“Porei Minhas leis em sua
mente e as escreverei em seu coração. Serei o seu Deus, e eles serão o Meu
povo.” Hebreus 8:10.
O
que esse texto bíblico tem a ver com a origem da vida e o criacionismo? Para
explicar, quero chamar sua atenção para a área destacada na figura do cérebro, aí
ao lado. Essa área ocupa praticamente um quarto de todo o córtex cerebral e
emite conexões para quase todas as regiões encefálicas, exercendo controle
sobre várias funções neurais, em especial sendo responsável pelo nosso
comportamento inteligente. As informações sobre a função da área pré-frontal
foram obtidas por meio da observação de casos clínicos em que houve lesão nessa
área.
Um
caso que se tornou famoso foi o de Phineas Gage, em 1868, que aos 25 anos de
idade saiu para mais um dia comum de trabalho. Era conhecido por suas virtudes
de companheirismo, liderança, eficiência e responsabilidade, tanto é que havia
sido nomeado capataz de um grupo de trabalhadores responsáveis pela construção
de ferrovias nos EUA. Para abrir caminho era necessário explodir algumas
rochas, e Phineas utilizava uma barra de ferro para empurrar dinamite em
direção às rochas. Mas, para sua infelicidade, naquele dia a dinamite explodiu
e lançou a barra de ferro como um projétil contra o seu rosto. A barra entrou
por baixo do osso zigomático, empurrou o olho esquerdo para fora e atravessou
completamente o crânio saindo pela parte superior frontal da cabeça.
Por
incrível que pareça, o jovem sobreviveu ao acidente e após quatro meses já
estava trabalhando novamente! Não apresentava nenhuma perda de memória, as faculdades
intelectuais estavam preservadas, tudo certo com os movimentos e os sentidos
(com exceção da visão do olho esquerdo). Entretanto, logo as pessoas perceberam
que ele não era mais o Phineas que conheciam. Mudanças drásticas haviam
ocorrido em sua personalidade: ele passou a ser irresponsável, grosseiro e
falava blasfêmias, conforme os relatos. Se revoltava com qualquer coisa que não
condizia com seus desejos, era desrespeitoso, obsceno, impaciente, não
conseguia executar tarefas longas e vivia mudando de emprego. Após a morte, seu
corpo foi exumado e verificado que a área cerebral lesionada tinha sido o
córtex pré-frontal.
Além
das lesões traumáticas, existem doenças que podem afetar essa região causando
sintomas semelhantes. Para explicar melhor algumas funções dessa região
cerebral, podemos dividi-la em duas áreas:
1.
Área pré-frontal dorsolateral (representada em azul escuro na imagem ao lado):
é responsável por diversas funções, dentre elas o planejamento e a execução de
estratégias comportamentais frente a uma determinada situação, capacidade de
alterar o comportamento de acordo com a mudança das situações, e também avaliar
as consequências das atitudes. Essas funções são desempenhadas a partir de
fibras emitidas dessa área até outra região chamada tálamo, as quais passam
antes por outra estrutura cerebral chamada corpo estriado. Do tálamo, fibras
retornam ao córtex pré-frontal dorsolateral fechando o circuito (é um pouco
complexo, mas não desista da leitura. Você entenderá os conceitos que
apresentarei depois desta parte sobre anatomia. Aliás, complexidade já é a
primeira evidência criacionista apresentada neste texto).
2.
Área pré-frontal orbitofrontal (representada em azul claro na imagem): é
responsável por supressão de comportamentos inadequados, manutenção da atenção
e participa do processamento de emoções. Emite fibras para o núcleo dorsomedial
talâmico, as quais passam antes pelo núcleo caudado e o globo pálido. Do núcleo
dorsomedial talâmico, as fibras retornam ao córtex pré-frontal dorsolateral
fechando o circuito.
Outra
região com funções relacionadas, mas que não está localizada no lobo frontal, é
o córtex insular anterior, responsável pela capacidade de se sensibilizar e de
reconhecer o estado emocional dos outros, responsável também pelo conhecimento
próprio (diferenciar a si mesmo dos outros), pela percepção de alguns
componentes subjetivos das emoções e também pela sensação de nojo.
Na
descrição acima, fiz questão de ressaltar a existência de alguns circuitos para
mostrar que essas estruturas sozinhas não são capazes de exercer sua função. Há
completa interdependência com diversas áreas encefálicas, que precisariam ter
evoluído todas de forma perfeitamente correta ao mesmo tempo para possibilitar
a vida. Há muito mais coerência em assumir que essas estruturas estavam
inicialmente prontas, e em seguida começou a vida (semelhança com o relato
bíblico da criação seria mera coincidência?).
Outro
fator que chama a atenção é que lesões nessas áreas resultam em comportamentos
imorais, demonstrando que somos originalmente programados para agir de forma
moral. Quem teria nos programado e nos dotado da consciência?
Outra
novidade nos congressos de neurociências é a de que nascemos com tendências
imorais devido à fragilidade genética maior ou menor de algumas dessas áreas.
