Dar uma conferidinha em alguém bonito
que passa na sua frente quando você já está acompanhado pode gerar conflitos
para alguns casais, mas para outros pode ser encarado com naturalidade. Embora
muita gente tente reprimir essa vontade, ela pode parecer irresistível em
alguns momentos. Isso acontece porque fomos
configurados pela evolução a fazer isso. O terapeuta familiar Jeremiah
Gibson, de Massassuchetts (EUA), diz que esse comportamento é normal e que só
se torna um problema quando o casal já havia se comprometido anteriormente a
não “olhar para outras pessoas” ou se isso acontece enquanto o parceiro está
compartilhando alguma informação séria ou íntima. Seres humanos são animais, e como animais a prioridade é procriar e
espalhar os genes pela Terra. Faz parte da existência humana procurar por
parceiros em potencial para aumentar as chances de sobrevivência da raça. Mesmo
que tentemos controlar alguns instintos
primitivos como esses, eles ainda estão lá e aparecem quando menos
esperamos.
Um estudo publicado na revista Evolutionary
Psychology em 2013 mostra que as mulheres tendem a notar primeiro a
parte superior dos homens, e que elas preferem homens com maior distribuição de
massa nos ombros, braços e abdômen. Esse tipo físico está associado com
dominância, saúde e boa imunocompetência. Já os homens notam primeiro os seios,
quadril e cintura, para identificar mulheres com bom potencial para gerar,
parir e criar com sucesso os possíveis descendentes. Esse estudo utilizou um software que acompanha o olhar dos
participantes para mapear a atividade visual.
Normalmente, isso não é um caso para
terminar o relacionamento. Quando uma pessoa atraente passa e capta a atenção
do parceiro ou parceira, isso não significa que ele ou ela sente qualquer
emoção em relação à essa pessoa.
A psicóloga Michele Barton explica,
porém, que enquanto não há problema algum em reconhecer a beleza dos outros, o
que prejudica o relacionamento é ignorar a companhia original.
Um estudo de 2009 publicado no Journal
of Experimental Psychology mostrou que quem está em um relacionamento
gasta menos tempo olhando para pessoas bonitas do que pessoas solteiras. E
outro publicado na Personality and Social Psychology Bulletin concluiu
que pessoas que não notam atratividade em desconhecidos tendem a ser mais felizes
e satisfeitos com seus relacionamentos.
Nota:
Não é a primeira vez que uma pesquisa com viés evolucionista tenta normalizar
um comportamento reprovável (confira aqui, aqui e aqui). Uma coisa é reconhecer
a beleza de outra pessoa, outra é pensar nela como um objeto de satisfação
sexual cujo propósito, segundo os pesquisadores evolucionistas, é servir de
meio para a propagação de genes. Embora em Mateus 5:28 Jesus afirme que olhar
para uma mulher (ou homem) com intenção impura caracterize adultério mental, os
naturalistas seguidores de Darwin dão de ombros e sustentam que somos apenas
animais racionais dotados de “instintos primitivos” e “configurados pela
evolução” para trair – de fato ou em pensamento. Aliás, para um naturalista, o
próprio conceito de pecado e de bem e mal não tem sentido algum, já que a
moralidade é relativa e a própria consciência é um atributo da matéria, sendo o
cérebro apenas um amontoado de moléculas. Além do conceito de pecado, cai por
terra igualmente o conceito de gêneros e de casamento heteromonogâmico. Assim,
nunca é demais repetir: ideias têm consequências. [MB]
Leia também: “Amar para não trair”