Os
neonazistas da “bioética” já não se contentam em defender o aborto; agora
também querem a legalização do infanticídio! Eu juro! E ainda atacam os seus
críticos, acusando-os de “fanáticos”. Vamos ver. Os acadêmicos Alberto Giublini
e Francesca Minerva publicaram um artigo no, ATENÇÃO!, Journal of Medical Ethics intitulado “After-birth abortion: why should the baby live?”,
literalmente: “Aborto pós-nascimento: por que o bebê deveria viver?” No texto,
a dupla sustenta algo que, em parte, vejam bem!, faz sentido: não há grande
diferença entre o recém-nascido e o feto. Alguém poderia afirmar: “Mas é o que
também sustentamos, nós, que somos contrários à legalização do aborto.” Calma!
Minerva e Giublini acham que é lícito e moralmente correto matar tanto fetos
como recém-nascidos. Acreditam que a decisão sobre se a criança deve ou não ser
morta cabe aos pais e até, pasmem!, aos médicos.
Para
esses dois grandes humanistas, notem
bem!, as mesmas circunstâncias que justificam o aborto justificam o
infanticídio, cujo nome eles recusam – daí o “aborto pós-nascimento”. Para
eles, “nem os fetos nem os recém-nascidos podem ser considerados pessoas no
sentido de que têm um direito moral à vida”. Não abrem exceção: o “aborto
pós-nacimento” deveria ser permitido em qualquer caso, citando explicitamente
as crianças com deficiência. Mas não têm preconceito: quando o “recém nascido
tem potencial para uma vida saudável, mas põe em risco o bem-estar da família”,
deve ser eliminado.
Num
dos momentos mais abjetos do texto, a dupla lembra que uma pesquisa num grupo
de países europeus indicou que só 64% dos casos de Síndrome de Down foram
detectados nos exames pré-natais. Informam então que, naquele universo
pesquisado, nasceram 1.700 bebês com Down, sem que os pais soubessem
previamente. O sentido moral do que diz a dupla é claro: soubesse antes,
poderia ter feito o aborto; com essa nova leitura, estão a sugerir que essas
crianças poderiam ser mortas logo ao nascer. Não! Minerva e Giublini ainda não
haviam chegado ao extremo. Vão chegar agora.
Por
que não a adoção? Esses dois monstros morais se dão conta de que o homem comum,
que não é, como eles, especialista em “bioética”, faz-se uma pergunta óbvia:
por que não, então, entregar a criança à adoção? Vocês têm estômago forte?
Traduzo trechos da resposta:
“Uma
objeção possível ao nosso argumento é que o aborto pós-nascimento deveria ser
praticado apenas em pessoas (sic) que não têm potencial para uma vida saudável.
Consequentemente, as pessoas potencialmente saudáveis e felizes deveriam ser
entregues à adoção se a família não puder sustentá-las. Por que havemos de
matar um recém-nascido saudável quando entregá-lo à adoção não violaria o direito
de ninguém e ainda faria a felicidade das pessoas envolvidas, os adotantes e o
adotado? [...] Precisamos considerar os interesses da mãe, que pode sofrer
angústia psicológica ao ter de dar seu filho para a adoção. Há graves
notificações sobre as dificuldades das mães de elaborar suas perdas. Sim, é
verdade: esse sentimento de dor e perda pode acompanhar a mulher tanto no caso
do aborto, do aborto pós-nascimento e da adoção, mas isso não significa que a última alternativa seja a menos traumática.”
A
dupla cita trecho de um estudo sobre mães que entregam filhos para adoção: “A
mãe que sofre pela morte da criança deve aceitar a irreversibilidade da perda,
mas a mãe natural [que entrega filho para adoção] sonha que seu filho vai
voltar. Isso torna difícil aceitar a realidade da perda porque não se sabe se
ela é definitiva.”
É
isso mesmo! Para a dupla, do ponto de vista da mulher, matar um filho
recém-nascido é “psicologicamente mais seguro” do que entregá-lo à adoção.
Minerva e Giublini acabaram com a máxima de Salomão. No lugar do rei, esses
dois potenciais assassinos de bebês teriam mesmo dividido aquela criança ao
meio.
Querem
saber? Essa dupla de celerados põe a nu alguns dos argumentos centrais dos
abortistas. Em muitos aspectos, eles têm mesmo razão: qual é a grande diferença
entre um feto e um recém-nascido? Ao levar seu argumento ao extremo, deixam a
nu aqueles que nunca quiseram definir, afinal de contas, o que era e o que não
era vida. Esses dois não estão nem aí: reconhecem, sim, como vida, tanto o feto
como o recém-nascido. Apenas dizem que não são ainda pessoas no sentido que
chamam “moral”.
Notem
que eles também suprematizam, se me permitem a palavra, o direito de a mulher
decidir, a exemplo do que fazem alguns dos nossos progressistas, e levam ao
extremo a ideia do “potencial de felicidade”, o que os faz defender, sem
meios-tons, o assassinato de crianças deficientes – citando explicitamente os
casos de Down. [...]
A
reação à publicação do artigo foi explosiva. Os dois autores chegaram a ser
ameaçados de morte, o que é, evidentemente, um absurdo, ainda que tenham
tentado dar alcance científico, moral e filosófico ao infanticídio. No mínimo,
a gente é obrigado a considerar que os dois têm mais condições de se defender
do que as crianças que eles defendem que sejam mortas. A resposta que dão à
hipótese de adoção diz bem com quem estamos lidando.
Julian
Savulescu é o editor da publicação. Também é diretor do The Oxford Centre for
Neuroethics. Este rematado imbecil escreve um texto irado defendendo a
publicação daquela estupidez e acusa de fundamentalistas e fanáticos aqueles
que atacam os dois “especialistas em ética”. E ainda tem o topete de apontar a
“desordem” do nosso tempo, que estaria marcado pela intolerância. Não me
diga!!!
O
que mais resta defender? Aqueles dois potenciais assassinos de crianças
deveriam dizer por que, então, não devemos começar a produzir bebês para fazer,
por exemplo, transplante de órgãos. Se admitem que são pessoas, mas ainda não
moralmente relevantes, por que entregar aos bichos ou à incineração córneas,
fígados, corações?
Tudo
isso é profundamente asqueroso, mas não duvidem de que Minerva, Giublini e
Savulescu fizeram um retrato pertinente de uma boa parcela dos
abortistas. Se a vida humana é “só uma coisa” e se os homens são “humanos”
apenas quando têm história e consciência, por que não matar os
recém-nascidos e os incapazes?
Estes
são os neonazistas das luzes. Mas não se esqueçam, hein? Reacionários somos
nós, os que consideramos que a vida humana é inviolável em qualquer tempo.
(Reinaldo
Azevedo, Veja)
Nota:
Você percebe que os argumentos de Minerva e Giublini são darwinisticamente
sustentáveis? Por que permitir que sobreviva um ser humano em desvantagem? Por
que não dar uma mãozinha para a seleção natural? Ainda mais: se a moralidade é
apenas uma construção social, uma ilusão, efeito colateral da vida em
sociedade; se não há uma lei moral absoluta, por que, realmente, condenar a
proposta de Minerva e Giublini? Aliás, por que condenar também o incesto, por
exemplo, se é tão comum no reino animal? Como me escreveu o amigo Marco
Dourado: “Lembra-se de que eu comparava nossa sociedade pós-moderna aos antigos
povos cananeus? Bom, mudam-se os deuses, mas os altares de sacrifícios
permanecem os mesmos.”[MB]