Complexidade já na origem |
Agora que alguns meses se passaram
desde a descoberta de outro rico tesouro de fósseis Cambrianos a 42 km do
Folhelho Burgess, cientistas estão iniciando a publicação dos achados do novo
sítio Cânion Mármore. Um achado fabuloso, que acabou de ser publicado por Simon
Conway Morris e Jean-Bernard Caron, está dando maior estampido na Explosão
Cambriana. Não tanto tempo atrás,
evolucionistas enfatizavam que não existia nenhum vertebrado no Cambriano. Eles
sabiam que os vertebrados eram muito avançados para aquela primeira aparição de
planos corpóreos multicelulares. Cordados primitivos, talvez - mas nada como
peixes, até milhões [sic] de anos mais tarde. O Metaspriggina (originalmente
nomeado a partir de uma espécie Ediacarana Spriggina, mas mais tarde determinada
como desconexa) foi anteriormente considerada um cordado primitivo - um
ancestral dos vertebrados. Agora, Conway Morris e Caron examinaram uma centena
de fósseis a mais da Metaspriggina e compararam-nas com
fósseis similares da China e do Folhelho Burgess. O grande detalhe visto nos
espécimes do Cânion Mármore (considerado ser mais antigo que o Folhelho
Burgess) confirma que esse animal foi muito mais que um cordado: ele foi um
peixe vertebrado, justo lá no Cambriano inferior! Imagine um peixe vertebrado,
com esqueleto, visão binocular, músculos, nervos, vísceras e vasos sanguíneos:
é tão complexo comparado com o que havia anteriormente, que torna inegável o
repentino e explosivo aumento de complexidade.
Igualmente notável é o alcance dessa
espécie. Desde que se correlaciona com espécimes dos depósitos de Chengjiang,
na China, é claro que o peixe já era “cosmopolita” (no termo de Conway Morris)
quando foi soterrado no Canadá - ele alastrou-se pelo globo! O resumo na Nature cataloga as surpresas ao autor “redescrever”
o Metaspriggina:
“O conhecimento da evolução primária
[sic] de peixes depende grandemente de materiais de corpo-mole do período
Cambriano Inferior (série 2) do sul da China. Devido à raridade de algumas dessas
formas e uma falta geral de material comparativo de outros depósitos, interpretações de
várias características continuam controversas, como também suas
relações mais amplas entre os vertebrados desmandibulados não esqueletizados
anteriores. Neste artigo nós descrevemos o Metaspriggina em
termos de novo material do Folhelho Burgess e de material excepcionalmente
preservado coletado perto do Cânion Mármore, na Colúmbia Britânica, e três
outros depósitos do tipo Cambriano do Folhelho Burgess da Laurência. Este
peixe primitivo [sic] mostra
inequívocas características vertebradas: uma notocorda, um par de proeminentes
olhos de tipo câmera, sacos nasais pareados, possível crânio e arcualia,
miômeros em forma de W, e uma nadadeira anal posterior. Uma
impressionante característica é a área branquial [guelras] com
uma matriz de barras bipartidas. À parte da barra mais anterior, que aparenta
ser ligeiramente mais espessa, cada uma é associada com guelras
localizadas externamente, possivelmente abrigadas em bolsas. A análise
filogenética coloca o Metaspriggina como um
vertebrado basal, aparentemente próximo dos táxons Haikouichtys e Millokunmingia,
demonstrando também que este primitivo grupo de peixes era cosmopolita
durante o período Baixo-Médio Cambriano (séries 2-3). Todavia, o
arranjo da região branquial no Metaspriggina tem maiores
implicações para a reconstrução da morfologia do vertebrado primitivo.
Cada barra bipartida é identificada como sendo respectivamente equivalente à
uma epibranquial e ceratobranquial. Essa configuração sugere que um
arranjo bipartido é primitivo e reforça a visão de que a cesta
branquial das lampreias é provavelmente dela derivada. Outras características
do Metaspriggina, incluindo a posição externa das guelras e a possível
falta de uma guelra oposta à barra mais-anterior mais robusta, são as
características dos gnastotomados e então podem ser primitivos
entre os vertebrados [sic].” (Ênfases do site Evolution News)
O cladograma mostra o Metaspriggina logo
no mesmo ramo que os espécimes chineses, sugerindo que eles são “próximos” uns
aos outros no tempo e nos traços, mesmo que encontrados em lados opostos do
globo. Conway Morris diz que os espécimes chineses são “ligeiramente mais
velhos”, mas de suas descrições, eles são similares ao Metaspriggina nos
aspectos mais importantes. Se essas criaturas possuíam esqueletos ósseos ou
cartilaginosos, não está claro.
