Vício acessível e destrutivo |
[Recebi
por e-mail o testemunho abaixo, e, por motivos óbvios, vou preservar o anonimato do
autor. – MB]
Meu
primeiro contato com a pornografia foi aos 12 anos de idade. Eu costumava
passar noites de sábado na casa de um amigo que tinha uma mãe bem liberal. Ele
comprava gibis eróticos e conseguia vídeos pornô com um tio. No começo, eu não
entendia bem o que aquilo significava, muito menos os sentimentos e as reações
físicas que me provocava. Eu não sabia que sexo era assim (e que, na verdade,
não é assim mesmo). Não
foi até eu completar 16 anos que isso se tornou um verdadeiro problema, por
dois motivos: primeiro, foi nessa idade que eu resolvi que deveria conhecer
melhor a Deus. Adventista desde pequeno, eu não tinha certeza pessoal das
coisas que ouvia a cada sábado. Então comecei a estudar a Bíblia, a Lição da Escola
Sabatina e orar cada noite. Não demorou muito, comecei a experimentar a
presença de Deus. Fui batizado uns seis meses depois do início dessa nova
busca. Sentia-me outra pessoa. Mas não demorou muito para perceber que velhos
hábitos não morrem facilmente...
O segundo motivo foi o acesso. Antes eu tinha que ir até a casa do meu amigo, mas agora apareciam as conexões rápidas de 512 mb. Tudo o que eu precisava era de um momento sozinho em casa.
A
primeira vez depois do batismo doeu muito. Ajoelhei e chorei por muito tempo.
Pensei que isso não iria voltar. Pensei que havia vencido. Orei a Deus para que
tirasse isso de mim, mas a cada vez que eu caía menos força eu tinha para pedir
a mesma coisa. Aquela convicção espiritual que a comunhão com Deus provinha, a
força para testemunhar, para consolar as pessoas ao meu redor, e o brilho no
meu rosto da presença de Deus foi diminuindo a cada dia. Cada vez que pecava,
eu me sentia sujo, fraco e que não merecia mais uma chance do Senhor.
Apesar
de tudo, comecei a buscar ajuda. Como não confiava em ninguém para contar sobre
isso, comecei a ler. Durante um período de cinco anos, li vários livros sobre o
tema, entre eles: Mensagens aos Jovens,
de Ellen White, Como Conhecer a Deus em 5
Dias e As 95 Teses Sobre Justificação
Pela Fé, de Morris Venden, A Batalha de Todo Homem e A Batalha de Todo Jovem, de Stephen Arterburn, Hooked, de Joe Mcilhaney, e alguns
outros. Aprendi as técnicas contra a tentação: ter uma pessoa para quem contar,
colocar filtros na internet, evitar os momentos específicos em que a tentação
vem, praticar exercícios físicos, buscar a Deus todos os dias, etc. Nunca
consegui ninguém para confiar meus segredos, mas o restante dos métodos eu coloquei
em prática. Devo confessar: nenhum deles parecia funcionar. Mas o conhecimento
sobre o assunto ia se acumulando, mesmo sem eu perceber.
Certa
vez assisti a um congresso sobre a neurociência do sexo na faculdade adventista
em que estudei. Nessa época, eu já tinha 26 anos de idade – dez anos depois do
início da luta. Me faz pensar na mulher que teve hemorragia por 12 anos, até
que Jesus a curasse. A palestra em si estava baseada em um livro que eu já
tinha lido (Hooked, como já
mencionei), mas no fim o palestrante norte-americano sugeriu dois livros: Clean, do doutor Doug Weiss (que ainda
não li, dizem que é bom), e Redeeming
Love, de Francice Rivers (um presente de Deus). Eu já estava desanimado de
tentar, mas resolvi comprá-los mesmo assim.
