Direitos de uns valem mais que outros |
Deu
no site Christian News: alguns segmentos radicais tentam
impor sobre as igrejas uma censura prévia e forçam a aceitação de algo que é
condenado nas Escrituras e ensinado por judeus e cristãos há séculos. O
episódio mais recente desse embate foi o processo contra o site de namoro ChristianMingle.com,
o maior do mundo no segmento evangélico. O proprietário do site está sendo
obrigado a permitir que pessoas LGBT se cadastrem e busquem outras do mesmo
sexo para relacionamentos, ainda que já existam sites somente para esse
público. Dois homens gays abriram um processo alegando discriminação num
tribunal da Califórnia. Eles afirmam que sites cristãos impedem usuários à
procura de relacionamentos homoafetivos. O argumento dos advogados é de que “as
opções limitadas violam a lei antidiscriminação” em vigor no estado.
No
início deste mês, a Spark Networks, mantenedora do ChristianMingle, perdeu o
caso. Além de pagar uma indenização de nove mil dólares para cada um dos
homens, foi obrigada a cobrir as despesas jurídicas, num total de 450 mil
dólares. A página inicial foi modificada e não possui mais as opções “homem a
procura de mulher” e “mulher a procura de homem”. A empresa terá dois anos para
ajustar suas ferramentas de busca para que gays e lésbicas tenham “uma
experiência mais personalizada”. E, se não fizer isso, terá que encerrar suas
atividades.
Os
termos do acordo agora obrigarão outros sites que pertencem à Spark, incluindo
CatholicMingle.com, AdventistSinglesConnection.com
e LDSSingles.com. Como o nome indica, os dois primeiros são voltados para o
público cristão, católicos e adventistas,
respectivamente.
Sob
o governo liberal de Barack Obama, os movimentos LGBT conseguiram grandes
avanços em sua agenda. Depois do reconhecimento do casamento homoafetivo,
a grande luta vem sendo pela imposição dos chamados banheiros “neutros”, onde
não há mais distinção entre homem e mulher.
A
Bíblia é muito clara, quando descreve o primeiro casal criado: “Criou Deus,
pois, o homem à Sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou.
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra
e sujeitai-a” (Gn 1:27, 28). E Jesus confirmou isso em Marcos 10:6-8: “No
princípio da criação Deus ‘os fez homem e mulher’. ‘Por esta razão, o homem
deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne’.
Assim, eles já não são dois, mas sim uma só carne.” Esse é o conceito de
casamento segundo as Escrituras Sagradas, seguidas como regra de fé e prática
por judeus e cristãos não meramente nominais. Trata-se, portanto, de uma
relação heteromonogâmica. Ponto final.
Há
mais de um século, a pioneira adventista e criacionista Ellen White escreveu o
seguinte: “Então tiveram origem o casamento e o sábado, instituições gêmeas para a glória de Deus no benefício da
humanidade. Então, ao unir o Criador as mãos do santo par em matrimônio,
dizendo: Um homem ‘deixará... o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher,
e serão ambos uma carne’ (Gn 2:24), enunciou a lei do matrimônio para todos os filhos de Adão, até ao fim do
tempo. Aquilo que o próprio Pai Eterno declarou bom, era a lei da mais elevada bênção e desenvolvimento para o homem” (O Maior Discurso de Cristo, p. 63, 64;
grifos meus).
Veja
que ela relaciona o sábado e o matrimônio como instituições edênicas e os
considera leis de Deus. O ser humano
não tem o direito de tocar nem tampouco de alterar as leis do Criador. Mas é exatamente
isso o que tem sido feito em duas frentes. Por um lado, multidões de cristãos desprezam
o quarto mandamento da lei divina (Êx 20:8-11), enquanto dizem observar outro
mandamento, que é meramente humano; por outro lado, uma sociedade cada vez mais
libertina e relativista reconfigura o conceito de casamento, destrói a barreira
natural entre os gêneros e banaliza o matrimônio, aceitando e promovendo coisas
como a união entre pessoas do mesmo sexo, o poliamor poligâmico, e daqui a
pouco talvez até o incesto. É preciso não haver uma imposição de conceitos e comportamentos a toda a sociedade, inclusive àqueles que não concordam com eles. Respeito é bom e todo mundo gosta - para todos os lados.
O
direito dos mantenedores de sites de relacionamentos cristãos foi suplantado
pelo direito dos homossexuais de transitarem por ali, como se um cidadão
pudesse, por exemplo, violar o estatuto de um clube por discordar desse documento.
Os direitos de alguns estão se tornando mais importantes que os de outros...
A
origem de toda essa polêmica onde está? Em minha opinião, no abandono da
cosmovisão criacionista-bíblica. Sem se dar conta, os religiosos que alegorizaram
os primeiros capítulos de Gênesis ajudaram a preparar o caminho para esse
estado de coisas que estamos vendo hoje em dia. Se o relato da criação e da
queda não se trata de história literal, caem por terra conceitos criacionistas
como o matrimônio, o pecado e a redenção, a guarda do sábado, e outros. Como se
pode ver, ideias sempre têm consequências...
Nunca
deixarei de defender o direito de os homossexuais serem respeitados em suas
escolhas, exatamente porque o Deus da Bíblia nos dá liberdade para escolher
nosso caminho. Vou defender o direito deles, inclusive, de conhecerem Jesus,
Sua Palavra e a possibilidade de mudar de vida, como qualquer ser humano. Vou
defender a verdade de que Deus ama o pecador, mas não tolera o pecado que o faz
sofrer. Por isso, por causa desse amor, não posso e não devo ser homofóbico.
Nenhum cristão deve. Mas também não posso concordar com a redefinição da
palavra “casamento”, já que se trata de uma instituição bíblica; tanto quanto
não posso concordar com os que dizem que o domingo é o novo sábado. Também não
posso concordar com uma barbaridade como “banheiros neutros” frequentados por homens
e mulheres. Não quero minhas filhas num ambiente desses.
No
livro Educação, página 250, Ellen
White escreveu que “o sábado e a família foram, semelhantemente, instituídos no
Éden, e no propósito de Deus acham-se indissoluvelmente ligados um ao outro”. Vou
defendê-los até o fim, ou até que os direitos de alguns acabem com os meus.
Michelson Borges