O que é uma palavra? Vários
conceitos poderiam ser levantados pelos estudiosos da linguagem. Na língua
portuguesa, a Nomenclatura Gramatical Brasileira elenca dez
classes nas quais as palavras estão agrupadas. Revisando: substantivo,
adjetivo, artigo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e
interjeição. Dentre elas, destaca-se o verbo, que exprime ação, estado ou
fenômeno da natureza, conforme as definições básicas expostas nas gramáticas
tradicionais.
Saindo do universo
gramatical, adentremos as Escrituras. O que é a palavra na Bíblia? Unidade
pertencente a uma das grandes classes gramaticais? Unidade mínima com som e
significado que pode, sozinha, constituir enunciado? Esses são conceitos
dicionarizados. Na Bíblia, a palavra extrapola a dimensão linguística para se
tornar uma pessoa. Assume a forma de um ser humano, atuando no espaço e no
tempo histórico. Como pode ser isso? “E o Verbo Se fez carne, e habitou entre
nós” (João 1:14). A Palavra é o EU SOU que Moisés viu em cena majestosa revelando-Se,
despretensiosamente, no homem Jesus. A Palavra eterna aproximou-Se deste mundo
e, com sotaque humano, assumiu um rosto familiar.
Executor do plano da
redenção, Jesus é o Ente santo gerado de forma milagrosa no ventre de Maria.
Cristo nasce - divino Filho -, o Criador dos mundos, Salvador!
Acontecimento misterioso, maravilhoso, pois “sendo o que era, tornou-Se o que
não era”! Não há explicação. Há, sim, “um mistério em torno do nascimento de
Cristo que não pode e não precisa ser explicado. [...] Contemplando a
encarnação de Cristo como humano, ficamos estupefatos diante de um
incomensurável mistério, o qual a mente humana não pode compreender. [...] De
forma misteriosa, divindade e humanidade foram combinadas, e homem e Deus
tornaram-se um. É nessa união que encontramos a esperança para nossa raça
caída. Ao olharmos para Cristo em nossa humanidade, olhamos para Deus, e nEle
vemos o resplendor de Sua glória, a imagem expressa da Sua pessoa” (Ellen
White). Realmente, meditando no nascimento de Cristo “deparamo-nos aí com um
pensamento que aguça o intelecto. Um bebê nascido em Belém, um jovem de Nazaré,
um mestre itinerante crucificado aos 33 anos de idade também era Aquele que fez
os mundos girarem em suas órbitas e formou a estrutura moral do Universo. Tudo
isso é muito difícil de se acreditar, caso se resolva aceitar somente o que
possa ser provado pela experiência humana”. Contudo, embora seja difícil de
acreditar, é necessário crer, porquanto tal experiência no tempo e no espaço
foi a incrível saída encontrada por Deus para todos os nossos dilemas pessoais
e universais. Se, para ser salva de suas tragédias, a história humana sempre
necessitou de milagres, definitivamente eis o sublime milagre da História:
Jesus!
Chegando ao mundo como
Palavra encarnada, o Verbo teve uma força de ação maravilhosa, inserindo o
reino de Deus no reino dos homens. As causas pelas quais lutou culminaram em
Seu sacrifício expiatório, entre as quais:
A causa da verdade: “Conhecereis a verdade, e
a verdade vos libertará” (João 8:32).
A causa da liberdade
física, moral e espiritual: “O Espírito do Senhor é sobre Mim, pois que Me ungiu para
evangelizar os pobres. Enviou-Me a curar os quebrantados de coração, a pregar
liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os
oprimidos” (Lucas 4:18, 19).
A causa da justiça e da
moralidade, mas também do perdão e da misericórdia: “Ninguém te condenou? Eu
também não te condeno. Vai e não peques mais” (João 8:10 e 11).
A causa da paz: “Bem-aventurados os
pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mateus 5:9).
A causa do amor a Deus e
aos homens:
“Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma,
e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro
mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti
mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” (Marcos 12:30, 31).
“Como gente humilde Ele
nasceu, mais humilde que você e eu.” O Natal, época encantadora, é a lembrança
de que um dia a Palavra virou gente. Independentemente de data, é o Fato dos
fatos que marcou os séculos e dividiu a História. Até mesmo alguns
historiadores céticos reconhecem: “Como historiador preciso admitir que este
pobre pregador da Galileia é o centro da história” (Herbert George Wells). O
Natal também constitui uma oportunidade para abraçarmos as causas de Jesus, das
quais o mundo tanto necessita para ser um lugar menos sofredor e injusto, até
que Ele “nasça” nos céus em Seu segundo advento ao mundo.
Em Jesus “habita
corporalmente toda a plenitude da Divindade” (Colossenses 2:9). Sendo Verbo
divino, Suas ações mostraram quem Ele era: Deus, Homem, Amigo da humanidade e
Salvador. Assim, diante da história do Deus-Homem, uma canção natalina nos
convida a receber Jesus: Natal é história mais linda, a lembrança do
amor divinal; / Jesus em Belém tão humilde nasceu, o grande Dom celestial / A
estrela de Deus ainda brilha no céu, anjos estão a cantar / Proclamam que
Cristo este mundo amou, veio aqui pra salvar. / Abra agora o seu coração, o
Filho de Deus quer nascer; / Manjedoura humana seremos então e eterno Natal
vamos ter.
(Frank de Souza Mangabeira, membro da Igreja Adventista
do Bairro Siqueira Campos, Aracaju, SE; servidor do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia de Sergipe)