
Sagan e M. J. Newman foram tão longe a ponto de declarar: “A ausência de evidência não é evidência de ausência.” Para quem crê que a vida não poderia ter-se originado de uma “sopa orgânica diluída”, tais afirmações bastante irracionais, feitas por Sagan e Newman, reforçam a convicção de que, neste ponto, eles estavam errados.
Mesmo assim demos aos defensores da abiogênese outra chance. Admitamos a existência de um oceano cheio de pequenas moléculas e vejamos o que podemos fazer com ele.
** O SURGIMENTO DE BIOPOLÍMEROS
A síntese de proteínas e ácidos nucleicos a partir de pequenas moléculas precursoras representa um dos desafios mais difíceis ao modelo da evolução pré-biológica. Os evolucionistas mesmos admitem: “O grande mistério está em como, no início da vida, as moléculas de ácidos nucleicos teriam tomado o controle da síntese de proteínas específicas, que fossem significativas para a sobrevivência da célula. Este é um verdadeiro ‘buraco negro’ nessa discussão, já que não há sequer hipóteses razoáveis a respeito desse problema.” – Cesar e Sezar. Biologia, vol.1, pág.250, Ed. Saraiva.
Na verdade, todas as propostas existentes apresentam muitos problemas. A polimerização é uma reação na qual a água é um dos produtos (ou subproduto). Ela só será então favorecida na ausência de água. A presença de precursores em um oceano de água favorece a despolimerização de quaisquer moléculas que possam ser formadas. Experimentos cuidadosos, feitos em solução aquosa com altas concentrações de aminoácidos, demonstram a impossibilidade da ocorrência de polimerização significativa nesse ambiente. A análise termodinâmica de uma mistura de proteína e aminoácidos em um oceano contendo uma solução 1 molar de cada aminoácido (concentração esta 100 milhões de vezes superior à que se supõe ter existido no oceano pré-biológico), indica que a concentração de proteínas contendo apenas 100 ligações peptídicas (101 aminoácidos) no equilíbrio seria 10 elevado a -338 molar.
Apenas para tornar esse número compreensível, nosso Universo deve ter um volume próximo a 10 elevado a 85 litros. A 10 elavado a -338 molar, precisaríamos de um oceano com volume igual a 10 elevado a 229 universos, só para encontrar uma única molécula de qualquer proteína com 100 ligações peptídicas! Assim, precisamos procurar outro mecanismo para produzir polímeros. Este não acontecerá no oceano.
“Mas” – alguns perguntariam – “as experiências feitas em laboratório não comprovam essa teoria?” Muitos desses estudos foram planejados para se obter um resultado desejado e não para testar as condições que os próprios pesquisadores acreditavam estar presentes na “Terra pré-biológica”. Porém, os resultados são usados para reforçar a validade da “Terra abiótica” que eles não testaram. Mesmo os que procuraram trabalhar com condições abióticas não conseguem impedir a influência do pesquisador. Após uma revisão cuidadosa do cenário da pesquisa abiogênica, J. Brooks e G. Shaw (1973) concluíram: “Estes experimentos ... reivindicam síntese abiótica para o que de fato foi produzido e planejado por homens muito inteligentes e bastante bióticos.”
Esse tipo de franqueza é agradável e honesta, embora bastante atrasada. (Continua)