É preciso reagir |
Na
medicina, temos situações em que pacientes estão entre a vida e a morte. O
coração não bombeia o sangue adequadamente. Os vasos sanguíneos não conseguem
manter a circulação para os órgãos. O corpo entra em uma espiral degenerativa
que pode culminar com a morte. Nesse momento, em uma UTI, entramos com
medicamentos para manter a pressão e dar força ao coração. Mas o corpo tem que
aceitar e reagir apropriadamente a essa medicação. Caso isso aconteça, o
organismo entra em um ciclo virtuoso, ou seja, se recupera, ganha vigor e se
restabelece. Existem situações, no entanto, em que infelizmente isso não
acontece. O corpo não está preparado, não responde. Entramos com uma segunda,
terceira, quarta medicação. Finalmente, o corpo esvai-se completamente de suas
reservas e entra em falência completa. Note-se, entretanto, que enquanto entramos
com novas medicações, e com doses mais altas, aparentemente muitas vezes a
pessoa está melhor. A pressão sobe. Dá sinais de vigor. Mas são só aparências.
Essas doses mais altas de medicação acabam gastando mais rapidamente as
reservas do organismo e precipitando a falência dele.
Existem
pessoas que creem que necessitam de um estilo de adoração mais animado, mais “agitado”
para se sentirem espiritualmente motivadas. Muitas vezes o que se observa é que
várias dessas pessoas vão querendo formas de louvor cada vez mais agitadas,
enérgicas, altas, como se desejassem despertar algo que já não conseguem com
aquilo que as sensibilizava anteriormente. Sentem-se como se agora sua vida
espiritual fizesse sentido, para em pouco tempo desejar algo mais agitado e radical.
Não existiria aqui um paralelo com aqueles pacientes graves?
O
louvor não vai encher você de algo que você não tenha por base. Se você não
buscar uma vida de comunhão e reavivamento, formas exteriores de estimulação
serão somente isto: um estímulo externo e transitório que não terá efeitos
duradouros em sua vida espiritual.
(Everton Padilha é
cardiologista do Incor e diretor do Estudo Advento)