
Wallace pode ser considerado co-formulador da teoria da evolução, já que, como caçador e observador atento de animais exóticos, ele também chegou à conclusão de que havia variabilidade entre os seres vivos e que isso poderia ser indício de ancestralidade comum. Em 1858, ele enviou uma carta a Darwin com suas conclusões a respeito do assunto, o que fez com que o naturalista inglês se apressasse a publicar A Origem das Espécies. Wallace não era o tipo de fazer contenda, e não se importou pelo fato de os louros terem sido todos para Darwin. Bem mais tarde apenas, a História daria o devido (mas ainda não muito conhecido) lugar a Wallace como dono de um insight que mudou os rumos da ciência.
Fico pensando quais teriam sido as conclusões dos dois, caso tivessem nascido no século 21 e não no 19, fortemente marcado pelas idéias iluministas. Primeiro, saberiam que os criacionistas não discordam totalmente da validade da seleção natural e são contra o dogma do fixismo. Descobririam também que a seleção natural explica bem a biodiversidade e a sobrevivência do "mais apto", mas não responde à pergunta sobre como esse "mais apto" veio à existência e de onde surgiu a informação genética. Aliás, no tempo deles nem sequer imaginavam o quão grande é essa informação genética. A célula, para eles, era apenas um pedaço rudimentar de "gelatina". Os microscópios de então nada diziam sobre a caixa preta que, depois de aberta, abalou as estruturas da ciência e das idéias abiogênicas.
Darwin e Wallace foram grandes homens para o seu tempo. Mas os tempos mudaram. E muito.