Escuro demais e nada de água |
Existem
inúmeras técnicas concebidas para tentar medir o sucesso de uma empreitada
científica. Mas parece que nenhuma se compara a uma métrica bem do tipo senso
comum: o quão boquiabertos os cientistas ficam quando veem os resultados de
seus esforços. E, por essa avaliação, os primeiros resultados obtidos pela sonda
espacial Rosetta representam um sucesso inegável: os cientistas ainda não
encontraram nada do que esperavam ao ver um cometa de perto. “À primeira vista”,
porque a missão Rosetta está apenas no começo, olhando o cometa
67P/Churyumov-Gerasimenko ainda a meia distância, aproximando-se para enviar um módulo
de pouso e depois persegui-lo por um ano durante sua aproximação do Sol. Desde
que as primeiras imagens do cometa 67P chegaram, os cientistas
ficaram meio sem saber o que fazer com suas teorias, que defendem que os
cometas são essencialmente “pedras de gelo sujo”. A “sujeira” está lá, mas o
gelo, que se acreditava responder pela larga maioria de sua massa, ainda não
deu o ar da graça.
Agora,
mais um instrumento a bordo da sonda Rosetta fez a sua primeira coleta de
dados, e colocou em números o que as primeiras imagens já deixavam desconfiar. O
instrumento, chamado Alice, começou a mapear a superfície do 67P, registrando o
primeiro espectro de luz emitida por ele na faixa do ultravioleta extremo. A
partir dos dados, a equipe do Alice constatou que o cometa é
extraordinariamente escuro - mais escuro que carvão - quando visto nesses
comprimentos de onda. O aparelho detectou hidrogênio e oxigênio na “atmosfera”
do cometa, conhecida como coma, mas não moléculas de H2O.
O
instrumento confirmou ainda que, ao contrário do que se esperava inicialmente,
a superfície do cometa não possui sinais de gelo. “Estamos um pouco surpresos
com o quão pouco reflexiva é a superfície do cometa e com quão pouca evidência
há de gelo de água exposto”, disse Alan Stern, principal cientista do Alice, do
Instituto de Pesquisa do Sudoeste, nos Estados Unidos, que construiu o
instrumento com financiamento da NASA.
Ainda
é muito cedo para dizer que o cometa 67P não tem água. O que dá para garantir é
que ele não a tem na quantidade esperada, o que levanta grandes expectativas
sobre os jatos emitidos em sua aproximação do Sol - que serão filmados de perto
pela Rosetta.
A
observação do cometa foi idealizada para ajudar os cientistas a entender mais
sobre a origem e a evolução do nosso Sistema Solar, partindo do pressuposto de
que os cometas seriam verdadeiras cápsulas do tempo desse processo de formação.
Além disso, com a dificuldade de
explicar a origem da vida, vinha ganhando força a ideia de que a vida teria se
originado no espaço e vindo para a Terra a bordo dos cometas, congelada nesses
hipotéticos blocos de gelo cósmicos.
E,
até antes do que isso, com a dificuldade de explicar a origem da água na Terra,
alguns cientistas já argumentavam que os oceanos da Terra foram enchidos
com água trazida por cometas que se chocaram com nosso planeta.
Mais
uma vez, a realidade está se mostrando um pouco mais complicada do que as
teorias gostariam - e isso, sim, é o que sempre faz valer a pena grandes
empreitadas científicas como as da sonda espacial Rosetta.
Nota:
Nada como a ciência empírica, observacional, in loco para derrubar hipóteses evolucionistas. Se forem
confirmadas as suspeitas de que não há água nesse e em outros cometas, ficará
mais difícil para os evolucionistas justificarem a origem da vida em nosso
planeta. Aqui eles já sabem que não seria possível, mesmo em três bilhões de
anos. Cada vez fica mais claro que a Terra foi projetada para manter a vida,
com atmosfera e gases ajustados nas proporções exatas e água suficiente em
estado líquido. Uma joia rara neste vasto Universo. [MB]