Esta
imagem curiosa, retratada pelo telescópio espacial Hubble, parece um farol
iluminando uma névoa que está se dispersando, já mostrando um buraco no centro.
A analogia é bastante válida. Só que a névoa é poeira e gás, o farol é uma
estrela, e o buraco é realmente um fragmento do céu verdadeiramente vazio. Quando
essa mancha escura foi fotografada pela primeira vez, em março de 2000, os
cientistas presumiram tratar-se de uma nuvem muito fria e densa de gás e
poeira, tão grossa que era totalmente opaca na luz visível e bloqueava toda a
luz atrás dela – por isso ela aparecia na imagem como um buraco totalmente
negro. A argumentação fazia sentido porque existem “glóbulos” desse tipo,
pequenos casulos onde a densa poeira está formando estrelas. Contudo,
quando o Observatório Espacial Herschel, que enxerga em comprimentos de onda
infravermelhos – ondas de calor –, o que permite ver através da poeira, ficou
claro que não havia poeira nenhuma lá. É um fragmento do céu verdadeiramente
vazio.
Os
astrônomos agora acreditam que o
buraco foi formado quando jatos de gás de algumas das jovens estrelas da região
enevoada perfuraram a camada de pó e gás que forma a nebulosa circundante. A
poderosa radiação de uma estrela madura próxima também pode ter ajudado a
limpar o buraco.
Por que não se consegue
ver nada além dele – estrelas ou galáxias ao fundo, por exemplo – ainda é algo
sujeito a especulações.
A
estrela brilhante que aparece na imagem é a V380 Orionis, uma estrela jovem com
3,5 vezes a massa do nosso Sol. Ela parece branca devido à sua alta temperatura
superficial, de cerca de 10.000 ºC, quase o dobro da temperatura do Sol. A
estrela é tão jovem que ainda está cercada por uma nuvem de material
remanescente da sua formação. Esse material brilhante é visível apenas devido à
luz da estrela, já que não emite nenhuma luz visível própria. Esta é a
assinatura de uma “nebulosa de reflexão” – esta é conhecida como NGC 1999
[localizada na constelação de Órion].
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