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Quem
já assistiu a alguma palestra do jornalista Michelson Borges ou ao testemunho do advogado Luigi Braga, já teve contato com informações acerca da influência
do cinema na mente humana. Caso você não tenha assistido às palestras ou ao
testemunho, elas estão disponíveis no YouTube, e eu as recomendo. Quando se
fala desse assunto, precisamos considerar dois pontos importantes: o ambiente e
o conteúdo. O ambiente do cinema é inofensivo? Por que há tanto
investimento e estudo para aprimorar os recursos de áudio e vídeo utilizados
ali? Há quem defenda que o ambiente é inofensivo. Nem a indústria
cinematográfica se atreveria a fazer tal declaração. Os vídeos que recomendei
acima podem lhe dar uma boa ideia sobre isso.
Se
o ambiente não é inofensivo, se ele é projetado para que o conteúdo tenha uma
influência maior em minha mente, ultrapassando as fronteiras do que é
consciente, devo me expor a ele? É seguro me colocar voluntariamente diante de
estímulos que sequer posso dimensionar? Estímulos que foram cuidadosamente
estudados e propositalmente utilizados? Minha resposta pessoal é NÃO.
E
quanto ao conteúdo? É muita ingenuidade pensar que o conteúdo se resume ao
enredo do filme. O conteúdo de um filme inclui toda ideologia que está por trás
dele, todo conceito contido e exposto nessa mídia, inclusive sem palavras. Toda
obra revela caracteres do seu autor. Você acha seguro se expor ao conteúdo de
filmes escritos por pessoas cuja mente não foi consagrada a Deus, e não está em
conformidade com o que a Palavra do Senhor diz? Se você é um cristão, é
coerente entregar por cerca de duas horas o que há de mais precioso, o canal de
comunicação que o Céu usa para entrar em contato com você? “Os nervos do
cérebro, que comunicam com todo o organismo, são o único meio pelo qual o Céu
pode comunicar-se com o homem e afetar sua vida íntima. O que quer que perturbe
a circulação das correntes elétricas do sistema nervoso, diminui a força dos
poderes vitais, e o resultado é o amortecimento das sensibilidades da mente”
(Ellen White, Mente, Caráter e
Personalidade, v 1., p. 230).
E
se for um filme “cristão”? Será que o fato de um filme falar de Cristo o torna
cristão? Novelas baseadas em histórias bíblicas são novelas cristãs? Há muitos
filmes chamados “cristãos” que não estão em conformidade com a Bíblia. Eles
ensinam um conceito de amor que não é bíblico, um conceito de graça que não é
bíblico, uma relação fé e obras que não é bíblica, a imortalidade da alma, que
também não é bíblica, e uma série de outras coisas, ainda que estas não sejam
suas temáticas principais. E se isso não é a temática principal, é muito mais
difícil reconhecer que está presente ali, ainda que sua mente absorva muito bem
esses conceitos errôneos. É sensato se expor a isso também?
E
se o filme não contiver nenhum tipo de erro? Se ele for cem por cento fiel às
escrituras? O fato de o cinema aumentar a influência do conteúdo não é uma
coisa boa, então? Estou expondo aqui minha opinião pessoal com base no que já
estudei no campo científico em que atuo e nos escritos que fundamentam a minha
fé religiosa. E com base nisso minha resposta aqui também é NÃO. O evangelho de
Cristo não carece de recursos que anulem ou minimizem o exercício da razão
humana para que possa alcançar corações. O evangelho de Cristo é perfeito e é
atrativo em si mesmo. Deus nos deu livre-arbítrio. Ele poderia ter criado
formas de inconscientemente nos fazer aceitar a vontade dEle, mas não fez. Ele
nos deu inteligência, consciência, e quer que as usemos inclusive para escolher
servi-Lo ou não. Considero antiético e desrespeitoso com o ser humano por quem
Jesus morreu que usemos recursos que firam seu livre-arbítrio para inculcar
verdades bíblicas em sua mente, ou o sensibilizarmos excessivamente para uma
decisão a favor do cristianismo. Satanás é o autor desses recursos que invadem
nossa mente. Não o Senhor. Satanás é covarde e antiético, e procura nos
influenciar sem que percebamos. Na obra de Deus, não podemos agir como o
inimigo de Deus.
Obviamente,
as questões que abordei acima não se restringem apenas ao cinema. E acredito
que podemos ponderá-las para diversas outras coisas em nosso dia a dia. Com
todo o conhecimento que possuo sobre o funcionamento da mente humana, eu não me
atrevo a me expor voluntariamente àquilo que sei que tem o potencial de
enfraquecer meu exercício da razão. Se posso dar alguma recomendação pessoal
sobre o assunto, é que para com o cinema, e qualquer outro instrumento com
semelhante potencial, você tenha essa postura também!
“Não
se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua
mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e
perfeita vontade de Deus” (Romanos 12:2, NVI).
Um
abraço e que o Deus Espírito Santo guie você.
(Karyne M. Lira Correia é
psicóloga, mestre em Psicologia, consultora em Treinamento em Desenvolvimento
Profissional, palestrante e editora de conteúdo para internet)