É comum o questionamento referente
aos argumentos e às evidências entre criação e evolução. No entanto, o cerne do
problema é mais profundo e complexo do que pode parecer. Na verdade, o problema
entre essas duas correntes filosóficas e científicas é o método. O método
empirista não pode ser empregado em nenhuma dessas duas correntes. Por quê?
Simples. Elas são duas ciências históricas e, assim, não podem ser repetidas em
laboratórios exatamente da forma como ocorreram. Essa é, na verdade, a
grande questão da “disputa”. Não são apenas evidências que contribuem para a
maior plausibilidade da criação em detrimento da evolução. A criação é, por si,
uma ciência muito melhor aplicável ao universo empírico em que vivemos. Ela é a
melhor escolha. Por quê? A resposta ou a introdução a essa
resposta é muito bem explorada por Fernando Canale em seu livro Criação, Evolução e Teologia, que tem uma ideia bem fixa: demonstrar o problema primeiro da interpretação
das origens do mundo. Esse problema nada mais seria que a aplicação de
determinados métodos que não se enquadram quanto ao estudo da biologia
histórica. Por que isso seria um problema? Simples, segundo o próprio Canale,
em exposição breve e explicativa, a história não pode ser submetida aos métodos
empiristas, ou seja, não pode ser testada ou repetida em laboratórios.
Há 150 anos que o evolucionismo vem
doutrinando pessoas quanto à exclusividade de a teoria de Darwin ser a única
explicação plausível para o surgimento do que chamamos vida. Em termos práticos,
toda e qualquer explicação que sugira uma mente inteligente e um projetista é
tachada como crença absurda e fanatismo religioso. Mais uma vez o autor do
livro ressalta que o evolucionismo de Darwin não pode nem de longe ser testado
e comprovado. Na verdade, nem a evolução nem a criação o podem, em termos de
empirismo científico e método semelhante. Mas quem disse que esse é o único
método para se avaliar uma ciência? A história e suas ramificações, como a história
biológica, podem ser testadas ou evidenciadas por diversos outros meios. E é
aqui que Fernando Canale lança suas ideias introdutórias.
Explicando o que é método, como
funciona o método empirista e seus resultados, o autor aprofunda o tema quando
introduz parte do pensamento pós-moderno dentro da discussão, o que torna essa
discussão sobre as origens um ponto crucial no modo como se vê o mundo. E
conectando teologia com método, evolução e criação, o autor se projeta para a
inauguração de uma discussão que projeta um novo tipo de abordagem quanto ao
estudo das origens, e também quanto à incompatibilidade entre evolução e
teologia bíblica estruturada em cima da Sola
e Tota Scriptura.
Canale finaliza complementando que
necessitamos rever o modo como estudamos o mundo e a história, revisar a forma
como conceituamos verdades científicas e procurar discutir a plausibilidade do
criacionismo, mesmo que não compartilhe do empirismo da ciência moderna.
Reconhecer tudo isso é um tipo de prova, segundo o autor, de que quando o
assunto é evolução x criação, o ponto de vista que crê em um projetista é
plausível e digno de confiança por não querer tomar uma vestimenta que não
pertence a si. Evolucionismo e criacionismo, definitivamente, não podem ser
testados em laboratórios, mas crer em algo honesto e humilde é muito mais
fácil, racional e natural do que crer em um lobo vestido de cordeiro, com
fantasia roubada e que certamente está com os dias contados. Evolucionismo? Só
em contos de fada.
(João
Pedro Correa, estudante de filosofia na Universidade Federal de Santa Maria)