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As
preocupações e orações dos líderes religiosos em todo o mundo estão em sintonia
com os alertas dos cientistas: a mudança climática global é real e pode
comprometer a justiça social e a paz. Esses dois magistérios, que geralmente
não se bicam, afirmaram nesta terça-feira, durante um seminário no Vaticano,
que a conferência do clima de Paris é provavelmente a última oportunidade de
frear o aumento de temperatura da Terra. O evento, aberto pelo secretário-geral
da ONU, Ban Ki-moon, foi organizado por um conjunto de instituições religiosas,
como a Pontifícia Academia de Ciências e a Pontifícia Academia das Ciências
Sociais, teve participação de acadêmicos, políticos e líderes religiosos.
A
“Declaração de Líderes Religiosos, líderes políticos, líderes
empresariais, cientistas e profissionais de desenvolvimento” mostrou
especial preocupação com comunidades mais pobres e mais vulneráveis ao aumento
da frequência de secas, tempestades extremas, ondas de calor e elevação do
nível do mar. O documento reforça a
necessidade de um acordo ambicioso em Paris.
“O
mundo tem ao seu alcance tecnologia, meios financeiros e know-how para mitigar a mudança climática e ao mesmo tempo acabar
com a pobreza extrema, por meio da aplicação de soluções de desenvolvimento
sustentável, incluindo a adoção de sistemas de energia de baixo carbono
apoiados pelas tecnologias da informação e da comunicação”, diz um trecho da
declaração.
Os
signatários pedem, ainda, que os países desenvolvidos auxiliem e financiem os
países pobres e mais vulneráveis e sugerem “a mudança do financiamento público
de gastos militares para investimentos urgentes para desenvolvimento sustentável”.
Em seu discurso, Ban
pediu aos líderes religiosos que ajudem a aumentar a consciência sobre o clima.
“Ciência e religião não estão em desacordo sobre mudanças climáticas. Na
verdade, estão totalmente alinhados”, afirmou.
“A erradicação da pobreza extrema e a proteção do meio ambiente são valores que
estão em plena consonância com os ensinamentos das grandes religiões [...].
Somos a primeira geração que pode acabar com a pobreza em nosso tempo de vida,
e a última geração para combater a
mudança climática antes que seja tarde demais.”
O
secretário-geral da ONU reuniu-se durante cerca de meia hora com o papa
Francisco, que afirmou que sua encíclica
sobre mudança climática já está em tradução e deve ser publicada em junho. “Ela irá transmitir ao mundo que proteger o
nosso ambiente é um imperativo moral urgente e um dever sagrado para todas as
pessoas de fé e as pessoas de consciência”, disse Ban.
A
teóloga Teresa Berger, da Universidade Yale, nos EUA, disse ao jornal The Guardian que a encíclica papal
deverá trazer uma visão teológica
que considera a exploração sem limites da Terra “um pecado”.
Leia também: "Vaticano e ONU querem governo mundial"
E assista a esta reportagem veiculada pela Globo.
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