Em
2016 a Microsoft Research anunciou que estava investindo um grande esforço
para tornar sequências de DNA uma mídia confiável e conveniente para o
armazenamento de grandes quantidades de dados. O motivo era simples: a
quantidade de informação que pode ser empacotada em cadeias de moléculas é
astronômica, muito maior do que qualquer método que utilizamos hoje. Para se
ter uma ideia, um grama de material genético é capaz de em teoria armazenar um
zetabyte de informação, ou um bilhão de terabytes. O grande problema, no
entanto é o método utilizado para escrever e, principalmente, ler os dados: DNA
armazena informação em cadeias compostas por quatro bases (adenina, citosina,
guanina e timina, ou simplesmente A, C, G e T) e é preciso primeiro
traduzir código binário para essa configuração.
Depois,
cada bit é dividido em pedaços de 100 a 150 bases de comprimento e inseridos
nas terminações das cadeias, de modo que seja “fácil” ler os dados de volta. Além
de o método de escrita depender de equipamentos específicos, como a máquina da
Twist Bioscience (empresa que forneceu as 10 milhões de cadeias de
oligonucleotídeos que a Microsoft utiliza na pesquisa) para fazer a leitura,
todo o DNA precisa ser sequenciado. E mais de uma vez, isso porque há um nível
de aleatoriedade dada a forma com que os bits acabam impressos nas cadeias, de
modo a não receber erros.
No
entanto, um time de pesquisadores da Microsoft Research e da Universidade de
Washington apresentou um “novo” método para ler os dados no material genético
de maneira mais simples: eles implementaram algo próximo a um sistema de
arquivos e fizeram uma leitura de acesso randômico, e ainda que não seja
necessariamente uma novidade, foi a primeira vez que conseguiram em uma longa
cadeia, conseguindo recuperar 200 MB de dados sem erros, divididos em 35
arquivos com tamanhos entre 29 K e 44 MB, consistindo de textos, áudios,
imagens e até vídeos em alta definição. [...]
A
perspectiva para o uso de material genético como mídia de armazenamento não é
para fornecer SSDs ou pendrives com espaço medido em EBs, mas sim prover uma forma
de armazenar todo o conhecimento humano de uma maneira ligeiramente mais
duradoura (o DNA tem meia-vida de 521 anos). [...]
Nota:
A “plataforma de armazenamento” que o ser humano, usando toda a sua inteligência
e seus recursos, está começando a utilizar agora existe há cerca de seis mil
anos. Portanto, não se trata de “tecnologia de ponta”. Quem criou esse meio de
armazenamento de informação que há milênios supera os nossos mais modernos HDs?
E mais importante: Quem criou toda a informação genética armazenada nesse “dispositivo”?
Sem essa informação e a tecnologia para armazená-la, simplesmente não haveria
vida. Ponto. [MB]
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