sexta-feira, janeiro 16, 2009

Criacionistas se reúnem no Unasp


“Temos respeito, carinho e consideração pelos evolucionistas. Gostaríamos que isso fosse recíproco.” Essas palavras fizeram parte do discurso do reitor do Centro Universitário Adventista (Unasp), professor Euler Bahia, na abertura do 6º Encontro Nacional de Criacionistas que está sendo realizado no campus São Paulo. O professor Euler expressou preocupação com o clima de preconceito contra o criacionismo que vem sendo sistematicamente alimentado pelos meios de comunicação e, mais recentemente, pelo próprio MEC. Essa e outras questões relevantes têm feito parte das discussões e temas apresentados por palestrantes do Brasil e do exterior.

A primeira palestra foi proferida pelo Dr. Jim Gibson, logo após o discurso do professor Euler, ontem à noite. Gibson é o diretor do Geoscience Research Institute (GRI), centro de pesquisas sediado em Loma Linda, Califórnia, e mantido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia. Em sua palestra intitulada “Sobre a natureza da ciência”, o cientista que não perdeu um encontro de criacionistas brasileiro nestes últimos 20 anos falou, dentre outras coisas, sobre as raízes cristãs da ciência, uma vez que a Bíblia forneceu a base racional para o surgimento do método experimental ao apresentar um Deus de ordem, cujas leis são constantes e lógicas.

Para Gibson, a ciência é um empreendimento que vale a pena, mas é preciso reconhecer que há muito mais na natureza do que ela pode descobrir. E mais: a ciência não pode e não deve provar a nossa fé.

Hoje pela manhã, os mais de 150 participantes do evento, vindos de várias partes do Brasil, puderam assistir a duas palestras: “Padrões no registro fóssil”, apresentada pelo Dr. Ronald Nalin (também do GRI dos EUA); e “Evidências paleontológicas de catastrofismo”, pelo Dr. Roberto Biaggi, diretor do GRI na Argentina.

Achei interessante a aplicação que o Dr. Biaggi fez da passagem bíblica de 2 Pedro 1:5-7, no fim de sua explanação: “Devemos seguir a progressão apresentada por Pedro nesse texto.” E explicou: devemos inicialmente ter fé, mas não desprezar o conhecimento e desenvolver o domínio próprio para aceitar o que não podemos explicar e saber dar a resposta correta e paciente para quem pede a razão da nossa fé. Em seguida, aprender a perseverança para prosseguir em busca da verdade (leve ela aonde levar), a fraternidade e, finalmente, o amor, a fim de respeitarmos quem pensa diferente e amá-lo a despeito disso.

À tarde, pudemos ouvir mais uma palestra, desta vez pelo Dr. Ben Clausen (GRI/USA) que falou sobre datação radiométrica e tempo, com direito a seção de perguntas e sorteio de livros da Sociedade Criacionista Brasileira (SCB), cujo staff se faz representado pelos diretores da entidade, drs. Ruy Vieira e Rui Carlos Vieira.

Após o jantar (e essas ocasiões são especialmente agradáveis pela troca de ideias com pessoas de diversas formações e origens), assistimos e interagimos com uma “mesa redonda” composta pelos drs. Ruy Vieira, Nahor Neves de Souza Jr., Yuri Tandel, e pelos professores Wellington Silva, Wellington Romangnoli, Marcos Natal e Tarcísio Vieira (na foto acima).

Algumas impressões:

“Encontros como este nos ajudam a manter e ampliar contatos e amizades que contribuem para nossa edificação” (Guilherme Ramos Sens, professor de Medicina na Unoesc, em Joaçaba, SC).

“Eventos como este permitem aos cristãos conhecerem explicações alternativas para muitas especulações às quais foram expostos nas universidades ou escolas, que confrontam com aquilo que aprenderam em suas igrejas” (Tarcísio Vieira, biólogo e mestre em Química, reside em Rio Verde, GO).

“Apesar de a teoria do design inteligente não ser criacionismo, a oportunidade que temos de apresentá-la livremente depões contra a falta de liberdade acadêmica presente em outras paragens” (Enézio de Almeida Filho, coordenador do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente).

“Eventos como este são importantes para despertar a atenção e interesse para aspectos diversos da controvérsia entre criação e evolução e para a divulgação de literatura adequada para os interessados poderem ter fontes de referência que apoiam seus estudos e investigações após o encontro” (Ruy Carlos de Camargo Vieira, presidente da SCB).

Uma notícia em primeira mão: o Estado norte-americano da Louisiana decretou ontem que todo professor tem liberdade acadêmica para expor uma visão crítica do darwinismo, sem sofrer perseguição por isso. Isso quebra um monopólio de 150 anos em que as críticas a Darwin no meio acadêmico não eram bem-vindas. Viu só, MEC?

O encontro prossegue até domingo, com várias outras palestras e debates. Depois conto como foi.