Snowden: liberdade vigiada |
Na
semana passada, Edward Snowden, ex-funcionário da Agência Nacional de Segurança
dos Estados Unidos que hoje vive exilado na Rússia, fez uma nova denúncia à
mídia. Segundo ele, drones alimentados por energia solar ficarão no ar por
semanas rastreando os movimentos não apenas de indivíduos, mas de populações
inteiras. Em artigo publicado no The
Intercept, ele escreveu que esses drones poderão rastrear equipamentos como
laptops, smartphones e iPads, de modo que será possível saber onde as
pessoas estão e para onde vão.
Snowden
disse o seguinte: “No contexto de hoje, a justificativa é o terrorismo, mas não
necessariamente porque nossos líderes estão particularmente preocupados com o
terrorismo em si, ou porque eles achem que exista uma ameaça à sociedade. Eles
reconhecem que mesmo se nós tivéssemos um 11 de Setembro todo ano, ainda
estaríamos perdendo mais pessoas por acidades de carro e doenças do coração, e
não vemos o mesmo gasto de recursos para responder a essas ameaças mais
significativas.”
Então
por que todo esse interesse em vigilância antiterrorismo? De acordo com
Snowden, o maior medo da liderança dos Estados Unidos é ser acusada de ser
fraca em face dos desafios modernos. “Nossos políticos estão mais temerosos das
políticas do terrorismo – da acusação de que eles não levam o terrorismo a
sério – do que do crime em si mesmo”, ele escreveu.
Já
na Europa, a preocupação de alguns políticos tem sido outra, além do
terrorismo, é claro. Num artigo publicado na revista The Parliament, Thomas Mann, do Partido Europeu do Povo, menciona
que, seis anos atrás, 72 organizações iniciaram a primeira conferência europeia
sobre o domingo sem trabalho. Juntamente com mais de 400 participantes, foi
feito um apelo oficial ao Conselho Europeu, ao Parlamento e à Comissão. Mann escreveu
o seguinte: “Nossa mensagem para as instituições foi esta: defendemos um
domingo livre de trabalho para todos os cidadãos europeus, estabelecendo o
domingo como um dia livre de trabalho dentro das diretivas de regulação do
trabalho. A conferência foi um alicerce para a criação da Aliança Europeia do
Domingo, em 2011. Subsequentemente, decidimos estabelecer um grupo de interesse
no Parlamento Europeu, o qual eu tenho a honra de co-liderar. Meu colega
dinamarquês Ole Christensen lançou um rascunho de relatório sobre o contexto
estratégico da União Europeia sobre saúde e segurança no trabalho, no período
de 2014-2020. Em minha opinião, o número que chama mais a atenção é que, a cada
ano, mais de quatro mil trabalhadores morrem por acidentes de trabalho e são
contraídas 150 mil doenças fatais relacionadas ao trabalho.”
Saúde
e segurança no trabalho, além dos já conhecidos argumentos em favor da família
e da natureza, são temas mobilizadores. Mann garante que dados de pesquisas da
União Europeia sobre condições de vida e trabalho e entrevistas com mais de 43
mil trabalhadores em 35 países demonstram que o trabalho aos domingos está
associado com um risco muito maior de acidentes, doenças, problemas de saúde e
efeitos negativos em participação social e interação.
“Isso
se deve mais provavelmente ao fato de que o domingo é, tradicionalmente, um dia
de descanso, lazer e atividades com participação social”, escreveu o político.
E disse mais: “Existe uma diferença decisiva entre o domingo e qualquer outro
dia livre na semana. Nos domingos, temos a possibilidade única de relaxar e
gastar tempo com a família e os amigos. Então o domingo é um equilíbrio [na
relação] trabalho-vida, e são ambos fatores cruciais no debate sobre saúde e
segurança no trabalho.”
E
ele finaliza o artigo fazendo uma conclamação: “Precisamos defender os
trabalhadores contra a filosofia do empregado-sempre-disponível. Parlamentares
e a União Europeia devem defender lado a lado conosco a guarda do domingo como
dia de descanso, recreação e serviço religioso.”
Só
não vê quem não quer que o cenário profético descrito na Bíblia e em livros como
O Grande Conflito está perfeitamente
montado. Por um lado, vemos o dragão do Apocalipse afiando as garras e incrementando
sua capacidade de vigilância sobre o mundo, usando como justificativa o conhecido
argumento do combate aos terroristas e fundamentalistas. Por outro lado, vemos
avançar as propostas simpáticas em favor do descanso dominical, uma ideia que
está conquistando o planeta, o que tornará fácil sua aprovação em forma de lei,
num futuro próximo. Todos concordarão com essa lei, exceto um pequeno grupo que
se manterá fiel à lei de Deus na Bíblia e que, por isso, será visto como teimoso, fanático
e fundamentalista, e certamente poderá ser um dos alvos principais dos drones
caçadores.
Teoria
da conspiração? Quem viver, verá.
Michelson Borges