Sensacionalismo que atrapalha |
Eu
estava fazendo uma série de pregações em Genebra, na Suíça, quando vi pelo
noticiário televisivo o resultado das eleições norte-americanas. Contra as
previsões da mídia, Donald Trump havia vencido. No dia seguinte, o bilionário
era capa de praticamente todos os jornais. A filha pequena do casal que estava
me hospedando perguntou ao pai dela: “Por que tanto interesse nesse homem?” E
ele respondeu de maneira simples e direta: “Porque Trump agora é o presidente
eleito do país mais importante do mundo. O que os Estados Unidos fazem tem
reflexos aqui na Suíça e em toda parte do mundo.” E é verdade. A escolha de um
presidente na terra do Tio Sam desperta expectativas e temores nas áreas
econômica, diplomática, militar e, claro, escatológica. Tão logo o resultado
das eleições se tornou conhecido, os especuladores e “profetas” de plantão se
puseram a trabalhar. Perdeu a Hilary apoiadora do aborto e do “casamento” gay;
venceu o boquirroto xenofóbico ultranacionalista. O que esperar do futuro,
agora? Que implicações proféticas haveria nisso tudo?
Logo
houve quem resgatasse uma postagem aqui do blog, de 2013, segundo a qual Trump
respeita seus empregados guardadores do sábado (confira). E
eu divulguei em seguida o fato de que a filha do magnata é judia e guardadora
do sétimo dia (confira). Seria isso um alívio? Representaria um
retardamento no calendário profético? Liberdade religiosa garantida? Pode ser
tudo isso e nada disso.
Na
mesma semana da eleição, recebi um e-mail interessante, um tanto numerológico.
Veja só: “Donald Trump venceu as eleições e será o primeiro presidente a
prestar juramentos aos 70 anos, sete meses e sete dias de vida. Será o primeiro
presidente pró-Israel a governar durante a quinta década (50 anos) da tomada do
Monte do Templo e do Muro das Lamentações em Jerusalém. Será o primeiro
presidente a celebrar o 70º aniversário da anexação de Jerusalém como capital
de Israel. Cinco décadas
da conquista do Monte. Sete décadas da
vida de Trump. Sete meses desde seu
último aniversário; 5777 do ano hebraico atual. Trump se torna o presidente
americano de número 45. Isaías 45: ‘O
Senhor chama o rei Ciro de Seu ungido.’ O
rei Ciro da Pérsia autoriza Esdras e Neemias a reedificar o muro e a cidade de Jerusalém. O rei
Ciro permite que os Israelitas edifiquem o segundo templo. Ele abençoa em extremo o povo de Deus. Palavras chaves: muro, cidade e templo. O três pilares
da plataforma política de Trump: (1) edificar
um muro; (2) reconstruir cidades; (3) restabelecer a liberdade religiosa. A palavra ‘trump’,
em inglês, quer dizer ‘sonido da trombeta’. Sabe o que tudo isso significa? Absolutamente nada. Quer saber de profecias? Estude a Bíblia e esqueça essas
bobagens.”
Mércia
Verônica escreveu também: “Ainda nem houve posse nos Estados Unidos e os
arautos começaram a tocar as trombetas do cumprimento profético. Na sequência,
o alívio: ‘Ufa, ele é simpático com os sabatistas!’ Vamos refrescar a memória? A
simpatia de Nabucodonosor pelos jovens hebreus não evitou a fornalha. A
simpatia do rei por Daniel não o livrou dos leões, porque as circunstâncias,
forjadas ou não, tornaram o fogo e a cova dos felinos inevitáveis. A simpatia
de Trump com o povo do sábado nos deixa aliviados com um ‘ufa, não foi desta
vez’? Sejamos coerentes! As profecias irão se cumprir no tempo, a despeito de quem
esteja encabeçando a superpotência mundial. Poderia ser o Carson, e isso não
retardaria ou impediria o plano divino, pois o tempo é dEle e não nosso. Nosso
papel é voltar as forças para o preparo e não à especulação. À busca de
estarmos prontos e não ficarmos na janela olhando para sair correndo quando o
horizonte mudar de cor. Sejamos sóbrios, vigilantes e estejamos prontos, pois
‘quem há de vir virá’, seja com Trump ou sem ele.”
O
que precisamos fazer neste tempo de aparente bonança é aprofundar nossa relação
com Deus e nosso conhecimento da Bíblia Sagrada, especificamente das profecias
escatológicas. Foi essa a preocupação de Paulo, quando escreveu a carta aos
Hebreus (confira). Ele não queria que os cristãos fossem vencidos pela rotina e desanimassem em
sua jornada de fé. Desejava que mantivessem uma experiência profunda com Deus.
Quando
nossa experiência cristã depende de injeções de ânimo baseadas em
sensacionalismos passageiros e teorias mirabolantes – como a do “chip marca dabesta” (que, na verdade, como disse alguém, é a
marca das bestas que não estudam a Bíblia) ou a tese de que o mundo vai acabar
após seis mil anos de pecado –, a tendência é que, passada a empolgação do momento, tudo volte ao “normal”,
à típica mornidão laodiceana.
Mantenhamos
firme nossa esperança na volta de Jesus, testemunhando do amor de Deus pela
humanidade caída e falando desse futuro maravilhoso que nos aguarda – sem fanatismos,
especulações infundadas e inverdades que só servem para ofuscar a mensagem bíblica
e os atrativos do evangelho.
Michelson Borges