Entretanto, essas tendências não determinam se um indivíduo terá ou não
condutas imorais. O que determinará serão as experiências vividas ou sofridas e
as decisões realizadas pela pessoa, que poderão melhorar ou prejudicar ainda
mais essas áreas. Escolhas imorais de forma repetitiva podem inativar
progressivamente a função de algumas regiões de tal forma a se poder chegar a um
estado de incapacidade de reativação, lesão irreversível, causando a
impossibilidade de optar moralmente naquele tipo de situação. O interessante é
que milênios antes dessas descobertas científicas, a Bíblia já dizia que a
consciência pode ser cauterizada e corrompida (1 Timóteo 4:2 e Tito 1:15). E
será que a perda da capacidade de optar moralmente teria alguma relação com o
pecado contra o Espírito Santo, após sucessivamente “endurecer o coração” à Sua
voz? Se o afastamento de Deus trouxe a morte, não se relacionar com Ele deve
atrofiar o cérebro, pelo menos é isso que a ciência parece estar descobrindo.
Com
os conceitos expostos acima, a pergunta que surge é: Por que precisamos de uma
área tão grande para esse tipo de decisões? Aliás, por que existe uma área para
decisões morais? Do ponto de vista evolucionista é tudo tão simples: basta
decidir por aquilo que traga mais vantagem ao indivíduo. Não parece ser algo
difícil, tanto é que todos os animais precisam decidir frente às situações. Mas
os humanos são espetacularmente mais desenvolvidos nesse aspecto, e
frequentemente optam por uma conduta moral, e não pela mais adequada naquele
momento para sobreviver ou se destacar. Por que agir contra o próprio instinto
de sobrevivência? Por que é o certo? O certo não seria sobreviver, se dar bem?
É comum vermos pessoas honestas terem pior desempenho do que as corruptas.
Porém, seres humanos parecem estar programados para agir de forma diferente do
padrão evolutivo (mesmo que muitas vezes alguns se comportem de tal forma que
até parecem ter evoluído de suínos).
Esse
fato se torna uma verdadeira dor de cabeça para os evolucionistas. Como um
método baseado em carnificina sucessiva privilegiaria a existência de um código
moral? O próprio fato de existir uma estrutura em nosso corpo para reger nossas
atitudes com base moral por si só já torna o evolucionismo uma teoria
inconsistente com a realidade observada.
Apesar
dessa clara incoerência, evolucionistas tentariam argumentar alegando que em
algum momento da evolução viver em sociedade tornou-se mais vantajoso para a
manutenção da espécie, e que sociedades com princípios morais tinham vantagem
sobre as que não tinham. Vale lembrar que essa alegação não é válida como argumento
ou evidência favorável à evolução, uma vez que se trata somente de uma
suposição baseada no modelo evolucionista. Da mesma forma posso alegar, com base
no modelo criacionista, que vivemos em sociedade e temos princípios morais
porque fomos criados à imagem e semelhança de Deus.
Para
resolver essa questão, basta uma breve análise da sociedade para perceber o
óbvio, de que gradativamente comportamentos como corrupção, violência,
indiferença, promiscuidade, individualismo, compulsões, entre outros comportamentos
imorais, tornam-se cada vez mais comuns e até mesmo “naturais”. E nem é
necessário analisar grandes estatísticas (que existem) para evidenciar esses
dados, basta ler e assistir diariamente às notícias e recordar-se de como era
viver poucos anos atrás.
Estranho
uma característica tão importante para a sobrevivência e uma das que tanto
diferencia humanos de animais, que teria levado centenas de milhares de anos
para evoluir, estar simplesmente desaparecendo de forma tão rápida que se torna
perceptível até mesmo durante o período de uma única geração; e humanos
apresentarem comportamento cada vez mais animalesco, caracterizando um processo
de “involução”. Deveria ser justamente o oposto, se a evolução é um processo
contínuo e o comportamento moral foi selecionado como vantagem – cada vez mais deveriam
surgir seres humanos com mais capacidade moral, e a sociedade caminhar rumo à
harmonia perfeita.
A
constatação mais plausível é de que essa característica já foi melhor no
passado e está “involuindo”. Curiosamente, isso está de acordo com a posição
defendida pelo livro dos criacionistas (2 Timóteo 3:1-9), e que descreve também
um Ser de caráter perfeitamente moral que programou esse código (informação,
Lei) no cérebro humano. Desde que os humanos se afastaram do Programador, a
consciência presente nessas estruturas cerebrais se tornou incompleta e
defeituosa (justamente pela falta do Programador/Criador), degradando
progressivamente (Romanos 3:23).
Prefiro
ficar com o que diz o Livro Sagrado, que traz todas essas novidades científicas
já antecipadas há milênios, e revela quem é esse grande Criador moral! A
comunhão com Deus por meio da oração, do estudo e da prática de Sua Palavra
possui capacidade de reverter esse processo de involução moral, até mesmo em
alguns desses casos já determinados como irreversíveis pela ciência humana. Se
para o desenvolvimento de princípios morais Deus é necessário, então a evolução
precisa de Deus. Mas um Deus moral nunca Se utilizaria do imoral método
evolucionista, logo, temos o criacionismo bíblico como verdade.
Para
completar, os benefícios da fé em Deus para melhoria das emoções e dos comportamentos
humanos já são comprovados pelo método científico, e até mesmo médicos e
psicólogos ateus são obrigados a reconhecer esse fato. Que algum evolucionista
explique isso! Não tenho fé suficiente para acreditar em teorias incoerentes e
inconsistentes; prefiro crer no Criador moral, o Deus verdadeiro da Bíblia, que
em breve restaurará Seu código moral neste planeta!
(Dr. Roberto Lenz Betz é
neurologista e é membro do Grupo Criacionista de Blumenau)
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