Quebram tudo pelo direito de se drogar |
Enquanto
algumas pessoas, desiludidas com estes governantes que estão aí (e quem não está?)
ficam se manifestando nas redes sociais em favor dos governos militares,
querendo trocar o monstro “democrático” pelo monstro da ditadura, estudantes da
Universidade Federal de Santa Catarina quebram carros e invadem a reitoria (leia mais aqui). Por
quê? Para lutar por melhorias na educação? Para protestar contra o preço das
refeições no restaurante do campus? Para reivindicar mais bolsas para pesquisa?
Nada disso. Protestaram porque a Polícia Federal “invadiu” o campus e prendeu
alunos por porte de drogas. Pelo visto, em vinte anos, nada mudou por lá (e em
outras federais). Sei disso porque estudei na UFSC e no meu tempo a “maresia”
também era forte. Muitos Centros Acadêmicos eram verdadeiros “fumódromos”.
Colegas consumiam drogas na maior cara de pau e se jactavam de que a polícia local nada podia fazer, porque a universidade é uma área federal. O tempo que
deveriam devotar aos estudos para se tornarem profissionais úteis à sociedade
era desperdiçado na ilegalidade do consumo de entorpecentes. E pior: incentivando
o tráfico e toda a sua cadeia destruidora de vidas. Depois de formados, esses
jornalistas “noias” vão escrever sobre a prisão do traficante que eles ajudaram
a financiar. Médicos maconheiros vão tratar de pessoas degradadas pelo vício ou
de inocentes atingidos por balas perdidas disparadas em alguma guerra de
traficantes. Advogados “cheiradores” terão que lidar com a triste e
desesperadora situação de um sistema prisional que não sabe o que fazer com
tanta gente envolvida no “negócio” das drogas. E por aí vai.
A polícia cometeu excessos, é verdade. Foi desnecessariamente truculenta, tendo usado balas de borracha, gás lacrimogênio e spray de pimenta - e parece que foi ela quem começou com as agressões; sem contar que provavelmente houve motivações
políticas por trás de todo o incidente. Mas e os excessos desses estudantes
baderneiros que lutam por uma droga de causa; por liberdade para se drogar sem
que alguém os importune? Que destroem patrimônio público financiado com
dinheiro de quem não tem nada a ver com seus vícios. Estudantes que deveriam
ser mais inteligentes e responsáveis por saber que seu “prazer” financia a
morte de um monte de gente.
Enquanto
o mercado de trabalho for inundado com pessoas com esse tipo de mentalidade
inconsequente, o que podemos esperar deste país? Do outro lado, infelizmente,
vai ter gente pensando: “Melhor era no tempo dos militares, em que os
maconheiros ‘tomavam pau’ e iam direto pra cadeia.” Não nos esqueçamos de que a
liberdade irresponsável pode levar à perda dela.
Michelson Borges