Quanto
mais o tempo passa, mais me dou conta de que esse processo é rápido. Parece que
foi ontem que eu pensava: “No ano 2000, terei 28 anos. Nossa, que velho!” Só
que 2000 passou faz tempo e deixei para trás meus 28. Passou tão rápido que
parece que nem tive infância. É como se aqueles anos felizes tivessem sido
comprimidos/zipados num pequeno arquivo da minha mente, das minhas memórias.
Naquela época, quando nossas únicas preocupações consistiam basicamente em
tirar boas notas para passar de ano e conseguir algum dinheiro para comprar
gibis, parecia que a vida seria muito longa e a infância não acabaria nunca.
Meu pai nem tinha 40 anos e eu já o achava “velho”... Hoje eu tenho 40 e ainda
me sinto jovem! Minha mente se recusa a admitir que já passei dos 20. Que
coisa!
De
vez em quando, costumo perguntar a alguém da terceira idade se a vida passou
rápido. Todos respondem da mesma maneira: muito
rápido. Experimente fazer essa pesquisa. A diferença é que agora posso
comprovar por mim mesmo. A vida está voando à velocidade da luz! Estou na
metade da minha! (Assumindo que eu poderia viver até os 80.) Se a segunda
metade for tão rápida quanto a primeira (e tudo indica que será ainda mais)...
Bem, terei concluído como todos aqueles a quem perguntei se passou rápido: voou.
Foi
ontem que peguei minha primeira filha no colo. Um bebezinho pequeno e frágil.
Um piscar de olhos depois, tenho que fazer algum esforço para carregar a “moça”
de dez anos para a cama dela, quando ela dorme na nossa. Agora, além da segunda
filha (também crescendo a olhos vistos), temos um menininho de um ano e meio, e
dá vontade de colocá-lo numa “prisão temporal” para que não cresça tão rápido
como as irmãs. Como isso é impossível, entendi mais do que nunca que devo
aproveitar cada segundo ao lado deles.
E
meu casamento, então? Já faz 15 anos! E lá vai outro lugar comum: parece que
foi ontem. O bom de tudo é que (apesar das reclamações da minha esposa quanto a
detalhes estéticos dela), quando a contemplo, ainda vejo a linda garota com
quem me casei. Pena que, quando me
olho no espelho, não posso dizer algo assim de mim mesmo. Os cabelos já nãos
são os mesmos (mudaram de cor? Não, mudaram de lugar: da minha cabeça para o ralo).
A barriguinha que não existia há uma década agora insiste em promover uma
curvatura espacial sob a camisa. Ainda bem que minha esposa me ama...
Mas
há um lado bom nessa constatação de que a vida passa voando por nós – ou de que
nós passamos voando por ela: o fim realmente não vai demorar muito.
Sinceramente, não acredito que este mundo durará o suficiente para eu comemorar
mais 40 anos. Mas, ainda que durasse, de uma coisa agora tenho certeza: essas
décadas seriam como um piscar de olhos, de novo. Essa brevidade da vida nos faz
pensar (ou deveria) no que realmente vale a pena. O tempo, por ser tão escasso,
é artigo preciosíssimo e não nos deveríamos dar ao luxo de desperdiçá-lo.
Não
quero ser como aqueles moribundos no leito de morte que se arrependem de não
ter tido tempo para Deus e para a família. Nessas horas, ninguém pensa no
trabalho, nas casas e nos carros que comprou, na carreira de sucesso que
construiu, nessas coisas que passam. Pensam, sim, nos relacionamentos em que
não investiram porque dedicaram o melhor do seu tempo para erigir castelos de
areia que a vida transforma em pó.
Preciso
que Deus me ajude a priorizar o que precisa ser priorizado. A “contar os [meus]
dias de tal maneira que [eu alcance coração sábio]” (Salmo 90:12).
Preciso dizer mais “eu te amo”, abraçar mais minha esposa e filhos, telefonar e
escrever mais para meus pais e minhas irmãs. Sobretudo, preciso dedicar mais
tempo ao Livro dos livros e ao Senhor dos senhores. Enfim, com a ajuda de Deus,
preciso fazer com que a segunda metade da minha vida seja melhor do que a
primeira.
De
repente, cheguei ao grupo dos “enta”. Mas espero não ter que sair dele sem ver
Jesus com meus próprios olhos.
Michelson Borges