Quando
os cientistas começaram a sequenciar o genoma da gorila Kamilah, de 35 anos,
eles esperavam encontrar algumas similaridades com os humanos. O que eles
descobriram, no entanto, foi uma semelhança bem maior: pelo menos 15% do nosso
genoma é mais parecido com o dos gorilas do que com o de nossos “parentes” mais
próximos, os chimpanzés. Antes, é preciso entender algumas coisas. Gorilas,
chimpanzés e seres humanos têm todos um ancestral em comum [como podem afirmar
isso sem evidências concretas?]. Primeiro, os gorilas se distinguiram e
seguiram seu próprio caminho evolutivo. Depois, humanos e chimpanzés se
separaram [quanta certeza!]. É por isso que o chimpanzé é considerado o animal
mais parecido com o ser humano - e o gorila, o segundo.
Kamilah
é um “gorila do Ocidente” (nome científico Gorilla
gorilla) e a primeira de seu gênero a ter todo o seu genoma sequenciado.
Depois dela, os cientistas ainda compararam os resultados com outros dois
animais da mesma espécie e um outro “gorila do Oriente” (Gorilla beringei). Os dados mostraram que a separação dos gorilas
do nosso ancestral comum aconteceu há cerca de 10 milhões de anos [segundo a
cronologia evolucionista] – quatro milhões antes da separação entre humanos e
chimpanzés.
O
mais surpreendente, no entanto, foi a revelação de que 15% dos genes humanos
parecem bem mais com os do gorila do que com os do chimpanzé. A maior parte
deles não é capaz de formar proteínas – e isso era esperado, já que a maior
parte do genoma como um todo não faz isso.
Mas,
entre os genes que fazem, alguns tiveram mudanças mais rápidas do que seriam esperadas
nos gorilas, mais ou menos na mesma velocidade com que elas ocorreram nos seres
humanos. Entre eles, genes envolvidos no desenvolvimento cerebral e na audição.
Isso
surpreendeu os pesquisadores. A rápida evolução no gene da audição é uma das
coisas que se acredita que levaram ao desenvolvimento da fala em humanos. Mas
os gorilas tiveram uma evolução tão rápida quanto nesse gene – e gorilas não
falam. “Se eles falam, estão guardando segredo”, brinca o cientista Aylwyn
Scally, do Wellcome Trust Sanger Institute, no Reino Unido, que fez o
sequenciamento, publicado nesta quarta-feira (7) na revista científica Nature.
A
descoberta pode invalidar uma das explicações mais aceitas sobre como nossos
ancestrais desenvolveram a fala. [Mas isso não foi apresentado insistentemente
na imprensa como “certeza científica”? E agora? Jogar fora os livros?]
O
sequenciamento genético também pode render resultados médicos. Entre nossos
genes “comuns”, estão alguns que causam problemas cardíacos e demência em
pessoas - mas são completamente inofensivos nos gorilas. Se pudermos entender
porque eles não fazem efeito nos macacos, novas possibilidades de tratamentos e
cura se abrem.
Com
o genoma do gorila, os cientistas encerram agora o mapeamento completo dos
quatro grandes primatas vivos: humanos, chimpanzés, gorilas e orangotangos.
Nota:
Nunca é demais lembrar que também compartilhamos 50% de semelhança genética com
a banana, mas isso não nos faz meio-bananas (sei lá, às vezes...). A grande
semelhança genética entre o ser humano e os chamados “grandes primatas” não se
deveria ao fato de que esses seres são anatômica, fisiológica e metabolicamente
semelhantes? É evidente que, por conta disso e de outros fatores, nossa
genética tem mesmo que ser parecida. O que os cientistas nem sempre destacam
são as diferenças entre humanos e quaisquer
outros seres vivos. Aí é que reside o problema para a teoria da evolução.[MB]