Fidelidade x rebeldia |
Repassei
seus comentários sobre a lição dominical dos assembleianos (confira aqui) para várias pessoas, com o título acima. Vou
tentar explicar por que, afirmando que o pecado é separador e opositor por
excelência. As coisas, quando envolvidas pelo mal, tornam-se antitéticas e se
dividem. Apenas o bem une, integra; portanto, quando vemos categorias
contrapostas, podemos perceber um princípio separador subjacente atuando. Que
podemos dizer, então, de uma teologia que opõe graça à lei, corpo à alma, Antigo
Testamento a Novo Testamento, nova aliança à velha aliança, sábado
institucional a sábado legal, etc.? Sempre foi papel de Satanás desintegrar o
que Deus integrou, a fim de obstruir nossa compreensão de Deus e de Sua
verdade. Essa obstrução é ainda mais sutil quando reconhecemos que existem, de
fato, opostos verdadeiros (como mal x bem, por exemplo). Eis aí a questão.
Se
existem opostos verdadeiros e opostos falsos, em qual deles poderíamos colocar
a oposição sábado x domingo? É um oposto verdadeiro, visto que sabemos existir
um falso dia de culto que se contrapõe ao verdadeiro dia; mas a má teologia,
além de criar um oposto verdadeiro, também criou vários opostos falsos. Como
enfrentar o desafio provocado por essas dicotomias? Desenvolvendo uma mente
crítica e, acima de tudo, submissa ao controle do Espírito Santo.
É
de se notar, por conseguinte, que na controvérsia entre criacionistas e
evolucionistas (outro par de opostos verdadeiros), percebemos a mesma falta de
boa vontade em se render às evidências. O problema, talvez, não seja tanto uma
questão de se render às evidências, mas de se render Àquele que tem a
soberania absoluta sobre todas as coisas. E, assim, chegamos ao último par de
opostos deste texto que deslinda toda a questão: autoridade divina x autonomia
humana.
Se
não há uma justificativa ética para se observar o sábado, há a maior de todas as
justificativas: o soberano Deus foi quem criou todas as coisas e possui
jurisdição sobre todas elas. O mundo deliberadamente deu as costas a Deus e
tratou de construir uma teologia que lhe justifique. A rejeição do sábado
implica diretamente a rejeição da autoridade absoluta de Deus sobre todas as
coisas. É por isso que há uma grande distinção entre fé e crença.
A primeira é relacional, enquanto que a segunda envolve apenas assentimento
intelectual.
Aqueles
que creem que Deus existe podem até também crer em Sua Palavra, mas, na
verdade, não têm fé nEle, pois a fé envolve um relacionamento de obediência
fundamentada no amor. Enquanto a fé é dinâmica, a crença é passiva e
passividade não vai levar ninguém para o Céu.
Existem,
evidentemente, muitos outros opostos e poderíamos falar deles indefinidamente.
Finalizo dizendo que faríamos bem em atentar para o fato de que a boa teologia
é essencialmente integrativa e é a ela que devemos nos volver para nos ajudar
na nossa jornada por este mundo escuro.
(Cláudia Rezende
Morales é servidora do Tribunal
Regional Federal da 2ª Região no Rio de Janeiro)