Comprei
o Redeeming Love pela internet num
site dos EUA (em português se chama Amor
de Redenção), pois não o encontrei em nenhuma loja local. Ele chegou às
minhas mãos durante uma semana de oração em que o pregador insistia em que
devemos aprender a ouvir a voz de Deus. Trata-se de um romance baseado na
história do profeta Oseias. A Bíblia descreve muito brevemente como o profeta
teve que tirar a esposa Gômer da prostituição várias vezes. Ficamos com raiva
dela, sem conhecer realmente sua história. Mas a autora do livro consegue criar
um cenário que, apesar de não ser real, descreve com tremenda sensibilidade
como seria uma história parecida em nossos dias (nos Estados Unidos de 1850).
Não
estou querendo fazer propaganda de nenhum livro ou autor, mas o fato é que
desde que eu li Redeeming Love eu
nunca mais consegui ver nenhum vídeo ou imagem de mulheres reais cujas vidas
são destruídas pela indústria erótica. Nunca mais consegui ver uma atriz pornô
“trabalhando”. Simplesmente não conseguia. Foi uma sensação maravilhosa,
inexplicável. Não podia deixar de associar a vida dessas mulheres com Gômer, a
prostituta da Bíblia, e “Angel”, a prostituta do livro. Não podia ser parte do
sofrimento desses seres humanos, com histórias e sentimentos reais. Cumpriu-se
em mim a promessa do Senhor: “E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará”
(Jo 8:32). Eu estava finalmente livre da pornografia.
Mas,
como um alcoólatra que reconhece sua fraqueza permanente, sei que minha luta
não termina aqui. Mesmo porque, como muitos sabem, a pornografia não vem
sozinha. Faz parte de um grupo que costumo chamar de “o pecado da sensualidade”.
Ele inclui muitas formas: pornografia, masturbação, sexo fora do casamento,
pensamentos impuros, cobiça, traição, etc., e cada uma delas, ainda que
intimamente ligadas, deve ser vencida individualmente, todos os dias. Mas
comparto o que a minha experiência me ensinou:
1. A vitória é possível!
Depois de tantos anos, pensei que seria impossível deixar a pornografia, mesmo
depois que me casasse. Mas eu estava errado. Pela misericórdia do Senhor, foi a
primeira batalha que venci na guerra constante contra esse pecado.
2. A força para a
vitória está literalmente fora de nós. Foi difícil
entender isso, mas realmente é assim. “Nossa luta não é contra a carne...”, mas
sim contra “principados e potestades”. Minha parte da luta era somente
continuar buscando ao Senhor, sem perder a fé, e Ele me libertaria do meu
pecado (amém!).
3. É Deus quem nos
limpa. Quando pecamos, Satanás vem com um pensamento que
diz mais ou menos assim: “Agora você precisa esperar um pouco, se limpar e se
ajeitar, antes de ir à presença de Deus, porque assim Ele não vai aceitá-lo.”
Já ouviu algo parecido com isso? É MENTIRA! Veja o comentário da autora de A Ciência do Bom Viver: “Muitos dos que
têm sido vencidos pela tentação são humilhados por seus fracassos, e sentem ser
vão buscar aproximar-se de Deus; mas esse pensamento é sugestão do inimigo.
Quando pecarem, e sentem que não podem orar, dizei-lhes que é então o
momento de orar. Talvez se encontrem envergonhados, e profundamente humilhados;
ao confessarem, porém, os seus pecados, Aquele que é fiel e justo lhos
perdoará, purificando-o de toda injustiça” (p. 67). A melhor coisa a fazer logo
depois de pecar é cair de joelhos aos pés de Cristo e seguir adiante.
4. O segredo é não
desistir. Uma vez ouvi um médico dizer que a chance de uma
pessoa deixar de fumar é de 10%, seja qual for o método usado. Mas, dizia ele,
as estatísticas mostram que há mais ex-fumantes do que fumantes no mundo. A
razão? Múltiplas tentativas. O segredo para vencer não estava nos 10%, mas em
tentar até conseguir. Acho que o mesmo conselho pode se aplicar à vida
espiritual. Afinal de contas, cada dia que Deus nos dá de vida é uma nova
chance para tentar de novo. Oro
para que Deus nos ajude a vencer. Que Ele nos abençoe.
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