Um mal profetizado |
Num
relatório publicado, nesta segunda-feira, a agência da ONU para a Alimentação e
a Agricultura (FAO) diz que é necessária uma abordagem mais “holística” para a
gestão das ameaças relacionadas com doenças na ligação entre animais, humanos e
ambiente. “O aumento da população, a expansão agrícola e a existência de cada
vez mais cadeias de abastecimento alimentar globais alteraram dramaticamente a
forma como as doenças emergem, como passam de uma espécie para outra e como se
espalham”, alerta o relatório, intitulado World Livestock 2013: Changing
Disease Landscapes. O diretor-geral adjunto da FAO para a Agricultura e a
Proteção do Consumidor, Ren Wang, escreve no prefácio do documento que a
contínua expansão dos terrenos agrícolas, a par de uma explosão mundial da
produção de gado, significa que “os animais de criação e os animais selvagens
estão cada vez mais em contato uns com os outros” e os próprios humanos estão “mais
em contato com animais do que nunca”.
“O
que isso significa é que não podemos lidar com a saúde humana, a saúde animal e
a saúde dos ecossistemas isoladamente - temos de olhar para elas juntas, e
abordar as causas do aparecimento das doenças, a sua persistência e a sua
expansão, em vez de nos limitarmos a combatê-las depois de aparecerem”, diz.
Segundo
o relatório da FAO, a maioria das doenças infecciosas que apareceram em humanos
desde a década de 1940 terão origem em animais saudáveis.
É
provável, exemplifica a organização, que o vírus da Síndrome Respiratória Aguda
Severa (SARS) nos humanos tenha sido inicialmente transmitido por morcegos a
civetas, tendo passado destas para humanos através de mercados de animais. Em
outros casos, acontece o oposto, e o gado transmite doenças a animais
selvagens, afetando a saúde na natureza.
Por
outro, a mobilidade humana é maior do que nunca e o volume de bens e produtos
transacionados em nível internacional atingiu níveis sem precedentes, o que
permite aos agentes patogênicos viajar pelo mundo com facilidade, recorda
a FAO.
O
estudo agora publicado focaliza em particular em como as mudanças na forma de
criar e comercializar animais afetou a emergência e transmissão de doenças.
“Os
muitos desafios discutidos nesta publicação requerem maior atenção à prevenção”,
pode se ler no relatório. “A atitude de deixar tudo como está já não é
suficiente.”
A
FAO advoga por isso uma abordagem de “Uma Saúde”, que olhe para as
interligações entre fatores ambientais, saúde animal e saúde humana, juntando
profissionais de saúde, veterinários, sociólogos, economistas e ecologistas
para trabalhar estes assuntos.
Nota:
Há mais de cem anos, Ellen White escreveu: “Segundo a luz que Deus me deu, a
predominância do câncer e dos tumores é em grande parte devida ao uso abundante
de carne de animais mortos. [...] Os animais estão doentes, e participando de
sua carne, plantamos as sementes de enfermidades em nossos tecidos e sangue.
Depois, quando sujeitos às mudanças num ambiente doentio, isto é mais sensível;
também quando somos expostos a epidemias e doenças contagiosas dominantes, o
organismo não se acha em condições de resistir ao mal” (Conselhos Sobre o Regime Alimentar, p. 386-388).