Contemplando Jerusalém |
A
viagem dos sonhos teve início em Nova York, visto que a passagem aérea
promocional previa um stop over nos
EUA. Ali, minha filha mais nova, meu marido e eu aproveitamos dois dias e meio
caminhando e comprando. Como nosso hotel ficava no subúrbio, pudemos conhecer
um pouco a outra face de uma das cidades mais badaladas e capitalistas do
mundo. E constatamos a triste realidade: as benesses daquele lugar são para
poucos. A maioria, suburbana, trabalhadora, tem que enfrentar todos os dias um
transporte público cheio, sujo, fétido, e vive longe da bela ilha, em bairros
não tão belos assim. Presenciamos uma pane no metrô, devido a um acidente na
linha, e vimos milhares de trabalhadores ficarem à míngua, à espera de ônibus
que não vinha, desesperados na superfície, à procura de algo que os levasse ao
seu destino. Estressados, apressados, atrasados, praticamente tendo que
resolver o problema sozinhos. A cidade foi feita para o consumo – este, aliás,
muito apreciado e praticado pelos moradores e turistas –, mas não para o bem-estar
do ser humano.
Depois
dessa parada breve e de algumas horas de voo rumo a Tel Aviv, chegamos ao tão
sonhado destino: Israel. Um destino exótico, diferente de tudo o que já
havíamos experimentado em matéria de viagem. Língua estranha, cultura estranha,
moeda estranha, comida estranha – o que nos aguardava?
O
dia da chegada foi aproveitado para descansar no hotel, somente. No outro dia,
pela manhã, embora tivesse planejado uma ida ao Mar Morto, a ansiedade falou
mais alto e fomos à Old City – a Cidade Velha de Jerusalém.
Por suas ruelas, protegidas por uma bela muralha, caminhamos o dia todo.
Impossível não se emocionar ao adentrar aqueles caminhos medievais e, de
repente, se ver diante do Muro das Lamentações. Sim, ali, em frente ao
resquício do Templo de Salomão, dedicado ao nosso Senhor.
Cheguei
pertinho, toquei o muro. Não pude conter as lagrimas e ali orei pelos meus
amados. Emoção também ao ver e sentir o sofrimento daqueles judeus que ali
lamentavam. Pelos problemas de suas vidas? Por seu templo nunca mais
restaurado?
Continuamos
nossa caminhada, nos perdendo pelas estreitas ruas de pedra, e chegamos à Via
Dolorosa. Ali há procissões, comércio por todos os lados (como em toda a
cidade) e turistas. Não há comprovação de que Jesus tenha carregado Sua cruz
por aquela via, mas a caminhada é inevitável e faz parte do conhecimento. Chegamos
a um dos portões de saída – o Lions Gate –, de onde se avista o Monte das
Oliveiras. Como criança querendo mais e mais, exclamei: “Quero ir até lá!”
Porém, devido ao calor e à distância, decidimos caminhar mais um pouco pela
cidade velha e pegar o carro para subir a montanha mais tarde.
E
nessas caminhadas, passamos pelo Damascus Gate – a região dos muçulmanos
(Jerusalém antiga é dividida em quatro quadras: dos judeus, dos muçulmanos, dos
cristãos e dos armênios) –, pela igreja onde se acredita tenha sido Jesus
sepultado, e saímos pelo Jaffa Gate, onde nosso carro estava estacionado e onde
está o museu e a Torre de Davi.
De
carro, na subida do Monte das Oliveiras, encontramos a Igreja das Nações, onde fica
o Getsêmani:
Impossível não se emocionar também nesse lugar, ao imaginar que ali, um dia,
nosso querido Salvador Jesus Cristo verteu sangue e sofreu uma dor
indescritível antes de Sua crucificação.
Meus
amados foram novamente lembrados em oração, e como eu os queria ali para sentir
o que senti! Sentei-me ao lado do jardim e não me contive ao orar e lembrar que
estava sentada em um local onde meu Salvador havia estado e sofrido por mim,
simplesmente por amor.
Subimos o Monte das Oliveiras e apreciamos o pôr do sol com vista para a cidade
antiga e o enorme cemitério judeu – um final de dia abençoado; um presente de
Deus.
No terceiro dia, fomos ao Mar Morto. Flutuamos em suas águas extremamente
salgadas. Pela primeira vez, o livro A
Descoberta, do Denis Cruz e do meu irmão Michelson Borges, flutuou também
naquelas águas – tenho certeza!
No
quarto dia, seríamos novamente presenteados com mais emoção e paisagens
deslumbrantes: fomos a Cafarnaum e ao Mar da Galileia. Sim, ali
estávamos em terras antes também pisadas por Jesus e alguns de Seus discípulos.
Adentramos a sinagoga em ruínas onde Ele pregou. Como não acreditar nesse Deus
que profetizou que aquele lugar viraria ruína e jamais seria reconstruído,
assim como o templo de Salomão?
Lágrimas e
oração num banquinho sob árvores em um lindo jardim, com vista para o Mar da
Galileia – o mar onde nosso Galileu recrutou alguns de Seus discípulos (foto lá embaixo).
No
quinto e último dia, o Museu de Israel. Um museu com muitas obras de arte, uma
linda miniatura da cidade antiga e o mais impressionante, ao menos para mim: os
Manuscritos do Mar Morto. Estive frente a frente com o Rolo de Isaías, entre
outros papiros. Uma comprovação histórica da autenticidade da Bíblia, já que se
trata de um texto anterior ao tempo de Cristo (portanto, a versão lida por
Jesus) e que está de acordo com as versões bíblicas disponíveis na década de
1940 (as mais antigas conhecidas, até a descoberta dos Manuscritos do Mar
Morto).
E
foi isso. Pouco tempo para ver tudo o que queríamos, mas, sem sombra de
dúvidas, essa é uma viagem que renova a fé. Que nos faz sentir mais perto de
Deus.
Lá
pensei: “Estou andando nos caminhos por onde Jesus andou. Como gostaria de
andar como Ele andou!” Lá também descobri, por meio do meu irmão Michelson, em
conversa pela internet, que bem ali descerá a Nova Jerusalém, conforme
profetizado.
Pretendo
voltar a Israel, pois já sinto saudades dessa viagem inesquecível; e espero,
com Jesus e meus queridos, descer àquele lugar de emoções indescritíveis e por
mim vividas nesta vida, quando da sonhada restauração dos novos céus e da nova Terra,
quando a Nova Jerusalém descerá dos céus, da parte de Deus, preparada como uma
noiva adornada para o seu marido (Apocalipse 21:1, 2).
(Michela Borges Nunes é
advogada e mora em Criciúma, SC)