“Razão para ter esperança” era o lema da
Conferência Global de Ateísmo, que deveria acontecer em Sydney, Austrália, em
fevereiro de 2018. Pouco tempo após o lançamento, com pompa e
circunstância, no que prometia ser um fórum para mostrar a força do ateísmo no
mundo, acabou sendo cancelado. O motivo foi a “falta de interesse”, de acordo
com a mídia local. O principal orador convidado era Salman Rushdie, iraniano
que escreveu Os Versos Satânicos e
teve a cabeça posta a prêmio por questionar o Islamismo. Outra das “estrelas”
eram Richard Dawkins e Ben Goldacre, proeminentes figuras do pensamento ateu. A
baixa venda de ingressos jogou uma pá de cal no ânimo dos organizadores, a
Fundação Ateia da Austrália (AFA). Recentemente o Censo australiano mostrou que 29,6% da população se declarava “sem religião”, um
percentual histórico, já que pela primeira vez na história o número ultrapassa
o de católicos (que são 22,6%).
Quando esses números foram divulgados, em
junho, a presidente da AFA Kylie Sturgess veio a público comemorar o que
considerava uma vitória. “Vamos fazer nossa voz ser mais ouvida, pois há força
nos números.” Menos de seis meses depois parece evidente o que os analistas
sempre afirmaram, “sem religião” não significa necessariamente ateu.
O site da AFA anunciou oficialmente o cancelamento de seu evento
com a seguinte explicação: “As vendas de ingressos foram substancialmente
inferiores às expectativas e estão abaixo dos níveis das convenções anteriores,
portanto, infelizmente, a Convenção não pode continuar.”
A Convenção anterior, em 2012, foi
descrita como um sucesso, reunindo mais de 4.000 participantes.
Como era esperado, os líderes cristãos
estão comemorando o cancelamento do evento. O pastor Robert Martin, do Fórum da
Bíblia de Melbourne, afirmou: “Este é um enorme golpe para a Fundação Ateia
como organização e para o ateísmo organizado em geral. O que eles vão dizer
agora?”
Cinco anos atrás, vários
evangelistas foram
pregar o evangelho em frente ao local. Mesmo vaiados, disseram que estavam
“orando pela conversão dos ateus”.
(Evangelical Focus, via Gospel Prime)
Nota: Embora o interesse pelo ateísmo não tenha crescido tanto assim (para desespero dos ateus militantes, que insistem em ignorar que o ser humano foi criado para crer), o número dos sem religião (também conhecidos como “desigrejados”) vem aumentando, o que revela desinteresse pelas religiões institucionalizadas. As pessoas continuam carentes de sentido para a vida e buscam na espiritualidade, no misticismo e na religiosidade individual aquilo que talvez não estejam encontrando nas igrejas. Infelizmente, há muitos líderes religiosos dando um péssimo exemplo de cristianismo, representando mal o único caminho que pode trazer a real esperança. O que fazer para ajudar a reverter esse quadro? O que fazer para advertir essas pessoas de que, vivendo uma religiosidade emocionalista e sem lastro (relativista), elas se tornam vulneráveis ao engano religioso? A resposta envolve palavras como relevância, contextualização, honestidade, sinceridade, autenticidade e, claro, amor desinteressado. [MB]