Urgência no combate ao aquecimento |
Em
anúncio na [semana passada], o governo americano apresentou a primeira
grande estratégia do país para reduzir suas emissões de gases
de efeito estufa: um plano nacional de energia limpa que
obriga, pela primeira vez, a redução da poluição das usinas
termelétricas. Essas usinas são responsáveis por cerca de um terço de todas as
emissões de gases de efeito estufa domésticos nos Estados Unidos. O
anúncio histórico, feito pela Agência de Proteção Ambiental (EPA), tem uma
ambição: influenciar a agenda climática global. Segundo a agência, trata-se de
uma “proposta flexível para garantir um ambiente mais saudável, estimular a
inovação e fortalecer a economia”. Embora existam limites em vigor para o nível
de arsênico, mercúrio, dióxido de enxofre, óxidos de nitrogênio e partículas de
poluição que as usinas podem emitir, atualmente não há limites nacionais sobre
os níveis de emissão de carbono.
Com
o plano de energia limpa, a EPA está propondo diretrizes que se baseiam em
tendências já em curso nos estados americanos e no setor de energia para
reduzir a emissão de carbono das usinas existentes, tornando-as mais eficientes
e menos poluentes.
A
EPA determinou o corte de emissões de carbono do setor de energia em
30% em todo o país em relação aos níveis de 2005. Isso equivale às emissões do
setor elétrico para abastecer mais de metade das casas nos Estados Unidos ao
longo de um ano. Além disso, a agência fechou o cerco contra outros poluentes,
como óxidos de nitrogênio e dióxido de enxofre, definindo um corte de 25 por
cento.
Com
essas medidas, o governo americano espera evitar até 6.600 mortes prematuras,
até 150.000 ataques de asma em crianças, e até 490.000 dias de trabalho ou
escola perdidos. De quebra, com o aumento da eficiência no sistema, espera
reduzir em 8% a conta de luz dos americanos.
“Ao
alavancar fontes de energia mais limpas e cortar o desperdício de energia, este
plano irá limpar o ar que respiramos, ajudando a combater a mudança
climática para que possamos deixar um futuro seguro e saudável para os
nossos filhos”, disse a diretora da EPA, Gina McCarthy.
O
passo dado hoje pelo governo americano para reduzir as emissões das usinas de
energia é o sinal mais forte de que as
mudanças climáticas estão, finalmente, virando um negócio sério para o país.
A ação vem na esteira de movimentos significativos adotados no mês passado pelo
México e pela China para aumentar os seus suprimentos de energia renovável.
(Exame)
Nota:
Qualquer iniciativa para reduzir a poluição em nosso planeta é muito bem-vinda,
evidentemente. Mas o que me chama a atenção nessa matéria é o uso da “força”
para obrigar usinas a reduzir a poluição e a colaborar no combate ao
aquecimento global. Se o governo faz isso com esse setor, no futuro poderá
fazer também com seus cidadãos que, devidamente assustados com os efeitos do aquecimento global, muito provavelmente aceitarão qualquer
medida proposta pelos governantes. É bom lembrar que já houve quem propusesse
uma “medida simples” para combater o aquecimento: reservar um dia para a Terra
descansar; um dia de baixo carbono – o domingo. Essa proposta tem até nome: “Slow Sunday”, e é apoiada pelo jornal The Guardian e, claro, pelo Vaticano.
[MB]