A relação fortalece a identificação da espécie chinesa como peixe vertebrado. A Wikipedia tem reservas sobre essa descrição, dizendo que o Myllokunmingia (anunciado em 1999), que é “considerado ser um vertebrado, embora não tenha sido provado de forma conclusiva”, e do Haikouichthys (encontrado em 2004), que tem sido “popularmente caracterizado como um dos peixes mais antigos... mas não possui características suficientes para ser incluído sem controvérsia mesmo em qualquer dos grupos-troncos” craniatas ou chordatas. Bem, essencialmente agora isso foi provado.
Outra surpresa é que o Metaspriggina tem
uma estrutura de guelras bipartidas, “característica dos gnastotomados”-
os vertebrados mandibulados. Gnastotomados foram considerados como estando mais
abaixo na linha evolucionária [sic], mas há traços similares encontrados ao
tempo da Explosão Cambriana. Isso significa (em termos evolucionários) que os
arranjos de guelras das lampreias (peixes sem mandíbula) são “derivados”, ao
invés de intermediários aos gnastotomados.
Não é necessário dizer que a criatura
que tem “um par de proeminentes olhos tipo câmera” e sacos nasais
pareados mostra que esse é um animal sofisticado. Conway Morris não hesita em
chamá-lo de peixe e vertebrado. O desenho no papel mostra “possíveis vasos
sanguíneos”, e uma boca. Barbatanas não foram preservadas, fazendo-o parecer um
pouco com um tonguefish* afinado, mas a falta de barbatanas pode
ser um artefato de preservação. [N.T.: tonguefish, uma espécie de
peixe da família Cynoglossidae]
A despeito das barbatanas, o Metaspriggina era
um bom nadador, baseado nas suas estruturas musculares chamadas miômeros. Essas
eram folhas de músculos em forma de W que você vê nos filés de salmão comprados
no mercado; eles permitem ao peixe dobrar o corpo em movimentos ondulares para
nadar. O Metaspriggina era, aparentemente, mais avançado [sic]
que o Pikaia, um animal semelhante à enguia encontrado em 1911 por
Charles Walcott no Folhelho Burgess: “Os miômeros, totalizando ao menos 40, são consideravelmente
mais agudos do que no Pikaia e, em contraste
com este cordado, Metaspriggina era, evidentemente, um nadador
efetivo.”
Todas essas características
mostram que o Metaspriggina não era um cordado primitivo
intermediário às lampreias ou outro nadador cambriano extinto, mas de fato era
mais “derivado” (avançado) em alguns aspectos que alguns dos alegados
descendentes. O editor da revista concorda, asseverando claramente que os peixes
vertebrados são agora inquestionavelmente parte do Cambriano primário:
“O Folhelho Burgess cambriano do
Canadá produziu alguns dos mais intrigantes e espetaculares fósseis de vida
animal primitiva [sic], embora fósseis vertebrados sejam raros ou não existentes. Novas
exposições próximas à localidade clássica remediaram essa
deficiência com muitos fósseis espetaculares do até então enigmático
fóssil Metaspriggina, revelado nesse estudo - por
Simon Conway Morris e Jean-Bernard Caron - como um dos primeiros e mais
primitivos [sic] peixes
conhecidos, basal à existência dos vertebrados tanto com ou sem mandíbulas. A
estrutura das guelras do Metaspriggina é reveladora,
mostrando uma estrutura simples que pressagia aquelas dos vertebrados
de muitas formas, sugerindo que a cesta branquial vista em vertebrados
sem mandíbula modernos como as lampreias é uma estrutura
altamente derivada.” [Ênfases do site Evolution News]
Um peixe vertebrado nadador com olhos
de câmera, vasos sanguíneos, sistema digestivo, nadador muscular e guelras no
Cambriano Inferior: para darwinistas, isso seria dificilmente mais
surpreendente do que encontrar um coelho pre-cambriano.
(Evolution News;
tradução: Alexsander Silva)