OMS pede pede ajuda |
O
número de novos casos de ebola na África Ocidental está crescendo mais rápido
do que as autoridades podem gerenciar, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS). A entidade renovou seu apelo para os profissionais de saúde de
todo o mundo irem para a região ajudar. À medida que o número de mortos subiu
para mais de 2.400 pessoas entre 4.784 casos, a diretora geral da OMS, Margaret
Chan, disse em entrevista coletiva em Genebra, na Suíça, que a vasta natureza
do surto – principalmente nos três países mais atingidos, Guiné, Libéria e
Serra Leoa – exige uma resposta de emergência maciça. Sarah Crowe, porta-voz da
UNICEF, afirma que a agência estava usando formas inovadoras para combater a
epidemia, incluindo dizer às pessoas para “usar qualquer coisa que eles tenham,
como sacos plásticos, para cobrir-se se eles têm de lidar com pessoas doentes
de sua família”.
“Os
centros de tratamento de ebola estão cheios, há apenas três no país. Famílias
precisam ajudar a encontrar novas formas de lidar com isso e com seus entes
queridos e dar-lhes cuidados, sem se expor a essa infecção”, disse ela a partir
de Monrovia, capital da Libéria. “É muito surreal e em todos os lugares há um
sentimento desse vírus afetando todo o país. Não temos parceiros suficientes.
Muitos liberianos dizem que se sentem abandonados.”
Os
sobreviventes da doença, que são imunes à reinfecção, estavam sendo usados
para cuidar de milhares de filhos de pessoas com suspeita de ebola. Cerca de
2.000 crianças perderam um ou ambos os pais somente na Libéria, segundo Crowe.
A
chave para vencer a doença, de acordo com Margaret Chan, é o poder popular.
Promessas de equipamentos e dinheiro estão chegando, mas de 500 a 600
especialistas estrangeiros e pelo menos 1.000 trabalhadores de saúde locais são
necessários.
“O
número de novos pacientes está crescendo mais rápido do que a capacidade de
gerenciá-los. Temos que aumentar nosso pessoal pelo menos três a quatro vezes
para lidar com isso”, alerta ela. [...]
Chan
disse que o número real de mortos é provavelmente muito maior do que a última
estimativa, de 2.400 pessoas. “Estamos muito conscientes do fato de que
qualquer número de casos e óbitos que estamos relatando é subestimado”, admite.
A
taxa de infecção por ebola e as mortes têm sido particularmente elevadas entre
os trabalhadores de saúde, que estão expostos a centenas de pacientes altamente
infecciosos que podem transmitir o vírus através de fluidos corporais como
sangue e excremento. Quase a metade dos 301 profissionais de saúde que
desenvolveram a doença morreu.
O
apelo por mais profissionais faz coro com os pedidos dos principais
especialistas em ebola, incluindo Peter Piot, um dos cientistas que primeiro
identificou o vírus em 1976. Em artigo na revista científica online Eurosurveillance com seu colega
Adam Kucharski, Piot, diretor da Escola de Higiene e Medicina Tropical de
Londres, disse que era difícil de controlar um surto de crescimento exponencial
no número de casos.
“Atualmente,
centenas de novos casos da doença são relatados a cada semana. Com o número de
infecções aumentando exponencialmente, elas poderão em breve ser milhares”,
disseram os autores, acrescentando que o número de casos pode dobrar a cada
quinzena. “O medo e a desconfiança das autoridades de saúde têm contribuído
para este problema, mas cada vez mais também é porque os centros de isolamento
estão atingindo suas capacidades. Bem como a criação potencial de transmissão,
um grande número de casos não tratados – e, portanto, não documentados – tornam
difícil medir a verdadeira propagação da infecção e, portanto, o planejamento e
a alocação de recursos”, elucida o artigo.
A
agência de saúde da ONU já havia alertado que poderia haver cerca de 20.000
casos na região antes de o surto estar sob controle. [...] O Fundo Monetário
Internacional afirmou que o crescimento econômico na Libéria e em Serra Leoa
pode cair em até 3,5 pontos percentuais devido ao surto, pois a mineração, a
agricultura e os serviços paralisaram.