Há
mais de um século a Igreja Adventista do Sétimo Dia, com base na Bíblia e nos
escritos de Ellen White, vem promovendo os chamados oito remédios naturais (que eu tenho chamado de “oito dicas do Fabricante”):
água, luz solar, ar puro, exercício físico, repouso adequado, alimentação
natural, equilíbrio e confiança em Deus. É claro que, para adotar um estilo de
vida pautado por essas recomendações, é preciso tomar decisões e ser perseverante.
No entanto, os resultados compensam o esforço: maior longevidade e uma vida
mais saudável. Pesquisas têm confirmado que esse estilo de vida funciona, basta
mencionar os dados divulgados por universidades como a de Loma Linda, na
Califórnia, e do Estudo Advento, da USP. Adventistas que utilizam os oito
remédios naturais podem viver até uma década a mais que o restante da
população. Só que, como dá algum trabalho comer de maneira saudável, dormir
mais cedo e praticar exercícios, por exemplo, há pessoas que preferem apelar
para “atalhos” e dar ouvidos a conselheiros que as afastam das orientações
inspiradas. Aí adotam modismos dietéticos e comportamentais e acabam colhendo
os frutos amargos disso.
Muitas
ideias sobre “tratamentos naturais” aparecem diante da igreja e são rapidamente
espalhadas, mas grande parte delas está bem distante do princípio da prevenção expresso em Êxodo 15:26: “E disse: Se ouvires atento a voz do Senhor teu Deus,
e fizeres o que é reto diante de Seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos Seus
mandamentos, e guardares todos os Seus estatutos, nenhuma das enfermidades
porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque Eu sou o Senhor que te sara.”
É
especialmente complicado e até perigoso quando alguns profissionais de saúde, naturopatas
e até médicos se valem de sua formação para falar de áreas nas quais não são
especialistas. Para o grande público, o fato de alguém ser médico, por exemplo,
já credencia essa pessoa a falar sobre qualquer aspecto da saúde. É a mesma
coisa se um cardiologista usasse sua especialidade como ponte para se
credenciar como autoridade em Gastroenterologia ou Neurologia. Isso para não
falar nas tais terapias alternativas que se valem de procedimentos e
tratamentos duvidosos como a iridologia e a homeopatia, para citar apenas dois.
Mas
atrapalha tanto assim seguir os conselhos de certos médicos midiáticos? Temos
tanta informação de qualidade disponível na literatura adventista,
especialmente a que é produzida pela Casa Publicadora Brasileira, que
informações distorcidas e de segunda mão só atrapalham.
Semana
passada, um amigo médico atendeu uma paciente que antes estava com colesterol borderline e que tinha recebido dele a indicação
para mudança de estilo de vida, atividade física, etc. Ela voltou depois de quatro
meses com colesterol total de 385! O médico passou uns 20 minutos conversando
com a paciente, tentando entender o que tinha “saído errado”. Foi quando voltou
para o básico e perguntou: “Com que frequência a senhora está comendo ovos?” “Como
dois ovos todos os dias”, ela respondeu. “Por quê?”, o médico voltou a perguntar.
“Porque vi um vídeo em que o doutor fulano recomenda isso”, foi a resposta
dela.
E
lá foi o meu amigo conversar mais 30 minutos sobre mudança de estilo de vida. A
conclusão dele é que as pessoas gostam de soluções mágicas como as que são apresentadas
por alguns especialistas na internet e por vários que aparecem no meio adventista.
Isso é mais fácil que fazer as mudanças reais.
Infelizmente,
há muitas pessoas cortando indiscriminadamente isso e aquilo da dieta, tomando
hormônios para emagrecer, buscando atalhos absurdos e achando que isso é “reforma
de saúde”. Alguns estão adquirindo uma aparência cadavérica e adoecendo aos
poucos. E o pior: ensinando aos outros que essas atitudes extremas são da vontade
de Deus. Não, isso não é reforma de saúde! Isso é um fardo desnecessário e uma
atitude que só atrai zombaria sobre uma causa que deveria impressionar o mundo
e atraí-lo para a luz da revelação divina.
O
diabo continua sendo bem-sucedido em lançar as pessoas para os extremos: ou o
da intemperança e desconsideração para com os conselhos de saúde, ou o do extremismo
e da adoção de práticas que não são da vontade do Criador. Que Deus nos ajude a
alcançar o equilíbrio regido pela revelação e pelo bom senso.
Michelson Borges