, mas essas ideias estão nos textos de
referência do movimento ambiental por exemplo, nos livros do Clube de Roma e
nos textos de Maurice Strong, idealizador da Eco 92. [...]
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