
Mas a boa análise da revista é ofuscada, em minha opinião, pelo ataque gratuito de Tony Bellotto aos criacionistas, na página 28: “Acendam as luzes da razão! Não deixem que a Idade das Trevas volte a eclipsar a sabedoria humana! Notícias dão conta de que o criacionismo – doutrinação religiosa disfarçada de pseudociência – cresce entre as escolas brasileiras. E não apenas no ensino religioso, em que faria sentido, mas nas aulas de ciência.”
Em poucas linhas, Bellotto consegue demonstrar todo o seu desconhecimento do assunto. O criacionismo tem, sim, bases científicas que poderiam ser analisadas (assim como as proposições do Design Inteligente) nas aulas de ciências juntamente com o darwinismo. A intenção não é de doutrinamento, mas, sim, de que se ensine o contraditório e se mostre as insuficiências epistêmicas da teoria da evolução. Isso somente ajudaria a formar a visão crítica dos alunos. O criacionismo tem fundamento religioso, com certeza, mas é preciso que se esclareça de uma vez por todas que o darwinismo, de modo semelhante, tem muito de filosófico, não sendo uma teoria plenamente falseável, no entender de Karl Popper. Ademais, sempre é bom repetir: naturalismo filosófico não é sinônimo de naturalismo metodológico.