Para
a cosmologia moderna, o Universo está em expansão acelerada, com as galáxias
afastando-se uma das outras. Christof Wetterich, um físico da Universidade de
Heidelberg, na Alemanha, não concorda com isso. Por isso ele está propondo uma
interpretação diferente: não é o Universo que está se expandindo, é a massa de
tudo que está aumentando. Embora a proposta ainda não tenha sido aceita para
publicação em nenhuma revista científica, ela está recebendo atenção suficiente
para merecer um longo comentário pela revista Nature. Especialistas na área ouvidos pela revista chamaram a
proposta de Wetterich de “fascinante”, afirmando que ela merece ser analisada
com cuidado. Não é por acaso. A nova proposta ajuda a resolver um dos maiores
problemas da cosmologia moderna, a singularidade existente no momento do Big
Bang, algo sobre o que os cientistas não têm nenhuma ideia.
O principal indício observacional da expansão do Universo - descoberta [pelo padre] Georges Lemaitre nos anos 1920 - é o chamado desvio para o vermelho. Uma vez que o Universo está em expansão, o comprimento de onda da radiação dos objetos aumenta à medida que atravessa o espaço. Quanto mais longe viajar a radiação, maior será o comprimento de onda. Como o vermelho é o maior comprimento de onda que nossos olhos podem ver, esse processo é literalmente um desvio do comprimento de onda em direção à ponta vermelha do espectro - daí o nome desvio para o vermelho.
Os
astrônomos verificaram que as galáxias mais distantes têm desvios para o
vermelho maiores do que as galáxias mais próximas - e concluíram que o Universo
deve estar se expandindo.
O
que Wetterich argumenta é que a radiação característica emitida pelos átomos -
logo, a luz deles que chega até nós - também é controlada pelas partículas
elementares que formam esses átomos, particularmente os elétrons. Assim, se a
massa de um átomo aumentar, os fótons que ele emite terão mais energia. Como
energias mais altas correspondem a frequências mais altas, as frequências de
absorção e emissão desses átomos vão tender para o lado azul do espectro
eletromagnético. Inversamente, se as partículas estão se tornando mais leves,
as frequências terão um desvio para o outro lado do espectro, para o vermelho.
Outro
fundamento da cosmologia moderna é a velocidade finita da luz, o que leva à
conclusão de que, quando olhamos para galáxias mais distantes, estamos olhando
para o passado, vendo esses corpos celestes como eles eram quando emitiram a
luz, que levou um tempo para chegar até nós.
Se
existir um processo constante de aumento da massa de tudo no Universo, isso
significa que as galáxias mais distantes terão um desvio para o vermelho em
comparação com as frequências emitidas pelos átomos hoje, e a magnitude desse
desvio para o vermelho será proporcional à distância de cada uma delas. Assim,
o desvio para o vermelho, propõe o físico, faz as galáxias parecerem estar se
afastando, quando na verdade elas não estão.
Isto muda muita coisa na interpretação do Big Bang, eliminando sobretudo as partes mais “incômodas” da teoria. Antes do período de rápida expansão do Universo, conhecido como inflação, o Big Bang deixa de conter uma singularidade - uma densidade infinita onde toda a física colapsa - e passa a se esticar rumo ao passado em uma escala de tempo infinita. Assim, não apenas o Universo atual pode ser estático, como ele pode até mesmo estar se contraindo.
O
grande problema com a proposta de Wetterich é que não há como testá-la
experimentalmente porque a massa só pode ser medida em relação a alguma coisa -
um cilindro de platina chamado quilograma por exemplo. Assim, se absolutamente
tudo estiver aumentando de massa, incluindo o próprio cilindro de platina usado
como referência do quilograma, não há como detectar essa mudança.
O
físico não se impressiona com o argumento, afirmando que a eliminação da
singularidade no Big Bang já é vantagem suficiente. Para ele, sua interpretação
será útil para permitir que os cientistas pensem em modelos cosmológicos
diferentes, da mesma forma que os físicos usam diferentes interpretações da
mecânica quântica apenas mantendo a consistência matemática entre elas.
Nota:
Não sei se Wetterich tem razão, mas é interessante a ideia de que possa estar
errada a tão difundida hipótese da expansão do Universo. Não seria essa
expansão uma espécie de “ilusão de ótica” dos observadores localizados aqui na Terra,
num dos confins do cosmos? Convenhamos: não é dos melhores nosso ponto de vista
aqui nas cercanias de um dos braços em espiral da Via Láctea, com telescópios
que têm lá suas limitações. Prefiro crer no que escreveu Ellen White: “Todos os
tesouros do Universo estarão abertos ao estudo dos remidos de Deus. Livres
da mortalidade, alçarão voo incansável para os mundos distantes –
mundos que fremiram de tristeza ante o espetáculo da desgraça humana, e
ressoaram com cânticos de alegria ao ouvir as novas de uma alma resgatada. Com
indizível deleite os filhos da Terra entram de posse da alegria e
sabedoria dos seres não-caídos. Participam dos tesouros do saber e
entendimento adquiridos durante séculos e séculos, na contemplação da obra de
Deus. Com visão desanuviada olham para a glória da criação, achando-se sóis, estrelas e sistemas
planetários, todos na sua indicada ordem, a circular em
redor do trono da Divindade. Em todas as coisas, desde a mínima
até à maior, está escrito o nome do Criador, e em todas se manifestam
as riquezas de Seu poder” (O Grande
Conflito, p. 677). Movimento circulatório em torno de um centro de atração em lugar de expansão?[MB]