
O cronista não é culpado pela imagem da mulher brasileira lá fora. Afinal, ele faz textos – inteligentes, como disse a leitora – e não é responsável pelas imagens divulgadas pela mídia internacional, mostrando as mulheres cariocas na praia, com roupas sumárias. Nem são dele as imagens das mulheres quase nuas nos desfiles de Carnaval, que rodam o mundo todo ano mostrando a grande festa do Brasil.
A culpa não é do cronista e talvez nem seja da imprensa escrita. As imagens, nesse caso, valem mais do que mil palavras. E, infelizmente, a imagem da mulher brasileira que se vê lá fora é de mulheres nuas na praia e nos desfiles de carnaval. Ou mesmo nas praias e piscinas dos hotéis do hemisfério norte, onde nossas conterrâneas desfilam de fio dental em contraste com bem comportados maiôs das senhoras locais.
O resultado é que quando se fala de Brasil, nos filmes e séries, a imagem é sempre a pior possível. O Brasil é o país para onde fogem os criminosos e golpistas e o país das mulheres sensuais e disponíveis. É só dar uma olhada na programação da TV paga. Outro dia, num episódio de CSI, a personagem brasileira era uma mocinha de 16 anos, que se prostituía nas ruas. Em um episódio antigo de House, o Brasil era citado como o lugar onde um funcionário do governo americano tinha sido envenenado, durante os sete dias de Carnaval. E é bom lembrar: foi o Brasil que deu nome à depilação sumária da virilha, grande sucesso nos Estados Unidos. (...)
Mudar essa imagem não vai ser uma tarefa simples. E nem adianta cronistas mudarem o tom de seus textos e passarem a louvar a mulher brasileira por méritos outros que não os de uma bela b... É necessária outra postura de toda a mídia para influenciar a própria atitude das mulheres brasileiras. Aquelas que se destacam por seus feitos no mundo das ciências, das artes, dos negócios – ou ainda as que são espancadas diariamente – não aparecem nos jornais e na TV. O espaço é ocupado pelas que têm belas b...
O papel da mídia – TV e jornais – deveria ser mais educativo. Mostrar que os decotes escandalosos e as barrigas de fora com que as turistas brasileiras costumam escandalizar as ruas de Europa e Estados Unidos são apenas para certas ocasiões e certos locais [na verdade, não deveriam existir]. Mostrar o uso inteligente das tendências da moda. Tentar ensinar, inclusive, as confecções a desenvolverem modelos dentro da moda, mas adequados aos hábitos internacionais, pois as mulheres nem sempre se vestem como gostariam, mas com o que encontram nas lojas, ainda que não seja a seu gosto.
Um segundo passo seria parar de exportar imagens de mulheres nuas no Carnaval e se empenhar mais em defender as mulheres espancadas, estupradas e agredidas. Ou simplesmente aquelas discriminadas no mercado de trabalho, em benefício de homens nem sempre competentes. Quem sabe em uma ou duas décadas os italianos esqueçam que, no Brasil, as mulheres também são mamas e nonas, e não apenas as melhores b... do mundo.
(Ligia Martins de Almeida, Observatório da Imprensa)
Nota: Pior é quando o presidente recebe o líder de outro país. Qual, geralmente, é a primeira atração na recepção? Mulatas sambando em trajes sumários. Isso é realmente o melhor que o Brasil tem a exibir? Samba e indecência representam o todo do nosso país, nossa cultura, nossas preferências? Sinceramente, não me sinto representado nessas situações... Que os cristãos não se deixem levar por essa “onda” e ajudem a melhorar nossa imagem. Que eles sejam os vanguardistas no movimento pela “sensualidade pura”.[MB]