Matéria e antimatéria são
dois tipos de material presentes na composição do Universo que
agem como “gêmeos idênticos” e, ao mesmo tempo, opostos: para cada partícula de matéria, de carga positiva, haveria uma
antipartícula exatamente igual, mas de carga negativa, que formaria a
antimatéria. Um estudo divulgado [...] na revista científica Nature afirma
que esses dois tipos de material teriam surgido em quantidades idênticas
durante o Big Bang, há 13,8 bilhões de anos. Isso significa que,
teoricamente, as partículas e antipartículas deveriam se anular, impedindo o
surgimento do Universo. Mas, como sabemos que isso não aconteceu, cientistas
estão intrigados com o fato de que simplesmente não conseguem explicar por que
o Universo existe.
A
única hipótese levantada é que um misterioso
desequilíbrio entre a quantidade desses materiais tenha acontecido em algum
momento, explicando a predominância de partículas de matéria. A última
esperança dos cientistas para encontrar a fonte dessa assimetria estava no
estudo das propriedades magnéticas de prótons (partícula positiva que pode ser
encontrada nos átomos) e antiprótons (sua versão na antimatéria) – e foi
exatamente isso que a equipe de pesquisadores do laboratório europeu CERN, na
Suíça, tentou fazer. Mesmo assim, nenhuma discrepância na proporção dessas
partículas foi encontrada.
“Todas
as nossas observações encontraram uma completa simetria entre matéria e
antimatéria, e é por isso que o Universo, na verdade, não deveria existir”, diz
o líder da equipe, Christian Smorra, pesquisador do CERN. “Uma assimetria deve
existir aqui em algum lugar, mas simplesmente não conseguimos entender onde
está a diferença, qual é a fonte da ruptura dessa simetria.”
Como
a antimatéria não pode ser fisicamente contida, Smorra e sua equipe usaram um
dispositivo chamado “armadilha de Penning”, que usa campos magnéticos e
elétricos para armazenar partículas carregadas (como, no caso, antiprótons) a
temperaturas incrivelmente baixas. Com essa experiência, a equipe conseguiu
quebrar o recorde de armazenamento de antimatéria – as partículas ficaram
contidas por 405 dias, no total.
A
força do campo magnético dos prótons e antiprótons foi medida com uma precisão
de nove dígitos, oferecendo uma exatidão 350 vezes maior do que medições
anteriores. Ainda assim, nenhuma diferença entre a matéria e antimatéria pode
ser encontrada.
O
plano, então, é continuar investigando com precisões cada vez maiores, segundo
o CERN. Experimentos futuros já estão sendo planejados para estudar mais
detalhadamente as propriedades magnéticas dos antiprótons e verificar se a
gravidade pode ser a diferença entre matéria e antimatéria que está intrigando
os cientistas.
“Ao
aprimorar o experimento com várias inovações técnicas, sentimos que ainda
poderemos fazer algumas melhorias”, diz Smorra. Segundo ele, com os novos
equipamentos de ponta que devem ser instalados no CERN até 2021, será possível
conseguir uma precisão pelo menos dez vezes maior nas medições.
(Veja.com)
Nota: O fato é que a velha pergunta “Por que
existe tudo isto ao invés de nada?” sempre intrigou e continuará intrigando os
cientistas. Em termos de probabilidades, a existência do Universo é
praticamente (para não dizer exatamente) um milagre. Tempo, espaço e matéria
passaram a existir no momento da criação (ou do Big Bang, se preferirem),
portanto, o natural passou a existir do sobrenatural, e o único ser
sobrenatural (acima e transcendendo o natural, pois o criou) é Deus. A
existência do Universo depende de leis finamente ajustadas, a tal ponto que
alguns utilizam a analogia do fio da navalha: estamos nos equilibrando no fio
de uma navalha. Sim, o Universo não deveria existir, mas, contra todas as
probabilidades, estamos aqui. E se ele passou a existir, precisa ter tido uma
causa – uma causa primeira não causada. E se ele revela ordem e design, precisa ter tido uma causa
inteligente. O Universo não deveria existir, mas existe e revela design inteligente e intencional.
Durma-se com um “barulho” desses... [MB]
Nota 2: Para o físico Eduardo Lütz, trata-se do “velho problema de não ligar os pontos (teorema de Nöther com leis de conservação) e pensar que as atuais leis de conservação estavam em vigor no momento da criação do universo e que, portanto, matéria e antimatéria deveriam existir em quantidades iguais. Esse problema é daqueles que não existem, parecido com o pseudoproblema da singularidade no momento da criação".
Nota 2: Para o físico Eduardo Lütz, trata-se do “velho problema de não ligar os pontos (teorema de Nöther com leis de conservação) e pensar que as atuais leis de conservação estavam em vigor no momento da criação do universo e que, portanto, matéria e antimatéria deveriam existir em quantidades iguais. Esse problema é daqueles que não existem, parecido com o pseudoproblema da singularidade no momento da criação".