Mais especulações sobre lua de Júpiter |
Uma
pesquisa recente sobre as similaridades entre Europa, uma das 67 luas de
Júpiter, e a Terra despertou mais uma vez a obsessão dos cientistas da Nasa com
a possibilidade de vida fora do nosso planeta. Publicado na revista Geophisical Research Letters, o artigo
apresentou resultados sobre um estudo que buscou investigar o balanço químico
dos supostos oceanos que existem nesse satélite do maior planeta de nosso
sistema solar e sua semelhança com o balanço químico dos oceanos da Terra. Na
mesma semana, o site da revista Galileu publicou
notícia com um título nada despretensioso: “NASA descobre que lua de Júpiter pode abrigar vida” (itálico acrescentado). A “descoberta”
está embasada na similaridade do balanço químico dos oceanos de Europa e da
Terra, conforme mencionado acima. Ao ler a publicação, duas coisas me chamaram
a atenção. Primeiro, um trecho com a contundente declaração: “não dá nem para afirmar se, de fato,
existe um oceano ali” (grifos originais). Fiquei pensando: se, de fato, não
existe um oceano ali, então os resultados do estudo não expressam qualquer
significado, e toda a teoria cai por terra. Segundo, a frase final da notícia:
“a pesquisa só reforça a ideia de que precisamos estudar com mais atenção os
mistérios desta lua” (grifos
acrescentados). Ao ler essas palavras finais, logo me veio à mente um
pensamento sobre a impotência humana, e nossa incapacidade de compreender os
grandes mistérios do Universo. Se os próprios cientistas da Nasa, com toda
aquela parafernália de equipamentos e uma alta soma em dinheiro para investir
em pesquisas, não são capazes de desvendar os mistérios de uma lua dentro do
nosso sistema solar, como podemos esperar respostas para mistérios muito mais
intrigantes de nosso Universo? De um ponto de vista humano, simplesmente
impossível.
Poucos
dias antes de ler essa notícia, Lucas, meu filho de quinze anos que é
aficionado por Ciências Naturais, havia me convidado para assistirmos juntos em
nossa sala de TV a um filme muito interessante de ficção científica. Em
contrapartida, eu o convidei para aproveitarmos o momento e assistirmos também
a um vídeo do pastor Louie Giglio, cujo título é “Indescritível”.
A pregação de Giglio tem chamado a atenção de jovens no mundo inteiro em face
de seu carisma e a maneira apaixonada de falar da grandeza de Deus. Amante da
astronomia, ele apresenta fotos de diversas galáxias e nos leva a pensar em
alguns detalhes que deveriam despertar um senso maior de reverência a Deus
diante das coisas incríveis que Ele criou. Por exemplo, a nossa Via Láctea,
apenas uma entre os bilhões de galáxias que povoam este vasto Universo, possui
bilhões de estrelas. Com base na informação do Dr. David Block, astrônomo da
Universidade Wits, em Johanesburgo, África do Sul, Louie comenta que, se
contássemos as estrelas da Via Láctea, uma por segundo, levaríamos 2,5 mil anos
para contar todas elas. E então cita Isaías 40:26: “Levantai ao alto os olhos e
vede. Quem criou estas coisas? Aquele que faz sair o Seu exército de estrelas, todas
bem contadas, as quais Ele chama pelo nome; por ser Ele GRANDE em força e
forte em poder, nem uma só vem a faltar.”
Desvendar
os mistérios cósmicos é algo que intriga a humanidade desde os tempos mais
remotos. O salmista, por exemplo, exclama boquiaberto: “Quando contemplo os Teus
céus, obra dos Teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o
homem, que dele Te lembres? E o filho do homem, que o visites?” (Sl 8:3, 4). Ao
mesmo tempo em que ele se encanta diante da complexidade da criação de Deus,
também reconhece sua própria pequenez. No livro de Jó, o intrigante personagem
Eliú reconhece: “Quão grande é Deus, e nós não O compreendemos” (Jó 36:26); e
então arremata: “O Todo-poderoso está além do nosso alcance” (Jó 37:23). O
próprio Jó, depois de ouvir uma enxurrada de perguntas sobre a complexidade da
criação, responde a Deus: “Eu sei que tudo podes; nenhum dos Teus planos pode
ser impedido” (Jó 42:2).
Gosto
da célebre frase do famoso escritor inglês William Shakespeare: “Há mais
mistérios entre o céu e a terra do que supõe nossa vã filosofia.” Há mistérios
no Universo muito maiores do que os que envolvem a lua Europa, e todos nós
sabemos disso. Ao lidar com esses mistérios, prefiro me unir a vários
personagens bíblicos e seus escritos inspirados. Afinal, eles foram escritos
por seres humanos como nós; que possuem os mesmos temores que nós possuímos e
as mesmas fragilidades que nós apresentamos; eles ficam perplexos diante das
mesmas complexidades do Universo; e não têm respostas para seus mistérios,
assim como nós não as temos; porém, eles têm a mesma sede de Deus, e sabem que
um dia todos os mistérios do Universo estarão abertos ao nosso estudo. Contudo
já não estaremos limitados pelo tempo e espaço, mas com toda a eternidade pela
frente.
(Adenilton Tavares é
mestre em Ciências da Religião e professor de grego e Novo Testamento na Faculdade
de Teologia da Bahia; Revista Adventista)