Especialistas
discutem há tempos se os sofisticados
desenhos de animais de uma famosa caverna francesa são, de fato, os mais
antigos do tipo no mundo e um estudo publicado na última segunda-feira (7)
sugeriu que sim. As curvas suaves e os detalhes finos das pinturas de ursos,
rinocerontes e cavalos da caverna Chauvet, na pitoresca região de Ardeche, no
sul da França, são tão avançadas que
alguns acadêmicos as datavam entre 12.000 e 17.000 anos atrás. Isso as situaria
como relíquias da cultura Magdaleniana, na qual os ancestrais humanos usaram
ferramentas de pedra e ossos para criar uma arte impressionantemente avançada. Anteriormente, os cientistas [haviam
demonstrado], através de datação por radiocarbono de amostras de arte na pedra,
carvão vegetal e ossos de animais encontrados na caverna Chauvet, que os
desenhos eram mais antigos, provavelmente com antiguidade compreendida entre
30.000 e 32.000 anos. Agora, segundo estudo publicado no periódico americano Proceedings of the National Academy of
Sciences, cientistas franceses acreditam ter conseguido a confirmação de que
as pinturas são “as mais antigas e mais elaboradas já encontradas”.
As
descobertas se basearam em uma análise, denominada datação geomorfológica e
cloro 36, das superfícies das rochas em torno do que se acredita ser a única
entrada da caverna. A pesquisa demonstra que um despenhadeiro começou a ruir 29
mil anos atrás e voltou a sofrer desmoronamentos ao longo do tempo, selando
definitivamente a entrada da caverna para os humanos cerca de 21 mil anos
atrás. Isso significa que as pinturas tiveram que ser feitas antes disso, o que
sustenta a ideia de que foram criadas por pessoas da cultura Aurignaciana, que
viveram entre 28.000 e 40.000 anos atrás.
“Concordando
de forma notável com as datações de radiocarbono da ocupação humana e animal,
esse estudo confirma que as pinturas na caverna Chauvet são as mais antigas e
mais elaboradas já descobertas, desafiando
nosso conhecimento atual sobre a evolução cognitiva humana”, destacou o
estudo.
Segundo
o principal autor, Benjamin Sadier, as descobertas põem fim a qualquer debate
sobre quando os desenhos podem ter sido feitos com base em seu estilo.
"O
que nosso trabalho demonstra e outro trabalho que será publicado em breve é que
o método de datação por estilo não é mais válido", explicou à AFP em
entrevista por telefone.
"Ao
provar que esta caverna ficou fechada para sempre 21.500 anos atrás, nós
erradicamos completamente a hipótese de uma pintura mais recente na caverna e
também confirmamos a idade da caverna, que já era conhecida através da datação
de radiocarbono", acrescentou.
A
caverna e suas pinturas notavelmente bem preservadas foi fechada ao acesso
humano devido à queda de rochas e só recentemente redescoberta em 1994.
Os
cientistas que participaram do trabalho são procedentes das universidades de
Savoia e Aix Marseille, bem como do Centro Nacional de Pré-história.
Nota:
Não é de hoje que datações contrariam o desejo darwinista de que os seres vivos
(não apenas os humanos) fossem menos complexos e capazes, no passado. Isso já
aconteceu com a água viva, acontece com os neandertais (cada vez que se descobre algo novo sobre eles)
e com as elaboradas pinturas “pré-históricas” que
desafiam a arte de muitos artistas contemporâneos e as técnicas de pintura
modernas. Que tipo de pigmento e fixadores os artistas do passado usaram,
capazes de resistir ao tempo e mostrar toda a sua exuberância, tantos anos
depois (ainda que sejam alguns poucos milhares)? Arte refinada e tecnologia não
parecem combinar com a descrição dos “homens pré-históricos” que os livros
didáticos nos fizeram engolir.[MB]
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