Projeto impressionante |
Em
2007, o criacionista australiano Ken Ham inaugurou o Museu da Criação,
localizado no norte do estado de Kentucky, EUA. Ele percebeu que o local ajudou
a divulgar suas crenças de que a Bíblia é um livro de história, que o Universo
tem apenas seis mil anos [sic] e que a evolução é um erro que está levando a
humanidade à decadência moral. Agora, Ham, que vive nos EUA, quis ir ainda mais
longe. Ele construiu uma gigantesca arca de Noé, feita com mão de obra de
marceneiros amish, comunidade americana famosa por seus costumes altamente
conservadores e pela rejeição a equipamentos modernos. Batizada de Ark
Encounter (Arca do Encontro, em inglês), a arca tem 155 metros de comprimento e
15 metros de altura. A obra foi financiada por doações, incentivos fiscais do
estado do Kentucky e junk bonds (nome
dado por economistas a investimentos em títulos que têm alto risco de não dar
retorno).
Após
uma obra orçada em 102 milhões de dólares, a arca [foi] inaugurada em 7 de
julho, na cidade de Williamstown, Kentucky. Nela, os visitantes encontram um
Noé robô e réplicas dos casais de animais levados por Noé na arca.
Com
sucesso, Ham e sua equipe conseguiram erguer um colossal monumento que também é
um ambicioso veículo promocional de sua religião
fundamentalista cristã [sic], conhecida como criacionismo.
“Construímos
essa arca não apenas para servir de entretenimento. Ela tem um propósito
religioso. É porque somos cristãos e queremos que a mensagem cristã seja
repassada”, disse Ham, em entrevista ao New
York Times.
Segundo
Ham, a arca também serve de alerta para os rumos da humanidade. Ele lembra que
Deus enviou um dilúvio para eliminar as pessoas depravadas da face da Terra, e
diz que Deus dará um fim terrível àqueles que rejeitam a Bíblia e aceitam o que
Ham chama de “males da vida moderna”, como aborto, ateísmo e casamento entre
pessoas do mesmo sexo.
“Nosso
tempo está cada vez mais parecido com a época em que viveu Noé, quando a
cultura da laicidade começou a aumentar na sociedade”, diz Ham.
Nota:
Não sei se o Ken Ham realmente crê que o Universo tenha apenas seis mil anos de
existência. Isso pode ser confusão do repórter, enfim. O fato é que não existe
um consenso entre criacionistas sobre a idade do Universo nem sobre a idade do
planeta Terra. Criacionistas bíblicos geralmente concordam neste ponto: a vida na Terra remonta a seis ou, no
máximo, uns dez mil anos (veja esta apresentação em Prezi que trata da idade do
Universo). Note, também, como a imprensa secular não perde a chance de tachar de “fundamentalista”
qualquer esforço no sentido de divulgar a cosmovisão criacionista e eventos
bíblicos tidos pelos céticos como não factuais. Manter museus e parques de
divulgação do evolucionismo, custem o quanto custarem, tudo bem. Ninguém
critica. Aliás, como traz a matéria sobre o mesmo assunto, publicada no site do
jornal O Globo, “de acordo com a ciência, os dinossauros foram extintos há 65 milhões de
anos antes de os primeiros humanos aparecerem”. Como assim “de acordo
com a ciência”? De acordo com cientistas evolucionistas, isso, sim. Na verdade,
“de acordo com a ciência”, há descobertas sendo feitas que colocam em cheque os
alegados milhões de anos para a extinção dos dinossauros (confira aqui, aqui e
aqui). [MB]